Edgard chegou no hotel e olhou para a mesa com o notebook e o caderno que ele usava para anotações ainda aberto, ele nem reparou nisso quando saiu para o restaurante mais cedo, acreditando que voltaria logo acabou por ser imprudente. Mas nada aconteceu e ele ainda jantou em boa e bela companhia.
Ele que inicialmente pensava em trabalhar mais um pouco depois do jantar, apenas abriu o aplicativo de mensagens e entrando no grupo “família Toniolo” se limitou a informar.
Ed: Encerrada a visita a Joinville, sigo amanhã para Camboriú. A área de nosso interesse é inicialmente boa, mas acredito que seja incompatível com o projeto do Escala, conversando com moradores, descobri que existem vários pontos de alagamento e enchente recorrentes por toda cidade, o que demanda uma maior cautela na aquisição de área e construção de empreendimentos.
Ed: A cidade é boa, tem economia em constante crescimento e se encaixa perfeitamente ao perfil que buscamos para investir, mas acredito que seja mais interessante um projeto de médio a longo prazo voltado a condomínios empresariais e edifícios comerciais ou mistos.
Ed: Posso garantir que aqui o retorno de qualquer investimento é certo, temos outros projetos que se encaixam melhor a essa cidade, Joinville é economicamente mais forte que Florianópolis, depois de conhecer a cidade vejo e compreendo o porquê.
Ed: Uma boa noite a todos, nos vemos em dez dias.
Depois disso tomou um banho e sem se preocupar em colocar o pijama, apenas se deitou e dormiu.
Em outro hotel, Kátia se livrava dos sapatos de salto alto que a tinham torturado desde as sete horas, ela odiava usar sapatos assim, mas por insistência de Érica comprou dois pares e hoje como queria sair da zona de conforto optou por fazer o investimento valer a pena, mas ela não imaginava que por falta de costume ia ficar cheia de dores e bolhas nos pés.
Com cuidado ela desmonta a personagem que ela vestiu para ir ao restaurante, prendeu os cabelos em um coque, tirou e guardou todas as bijuterias e tomou um banho, vestindo apenas um shortinho solto e um camisão de malha que cobria o shorts dando a impressão que ela não vestia nenhuma outra peça de roupa.
Sentada na cama, ela olhava o celular, quando passando a mão pelo pescoço levantou-se rápido e foi até o banheiro, lá pegou a corrente com o relicário e suspirando colocou no pescoço.
Pegando outra vez o celular ela abre o aplicativo de mensagens e entra no grupo Exilados no Paraíso
Miss SC: Gente, tô voltando
Galã: (palmas e fogos de artificio)
Rica: Chega quando Kátia?
Miss SC: Amanhã, depois do meio dia
Clara: Já??? Achei que ia ficar mais tempo com teus pais
Miss SC: Yara tu não me ama mais? (carinha chorando)
Luke: Deixa de ser tonta, a gente te adora, mas pensou que tu ia ficar pelo menos um mês em Joinville, afinal cê não diz que ama tua terra?
Miss SC: Amo minha cidade sim Mauro, mas a minha família tava um saco.
Galã: Se for teus irmãos, me avisa que dou um soco em cada um deles.
Rica: O que aconteceu???
Miss SC: Foram possuídos pelo bichinho do “ Eu te disse”
Lady Lara: KKKKKKKKKKK
Jú: Esse bichinho eu conheço, mas a medicina ainda não conseguiu catalogar
Ben: Dra. a medicina ainda é falha
Jú: e a justiça por vezes é injusta, não é Dr.?
Miss SC: Ei! Parem os dois, o assunto hoje sou EU!
Galã: (carinhas rindo) Pelo visto ela já tá melhor.
Miss SC: Tou sim, mas vou ficar melhor perto de vcs
Doug: Vem pra pousada então, tenho um quarto prontinho pra ti.
Miss SC: (carinha sorridente) Vc é um anjo Douglas.
Jú: Eu discordo dessa afirmação
Lady Lara: Pq?
Clara: Também quero saber...
Jú: Assuntos internos
Galã: Jogou na roda. Agora abre o bico
Jú: Douglas, explica aquela argentina loira de ontem
Luke: (carinha assustada)
Lady Lara: NÃÃÃÃO!!!
Dr.: Tá ferrado!
Doug: Hector, vc por aqui, a quanto tempo...
Jú: Não muda de assunto!!!!
Miss SC: Tadinho Jú, sabe que o Douglas só tem olhos pra ti.
Jú: Kátia não defende, os olhos podem ser pra mim, mas as outras partes estavam perto demais da bunda da argentina...
Galã: LASCOU!!!
Miss SC: Gente, isso ainda vai longe e eu tou quebrada. Depois eu vejo como terminou. Douglas boa sorte meu amigo. Bye.
Kátia então silenciou as mensagens temporariamente e deixou que o cansaço do dia a alcançasse, assim ela dormiu, acordando somente as seis horas do dia seguinte.
