Estava sendo um dia como qualquer outro. A floresta estava coberta pela neve, os animais não se atreviam a sair de suas tocas, os pássaros de seus ninhos e o rio de seu leito. Todos respeitavam o inverno. Todos menos Camel, que pisava no amontoado de neve com força como pisando em solo sagrado para ofender os deuses de outras pessoas.
Ele olhava de um lado para o outro, esperando ser atacado por algo que nunca atacaria, segurando seu arco com firmeza.
Seus cabelos escuros desgrenhados estavam duros devido a frieza, seus olhos astutos não paravam de se mover assim como o seu pescoço que continha a cicatriz das garras do lobo que o atacara quando criança.
Diziam que ele era o escolhido. Ele não acreditava muito naquilo. Mas mesmo com seus protestos no momento em que completara seus 15 anos sua tribo decidiu o jogar para os braços dos caminhantes como se ele fosse um fardo deles. Isso fora a 6 anos. E ele procurava não se lembrar.
Já fazia mais de uma semana que os caminhantes estavam naquela floresta gelada e Camel não sabia o porquê. Eles nunca contavam, ele não estava completamente dentro do grupo.
Camel soprou o ar frio e a fumaça gelada saiu de sua boca.
Aquele lugar parecia estar ficando mais congelante com o passar dos anos. Nem mesmo a sua roupa feita de pele de urso marrom não conseguia aquecê-lo como outrora. Os caminhantes iam para aquela floresta ao menos uma vez ao ano. Para quê? Camel ainda não sabia. Por isso ele ficava distante deles, para não se intrometer em seus ritos sagrados.
Ele escutou uma voz vinda da floresta atrapalhando seus pensamentos e em seguida a ignorou.
Já estava cansado daquilo, sempre que estava na floresta ouvia a mesma voz repetindo: por aqui, por aqui.
Quando era criança, havia caído na besteira de seguir a voz.
Curiosidade de criança. Curiosidade essa que quase lhe custou a vida.
Seguiu a voz para dentro de uma caverna e na caverna encontrou o maldito lobo. Nunca entendera o que o lobo estava fazendo longe de outros de sua espécie, só sabia que o lobo estava com muita fome naquele dia.
Aprendera naquele dia a não prestar atenção na voz. Ela vinha, mas ele o ignorava.
Camel achou que o melhor era voltar para o acampamento formado dos caminhantes e esquecer a voz. Estava caminhando lentamente e despreocupado.
Até que ele ouviu um silvo aterrorizante que mudaria para sempre o rumo da sua vida.
Ouvir aquele silvo arrepiou todos os pelos do corpo de Camel. E seu corpo e espírito rebelde só agiu de uma forma: ele correu em direção ao silvo.Quanto mais ele se aproximava, mais o silvo aumentava e com o passar dos segundos ele começou a ouvir som da batalha dos caminhantes. Ouviu o seu superior gritar para que os outros se mantessem firmes e que não tivessem medo.Mas medo de que? Logo a pergunta de Camel seria respondida. Pois no momento em que ele alcança em vista o acampamento ele vê os caminhantes em um círculo da morte, um de costas pro outro. Olhando sem parar para vários seres sinistros de pelos brancos grossos,em pé com duas patas, meio corcundas e com gar
4 anos depois...Os sábios da antiga tribo de Cam estavam certos quando diziam: o tempo muda o homem, ou para o bem ou para o mal. Felizmente para ele fora relativamente para o bem.Quatro anos se passaram desde que ele saíra dos caminhantes devido a previsão que lhe fora revelado e o medo que acabara lhe causando como efeito colateral.Vez ou outra ele recebia notícias dos caminhantes através de uma magia antiga que ele estava aperfeiçoando usando os animais e aves com os seus olhos. Gostaria de entrar realmente em contato com eles, contar o quanto evoluíra, mas estava proibido.Cam não trabalhava mais como procurador da deusa, agora ele era um simples
