Capítulo 2

Joana ainda estava muito confusa, salvou a vida da garota e agora tinha um emprego.

Farrapim tinha razão, tudo se ajeita e ela estava desconfiada por tudo parecer tão fácil.

Ela não gostava de coisas assim, o velho ditado rondava em sua cabeça, “ felicidade de pobre dura pouco” e ela estava cansada de tanta decepção.

Alexandre tinha deixado seu quarto quando o médico avisou que a filha dele tinha acordado, Joana até se levantou para ir junto, mas o doutor a fez deitar-se novamente quando  suas pernas fraquejaram  e ela foi obrigada a voltar a se deitar.

Estava ali e não podia sair, nunca gostou de hospitais.

A porta se abriu e ela olhou curiosa em direção a ela.

Uma mulher, não muito velha, muito bem vestida caminhou até a cama. Tinha um sorriso doce e adorável.

— Oi, meu bem.

— Quem é a senhora?

— Meu nome é Antonela, sou a avó da Merida, a menina que você salvou.

— Ah sim... Não foi nada de mais.

— Nada de mais?

— Sabe? Sangue não vai me fazer falta.

Antonela sorriu.

— Sim meu bem, é verdade. E como se sente?

— Bem, só queria estar em casa.

— Casa?

Joana suspirou.

—  A senhora já sabe que sou mendiga.

— Katy me contou, mas não se preocupe com isso não. Eu não ligo. Vamos ser generosos com você... Pelo que fez.

— Seu filho me deu um emprego, de babá.

Antonela sorriu.

— Ah, isso é perfeito. Eu não teria pensado em nada melhor. Por quê vive na rua?

— A senhora se incomoda se eu não quiser contar? — Joana pediu de forma educada e a mulher sorriu gentil.

— Que isso, me desculpe. Espero que possamos ser amigas.

— A senhora é um anjo.

— E você é linda. Meu Deus, como é linda.

Joana sorriu sem graça.

— Obrigada.

— Merida vai adorar você.

— Estou curiosa para conhecê-la.

Antonela se aproximou dela e acariciou o cabelo ruivo de Joana.

— Logo vai poder. Quero que saiba que tudo o que precisar, conte comigo. Ah, eu vou comprar algumas roupas para você. Não se ofenda, tá? É só um agradinho. Você merece.

— Não. Olha, não precisa se preocupar comigo.

— Que isso, eu vou adorar fazer isso. Já faz um bom tempo que não tenho minhas filhas para comprar roupas para elas, já são adultas agora.

— Tem mais de uma? Outra além da... O nome dela, esqueci.

— Katiuska, sim tenho mais uma. Irmã gêmea do Alê...

— Que incrível. — Joana comentou e sorriu. Antonela acariciou o cabelo dela de forma gentil deixando Joana à vontade com sua presença.

*

— Agora ela é minha mãe?

Merida perguntou ao pai depois de ouvir ele contar que uma moça havia lhe dado o sangue dela para que a menina ficasse bem.

Merida estava mais branca que o normal, muito fraquinha, mas aquele sorriso banguela que ele tanto amava estava ali e Alexandre estava feliz por isso.

— Claro que não filha.

— Mas eu tenho o sangue dela agora.

Alexandre sorriu para a inocência dela.

Ele sempre soube que a filha queria uma mãe, já que Sandy morreu no parto, ele nunca tinha se preocupado com isso, pois a menina tinha a tia e a avó como presença maternal.

— Quando você crescer vai entender. Eu ofereci um emprego a ela... Vai ser sua babá. Vai gostar dela.

— Você gostou?

Alexandre pensou um pouco sobre isso.

— É...

Foi tudo o que respondeu.

— Quando eu vou poder conhecer ela?

— Logo. Você sente dor?

— Um pouquinho e eu quero ir embora daqui.

— Em breve vamos, eu prometo!

Ele segurou a mão dela e acariciou.

— Você está com o olho inchado pai? Foi ver a moça assim?

— Queria que eu fosse como?

— Ela é bonita?

— Sabe que nem reparei?

— Que mentiroso.

Ele  fez cara se bravo.

— Ei, mocinha.

Ela sorriu.

— Desculpa papi.

— Eu estava com saudade de você baixinha, da sua alegria, melhora logo meu amor.

