Opressor
Opressor
Por: Érika Gomes
Prólogo

Ela estava linda.

Os cabelos curtos e brancos como fiapos de algodão, o rosto descansado, em paz e pode parecer loucura o que vou dizer, mas existia um leve sorriso em seus lábios.

Dormia.

Para sempre.

O lugar estava lotado. Sempre disse que ela parecia uma candidata para alguma vaga política, pois onde ia demorava uma eternidade porque parava para conversar com todo mundo. Nada mais justo que todos fossem conversar com ela uma última vez.

Esse pensamento trouxe o nó de volta à minha garganta. O sentimento que estava reprimindo, fazendo um esforço sobrenatural para manter guardado em algum lugar, não iria desabar, não ali. Ainda não.

O caixão foi fechado.

As pessoas se posicionaram ao redor.

Caminhavam lentamente levando o corpo sem vida da minha mãe.

Seu último passeio.

A cada passo meu coração acelerava um pouco mais, o fim estava próximo e eu não teria mais como vê-la depois que descessem aquela caixa que seria a sua última moradia.

Acabou.

Senti o braço do meu pai envolver a minha cintura no mesmo momento em que o ar deixou os meus pulmões. Já não via mais nada a minha frente, as lágrimas impediram o meu adeus. Eu tentei, tentei com todas as minhas forças ser forte, mas não consegui.

Respirar era impossível.

Ela se foi.

Tudo escureceu e não vi mais nada.

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