Nesses últimos dias, que foram um caos, me senti mais cansado e irritado do que o normal. Afoguei-me no trabalho, em busca de alguma pista, por mínima que fosse, que nos leve ao assassino das garotas.
Infelizmente, não encontramos nada. Nenhuma pista, rastro ou até mesmo um pequeno fio de cabelo. Absolutamente nada. É como se, mesmo com todo empenho, estivéssemos no mesmo lugar. Nada aparece, nada se resolve.
Como suspeitos, dois nomes foram apontados. Pessoas óbvias, geralmente culpados em casos como esse. O primeiro nome é de Josh Bloom. Namorado de Valentina, na época da faculdade. Pelo que li, nos relatórios feitos pela nossa equipe, o término não foi tão bem aceito por ele. Após uma traição, por parte dele, o relacionamento chegou ao seu fim, mas Josh nunca conformou-se. Tentou, por várias vezes, reatar o namoro, apesar dos protestos d
Envergonhada. Surpresa. Assustada.Essas palavras podem definir como estou nesse momento. Alex, parado atrás de nós, espera uma resposta minha. Me encara com um semblante sério, enquanto sinto-me envergonhada por ser vista falando dele. Minhas bochechas estão vermelhas, tenho certeza, e desejo sumir.— Eu... — não consigo responder. Nenhuma frase é formada em meus pensamentos. Minha voz falha e eu me sinto envergonhada por ele escutar isso.Eu deveria pedir desculpas?— Estou meio ocupada. — diz Margot, saindo de mansinho. Lanço para ela um olhar suplicante, pedindo para que fique. — Vou deixá-los conversar. — sai em direção à cozinha.— Então, Valentina. — chama minha atenção, após a saída da governanta. — Você não respondeu minha pergunta. É assim que você me vê? — repete.Respiro fundo, tentando me acalmar, para conseguir responder. Ele ergue uma sobrancelha, esperando por uma resposta.— Bom, sim
— Ok, me fala mais sobre você. — peço, enquanto pego mais uma batatinha.— O que você quer saber, Valentina? — pega a cerveja, dando um gole e se acomodando melhor no assento, olhando para mim.— Idade?— 28.— Família?— Tenho apenas uma irmã, 3 anos mais nova que eu, ela é médica voluntária no Congo. Meus pais moram em San Francisco, se mudaram quando minha irmã entrou na faculdade.— Você sempre gostou de morar aqui?— Pra ser sincero, sim. — dá de ombros. — Fiz faculdade em Nova York e morei lá por uns meses após a conclusão, mas acabei voltando.— Nunca quis trabalhar lá?— Era meu sonho. — suspira. — Mas tive uma oportunidade de trabalho em Healdsburg, me adaptei ao lugar e hoje me sinto feliz aqui. É calmo, tranquilo e tenho a Margot comigo.— Alex?— Oi.— Quem era a garota do porta retrato? — pergunto, apreensiva. Quando questionei Margot, pela tarde
A volta para casa, ao contrário da ida para a lanchonete, foi em um silêncio absoluto. Enquanto Valentina observava pela janela, perdida em pensamentos, eu tentava me concentrar na estrada. Tentando, durante todo tempo, não pensar em quem nos seguiu. Não pensar em como estive perto do assassino, mas ele escapou.Eu me sinto como um inútil. Ele foi mais ágil, fugiu dali rapidamente. E voltamos ao início, sem pistas ou algo que nos leve ao culpado.Ao estacionar, Valentina desce do carro e me dá boa noite, antes de entrar em casa. Ela parece cada dia mais afetada por todo esse caos que está ao seu redor, cada dia mais quieta. E para ser sincero, entendo seu lado.Além de saber que há uma pessoa atrás dela, soube que algumas pessoas na cidade estão mandando mensagens para ela, como se fosse a culpada por tais atrocidades, após uma postagem em um blog local. Ela está sofrendo com tudo isso e as pessoas ainda a culpam, como se fosse ela a pessoa por tr