— Eu sou Merida pai, coração valente, lembra?

Alexandre acariciou o cabelo dela com carinho.

— É isso aí.

A porta do quarto se abriu e Antonela entrou.

— Como está nossa princesa?

— Oi vovó.

A mulher caminhou até a cama e deu um beijo na neta.

— Conheci a ruivinha. Adorei saber sobre o emprego. Você é um amor Alê.

Ele sorriu.

— Ela é ruivinha? — Merida perguntou admirada.

— Igual a você. Incrível como os anjos capricham nos milagres.

Merida sorriu com as palavras da avó.

— Ofereceu uma casa a ela?

Alexandre encarou a mãe.

— Eu devo a ela, salvou minha filha.

— As pessoas se ofendem com esse tipo de coisa filho.

— Mas eu consertei depois.

— Que bom, ela parece bravinha, mas é uma garota incrível.

— Ai ai, essas mulheres de personalidade forte, não sei se é bom ter mais uma por perto.

Alexandre brincou.

— Não seja bobo.

— Eu quero docinho, vó.

— Vou perguntar para o médico se posso comprar para você. E.... Vou comprar roupas para sua salvadora. Tadinha, ela precisa tanto.

Alexandre balançou a cabeça, tinha esquecido desse detalhe,  a mãe.

— Compra roupas verdes e de unicórnio também. Compra um pijama de coelhinho igual ao meu.

— Pode deixar.

Antonela beijou a testa da neta e saiu debochando da cara de desaprovação do filho.

— Papai eu acho que a vovó vai adotar ela.

— Não fala isso nem brincando meu bem.

— Vai ser legal pai. Você vai ter mais uma irmã e eu outra tia.

Alexandre coçou a cabeça tentando não ver aquilo como algo ruim.

***

Katiuska não gostou nada de saber que o irmão levaria Joana para sua casa.

— Eu dei um emprego a ela. Para ajudá-la.

Ele defendeu.

— É uma mendiga.

— Uma pessoa Katy, que salvou a sua sobrinha. Devo isso a ela. Você sabe.

— Tudo bem, que seja. Só acho que não deveria confiar em uma pessoa que mal conhece.

— Está de implicância com a coitada da moça, filha.

Antonela trocou as sacolas de mão.

— Comprei umas roupas lindas para ela, acho que ela vai amar.

— Meu Deus, mãe.

Katiuska cruzou os braços, bateu o pé e sai, indo em direção ao quarto da sobrinha.

— Ela está sendo ciumenta filho, vou levar lá para Joana e ver se ela está bem para ver a Merida.

— Mãe, o que a senhora acha? Eu fui impulsivo em dar emprego a uma desconhecida, onde ela vai ter que cuidar da minha filha?

— Você fala por ela ser moradora de rua? Que não seja isso, hein? Ela não tem culpa. Isso não faz dela uma má pessoa.

— É que a Katy...

— O quê? Não gostou da moça? Por favor, dê uma chance a ela. Alê, é só uma garota perdida, jovem e sem ninguém, precisando de uma oportunidade. Que tipo de mal ela pode fazer?

— Não faz essa pergunta não. Vai saber.

Antonela balançou a cabeça.

— Eu vou lá levar os presentes para ela. Pense bem sobre tudo isso e não tire conclusões precipitadas. Com licença.

Joana sentou-se na cama, arrumou o cabelo para o alto e suspirou.

— Oi querida. — Antonela entrou pela porta. — Comprei as roupas que te prometi. Aliás te achei meio magrinha. Você come bem?

— Não. Eu sou uma mendiga e olha, não posso aceitar seus presentes...

— Nem pense em recusar, isso me deixaria chateada.

Antonela entregou as sacolas para Joana.

— Muito obrigada dona Antonela.

— Que isso, tire o dona. Me chame de Antonela.

— Tudo bem... Antonela.

Joana desceu da cama e abriu as sacolas para ver as roupas, nem em seus melhores sonhos já tinha ganhado tanta roupa ao mesmo tempo.

Na porta Alexandre observou as duas e sem entender bem, ficou feliz ao ver o sorriso da moça. Seu coração batia em compassos diferentes.

*

—Ela é linda.

Joana sussurrou para Alexandre enquanto observavam Merida dormir. Ele sorriu.

— Ela é mesmo.

— Não parece nada com você.

