Vendo que Kátia estava tomando café com outro homem, o estranho sentou numa mesa ao lado e ficou ouvindo a conversa dos dois. Edgard e Kátia perceberam, mas continuaram a conversar normalmente.
- Mas, me diz tá viajando pra onde mesmo?
- Camboriú.
- Balneário?
- Não, Camboriú mesmo, fica ao lado.
- Vai pra casa então.
- Mais ou menos, vou ficar na pousada de um amigo. Ele já preparou um quarto pra mim.
- Bom.
- Eu ia direto pra Camboriú, mas não posso recusar a gentileza dele e da esposa, até porque eles estão meio brigados e eu acredito que posso acalmar os ânimos dos dois, por isso vou fazer uma parada em Balneário antes de seguir para Camboriú.
Durante alguns minutos eles ficam em silencio enquanto comem, o homem estranho continua prestando atenção aos dois até que se levanta e vem em direção a Kátia que está terminando seu café.
- Moça, nosso ônibus já está de saída, é melhor embarcarmos.
Edgard estranha a expressão do homem e se adianta.
- Kátia, quer seguir viagem comigo, estou de carro e não dormi bem a noite, você dirige certo?
- Dirijo sim, mas...
- Ótimo, vamos pegar as tuas malas então e avisar o motorista do ônibus que você vai descer aqui mesmo.
O homem estranho olha furioso para Edgard que se limita a encará-lo enquanto acompanha Kátia na direção do motorista que fuma num banco de concreto próximo ao ônibus.
Depois de colocar as malas dela no banco de trás do carro dele, eles voltam para a lanchonete e retomam o café da manhã, agora eles conversam pouco, se limitando a uma palavra ou outra, ambos estavam com bom apetite e bom humor.
Terminada a refeição, eles foram para o carro, Edgard dirige uma pick-up prata cabine dupla, Kátia estava indo para o banco do passageiro, mas ele a chamou e entregou as chaves.
- Sério?
- Sim, eu realmente não dormi bem a noite, parei aqui para comer alguma coisa pra acordar, mas tenho medo de dormir no volante. Então, o volante é seu a partir de agora.
Kátia embarcou e assumiu o volante, Edgard reclinou o banco do passageiro, colocou o cinto de segurança e colocando um boné para bloquear o Sol, relaxou e ficou em silencio.
Depois de alguns quilômetros Kátia se acostumou com o carro dele e sem perceber começou a cantar.
'Voar voarSubir subirIr por onde forDescer até o céu cairOu mudar de corAnjos de gásAsas de ilusãoE um sonho audaz feito um balão'
Edgard que apenas descansava ficou ouvindo ela cantar a música inteira, repetidamente até que sem perceber dormiu.
De repente ele sente alguém batendo de leve no seu ombro.
- Edgard, chegamos.
O homem olha para fora do carro e percebe que estão na entrada da cidade, ele dormiu profundamente por mais de uma hora.
- E agora senhor, para onde deseja que essa chofer o leve? Disse Kátia com um sorriso brincalhão.
- Não tenho a mínima ideia.
