Fora um dia inteiro de caminhada até Cam e Yulla chegarem a uma pequena aldeia.
Ela nunca havia estado em uma aldeia e o que ela vira a fascinou.
Eram várias pessoas comuns, andando de um lado para o outro fazendo o que já era de sua rotina: alimentar os animais, limpar coisas, preparar a própria comida, plantar, colher. Ela se sentia confortável em estar ali, admirando a cena.
Todos que a viam a olhavam com preocupação, até ela se tocar que isso se devia ao fato do seu vestido estar manchado de sangue. Ela tentou cobrir aquilo com a mão para que ninguém se assustasse. Cam percebeu a preocupação dela.
– Eles não se assustam muito com esse tipo de cena.
Ela olhou para ele com um ar de interrogação.
– Muitos guerreiros dessa tribo aparecem muito feridos ou quase mortos. Então...
– Você já veio muitas vezes aqui?
– Ainda tentando saber mais sobre mim?
Ela resmungou.
– Responder a minha pergunta não vai te matar sabia?!
– Não duvide.
Eles continuaram andando sendo seguidos pelos olhos dos habitantes da tribo.
Pararam em frente a uma cabana cheia de cabeças de pessoas encolhidas. Yulla ficou assustada vendo as cabeças. Onde aquele maluco estava querendo deixar ela?
– Eu não entrarei ai.
– Não se assuste muito com as cabeças. Ele faz isso apenas com os líderes de seus inimigos. Você não é filha de um dos líderes de outras tribos é? – Cam perguntou zombando dela.
Alguém abriu a porta antes de eles se aproximarem dela e Yulla agarrou o braço de Cam com força fincando as unhas na pele dele.
O homem velho, curvado e da pele caramelada que abrira a porta sorriu com um sorriso desdentado quando reconheceu Cam.
– Ora meu jovem caminhante, ontem mesmo eu sonhei com você. Entre por favor. – Se afastou da porta para os chegados entrassem.
Yulla tirou a mão do braço de Cam e seu rosto ficou rubro.
– Hairof, eu venho aqui hoje para pedir um favor seu. Quero que você cuide dessa jovem como se fosse uma de suas filhas, cuide dela enquanto eu faço a minha jornada anual.
– Oh, meu amigo, eu pensava que está jovem era sua esposa, mas vejo que estou enganado. Assim como me enganei a respeito de você ser escolhido para ser um dos caminhantes.
Yulla olhou para Cam e depois para Hairof sem entender nada.
– Camel nascera um menino forte em uma tribo amiga desta tribo, muito distante daqui. Um dia ele fora atacado por um lobo, as cicatrizes em seu pescoço não me deixam mentir, criança.
A jovem olhou para o pescoço de Cam instintivamente.
E lá estava realmente a cicatriz que o líder da tribo estava dizendo, ela não havia notado aquilo antes. Cam parecia incomodado com o olhar dela encima dele, pois logo deu um jeito de esconder as cicatrizes com as roupas e as mãos assim como ela fizera fora dali. Yulla olhou outra vez para Hairof.
– Com uma força "sobrenatural" vinda direto da deusa, ele conseguira matar o lobo e salvar a própria vida. Quando o líder de sua tribo se reuniu comigo, ele trouxe Camel, orgulhoso por mostrar o menino que derrotara um lobo, que por coincidência é o símbolo de nossa tribo. Eu analisei a criança e vi que ele seria um bom caminhante. O que fez com que sua tribo o entregasse aos caminhantes quando completara 15 anos. No entanto ele não está mais com eles, infelizmente.
– Espere: o que são os caminhantes? - Yulla pergunta com a confusão em seus olhos.
– Isso não é importante. - Cam cruza os braços.
Yulla olha para Hairof quase pedindo explicações, mas Hairof abaixa a cabeça em respeito ao pedido em palavras diferentes de Cam. O assunto fora encerrado.
Hairof levantou a cabeça e disse:
– Vocês devem estar cansados e famintos. Pedirei que alguém traga algo para vocês.
Yulla olhou novamente para Cam, mas ele não estava mais do seu lado.
***
Yulla já havia ido dormir quando Hairof e Cam se sentaram na soleira da cabana do líder dos Lackan.
– Eu partirei em breve Hairof, sinto que estou sendo perseguido. Cada momento perto de seres humanos me causam pavor e eu me recordo que eu quase havia sido o culpado pela morte dos caminhantes. – ele havia contado todo o seu problema para Hairof quando saíra dos caminhantes.
– Entendo o seu sofrimento meu jovem, mas você sabe, assim como eu, que não pode adiar o seu destino.
– Mas qual é o meu destino realmente? Eu nem sei por que estou aqui na terra. Antes eu tinha Sefiron para seguir e tive que me afastar dele. Daqui a alguns tempos terei que me afastar de você também.
– E se isolar dos humanos como um animal? Não, você não foi designado para esse tipo de destino. Seu destino é grandioso.
– Então me fale sobre ele já que parece saber tanto.
– A deusa não me deu permissão para lhe contar, então não contarei.
– Eu preciso ir agora.
– Eu entendo Camel. – Hairof se levantou e colocou a mão sob a cabeça de Cam, fez uma breve oração e antes de deixar o outro ir o entregou algo embrulhado em uma pele de lobo cinzenta. A pele do lobo que matara. - Você está pronto para carrega-la e usa-la caso seja necessário.
