Joana ainda estava muito confusa, salvou a vida da garota e agora tinha um emprego.
Farrapim tinha razão, tudo se ajeita e ela estava desconfiada por tudo parecer tão fácil.
Ela não gostava de coisas assim, o velho ditado rondava em sua cabeça, “ felicidade de pobre dura pouco” e ela estava cansada de tanta decepção.
Alexandre tinha deixado seu quarto quando o médico avisou que a filha dele tinha acordado, Joana até se levantou para ir junto, mas o doutor a fez deitar-se novamente quando suas pernas fraquejaram e ela foi obrigada a voltar a se deitar.
Estava ali e não podia sair, nunca gostou de hospitais.
A porta se abriu e ela olhou curiosa em direção a ela.
Uma mulher, não muito velha, muito bem vestida caminhou até a cama. Tinha um sorriso doce e adorável.
— Oi, meu bem.
— Quem é a senhora?
— Meu nome é Antonela, sou a avó da Merida, a menina que você salvou.
— Ah sim... Não foi nada de mais.
— Nada de mais?
— Sabe? Sangue não vai me fazer falta.
Antonela sorriu.
— Sim meu bem, é verdade. E como se sente?
— Bem, só queria estar em casa.
— Casa?
Joana suspirou.
— A senhora já sabe que sou mendiga.
— Katy me contou, mas não se preocupe com isso não. Eu não ligo. Vamos ser generosos com você... Pelo que fez.
— Seu filho me deu um emprego, de babá.
Antonela sorriu.
— Ah, isso é perfeito. Eu não teria pensado em nada melhor. Por quê vive na rua?
— A senhora se incomoda se eu não quiser contar? — Joana pediu de forma educada e a mulher sorriu gentil.
— Que isso, me desculpe. Espero que possamos ser amigas.
— A senhora é um anjo.
— E você é linda. Meu Deus, como é linda.
Joana sorriu sem graça.
— Obrigada.
— Merida vai adorar você.
— Estou curiosa para conhecê-la.
Antonela se aproximou dela e acariciou o cabelo ruivo de Joana.
— Logo vai poder. Quero que saiba que tudo o que precisar, conte comigo. Ah, eu vou comprar algumas roupas para você. Não se ofenda, tá? É só um agradinho. Você merece.
— Não. Olha, não precisa se preocupar comigo.
— Que isso, eu vou adorar fazer isso. Já faz um bom tempo que não tenho minhas filhas para comprar roupas para elas, já são adultas agora.
— Tem mais de uma? Outra além da... O nome dela, esqueci.
— Katiuska, sim tenho mais uma. Irmã gêmea do Alê...
— Que incrível. — Joana comentou e sorriu. Antonela acariciou o cabelo dela de forma gentil deixando Joana à vontade com sua presença.
*
— Agora ela é minha mãe?
Merida perguntou ao pai depois de ouvir ele contar que uma moça havia lhe dado o sangue dela para que a menina ficasse bem.
Merida estava mais branca que o normal, muito fraquinha, mas aquele sorriso banguela que ele tanto amava estava ali e Alexandre estava feliz por isso.
— Claro que não filha.
— Mas eu tenho o sangue dela agora.
Alexandre sorriu para a inocência dela.
Ele sempre soube que a filha queria uma mãe, já que Sandy morreu no parto, ele nunca tinha se preocupado com isso, pois a menina tinha a tia e a avó como presença maternal.
— Quando você crescer vai entender. Eu ofereci um emprego a ela... Vai ser sua babá. Vai gostar dela.
— Você gostou?
Alexandre pensou um pouco sobre isso.
— É...
Foi tudo o que respondeu.
— Quando eu vou poder conhecer ela?
— Logo. Você sente dor?
— Um pouquinho e eu quero ir embora daqui.
— Em breve vamos, eu prometo!
Ele segurou a mão dela e acariciou.
— Você está com o olho inchado pai? Foi ver a moça assim?
— Queria que eu fosse como?
— Ela é bonita?
— Sabe que nem reparei?
— Que mentiroso.
Ele fez cara se bravo.