A declaração de Edgard deixou Kátia preocupada, ele não conhecia a cidade, não tinha reserva em hotel. Nem mesmo uma indicação?- Certo pra onde te levo então?- Meu plano original era ter chegado aqui duas horas antes e rodar um pouco pela orla de Balneário Camboriú e encontrar um hotel ou pousada que me agrade para ficar uns dias. Mas sai tarde do hotel em Joinville o que bagunçou meu cronograma.- Entendi, mas no seu plano original incluía um guia local?Edgard sorriu, Kátia pela primeira vez via um sorriso tão grande e franco daquele homem.- Claro que não, mas é uma ótima alteração além de me poupar muito tempo.- Certo, vamos pra um restaurante ótimo aqui perto, ele não fica na orla mas tem a melhor almoço com frutos do mar da cidade.- Ok. Você dirige.K&aa
- Certo, parece que meu destino aqui está nas tuas mãos, pelo menos por enquanto.- Não se preocupe, não sou nenhuma psicopata.- Não disse isso, mas que estou perdido nessa cidade e você parece conhecer mais Balneário Camboriú e Camboriú do que Joinville.- Ah... mais ou menos isso, em Joinville, meus amigos e conhecidos são a sua maioria ligados a minha família e por isso tudo o que eu faço cai no ouvido dos meus pais e irmãos. Aqui eu sou apenas eu, e minha família são os Exilados, por isso posso ser eu mesma o tempo todo.Mesmo curioso para saber a respeito dos amigos de Kátia, Edgard muda de assunto:- Fiquei surpreso com esse lugar, chega a ser mais bonito que o próprio restaurante.- É a horta da Tia Marta. Mas a muitos anos foi convertida nesse cantinho secreto.Edgard olha mais uma vez ao redor, nos can
Kátia olha para baixo e começa a sorrir, visivelmente buscando suas lembranças. - O Exilados no Paraíso, é um grupo de aplicativo de mensagens, formado por eu e meus amigos, todos nós adotamos Balneário e Camboriú como nossas cidades, aqui é o nosso paraíso, mas somos auto exilados, já que nenhum de nós nasceu ou tem parentes aqui. Nos conhecemos direta ou indiretamente por causa da faculdade e temos personalidades bem diferentes um do outro, mas nos amamos e mimamos como irmãos, ás vezes saem algumas rusgas, como em qualquer família, mas de modo geral sempre estamos juntos, seja na hora do problema ou da festa. O
Campus da Faculdade, alguns quatro anos antes... - Argh! Eu odeio o Elton! Juro que se pudesse deixava ele na casa dele cuidando da família por dois anos... Esbravejou uma jovem de cabelo preto curto com mechas roxas, calça jeans justa e uma blusinha preta com uma grande rosa brilhante estampada na frente, nos pés apenas um tênis baixo de tecido com cadarços xadrez preto e pink. Ela tinha acabado de esbarrar em alguém. - Ei! Cuidado comigo! Respondeu outra jovem vestida mais discretamente, com seus jeans preto e uma blusa creme com detalhes em renda, seus longos cabelos ondulados estavam presos em um rabo de cavalo, ela usava apenas uma maquiagem leve e um batom rosado, nos pés um sapato preto de salto baixo.&
- Kátia? Acho que chegamos. Disse Edgard trazendo a mulher ao seu lado para o presente. - Sim, mas aqui é o restaurante, pega a entrada a direita e chegamos na pousada. Edgard seguiu as orientações dela e em poucos minutos eles estavam de frente para uma grande casa de tijolos a vista, com portas e janelas de madeira, o telhado era alto e a varanda tomava toda a frente, nas paredes e colunas ganchos para pendurar redes. Não muito longe se via um caminho por entre a areia que levava até a praia, a pousada ficava longe das áreas mais badaladas e tinha um ambiente aconchegante e familiar. 
- Irmãzinha, quem é teu amigo? - Murilo, esse é o Edgard, ele é engenheiro civil, veio de São Paulo pra procurar áreas para investir aqui no estado. - Edgard, esse é o Murilo, ele faz parte dos Exilados e é o bancário que te falei. Murilo olha para Juliana com uma expressão desconfiada. - Irmãzinha, cê falou da gente pra ele? - Sim, não pude evitar, ele almoçou comigo no Tio Manel. Muri
No dia anterior, por volta das dez e meia da noite, num aplicativo de mensagens a agitação tomava conta de todos os envolvidos.Grupo Casa Nova Rica: Gente, não vai dar tempo, a Kátia chega amanhã depois do almoço... A surpresa foi pro espaço. (carinha triste) Dr.: Calma, nem tudo tá perdido, a casa já tá vazia e eu posso mandar duas das faxineiras da Oasis pra lá ainda hoje, elas costumam trabalhar a noite e hoje tá tranquilo, acho até que vou ter prejuízo... Clara: Isso, se a casa estiver limpa logo cedo agiliza bastante. Érica, os móveis antigos da Kátia ainda estã
Passava um pouco das sete e meia da noite quando eles se aproximavam da antiga casa de Mauro e Murilo. - Murilo, porque estamos indo pra casa velha tua e do teu irmão? - Tenho uma coisa aqui no carro que preciso deixar lá, se importa se passarmos lá primeiro Jú? Juliana que mexia no celular responde distraída:- De jeito nenhum, o Douglas que espere. - Ótimo, quando eu casar vou querer uma mulher que se preocupe assim comigo. Juliana olha atravessado para Murilo e murmura: