Cam só se arrependeu de seu ato quando já era tarde demais. Claro, ele não era mais o seu líder, o homem por quem ele seguiria até o inferno se fosse necessário, mas ele realmente não poderia ter feito o que fez.
Mas realmente já era tarde demais.
Sefiron ficara paralisado de quatro no chão por alguns segundos sem acreditar no que o seu ex pupilo havia acabado de fazer, porém quando o susto passou veio a ira e a reação.
Ele se ergueu com uma velocidade de quem era experiente em lutas corpo a corpo e desferiu um golpe certeiro no abdômen de Cam, o jovem se afastou, mesmo assim seu movimento não fora o suficiente para se livrar de outro golpe do líder dos caminhante
Yulla e Cam passaram o dia todo praticamente dentro daquela carruagem apertada, só saíram dali para fazer suas necessidades fisiológicas e para se alimentar.Logo já era noite e se Cam achava que Sefiron teria piedade deles, e os tirasse dali para dormir, ele estava muito enganado, pois continuaram trancafiados e acorrentados, naquele local minúsculo.Aquela noite estava relativamente fria, devido a aproximação do inverno, e fez com que Yulla se aproximasse de Cam o máximo que ela conseguia.Ele a envolveu em seus braços para mantê-la aquecida, já que nem sequer um cobertor os caminhantes haviam entregue a eles. Yulla apoiou a sua cabeça no peito de Cam e colocou seus braços ao
Ás vezes Yulla achava que estava ficando louca. Todas os dias, quando estava quase anoitecendo ela via a mesma mulher na floresta, a mesma mulher de cabelos ondulados e tão dourados como ouro puro. Ela encarava Yulla entre as árvores e as vezes chegava até mesmo a sorrir para ela.Yulla, que era uma menininha de 7 anos não entendia muito bem as coisas da vida e nem o quão mau e traiçoeiras as pessoas podem ser.Ela já chegou a acenar muitas vezes para aquela mulher, e a mulher sempre acenava de volta e fazia o mesmo gesto com as mãos que Yulla tentara repetir inutilmente.Então, quanto mais ela ia crescendo, menos ela via a mulher e mais ela tinha pesadelos. Só existiam alguns momentos em q
Yulla dormia de forma desajeitada encostada em Cam enquanto ele guiava o cavalo que recebera pelo seu momento heroico.Ofereceram a carruagem para ela descansar, mas ela se recusou fazendo cara feia, já que passara tempo até demais ali.Seu corpo estava escorregando dos braços de Cam e ele a puxou para cima fazendo com que ela acordasse ainda sonolenta, já estava anoitecendo, os grilos se manifestavam ao longe.– Já estamos longe de lá? – ela perguntou um pouco enfraquecida e assustada devido a "luta" que tivera contra a deusa.– Você me perguntou a mesma coisa algumas horas atrás e a resposta é a mesma: já estamos longe o s
Os pássaros já cantavam alto quando Yulla acordou. Estava com a cabeça encostada em algumas mochilas macias dos caminhantes onde eles guardavam suas ervas medicinais. Ela esfregou os olhos, procurou por Cam e não o encontrou aos arredores.Já haviam se passado 10 dias desde que ela enfrentara Ereshkigal. Suas forças vitais estavam enfraquecidas, seus olhos mortos e avermelhados, seus lábios ressecados não importasse o quanto ela os hidratasse, e os caminhantes temiam que ela morresse antes que chegassem até a deusa.Yulla gemeu de dor. Sefiron a olhou em pânico achando que ela estava nas ultimas.–Onde Cam está? – ela pergunta com a voz quase inaudível.
Três meses, três meses já havia se passado desde o inesquecível e feliz banho no rio. E Yulla tinha a certeza que os sentimentos que ela sentia por Cam não eram mais os de gratidão e admiração, estava se tornando algo a mais.Seu coração pulava quando o via e ela quase sempre prendia a respiração quando ele se aproximava.Mesmo com tudo isso, o seu corpo ainda estava com problemas em reagir bem à proximidade com o Coração da deusa, apesar dos momentos engraçados ao lado de Cam e (ela não queria admitir) ao lado de alguns experientes caminhantes, seu corpo sofria cada dia mais, tanto que nos últimos tempos ela não conseguia sequer caminhar já que seus ossos e terminações ne
Yulla suspirava aquele ar puro e seus pulmões doíam quando fazia isso. Cam a olhou com o canto de olho, ele devia admitir que estava ficando paranoico em relação à saúde de Yulla, mas não poderia evitar aquilo.Cada movimento que ela fazia, ele se virava para olhá-la, cada som que ela fazia para ele era um gemido de dor ou de morte (o que não deixava de ser de dor), aquilo o estava deixando enlouquecido de tal forma que até mesmo Yulla, fraca como estava, conseguia perceber os movimentos paranoicos dele e já estava começando a ficar incomodada com sua forma de agir.Naquele dia, apesar do ar parecer rarefeito e ardente para ela, até que ela se sentia melhor, ao menos conseguia montar no cavalo e guia-lo entre as arvores, coisa que a
Quando Yulla viu aqueles seres de aparência curiosa não pensou em outra coisa a não ser gritar, gritar muito. Mas depois de sua gritaria, o medo foi dando lugar a curiosidade, eles não a atacaram como imaginara que fariam, pelo contrário. Eles a desamarram, então ela pode analisa-los bem de perto.Tinham mais de dois metros de altura, de pelagens marrom-avermelhada grossas, pés grandes e espalhados, garras amedrontadoras e práticas, dentes saltados, nariz subido e pontudo, enormes chifres que mais pareciam galhos de árvores e brilhantes olhos azuis que transmitiam toda a ternura que eles pareciam sentir por Yulla. Um dos três grandalhões peludos se abaixou para olhar o rosto de Yulla mais de perto e ela pode sentir o rosto dele em suas mãos quando o tocou.
Aquelas criaturas tinham um jeito engraçado de comemorar algo, isso Cam tinha que admitir. Parecia que todos tinham uma dança coreografada, era algo fantástico e bonito. Ele sorriu enquanto bebia o néctar que Yulla tanto falara para ele naquela tarde. Ela lhe contara tudo que havia acontecido, o problema com Sefiron e o resgate dos seres sagrados. A noite já estava alta e parecia que nunca teria fim.– Como você pode ter tanta certeza que eles são seres sagrados?– Eles me disseram. – Yulla deu de ombros como se aquela resposta fosse a coisa mais simples do mundo.Ele a observou por alguns instantes.– Eles disseram a você? – e