— Ei, mocinha.
Ela sorriu.
— Desculpa papi.
— Eu estava com saudade de você baixinha, da sua alegria, melhora logo meu amor.
— Eu sou Merida pai, coração valente, lembra?
Alexandre acariciou o cabelo dela com carinho.
— É isso aí.
A porta do quarto se abriu e Antonela entrou.
— Como está nossa princesa?
— Oi vovó.
A mulher caminhou até a cama e deu um beijo na neta.
— Conheci a ruivinha. Adorei saber sobre o emprego. Você é um amor Alê.
Ele sorriu.
— Ela é ruivinha? — Merida perguntou admirada.
— Igual a você. Incrível como os anjos capricham nos milagres.
Merida sorriu com as palavras da avó.
— Ofereceu uma casa a ela?
Alexandre encarou a mãe.
— Eu devo a ela, salvou minha filha.
— As pessoas se ofendem com esse tipo de coisa filho.
— Mas eu consertei depois.
— Que bom, ela parece bravinha, mas é uma garota incrível.
— Ai ai, essas mulheres de personalidade forte, não sei se é bom ter mais uma por perto.
Alexandre brincou.
— Não seja bobo.
— Eu quero docinho, vó.
— Vou perguntar para o médico se posso comprar para você. E.... Vou comprar roupas para sua salvadora. Tadinha, ela precisa tanto.
Alexandre balançou a cabeça, tinha esquecido desse detalhe, a mãe.
— Compra roupas verdes e de unicórnio também. Compra um pijama de coelhinho igual ao meu.
— Pode deixar.
Antonela beijou a testa da neta e saiu debochando da cara de desaprovação do filho.
— Papai eu acho que a vovó vai adotar ela.
— Não fala isso nem brincando meu bem.
— Vai ser legal pai. Você vai ter mais uma irmã e eu outra tia.
Alexandre coçou a cabeça tentando não ver aquilo como algo ruim.
***
Katiuska não gostou nada de saber que o irmão levaria Joana para sua casa.
— Eu dei um emprego a ela. Para ajudá-la.
Ele defendeu.
— É uma mendiga.
— Uma pessoa Katy, que salvou a sua sobrinha. Devo isso a ela. Você sabe.
— Tudo bem, que seja. Só acho que não deveria confiar em uma pessoa que mal conhece.
— Está de implicância com a coitada da moça, filha.
Antonela trocou as sacolas de mão.
— Comprei umas roupas lindas para ela, acho que ela vai amar.
— Meu Deus, mãe.
Katiuska cruzou os braços, bateu o pé e sai, indo em direção ao quarto da sobrinha.
— Ela está sendo ciumenta filho, vou levar lá para Joana e ver se ela está bem para ver a Merida.
— Mãe, o que a senhora acha? Eu fui impulsivo em dar emprego a uma desconhecida, onde ela vai ter que cuidar da minha filha?
— Você fala por ela ser moradora de rua? Que não seja isso, hein? Ela não tem culpa. Isso não faz dela uma má pessoa.
— É que a Katy...
— O quê? Não gostou da moça? Por favor, dê uma chance a ela. Alê, é só uma garota perdida, jovem e sem ninguém, precisando de uma oportunidade. Que tipo de mal ela pode fazer?
— Não faz essa pergunta não. Vai saber.
Antonela balançou a cabeça.
— Eu vou lá levar os presentes para ela. Pense bem sobre tudo isso e não tire conclusões precipitadas. Com licença.
Joana sentou-se na cama, arrumou o cabelo para o alto e suspirou.
— Oi querida. — Antonela entrou pela porta. — Comprei as roupas que te prometi. Aliás te achei meio magrinha. Você come bem?
— Não. Eu sou uma mendiga e olha, não posso aceitar seus presentes...
— Nem pense em recusar, isso me deixaria chateada.
Antonela entregou as sacolas para Joana.
— Muito obrigada dona Antonela.
— Que isso, tire o dona. Me chame de Antonela.
— Tudo bem... Antonela.
Joana desceu da cama e abriu as sacolas para ver as roupas, nem em seus melhores sonhos já tinha ganhado tanta roupa ao mesmo tempo.