Alexandre a observou, cruzou os braços em cima do peito e tentou parecer sério.

— Por acaso, está me chamando de feio?

— Não... Não, não, você é bem... — Joana parou diante do olhar intenso dele, queria dizer que ele era o homem mais lindo que ela já tinha visto. — Não quis dizer...

Ele sorriu de canto.

— Eu estava brincando. Calma.

Joana sorriu e desviou o olhar, Alexandre parecia uma obra pintada à mão e ela se sentia muito estranha admitindo isso para si mesma.

— Minha avó comprou o pijama de coelhinho para você?

Merida perguntou sonolenta ao ver a moça ali.

— Oi filha, que bom que acordou, essa é a Joana?

— Posso te chamar de Joaninha?

Joana sorriu.

— Claro, eu adorei. Como está?

— Bem, seu cabelo parece o meu e agora temos o mesmo sangue. Somos da mesma família?

Joana olhou para Alexandre e ele pediu desculpas com o olhar.

— Claro. — Joana voltou-se para Merida. — Com certeza.

— Que bom, eu vou dormir mais um pouquinho, depois conversamos mais Joaninha.

Joana assentiu sorrindo para a menina, a ruivinha fechou os olhos novamente. Joana virou-se para Alexandre, ele observava a filha dormir e pareceu não notar o olhar dela sobre ele.

Merida dormiu rápido, questão de segundos.

— Ela sempre dorme rápido assim?

Ele sorriu.

— É um dom.

— Que dom maravilhoso.

Ele assentiu e virou-se para ela.

— Então, você já recebeu alta?  Quero te levar para a casa.

Joana o encarou, teria ele esquecido que ela morava na rua?

— Que casa?

— A minha. Acho melhor que fique conosco.

Joana franziu a testa.

— Depois você pode encontrar outro lugar sabe, se sentir vontade. Só acho que seja mais fácil e...

— Tudo bem. Você se explica demais.

Ele balançou a cabeça.

— Desculpe. Tem coisas para pegar?

— Tenho algumas roupas, mas eu ganhei muitas da sua mãe. Só quero te perguntar uma coisinha...

Ela falou indecisa e torceu os dedos nervosa. Alexandre cruzou os braços e esperou.

— O quê?

— Gosta de cachorros?

— Tem um cachorro?

Ela colocou a mão na boca e o encarou com um olhar parecido com o de Merida quando falava alguma besteira que sabia que o pai não ia gostar, ou quando queria pedir algo que sabia que ele diria não. Ele achou isso uma graça.

— Ah, meu Deus...

— Por favor, ele é um filhotinho...

Joana pegou a mão dele, Alexandre ficou surpreso, o toque dela era quente. As mãos finas e macias, o olhar pedinte.

— Por favo, favorzinho.

— Não faz isso, droga, parece a Merida.

Ele sorriu e ela suspirou.

— Desculpe, é que... Tudo bem, eu vou encontrar outro lugar para ele.

— Você pode levar ele.

Joana levantou o olhar e sorriu.

— Você é incrível.

Ela comemorou e pulou nos braços dele, o abraço o pegou ainda mais de surpresa.

— Com licença? — Alguém entrou, Joana se afastou dele e olhou para a moça bonita, estilosa como Katiuska, mas essa era loira, de olhos azuis, uma Barbie humana praticamente. — Quem é você e por quê estava abraçada ao meu namorado?

Joana se afastou um pouco mais de Alexandre.

— Eu só...

— Fabíola se acalma. — Ele repreendeu a loira com o olhar e voltou-se para Joana. — Vá arrumar suas coisas, tudo bem?

Joana assentiu e saiu do quarto.  Fabíola cruzou os braços e o encarou furiosa.

— Quem é essa?

— A nova babá da Merida, foi ela quem salvou a vida da minha filha.

— Você contratou ela como babá?  

— Sim, por quê?

— Você nem a conhece.

— Olha, minha filha está aqui, não é hora para discutir sobre isso, ou sobre qualquer outra coisa.

— Não fala assim, eu cheguei aqui e encontrei outra abraçada a você.

— Não foi nada de mais Faby, ela só estava me agradecendo porque vou ajuda-la dando um emprego para ela e um lugar para morar.

— Um lugar para morar? Onde ela vai morar?