Já eram oito e meia quando Edgard chegou ao saguão do hotel e encerrou sua estadia, sem pressa levou as duas malas e sua mochila/escritório para o carro, ele acordou mais tarde do que queria o que atrapalhou e muito os seus planos. Na noite anterior ele tinha enviado algumas mensagens para o Pai e o Tio através do grupo da família, tudo transcorria bem e ele dormiu assim que deitou na cama, porém, a uma e meia da manhã foi acordado pelo toque do telefone, assustado acreditando que fosse algo urgente ele atendeu e foi metralhado por Dona Isabel Lia Toniolo: - Alô? - Filho, como assim você só volta em dez dias? Achei que estaria de volta no máximo no domingo, sabe a Déa me contou que vocês quase não tem conversado, filho isso tá errado, você não pode ignorar tua noiva assim. Na verdade eu acho que já passou da hora de vocês casarem, vocês já estão velhos pra ficar brincando de casinha. - Mãe, já passa da uma da manhã, eu tenho que viajar logo cedo, vou
Vendo que Kátia estava tomando café com outro homem, o estranho sentou numa mesa ao lado e ficou ouvindo a conversa dos dois. Edgard e Kátia perceberam, mas continuaram a conversar normalmente. - Mas, me diz tá viajando pra onde mesmo? - Camboriú. - Balneário? - Não, Camboriú mesmo, fica ao lado. - Vai pra casa então. - Mais ou menos, vou ficar na pousada de um amigo. Ele já preparou um quarto pra mim. - Bom. - Eu ia direto pra Camboriú, mas não posso recusar a gentileza dele e da esposa, até porque eles estão meio brigados e eu acredito que posso acalmar os ânimos dos dois, por isso vou fazer uma parada em Balneário antes de seguir para Camboriú. Durante alguns minutos eles ficam em silencio enquanto comem, o homem estranho continua prestando atenção aos dois até que se levanta e vem em direção a Kátia que está terminando seu café. - Moça, nosso ônibus já está de saída, é melhor embarcarmos. Edg
A declaração de Edgard deixou Kátia preocupada, ele não conhecia a cidade, não tinha reserva em hotel. Nem mesmo uma indicação?- Certo pra onde te levo então?- Meu plano original era ter chegado aqui duas horas antes e rodar um pouco pela orla de Balneário Camboriú e encontrar um hotel ou pousada que me agrade para ficar uns dias. Mas sai tarde do hotel em Joinville o que bagunçou meu cronograma.- Entendi, mas no seu plano original incluía um guia local?Edgard sorriu, Kátia pela primeira vez via um sorriso tão grande e franco daquele homem.- Claro que não, mas é uma ótima alteração além de me poupar muito tempo.- Certo, vamos pra um restaurante ótimo aqui perto, ele não fica na orla mas tem a melhor almoço com frutos do mar da cidade.- Ok. Você dirige.K&aa
- Certo, parece que meu destino aqui está nas tuas mãos, pelo menos por enquanto.- Não se preocupe, não sou nenhuma psicopata.- Não disse isso, mas que estou perdido nessa cidade e você parece conhecer mais Balneário Camboriú e Camboriú do que Joinville.- Ah... mais ou menos isso, em Joinville, meus amigos e conhecidos são a sua maioria ligados a minha família e por isso tudo o que eu faço cai no ouvido dos meus pais e irmãos. Aqui eu sou apenas eu, e minha família são os Exilados, por isso posso ser eu mesma o tempo todo.Mesmo curioso para saber a respeito dos amigos de Kátia, Edgard muda de assunto:- Fiquei surpreso com esse lugar, chega a ser mais bonito que o próprio restaurante.- É a horta da Tia Marta. Mas a muitos anos foi convertida nesse cantinho secreto.Edgard olha mais uma vez ao redor, nos can
Kátia olha para baixo e começa a sorrir, visivelmente buscando suas lembranças. - O Exilados no Paraíso, é um grupo de aplicativo de mensagens, formado por eu e meus amigos, todos nós adotamos Balneário e Camboriú como nossas cidades, aqui é o nosso paraíso, mas somos auto exilados, já que nenhum de nós nasceu ou tem parentes aqui. Nos conhecemos direta ou indiretamente por causa da faculdade e temos personalidades bem diferentes um do outro, mas nos amamos e mimamos como irmãos, ás vezes saem algumas rusgas, como em qualquer família, mas de modo geral sempre estamos juntos, seja na hora do problema ou da festa. O
Campus da Faculdade, alguns quatro anos antes... - Argh! Eu odeio o Elton! Juro que se pudesse deixava ele na casa dele cuidando da família por dois anos... Esbravejou uma jovem de cabelo preto curto com mechas roxas, calça jeans justa e uma blusinha preta com uma grande rosa brilhante estampada na frente, nos pés apenas um tênis baixo de tecido com cadarços xadrez preto e pink. Ela tinha acabado de esbarrar em alguém. - Ei! Cuidado comigo! Respondeu outra jovem vestida mais discretamente, com seus jeans preto e uma blusa creme com detalhes em renda, seus longos cabelos ondulados estavam presos em um rabo de cavalo, ela usava apenas uma maquiagem leve e um batom rosado, nos pés um sapato preto de salto baixo.&
- Kátia? Acho que chegamos. Disse Edgard trazendo a mulher ao seu lado para o presente. - Sim, mas aqui é o restaurante, pega a entrada a direita e chegamos na pousada. Edgard seguiu as orientações dela e em poucos minutos eles estavam de frente para uma grande casa de tijolos a vista, com portas e janelas de madeira, o telhado era alto e a varanda tomava toda a frente, nas paredes e colunas ganchos para pendurar redes. Não muito longe se via um caminho por entre a areia que levava até a praia, a pousada ficava longe das áreas mais badaladas e tinha um ambiente aconchegante e familiar. 
- Irmãzinha, quem é teu amigo? - Murilo, esse é o Edgard, ele é engenheiro civil, veio de São Paulo pra procurar áreas para investir aqui no estado. - Edgard, esse é o Murilo, ele faz parte dos Exilados e é o bancário que te falei. Murilo olha para Juliana com uma expressão desconfiada. - Irmãzinha, cê falou da gente pra ele? - Sim, não pude evitar, ele almoçou comigo no Tio Manel. Muri