Na porta Alexandre observou as duas e sem entender bem, ficou feliz ao ver o sorriso da moça. Seu coração batia em compassos diferentes.
*
—Ela é linda.
Joana sussurrou para Alexandre enquanto observavam Merida dormir. Ele sorriu.
— Ela é mesmo.
— Não parece nada com você.
Alexandre a observou, cruzou os braços em cima do peito e tentou parecer sério.
— Por acaso, está me chamando de feio?
— Não... Não, não, você é bem... — Joana parou diante do olhar intenso dele, queria dizer que ele era o homem mais lindo que ela já tinha visto. — Não quis dizer...
Ele sorriu de canto.
— Eu estava brincando. Calma.
Joana sorriu e desviou o olhar, Alexandre parecia uma obra pintada à mão e ela se sentia muito estranha admitindo isso para si mesma.
— Minha avó comprou o pijama de coelhinho para você?
Merida perguntou sonolenta ao ver a moça ali.
— Oi filha, que bom que acordou, essa é a Joana?
— Posso te chamar de Joaninha?
Joana sorriu.
— Claro, eu adorei. Como está?
— Bem, seu cabelo parece o meu e agora temos o mesmo sangue. Somos da mesma família?
Joana olhou para Alexandre e ele pediu desculpas com o olhar.
— Claro. — Joana voltou-se para Merida. — Com certeza.
— Que bom, eu vou dormir mais um pouquinho, depois conversamos mais Joaninha.
Joana assentiu sorrindo para a menina, a ruivinha fechou os olhos novamente. Joana virou-se para Alexandre, ele observava a filha dormir e pareceu não notar o olhar dela sobre ele.
Merida dormiu rápido, questão de segundos.
— Ela sempre dorme rápido assim?
Ele sorriu.
— É um dom.
— Que dom maravilhoso.
Ele assentiu e virou-se para ela.
— Então, você já recebeu alta? Quero te levar para a casa.
Joana o encarou, teria ele esquecido que ela morava na rua?
— Que casa?
— A minha. Acho melhor que fique conosco.
Joana franziu a testa.
— Depois você pode encontrar outro lugar sabe, se sentir vontade. Só acho que seja mais fácil e...
— Tudo bem. Você se explica demais.
Ele balançou a cabeça.
— Desculpe. Tem coisas para pegar?
— Tenho algumas roupas, mas eu ganhei muitas da sua mãe. Só quero te perguntar uma coisinha...
Ela falou indecisa e torceu os dedos nervosa. Alexandre cruzou os braços e esperou.
— O quê?
— Gosta de cachorros?
— Tem um cachorro?
Ela colocou a mão na boca e o encarou com um olhar parecido com o de Merida quando falava alguma besteira que sabia que o pai não ia gostar, ou quando queria pedir algo que sabia que ele diria não. Ele achou isso uma graça.
— Ah, meu Deus...
— Por favor, ele é um filhotinho...
Joana pegou a mão dele, Alexandre ficou surpreso, o toque dela era quente. As mãos finas e macias, o olhar pedinte.
— Por favo, favorzinho.
— Não faz isso, droga, parece a Merida.
Ele sorriu e ela suspirou.
— Desculpe, é que... Tudo bem, eu vou encontrar outro lugar para ele.
— Você pode levar ele.
Joana levantou o olhar e sorriu.
— Você é incrível.
Ela comemorou e pulou nos braços dele, o abraço o pegou ainda mais de surpresa.
— Com licença? — Alguém entrou, Joana se afastou dele e olhou para a moça bonita, estilosa como Katiuska, mas essa era loira, de olhos azuis, uma Barbie humana praticamente. — Quem é você e por quê estava abraçada ao meu namorado?
Joana se afastou um pouco mais de Alexandre.
— Eu só...
— Fabíola se acalma. — Ele repreendeu a loira com o olhar e voltou-se para Joana. — Vá arrumar suas coisas, tudo bem?
Joana assentiu e saiu do quarto. Fabíola cruzou os braços e o encarou furiosa.