Alexandre coçou a cabeça e ela fez cara feia.

— Alê...

— Fabíola ela não tem onde morar e como ela salvou minha filha...

— Você ofereceu um lugarzinho para ela, que fofo. — Debochou furiosa.

— Fabíola, para de ciúme. Não é o momento.

— Tudo bem, por enquanto passa. Como Merida está?

— Ela está bem melhor, não vejo a hora de levá-la para a casa.

— Que bom que tudo isso passou.

Fabíola o abraçou e lhe deu um beijo casto no canto dos lábios.

— Sim, muito bom.

Ele apertou o corpo dela contra o seu e descansou a cabeça na curva do pescoço dela.

Katiuska entrou no quarto onde Joana estava arrumando as roupas que ganhou de Antonela.  

— Mendiga ruiva... Quero te pedir uma coisa.

Joana levantou o olhar.

— Pode pedir.

— Não vá para a casa do meu irmão.

Joana a encarou.

— O quê?

— Eu não quero você lá. Não quero você perto deles.

Joana suspirou.

— Eu preciso de um emprego.

— Te dou todo o dinheiro que quiser.

— Não quero dinheiro, quero trabalhar.

Katiuska adentrou ainda mais o quarto.

— Você é dessas então?

— Você não? Dinheiro caiu do céu no seu colo?

Katiuska sorriu e Joana começou a tremer de nervoso.

— Tudo bem, vou conseguir outro emprego para você.

— Qual seu problema comigo?

— Todos, não quero você perto deles.

— Está com ciúmes de mim com seu irmão?

— Se enxerga ruiva. — Katiuska cruzou os braços e avaliou Joana, como da primeira vez. — Tudo bem, que seja, mas acredite no que vou dizer, se fizer algo com eles, te despacho para o fim do mundo que você saiu.

— Como você...

— É eu já sei muita coisa sobre você garotinha. Mandei investigar sua vida toda.

— Então já deve ter notado que não sou uma ameaça.

— Que seja...

— Você é uma baita de uma preconceituosa.

Joana lançou, já furiosa, Katiuska apenas a encarou, deu meia volta e saiu dali.

Alguns minutos depois Joana saiu também no corredor, foi parada pela loira ciumenta.  Fabíola.

— Com licença, florzinha.

— Sobre o que aconteceu, não fica com ciúmes, ?

Fabíola riu ao ouvir isso.

— Ciúmes, olha só para você e olha para mim. Eu sou linda, você até que é bonitinha, mas... — Fabíola circulou ao redor dela. — Mas é uma garota, mesmo que seja maior de idade, é só uma garota. Alexandre só está fazendo caridade com você. Porque ele é um bom rapaz, bom até demais. Não se sinta especial.

— Você não sabe dizer como eu me sinto. Eu só precisava de um emprego e ele me deu. Um emprego e um teto.

Fabíola fechou a cara.

— Não vai ficar lá por muito tempo.

A ameaça foi fina e violenta como uma faca.

— Eu não tenho medo de você.

A ruiva a empurrou para o lado e continuou andando.

Algumas horas depois, teve uma discussão acalorada entre Alexandre e Fabíola com direito a participação de Katiuska.

Fabíola fez showzinho para ir junto com o namorado levar Joana para a casa dele, mas a irmã dele, não gostou da maneira como a loira o tratou.

A briga terminou com Katiuska avisando que processaria Fabíola e Alexandre dirigindo com Joana ao seu lado, ela abraçou o próprio corpo, sentindo um turbilhão de coisas.

— Eu sinto muito.

Ele falou depois de um tempo.

— Não importa. Eu não ligo. Já estou acostumada, sou tipo um cachorrinho de rua.

— Não se diminua assim. Ninguém tem o direito de te tratar mal.

Ela balançou a cabeça, encostou a testa na janela e soltou um suspiro.

— Olha Joana, se acalma, você salvou a minha filha, eu te dei um emprego e um teto, então só recomece e deixe as opiniões das pessoas, de lado.  A minha irmã está preocupada como sempre e Fabíola com ciúmes.

— Ela disse que não.  Que não sou tão bonita quanto ela, então não tem ciúmes.

— O quê?

— É ali.

Joana apontou e ele parou o carro.

— Você mora aqui?

— Mais ou menos isso.

Ele observou o lugar sujo.