Yulla fungou dentro da carruagem como a uma criança desolada. Não queria aceitar o seu destino cruel, ainda tinha tanto para fazer no mundo.Ela limpou os olhos com as costas das mãos, e ergueu a cabeça que pendia pesadamente. Aquele fardo era muito grande para uma jovem de 20 anos, seus pais mostraram indiferença quando chegou a hora de ela partir, suas irmãs pequenas agarraram a barra de seu vestido para tentar impedi-la de ir embora dando gritos e esperneados, porém tudo em vão. O rei já havia decretado e o que ele decretava era uma ordem que nem a própria filha escaparia.Será para um bem maior. Ele falara um dia antes da despedida todo terno e amoroso. No dia seguinte aqueles gestos sumiram e a face rude do homem que ela admirara a
Fora uma noite de clima agradável e Yulla conseguira ter uma considerativa boa noite de sono, apesar da fraqueza por ter perdido muito sangue e as pequenas pontadas de dor que sentia do ferimento.Mesmo com toda aquela complicação ela sentia algo diferente em seu ser. Talvez fosse um leve gosto de liberdade, ela não sabia dizer ao certo. Claro que ela lamentava a morte de seus guardas, do médico e das suas acompanhantes, mas ela sorriu ao perceber que ninguém mais estava com a obrigação de leva-la até o destino designado pelo seu pai. Era muito aliviante para ela.Ela olhou ao redor, uma leve névoa cobria a estrada e a luz do amanhecer já surgia. Ela respirou fundo fechando os olhos, ah, a vida era tão preciosa para ela, gostaria que todos
Fora um dia inteiro de caminhada até Cam e Yulla chegarem a uma pequena aldeia.Ela nunca havia estado em uma aldeia e o que ela vira a fascinou.Eram várias pessoas comuns, andando de um lado para o outro fazendo o que já era de sua rotina: alimentar os animais, limpar coisas, preparar a própria comida, plantar,colher. Ela se sentia confortável em estar ali, admirando a cena.Todos que a viam a olhavam com preocupação,até ela se tocar que isso se deviaao fato do seu vestido estar manchado de sangue. Ela tentou cobrir aquilo com a mão para que ninguém se assustasse. Cam percebeu a preocupação dela.– Ele
Os transfigurentur corriam arfando entre as árvores. Seus corações estavam para explodir, mas era isso ou serem torturados por ela, gostariam de ter a ideia de liberdade, mas sabiam que isso nunca iria acontecer enquanto estivessem vivos. Então eles corriam.Não tinham outras opções cabíveis,eram tratados como animais. Matavam sem querer. Depois de um tempo eles não conseguiam sequer pensar.Seus focinhos farejaram o que estavam procurando,então eles começaram a emitir o silvo que aterrorizara o coração dos caminhantes. Eles não iam parar até encontrar quem eles queriam.Yulla.
Dessa vez não foi a voz.Cam já estava com uma razoável distância da aldeia quando ouviu o silvo,ele parou e olhou para trás como se já estivesse espreitando o que viria no futuro. As árvores sombrias dava ao lugar um ar mais macabro.Seu corpo travou e ele não sabia o que fazer: voltar e ajudar (pois ele já sabia muito bem do que se tratava) ou seguir sua jornada (o que sua alma e coração nunca o perdoaria).Ele fechou os olhos e pela primeira vez depois de quatro anos, ele pediu ajuda à deusa em silêncio.E ela o ouviu.Cam estava distraído com s
A princesa corria sem parar entre os galhos ressecados machucado seu rosto e braços,estava chorando novamente e aquilo fazia com que sua vista ficasse turvada e a atrapalhasse ainda mais.Sentiu que algo a seguia das sombras,olhou para trás e o que mais a assustava estava lá: os monstros brancos. Três deles para ser exato. Ela acelerou o quanto pode, mesmo com suas pernas latejando de tanta dor. E os pés machucados por causa de seu calçado que não era próprio para isso.Ela queria tanto que Cam estivesse ali...Yulla não percebeu a raiz de uma das árvores a sua frente e prendeu seu pé nele tombando para frente e batendo o rosto no chão. Seu tornozelo doía.&nbs