— Quem é essa?
— A nova babá da Merida, foi ela quem salvou a vida da minha filha.
— Você contratou ela como babá?
— Sim, por quê?
— Você nem a conhece.
— Olha, minha filha está aqui, não é hora para discutir sobre isso, ou sobre qualquer outra coisa.
— Não fala assim, eu cheguei aqui e encontrei outra abraçada a você.
— Não foi nada de mais Faby, ela só estava me agradecendo porque vou ajuda-la dando um emprego para ela e um lugar para morar.
— Um lugar para morar? Onde ela vai morar?
Alexandre coçou a cabeça e ela fez cara feia.
— Alê...
— Fabíola ela não tem onde morar e como ela salvou minha filha...
— Você ofereceu um lugarzinho para ela, que fofo. — Debochou furiosa.
— Fabíola, para de ciúme. Não é o momento.
— Tudo bem, por enquanto passa. Como Merida está?
— Ela está bem melhor, não vejo a hora de levá-la para a casa.
— Que bom que tudo isso passou.
Fabíola o abraçou e lhe deu um beijo casto no canto dos lábios.
— Sim, muito bom.
Ele apertou o corpo dela contra o seu e descansou a cabeça na curva do pescoço dela.
Katiuska entrou no quarto onde Joana estava arrumando as roupas que ganhou de Antonela.
— Mendiga ruiva... Quero te pedir uma coisa.
Joana levantou o olhar.
— Pode pedir.
— Não vá para a casa do meu irmão.
Joana a encarou.
— O quê?
— Eu não quero você lá. Não quero você perto deles.
Joana suspirou.
— Eu preciso de um emprego.
— Te dou todo o dinheiro que quiser.
— Não quero dinheiro, quero trabalhar.
Katiuska adentrou ainda mais o quarto.
— Você é dessas então?
— Você não? Dinheiro caiu do céu no seu colo?
Katiuska sorriu e Joana começou a tremer de nervoso.
— Tudo bem, vou conseguir outro emprego para você.
— Qual seu problema comigo?
— Todos, não quero você perto deles.
— Está com ciúmes de mim com seu irmão?
— Se enxerga ruiva. — Katiuska cruzou os braços e avaliou Joana, como da primeira vez. — Tudo bem, que seja, mas acredite no que vou dizer, se fizer algo com eles, te despacho para o fim do mundo que você saiu.
— Como você...
— É eu já sei muita coisa sobre você garotinha. Mandei investigar sua vida toda.
— Então já deve ter notado que não sou uma ameaça.
— Que seja...
— Você é uma baita de uma preconceituosa.
Joana lançou, já furiosa, Katiuska apenas a encarou, deu meia volta e saiu dali.
Alguns minutos depois Joana saiu também no corredor, foi parada pela loira ciumenta. Fabíola.
— Com licença, florzinha.
— Sobre o que aconteceu, não fica com ciúmes, tá?
Fabíola riu ao ouvir isso.
— Ciúmes, olha só para você e olha para mim. Eu sou linda, você até que é bonitinha, mas... — Fabíola circulou ao redor dela. — Mas é uma garota, mesmo que seja maior de idade, é só uma garota. Alexandre só está fazendo caridade com você. Porque ele é um bom rapaz, bom até demais. Não se sinta especial.
— Você não sabe dizer como eu me sinto. Eu só precisava de um emprego e ele me deu. Um emprego e um teto.
Fabíola fechou a cara.
— Não vai ficar lá por muito tempo.
A ameaça foi fina e violenta como uma faca.
— Eu não tenho medo de você.
A ruiva a empurrou para o lado e continuou andando.
Algumas horas depois, teve uma discussão acalorada entre Alexandre e Fabíola com direito a participação de Katiuska.
Fabíola fez showzinho para ir junto com o namorado levar Joana para a casa dele, mas a irmã dele, não gostou da maneira como a loira o tratou.
A briga terminou com Katiuska avisando que processaria Fabíola e Alexandre dirigindo com Joana ao seu lado, ela abraçou o próprio corpo, sentindo um turbilhão de coisas.
— Eu sinto muito.