— Não olhe com essa cara, nem todos nascemos em um castelo.

— Desculpe.

Ela desceu e ele logo atrás. Caminharam juntos para debaixo do viaduto.

— Oi Farrapim. — Ela cumprimentou o velhinho.

— Oi menina, como foi tudo?

— Deu tudo certo. Esse é o Alexandre, o pai da menina.

Farrapim cumprimentou Alexandre.

— Conheço o senhor...

— Sim, você já me ajudou muito. É um bom homem.

Joana olhou para Alexandre e notou ele ficar um pouco envergonhado, ela virou-se e sorriu para a visão dele assim. 

Pegou o cachorrinho amarelo no colo.

— Vamos Mousse, você vem comigo.

— Você vai cuidar dela?

Farrapim perguntou a Alexandre, ele espiou para ver se ela ouviu, mas a jovem estava ocupada pegando suas coisas.

— Na verdade, não vou tomar conta dela. Lhe dei um emprego e não a adotei.

O velho mendigo sorriu.

— Não importa. Ela parece durona, mas precisa de cuidados. Só cuida!

Alexandre assentiu em uma promessa silenciosa.

— Eu prometo que ele não vai incomodar.

  Joana apareceu atrás deles e apresentou o cachorrinho a Alexandre.

— Tudo bem.

Ele assentiu.

— Farrapim, muito obrigada por tudo, quando eu puder volto para uma visita e te ajudar de alguma forma.

— Não se preocupe comigo. Que Deus os acompanhe.

Os dois se despediram do homem e voltaram para o carro. Ele observou o cãozinho.

— Ele é bem pequeno, né? Pensei em algo maior.

— Ele vai crescer.

Joana sorriu e ele balançou a cabeça.

— Com isso você vai ganhar a Merida.

— Isso é bom. — Joana sorriu e acariciou o filhotinho.

Fabíola entrou em casa batendo a porta com força. Sua irmã Raissa descia as escadas nesse momento.

— Eita, que a dragoa está furiosa. — Provocou.

— Cala essa boca pirralha.

A garota desceu e parou no último degrau.

— Qual é, me conta o babado aí. O que aconteceu?

— É o Alexandre, uma mendiga salvou a filha dele e ele deu um emprego a ela, para piorar ela vai morar com eles. Tudo isso, ideia do Alexandre.

Raissa analisou a irmã.

— Para você estar assim essa garota deve ser bonitinha.

Fabíola a olhou furiosa.

— Cala a boca.

— É isso? Ela é bonita? Fala que é isso não é exagero seu.

— Não interessa se é bonita ou não. Alexandre vai colocar uma mulher morando na casa dele. Uma mulher que não sou eu. E para piorar uma dessas terríveis, quietinhas, sonsinhas, cara de santa e boa moça. Salvou a Merida, então ela pode ter o que quiser do Alê.

— Que ótimo saber que a Merida está salva, eu estava tão preocupada. Preciso conhecer a salvadora dela.

— Ah, vai para o inferno.

Fabíola xingou e lançou um travesseiro contra a irmã, Raissa correu e saiu rindo.

A loira colocou as mãos na cintura e bufou.

— Ela que pense em entrar no meu caminho para ver se eu não acabo com ela, mendiga idiota.

Joana acompanhou Alexandre para dentro da casa, segurando o cãozinho com um braço e o outro carregando suas coisas, ela negou a ajuda dele.

— Espero que goste daqui.

— Isso parece um palácio perto do que estou acostumada, tanto na rua quanto do sítio de onde vim.

Ele sorriu.

— Olha, eu realmente desejo que se sinta em casa.

— Por quê?

— É o que dizemos as pessoas que vão ser nossos hóspedes.

Ela assentiu.

— Obrigada.

— Vou te levar até o quarto onde vai ficar.

Ele saiu em direção à escada, parou de repente.

— Algum problema? — Joana parou atrás dele.

— É que... Desde o acidente... Eu não tinha voltado para a casa.

— Ela está bem agora.

Joana colocou a mão no ombro dele.

— É, ela está. Graças a você.

Ele virou o rosto e fixou o olhar brilhante nela. Joana sorriu gentil e tirou a mão do ombro dele. Alexandre voltou-se para a escada, mais tranquilo.

Ela o seguiu pelos degraus.

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