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Capítulo um, por Valentina Hale.

Estico meu corpo nos lençóis macios da minha cama, sentindo a preguiça me dominar. Abro os olhos e pego meu celular, vendo que são pouco mais de 07:00. Hoje eu não teria que ir trabalhar, o que me dava algumas boas horas de sono a mais e um dia para descansar, mas mesmo assim, acordei cedo, para deixar parte do meu trabalho de amanhã adiantado. 

Há pouco mais de um ano trabalho em uma editora na cidade, revisando as obras. Sempre fui apaixonada por livros, desde pequena. Quando a vaga apareceu, fiquei muito feliz. Trabalho em uma área que gosto e recebo bem por isso, além de poder trabalhar de casa na maioria das vezes. 

Com cuidado, tiro Hades de cima de mim, saindo da cama. O gatinho acorda, mas logo dorme outra vez, enroscado nos meus lençóis. O adotei à poucos meses atrás, quando apareceu na casa da minha melhor amiga, machucado e com fome. Devido à sua alergia a pêlos, fiquei encarregada de cuidar do pequeno bichinho de pelos escuros. 

Sigo para o banheiro e faço minhas higienes, tomo um banho rápido e após me vestir, faço um café para mim. Hades já havia acordado, então encho o seu pote de ração. Vou até a varanda, me sentando em uma das confortáveis poltronas, observando meu jardim, repleto de flores. Ainda tenho algum tempo até começar meu trabalho. 

Me mudei para Healdsburg aos dezoito anos, acompanhada da minha melhor amiga, que também vivia lá. Tínhamos acabado de sair do orfanato. Não foi fácil, passamos por vários momentos ruins, mas não desistimos. 

Meus pais morreram quando eu ainda era criança, aos quatro anos, em um acidente de carro. Todas as lembranças que tenho deles são muito vagas. Eu estava no carro com eles no momento do acidente, voltávamos do casamento de uma amiga da minha mãe, quando um caminhão invadiu nossa pista e se chocou contra nosso carro, matando meus pais. Como eu estava atrás, os impactos não foram muitos, apenas cortes e arranhões. 

Nenhum dos meus parentes quis me adotar, então tive que ir para um orfanato, onde conheci minha melhor amiga, Julie. Quando cheguei, tinha medo de quase todo mundo que se aproximava de mim, até que a conheci. Em uma noite, quando não consegui dormir, ela veio até mim e me entregou sua boneca favorita, dizendo que ela iria cuidar de mim. Desde esse dia nós viramos grandes amigas, brincávamos juntas, estudamos na mesma classe e nos formamos juntas.

Tivemos que trabalhar durante dia e noite para juntar nosso dinheiro e nos mudar, e quando fizemos 18 resolvemos arrumar nossas coisas e ir embora dali. O orfanato era tão precário que não tínhamos dificuldade em conseguir sair, pois todos tínhamos que trabalhar ali. Vendi balas, trabalhei em lojas e em lanchonetes, sempre com o desejo de ir embora, em busca de uma vida melhor.  

Nós queríamos um novo começo, uma nova vida em um lugar pequeno, tranquilo, onde pudéssemos viver nossa vida tranquilamente. E então, escolhemos Healdsburg, aqui na Califórnia. 

No início não foi fácil, mas tivemos a ajuda de uma pessoa incrível, nosso melhor amigo, Aidan Scott. Com a ajuda dele, conseguimos um emprego na lanchonete de um amigo seu. Não era o melhor trabalho, era muito cansativo, nossos expedientes começavam após o almoço e acabavam às 22:30, mas nos possibilitou pagar nossa faculdade e nossas despesas. 

Depois que fiz vinte e um, as coisas melhoraram, pois tive acesso ao dinheiro que meus pais deixaram para mim de herança. Assim, pude comprar a minha casa e guardar o restante, para quando eu precisasse. 

Concluí minha faculdade de literatura inglesa a pouco tempo, sempre foi uma das minhas paixões. Quando morava no orfanato, ia todos os dias a biblioteca de lá e passava horas lendo os livros de lá.

Julie também formou-se recentemente, em medicina, na área de pediatria. Hoje em dia é residente no hospital da cidade, fazendo o que tanto ama. 

Julie é muito importante para mim, assim como Aidan. Cresci sem amor algum, apenas com o carinho da minha melhor amiga, que me amparou em todos os momentos. Enquanto meus parentes me recusaram, ela me acolheu. E ao me mudar, quando precisávamos de auxílio, Aidan nos acolheu e nos amparou, ficou ao nosso lado e se tornou nosso melhor amigo. 

Obviamente, sinto falta dos meus pais. Desejei, por anos — e desejo, até hoje —, tê-los comigo. O amor, carinho e proteção deles, me fez muita falta. As vezes, sonho com eles, felizes. Nesses momentos, me sinto bem, tranquila, pois tenho a certeza de que sempre estarão ao meu lado, me protegendo, mesmo que eu não os veja. 

Hades, após comer, vem até mim e sobe no meu colo, em busca de carinho. A tela do meu celular se ilumina ao meu lado, o pego, vendo que havia uma mensagem de Julie, falando que passará aqui mais tarde, após sair do hospital. 

Antes que possa responder, a campainha de casa toca. Tiro Hades do meu colo e o deixo na poltrona, indo até a porta, estranhando essa visita. As únicas pessoas que vêm aqui são Aidan e Julie, mas ambos estão trabalhando nesse momento. 

Ao abrir a porta, me assusto. Dois policiais estão do lado de fora, me encarando, sérios. Um loiro e um moreno, ambos com pastas e o distintivo em mãos. 

— Você é Valentina Hale? 


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