Cam não respondeu, ele não precisava. Apenas encostou sua testa na testa de Hairof e em seguida sumiu da vista do velho.
Os transfigurentur corriam arfando entre as árvores. Seus corações estavam para explodir, mas era isso ou serem torturados por ela, gostariam de ter a ideia de liberdade, mas sabiam que isso nunca iria acontecer enquanto estivessem vivos. Então eles corriam.Não tinham outras opções cabíveis,eram tratados como animais. Matavam sem querer. Depois de um tempo eles não conseguiam sequer pensar.Seus focinhos farejaram o que estavam procurando,então eles começaram a emitir o silvo que aterrorizara o coração dos caminhantes. Eles não iam parar até encontrar quem eles queriam.Yulla.
Dessa vez não foi a voz.Cam já estava com uma razoável distância da aldeia quando ouviu o silvo,ele parou e olhou para trás como se já estivesse espreitando o que viria no futuro. As árvores sombrias dava ao lugar um ar mais macabro.Seu corpo travou e ele não sabia o que fazer: voltar e ajudar (pois ele já sabia muito bem do que se tratava) ou seguir sua jornada (o que sua alma e coração nunca o perdoaria).Ele fechou os olhos e pela primeira vez depois de quatro anos, ele pediu ajuda à deusa em silêncio.E ela o ouviu.Cam estava distraído com s
A princesa corria sem parar entre os galhos ressecados machucado seu rosto e braços,estava chorando novamente e aquilo fazia com que sua vista ficasse turvada e a atrapalhasse ainda mais.Sentiu que algo a seguia das sombras,olhou para trás e o que mais a assustava estava lá: os monstros brancos. Três deles para ser exato. Ela acelerou o quanto pode, mesmo com suas pernas latejando de tanta dor. E os pés machucados por causa de seu calçado que não era próprio para isso.Ela queria tanto que Cam estivesse ali...Yulla não percebeu a raiz de uma das árvores a sua frente e prendeu seu pé nele tombando para frente e batendo o rosto no chão. Seu tornozelo doía.&nbs
O coração de Cam acelerou. Ele não acreditava que eles estavam na sua frente. Antes eram 23 caminhantes – contando com Camel – e agora eram apenas 10. E tudo podia se dizer, que era culpa dele.O silêncio se instalou por longos segundos até Sefiron dar a palavra outra vez.– Já faz quatro anos...– É,e foi muito bom ver vocês,mas nós precisamos ir.Yulla não falou nada, Cam a levantou e a colocou nos braços,quando deu alguns passos na direção oposta sentiu um mental pontudo e gelado na sua nuca.Ele n&
Yulla não parava de olhar para trás agarrada ao pescoço de Cam que não parava de olhar fixamente para frente.Yulla não gostava da ideia de serem ameaçados por aqueles homens.Ela se virou para olhar para Cam. Ele estava tenso. Tenso demais, aquilo a deixou mais preocupada do que o fato de ela estar com o tornozelo torcido.A única coisa que ela podia fazer naquele momento era aguardar respostas de Hairof.***Hairof os estava aguardando na porta de sua cabana. Estava bebendo um chá verde e os observando chegar. O conflito que havia se instaurado ali parecia ter acabado de vez, a paz retornara.
Cam só se arrependeu de seu ato quando já era tarde demais. Claro, ele não era mais o seu líder, o homem por quem ele seguiria até o inferno se fosse necessário, mas ele realmente não poderia ter feito o que fez.Mas realmente já era tarde demais.Sefiron ficara paralisado de quatro no chão por alguns segundos sem acreditar no que o seu ex pupilo havia acabado de fazer, porém quando o susto passou veio a ira e a reação.Ele se ergueu com uma velocidade de quem era experiente em lutas corpo a corpo e desferiu um golpe certeiro no abdômen de Cam, o jovem se afastou, mesmo assim seu movimento não fora o suficiente para se livrar de outro golpe do líder dos caminhante
Yulla e Cam passaram o dia todo praticamente dentro daquela carruagem apertada, só saíram dali para fazer suas necessidades fisiológicas e para se alimentar.Logo já era noite e se Cam achava que Sefiron teria piedade deles, e os tirasse dali para dormir, ele estava muito enganado, pois continuaram trancafiados e acorrentados, naquele local minúsculo.Aquela noite estava relativamente fria, devido a aproximação do inverno, e fez com que Yulla se aproximasse de Cam o máximo que ela conseguia.Ele a envolveu em seus braços para mantê-la aquecida, já que nem sequer um cobertor os caminhantes haviam entregue a eles. Yulla apoiou a sua cabeça no peito de Cam e colocou seus braços ao
Ás vezes Yulla achava que estava ficando louca. Todas os dias, quando estava quase anoitecendo ela via a mesma mulher na floresta, a mesma mulher de cabelos ondulados e tão dourados como ouro puro. Ela encarava Yulla entre as árvores e as vezes chegava até mesmo a sorrir para ela.Yulla, que era uma menininha de 7 anos não entendia muito bem as coisas da vida e nem o quão mau e traiçoeiras as pessoas podem ser.Ela já chegou a acenar muitas vezes para aquela mulher, e a mulher sempre acenava de volta e fazia o mesmo gesto com as mãos que Yulla tentara repetir inutilmente.Então, quanto mais ela ia crescendo, menos ela via a mulher e mais ela tinha pesadelos. Só existiam alguns momentos em q