Ele falou depois de um tempo.
— Não importa. Eu não ligo. Já estou acostumada, sou tipo um cachorrinho de rua.
— Não se diminua assim. Ninguém tem o direito de te tratar mal.
Ela balançou a cabeça, encostou a testa na janela e soltou um suspiro.
— Olha Joana, se acalma, você salvou a minha filha, eu te dei um emprego e um teto, então só recomece e deixe as opiniões das pessoas, de lado. A minha irmã está preocupada como sempre e Fabíola com ciúmes.
— Ela disse que não. Que não sou tão bonita quanto ela, então não tem ciúmes.
— O quê?
— É ali.
Joana apontou e ele parou o carro.
— Você mora aqui?
— Mais ou menos isso.
Ele observou o lugar sujo.
— Não olhe com essa cara, nem todos nascemos em um castelo.
— Desculpe.
Ela desceu e ele logo atrás. Caminharam juntos para debaixo do viaduto.
— Oi Farrapim. — Ela cumprimentou o velhinho.
— Oi menina, como foi tudo?
— Deu tudo certo. Esse é o Alexandre, o pai da menina.
Farrapim cumprimentou Alexandre.
— Conheço o senhor...
— Sim, você já me ajudou muito. É um bom homem.
Joana olhou para Alexandre e notou ele ficar um pouco envergonhado, ela virou-se e sorriu para a visão dele assim.
Pegou o cachorrinho amarelo no colo.
— Vamos Mousse, você vem comigo.
— Você vai cuidar dela?
Farrapim perguntou a Alexandre, ele espiou para ver se ela ouviu, mas a jovem estava ocupada pegando suas coisas.
— Na verdade, não vou tomar conta dela. Lhe dei um emprego e não a adotei.
O velho mendigo sorriu.
— Não importa. Ela parece durona, mas precisa de cuidados. Só cuida!
Alexandre assentiu em uma promessa silenciosa.
— Eu prometo que ele não vai incomodar.
Joana apareceu atrás deles e apresentou o cachorrinho a Alexandre.
— Tudo bem.
Ele assentiu.
— Farrapim, muito obrigada por tudo, quando eu puder volto para uma visita e te ajudar de alguma forma.
— Não se preocupe comigo. Que Deus os acompanhe.
Os dois se despediram do homem e voltaram para o carro. Ele observou o cãozinho.
— Ele é bem pequeno, né? Pensei em algo maior.
— Ele vai crescer.
Joana sorriu e ele balançou a cabeça.
— Com isso você vai ganhar a Merida.
— Isso é bom. — Joana sorriu e acariciou o filhotinho.
Fabíola entrou em casa batendo a porta com força. Sua irmã Raissa descia as escadas nesse momento.
— Eita, que a dragoa está furiosa. — Provocou.
— Cala essa boca pirralha.
A garota desceu e parou no último degrau.
— Qual é, me conta o babado aí. O que aconteceu?
— É o Alexandre, uma mendiga salvou a filha dele e ele deu um emprego a ela, para piorar ela vai morar com eles. Tudo isso, ideia do Alexandre.
Raissa analisou a irmã.
— Para você estar assim essa garota deve ser bonitinha.
Fabíola a olhou furiosa.
— Cala a boca.
— É isso? Ela é bonita? Fala que é isso não é exagero seu.
— Não interessa se é bonita ou não. Alexandre vai colocar uma mulher morando na casa dele. Uma mulher que não sou eu. E para piorar uma dessas terríveis, quietinhas, sonsinhas, cara de santa e boa moça. Salvou a Merida, então ela pode ter o que quiser do Alê.
— Que ótimo saber que a Merida está salva, eu estava tão preocupada. Preciso conhecer a salvadora dela.
— Ah, vai para o inferno.
Fabíola xingou e lançou um travesseiro contra a irmã, Raissa correu e saiu rindo.
A loira colocou as mãos na cintura e bufou.
— Ela que pense em entrar no meu caminho para ver se eu não acabo com ela, mendiga idiota.
Joana acompanhou Alexandre para dentro da casa, segurando o cãozinho com um braço e o outro carregando suas coisas, ela negou a ajuda dele.
