Dessa vez não foi a voz.
Cam já estava com uma razoável distância da aldeia quando ouviu o silvo, ele parou e olhou para trás como se já estivesse espreitando o que viria no futuro. As árvores sombrias dava ao lugar um ar mais macabro.
Seu corpo travou e ele não sabia o que fazer: voltar e ajudar (pois ele já sabia muito bem do que se tratava) ou seguir sua jornada (o que sua alma e coração nunca o perdoaria).
Ele fechou os olhos e pela primeira vez depois de quatro anos, ele pediu ajuda à deusa em silêncio.
E ela o ouviu.
Cam estava distraído com suas orações quando um lobo negro de olhos amarelos passou perto dele, o encarou e correu em direção a aldeia. Ele ficou imóvel por poucos segundos, até seguir a fera.
Maldita deusa.
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Aquele não era nem de longe o melhor momento que sua tribo estava passando, mas Hairof estava fazendo o possível para que o ataque se mantesse apenas na aldeia. Ele temia que as bestas fossem a procura de Yulla fora dali, então seria o fim da jovem...
Não pôde devanear por muito tempo, um dos monstros brancos o atacou, Hairof o golpeou com o seu cajado o deixando desnorteado por pouquíssimos milésimos de segundos. Quando Hairof sem querer tocou na fera, foi que ele viu a verdade.
Maldito demônio.
Estavam ali por que eram forçados por um ser superior. A criatura pareceu abrandar quando vira aquela reviravolta de sentimentos no rosto do líder Lackan.
Hairof olhou ao redor para as feras lutando com seus bravos guerreiros e seu coração se apertou.
Escutou um grunhido atrás de si e viu que o monstro que havia tocado estava de joelhos no chão, ferido por uma das lanças dos homens de sua tribo. A fera pareceu voltar a sua face animalesca e tentou em vão atacar o forte guerreiro. Logo estava tombado no chão e inerte.
Hairof avistou que Cam voltara e já voltara com a espada que ele havia dado desenrolada da pele de lobo pronta para a ação. O ancião fez de tudo para se aproximar dele logo.
– Yulla precisa de você.
Cam ficou confuso.
– Vocês precisam de mim.
Hairof olhou sério para ele.
– Ela precisa muito mais.
Cam respirou com frustração.
– Onde ela está?
O lobo chefe da tribo pegou no ombro de Cam.
– Siga a direção que sua alma mandar.
A princesa corria sem parar entre os galhos ressecados machucado seu rosto e braços,estava chorando novamente e aquilo fazia com que sua vista ficasse turvada e a atrapalhasse ainda mais.Sentiu que algo a seguia das sombras,olhou para trás e o que mais a assustava estava lá: os monstros brancos. Três deles para ser exato. Ela acelerou o quanto pode, mesmo com suas pernas latejando de tanta dor. E os pés machucados por causa de seu calçado que não era próprio para isso.Ela queria tanto que Cam estivesse ali...Yulla não percebeu a raiz de uma das árvores a sua frente e prendeu seu pé nele tombando para frente e batendo o rosto no chão. Seu tornozelo doía.&nbs
O coração de Cam acelerou. Ele não acreditava que eles estavam na sua frente. Antes eram 23 caminhantes – contando com Camel – e agora eram apenas 10. E tudo podia se dizer, que era culpa dele.O silêncio se instalou por longos segundos até Sefiron dar a palavra outra vez.– Já faz quatro anos...– É,e foi muito bom ver vocês,mas nós precisamos ir.Yulla não falou nada, Cam a levantou e a colocou nos braços,quando deu alguns passos na direção oposta sentiu um mental pontudo e gelado na sua nuca.Ele n&
Yulla não parava de olhar para trás agarrada ao pescoço de Cam que não parava de olhar fixamente para frente.Yulla não gostava da ideia de serem ameaçados por aqueles homens.Ela se virou para olhar para Cam. Ele estava tenso. Tenso demais, aquilo a deixou mais preocupada do que o fato de ela estar com o tornozelo torcido.A única coisa que ela podia fazer naquele momento era aguardar respostas de Hairof.***Hairof os estava aguardando na porta de sua cabana. Estava bebendo um chá verde e os observando chegar. O conflito que havia se instaurado ali parecia ter acabado de vez, a paz retornara.
