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Capítulo três, por Valentina Hale.

— Então, senhorita Hale — a loira, que aparenta ter uns 30 anos, se aproxima de mim sob a mesa e pergunta. —, você não tem nenhuma suspeita de alguém que possa estar cometendo esses crimes? — estende novamente aquelas fotos para mim sob a mesa e eu nego. 

Estamos na sala de interrogatório, que não tem nada além de uma mesa no centro e duas cadeiras, iluminadas por uma luz meio fraca que pende do teto. As paredes são de um cinza escuro e próximo a porta há uma enorme janela de vidro, que apesar de não enxergar por ela, sei que o Detetive Heights está lá naquela salinha, monitorando cada respiração minha. 

Quando cheguei a delegacia, logo pela manhã? fui recepcionada pelo detetive Alex, que me guiou até aqui, dirigindo a palavra à mim apenas para que eu fosse até a sala de interrogatório. Não fui apresentada à policial que está a minha frente, e ela parece não se interessar por isso, tudo que ela quer é me forçar a falar algo que não sei. 

Não sei porque eu, ou quem será essa pessoa. Não sei de absolutamente nada. Minha vida virou de cabeça para baixo após tudo isso. Ela aponta para as fotos novamente, e ao escutar meu murmúrio falando mais uma vez que não sei de nada, bate na mesa claramente irritada, fazendo com que eu me assuste e recue na cadeira. 

— GAROTA, EU ESTOU SENDO MUITO PACIENTE. TENHO CERTEZA QUE VOCÊ SABE DE ALGO, ENTÃO DESEMBUCHA! — pronuncia com raiva, o medo me domina, eu não sei o que fazer. 

Estou sem palavras. Mentalmente, questiono o motivo de tanto ódio. Não sei nada, não conheço o culpado, o que essa mulher espera que eu diga? Assuma uma culpa que não tenho? Diga um nome que não conheço? 

— Eu... — não termino de falar, pois o detetive Heights abre a porta da sala com força, vindo até mim e me abraçando. 

— VOCÊ ESTÁ FICANDO LOUCA ALISSON? ELA JÁ FALOU QUE NÃO SABE, PORRA. PARA DE FORÇAR A GAROTA! — Alex grita com a policial, que revira os olhos e sai da sala, batendo a porta com força. 

Ainda estou assustada, as fotos que ela mostrou me deixaram mais abalada ainda. Alex me dá a mão e eu me levanto, ele me guia até uma sala que creio ser a sua, indicando uma cadeira em frente a sua para me sentar. Ele pega um copo de água e me entrega. Enquanto bebo, ele se encosta na mesa, em minha frente.

— Desculpe o comportamento da Policial Thompson, ela exagerou com você. — passa a mão no cabelo, aparentemente irritado com o que houve. 

— Está tudo bem. Obrigada por me defender. — apenas assente.  

— Coletaram seu material para análise? — assinto. 

Ao acordar pela manhã, Jared, o legista que foi até minha casa ontem, estava de volta, para coletar uma amostra do meu sangue e minhas digitais para as análises, que irão comprovar minha inocência. 

Alex se afasta da mesa e vai até sua cadeira, onde se senta. 

— Temos que conversar um assunto delicado. Sente-se melhor? — questiona. 

— Sim. 

— Valentina, você sabe que não está segura com este assassino atrás de você, certo? — assinto. — Então pensamos em você morar na minha casa, até que o caso seja solucionado. 

— Não vou morar com você! — exclamo, irritada. 

Sei que nesse momento, minha segurança é essencial. Mas eu não posso morar na casa dele, não posso conviver com um completo desconhecido. Será totalmente desconfortável para ambos. Não dará certo. 

— Deve haver outra solução. — tento, de alguma forma, evitar essa mudança para sua casa. — Eu posso ir para outra cidade, ou até mesmo continuar na minha casa, com algum segurança ou algo do tipo. 

— Valentina, você é a porra do alvo desse assassino, estamos tentando te proteger ao máximo, a única maneira de te manter totalmente segura é essa. — passa a mão nos cabelos, visivelmente irritado. 

— Deve haver outra maneira. Não quero sair da minha casa e nem você quer me receber, sejamos sinceros. — bufo, irritada. 

— Ele está certo, Valentina. — parado na porta, nos observando, está Jared. Ele vem até nós e senta na cadeira ao meu lado. — Você é o alvo e sabe disso. Estando com alguém preparado para te proteger é a melhor saída, a maneira mais eficiente de te proteger. O que me diz? — pega na minha mão, olhando nos meus olhos, em expectativa. 

Morar com alguém que eu não conheço me dá muito medo, mas nada que supere o medo de ser o alvo de um serial killer.

— Preciso pensar. — suspiro. 

— Certo. — Jared me entrega um cartão, com seu número. — Caso precise. Ao ter a resposta, pode me ligar. — diz, logo que me ergo para ir embora. 

— Espero que seja racional e aceite de uma vez. — é a última coisa que ouço, dita por Alex, antes de sair daquele lugar. 

×

— Você não vai! — exclama Julie, indignada. 

Logo que saí da delegacia, liguei para ela, que veio logo que possível para minha casa, curiosa em saber como foi o interrogatório.

— Eu tentei, mas estão irredutíveis. — suspiro. — Eu poderia até mesmo entrar no programa de proteção, qualquer coisa, sei lá. 

— Eles não te deram nenhuma escolha? — nego. — Você não pode ir morar com ele contra sua vontade. 

— E por acaso tenho escolha? — bufo, irritada. — Eles fizeram questão de deixar claro que eu não tenho escolha. É isso ou morrer. E bom, amo minha vida. 

— É óbvio que tem. Dá um murro na cara deles. — dá de ombros, me fazendo rir. — Eu posso ajudar. 

— Nada de violência. — resmunga. — Tenho medo de ir.  

— É só não ir. — dá de ombros. 

— E me arriscar a morrer por aí? 

— O Aidan pode te proteger. Ou então, eu posso. Sei lutar e vou comprar uma arma, ninguém vai te machucar. — rio. — Ei! Me respeita. 

— Julie, você nem se protege. No paintball deu um tiro no próprio pé e foi apenas em duas aulas de karatê. — revira os olhos e dá um tapa em mim, enquanto continuo a rir. — Estou sendo sincera. 

— Você está mentindo sobre mim. 

— Ah, é? — arqueio a sobrancelha, ela assente. 

— Voltando ao nosso assunto. Está decidido, você não vai. — dá de ombros. — Ele pode ser um maníaco que quer te matar. Já pensou nessa possibilidade? 

— Então eu sou muito desejada, dois assassinos atrás de mim. 

— Fica nessa aí e morre. — revira os olhos. — Tina, tem certeza que você vai? 

— Certeza não tenho, mas é necessário. — suspiro, derrotada. 

— Valentina, eu ainda posso te proteger. — oferece mais uma vez, me fazendo rir. 

— Eu passo. — pego meu celular e o cartão, com o número de Jared, que recebi pela manhã. 

Não, não tenho certeza do que farei. Mas sei que é necessário. Pela minha vida e segurança. 

 Vou ter que morar com Alex. 

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