— Espero que goste daqui.
— Isso parece um palácio perto do que estou acostumada, tanto na rua quanto do sítio de onde vim.
Ele sorriu.
— Olha, eu realmente desejo que se sinta em casa.
— Por quê?
— É o que dizemos as pessoas que vão ser nossos hóspedes.
Ela assentiu.
— Obrigada.
— Vou te levar até o quarto onde vai ficar.
Ele saiu em direção à escada, parou de repente.
— Algum problema? — Joana parou atrás dele.
— É que... Desde o acidente... Eu não tinha voltado para a casa.
— Ela está bem agora.
Joana colocou a mão no ombro dele.
— É, ela está. Graças a você.
Ele virou o rosto e fixou o olhar brilhante nela. Joana sorriu gentil e tirou a mão do ombro dele. Alexandre voltou-se para a escada, mais tranquilo.
Ela o seguiu pelos degraus.
Joana acordou com Mousse lambendo seu rosto e abanando o rabinho enquanto fazia sapateado com as patinhas em cima do rosto dela.Ela riu e coçou os olhos.— Ai, garoto, se controla.O afastou um pouco e sentou-se na cama macia.Olhou ao redor lembrando de onde estava, na casa da menina ruiva, no quarto que o pai dela disse que ela podia ficar.Ele tinha voltado ao hospital enquanto ela arrumou as poucas mudas de roupas que tinha levado e não perdido enquanto ficou na rua e as roupas que Antonela lhe deu.Depois disso caiu no sono, então não sabia que horas eram ao certo, mas pela maneira como se sentia, o sono fora longo e pela janela podia ver que o sol estava se pondo.Quando a barriga roncou pegou Mousse no colo e saiu do quarto.Desceu a grande escada e encontrou a cozinha.Colocou o cãozinho no chão e abriu a
— Você já conhece a Joaninha?Merida cutucou Rafael, o fotógrafo era um rapaz bonito de uns vinte e oito anos, tinha olhos azuis e sorriso gentil. A garota o adorava.— Já fomos apresentados.Ele respondeu sorrindo em direção a moça, admirado com a beleza dela. — Ela salvou minha vida e agora está cuidando de mim.Merida abraçou Joana pela cintura e a moça sorriu encantada.— Você merece uma amiga assim Merida.Rafael comentou e Joana sorriu sem graça.Fabíola se aproximou da irmã enquanto Raissa observava a ruiva com o fotógrafo.— E este olhar Rai? Ciúmes?— Do que está falando?— Ora, Rafael. Você sempre deixou claro que ama o fotógrafo e agora ele está lá babando pela ruiva.— Fabíola pelo amor de Deus, você não tem nem noção do que diz. Quem está morrend
Lorena levantou-se da cadeira da sala de Silvia.— Ele o que? Como puderam? Que traição é essa?— Traição? Lorena, não lançamos um rosto novo há tempos.— Eu basto, já disse.— Do que tem medo? Que ela roube seu lugar? Achei que você fosse mais segura de si. Sempre me pareceu isso.Silvia a provocou.— Eu sou segura de mim.Silvia arrumou-se em sua cadeira e encarou a modelo em sua frente.— Olha Lorena, não adianta você vir aqui latir para mim, o dono da revista é o senhor Douglas e se ele quer a ruiva, você não pode impedir.Lorena assentiu engolindo em seco tudo o que ela disse. Não adiantava discutir, Silvia era a editora chefe da revista, ali era maior que Lorena e se quisesse ferrar com sua vida, ela conseguiria.Por isso Lorena manteve a boca fechada, mas na cabeça, sua mente já maquinava com planos para reve
Alexandre abriu os olhos e diante dele estava um lindo rosto adormecido de forma serena e doce, os cabelos vermelhos bagunçados espalhados pelo rosto, sentia tanta vontade de tocar, tirar os fios do rosto dela e acariciar cada cantinho, se conteve, não tinha o direito de fazer isso.Joana abriu os olhos, sorriu de canto ao encarar os olhos verdes dele, era como acordar e ao mesmo tempo estar sonhando.— Mas o que é isso?A voz estrondosa interrompeu seu sonho, Alexandre sentou-se no colchão e Joana também, meio zonza.— O que é isso?A voz perguntou outra vez e Joana identificou Katiuska. Parecia brava e perplexa.Merida apareceu correndo da cozinha.— Por quê vocês dois está dormindo aqui? E juntos?— Ontem o papai saiu com a Fabíola e nós, Joaninha, eu e o Mousse, acampamos na sala. O papai dormiu aqui quando chegou.— Ah, e a men