Cam só se arrependeu de seu ato quando já era tarde demais. Claro, ele não era mais o seu líder, o homem por quem ele seguiria até o inferno se fosse necessário, mas ele realmente não poderia ter feito o que fez.Mas realmente já era tarde demais.Sefiron ficara paralisado de quatro no chão por alguns segundos sem acreditar no que o seu ex pupilo havia acabado de fazer, porém quando o susto passou veio a ira e a reação.Ele se ergueu com uma velocidade de quem era experiente em lutas corpo a corpo e desferiu um golpe certeiro no abdômen de Cam, o jovem se afastou, mesmo assim seu movimento não fora o suficiente para se livrar de outro golpe do líder dos caminhante
Yulla e Cam passaram o dia todo praticamente dentro daquela carruagem apertada, só saíram dali para fazer suas necessidades fisiológicas e para se alimentar.Logo já era noite e se Cam achava que Sefiron teria piedade deles, e os tirasse dali para dormir, ele estava muito enganado, pois continuaram trancafiados e acorrentados, naquele local minúsculo.Aquela noite estava relativamente fria, devido a aproximação do inverno, e fez com que Yulla se aproximasse de Cam o máximo que ela conseguia.Ele a envolveu em seus braços para mantê-la aquecida, já que nem sequer um cobertor os caminhantes haviam entregue a eles. Yulla apoiou a sua cabeça no peito de Cam e colocou seus braços ao
Ás vezes Yulla achava que estava ficando louca. Todas os dias, quando estava quase anoitecendo ela via a mesma mulher na floresta, a mesma mulher de cabelos ondulados e tão dourados como ouro puro. Ela encarava Yulla entre as árvores e as vezes chegava até mesmo a sorrir para ela.Yulla, que era uma menininha de 7 anos não entendia muito bem as coisas da vida e nem o quão mau e traiçoeiras as pessoas podem ser.Ela já chegou a acenar muitas vezes para aquela mulher, e a mulher sempre acenava de volta e fazia o mesmo gesto com as mãos que Yulla tentara repetir inutilmente.Então, quanto mais ela ia crescendo, menos ela via a mulher e mais ela tinha pesadelos. Só existiam alguns momentos em q
Yulla dormia de forma desajeitada encostada em Cam enquanto ele guiava o cavalo que recebera pelo seu momento heroico.Ofereceram a carruagem para ela descansar, mas ela se recusou fazendo cara feia, já que passara tempo até demais ali.Seu corpo estava escorregando dos braços de Cam e ele a puxou para cima fazendo com que ela acordasse ainda sonolenta, já estava anoitecendo, os grilos se manifestavam ao longe.– Já estamos longe de lá? – ela perguntou um pouco enfraquecida e assustada devido a "luta" que tivera contra a deusa.– Você me perguntou a mesma coisa algumas horas atrás e a resposta é a mesma: já estamos longe o s
Os pássaros já cantavam alto quando Yulla acordou. Estava com a cabeça encostada em algumas mochilas macias dos caminhantes onde eles guardavam suas ervas medicinais. Ela esfregou os olhos, procurou por Cam e não o encontrou aos arredores.Já haviam se passado 10 dias desde que ela enfrentara Ereshkigal. Suas forças vitais estavam enfraquecidas, seus olhos mortos e avermelhados, seus lábios ressecados não importasse o quanto ela os hidratasse, e os caminhantes temiam que ela morresse antes que chegassem até a deusa.Yulla gemeu de dor. Sefiron a olhou em pânico achando que ela estava nas ultimas.–Onde Cam está? – ela pergunta com a voz quase inaudível.
Último capítulo