Joana tomou banho e trocou de roupa no banheiro mesmo. O que Katiuska havia lhe dito e o acontecido, quando Alexandre, entrou em seu quarto e a pegou só de toalha. A deixava meio ressabiada, mesmo que ele não fosse capaz de fazer de novo, pelo menos, ela achava que não, mesmo assim, ela resolveu se vestir no banheiro e não correr o risco.Também não queria acabar dando a ideia de que gostaria de provoca-lo ou seduzi-lo. A acusação de Katiuska tinha lhe deixado furiosa.Quando terminou desceu as escadas com Mousse atrás dela, o cãozinho estava crescendo, ela podia notar, desceu as escadas e o ajudou a fazer isso, Merida ainda dormia, a moça se encostou no sofá e a observou.— Achei que tivesse dormido.Ela deu um pulo assustada, não havia notado Alexandre sentado no outro sofá.— Te assustei?— É que não te vi aí.Ele sorriu, estava com um livro no colo e óculos de g
Na segunda à tarde quando foi até a revista para fazer as fotos, Joana ficou sabendo que as portas da revista iriam fechar por um tempo, pois o dono passara muito mal durante a noite anterior e estava internado entre a vida e a morte.Depois dessa notícia, a única coisa que lhe restou a fazer foi voltar para a casa e esperar o horário de ir pegar Merida na escola.Sem a oportunidade de fazer as fotos, ela via seu livro se esvaindo pelos seus dedos novamente.Estava fora de cogitação pedir dinheiro emprestado para Alexandre mesmo trabalhando para ele e muito menos minar uma caridade, que Katiuska não tinha e deixava bem claro.Teria que ter paciência e esperar mais um pouco.“Tudo se ajeita”, ouviu a voz de Farrapim em pensamento e lembrar daquela conversa com Alexandre sobre o mendigo ser um anjo, a fazia sentir uma esperança reconfortante.Algo que ela não estava acostum
Silvia acordou de manhã com a ligação de David, o filho de Douglas, a voz do outro lado era jovem e ele falou com ela de forma muito educada, mas as notícias não eram nada boas.Depois de agradecer as condolências pela morte do pai, ele falou porque tinha ligado.— Eu analisei as contas da revista e achei melhor ligar. A revista está na mesma há muito tempo, deve estar faltando novidade.Sílvia segurou a boca para não perguntar o que ele entendia daquilo.— E o que o senhor pensa em fazer?— Pode me chamar de você. Eu tenho uma proposta.Silvia sentou-se à mesa e serviu-se de suco de laranja.— Sou toda ouvidos.— Quero que em duas semanas você melhore a situação da revista.
Enquanto Joana arrumava o pijama para Merida, Antonela a ajudava se enxugar.Katiuska foi embora logo à tarde e Fabíola mais à noite, Antonela até insistiu para ela ficar pois o tempo tinha virado e uma garoa fraca caía.A moça não quis.Joana sabia que ela tinha brigado com Alexandre e se sentia meio culpada por isso.À noite choveu com raios e trovoadas. Merida disse que queria a avó e a babá dormindo com ela, pois estava com medo e também queria aproveitar o momento, para se divertir com elas.Depois de prontas para dormir, Joana arrumou um colchão no chão ao lado da cama onde Merida dormiria com a avó.Joana insistiu para dormir no chão e assim Mousse poderia dormir com ela.— Peguei o livro do Aladim para vocês lerem para mim.Merida falou ao entrar no quarto.— Onde encontrou isso?Joana perguntou curios