Desperto pouco depois das sete da manhã, sentindo o corpo peludo de Hades enroscado em mim. Sento na cama e coloco o gatinho ao meu lado, que logo volta a dormir. Pego meu celular e pela barra de notificações, leio a mensagem de Julie, dizendo que mais tarde virá me ver.Após Alex perceber que estávamos sendo seguidos, voltamos para a casa dele no mesmo instante, ele ficou calado durante todo o percurso e quando chegou foi direto ao escritório, onde passou a noite. Não consegui dormir muito bem noite passada — o que vem acontecendo com frequência nas últimas noites —, agora sinto-me cansada e com uma forte dor na cabeça.Ultimamente, tudo me preocupa. O caso, que parece estar pouco longe de ser solucionado. As ameaças, vindas de pessoas daqui, que me culpam pelas mortes das três garotas. A incerteza, em relação à minha segurança. Sei que estou aqui, bem mais segura do que antes, mas ontem me deixou assustada. Fomos seguidos, o que significa que o assassino es
Os lábios macios de Alex encontram os meus, em um beijo macio, calmo e ao mesmo tempo, mostrando o desejo que ambos sentimos. Delicadamente, morde meus lábios e sorri, afastando-se de mim poucos centímetros, apenas para me observar. Aproveito para fazer o mesmo, guardando em minha memória cada detalhe seu.Os lábios avermelhados, as íris esverdeadas, com as pupilas dilatadas. O rosto em um leve tom avermelhado, sua mandíbula marcada pela barba por fazer. Os fios negros bagunçados, algumas mechas caindo pela sua testa.Com cuidado, faz com que me deite. Fica por cima de mim, fazendo uma leve carícia no meu rosto. Esse Alex ainda é novo para mim, nunca o vi assim. Em um misto de fúria, preocupação e no fundo, desejo.— Isso não é um erro? — questiono, insegura.— Por quê?— Você é um detetive, responsável pelo meu caso. — dou de ombros. — Não há algo que impeça nosso contato... — aponto para nós, abraçados. — Hm?
Sentindo o corpo de Alex remexer-se na cama e em seguida afastar-se do meu, saindo da cama, com movimentos cuidadosos para não acordar-me, desperto. Seus esforços foram em vão, pois meu sono é leve.— Alex? — chamo, com minha voz arrastada pelo sono. — Oi. — senta-se na cama novamente e leva a mão ao meu cabelo, acariciando levemente. — Não quis te acordar, loira.— Que horas são? — observa seu celular.— Três da manhã.— Para onde você vai?— Para meu quarto. — diz, desviando o olhar do meu.— Fica aqui. — peço.— Não posso.— Pode sim. — suspiro. — Tem algo a ver com a ligação de mais cedo, não é?— Sim.— O que aconteceu?— Está um pouco tarde, melhor você dormir. — acaricia meu rosto. — Pela manhã conversamos.— Me diz, por favor. — me observa por alguns instantes, antes de falar.— Valentina, durma. — neg
Olho em direção ao horizonte, vendo o sol começar a nascer. Ainda estamos no jardim, ele está deitado em uma das espreguiçadeiras e eu estou ao seu lado, com a cabeça repousando em seu peito. Alex faz uma leve carícia em meus cabelos.Após nossa conversa, ficamos aqui no jardim. As vezes conversando sobre algum assunto aleatório, as vezes apenas ficávamos em silêncio, conservando o local, perdidos em nossos próprios pensamentos. E inevitavelmente, os meus sempre vão até Alex. Até Ember, seu misterioso retorno e em seu relacionamento conturbado com o homem ao meu lado.Quais motivos poderiam levá-la a desaparecer assim? Posso ser um pouco cruel em meus julgamentos, mas algo me diz que fez isso por vontade própria. Não foi um acidente, creio eu. E creio que ela quis isso, do contrário, por qual razão não retornou antes? Por que ficou tantos anos desaparecida?Mas sei que devo esquecer esse assunto. Posso estar sendo um tanto equivocada em meus julga
Não consigo falar. Ele nos encara, com fúria, esperando uma resposta. Apenas afasto-me de Ember, que caminha até Alex. Envolve seus braços ao redor do pescoço dele, com um sorriso enorme nos lábios. Ele não parece muito satisfeito com o abraço, logo tenta afastá-la.— Amor, você está aqui! — diz e tenta beijá-lo, porém Alex se afasta.— Vamos ao meu escritório. — se vira e sai.Ember vai atrás dele e ambos descem a escada, saindo do meu campo de visão.— Você está bem, Valentina? — Margot pergunta.— Sim. — lanço-lhe um sorriso e com Hades me seguindo, vou para meu quarto.Deito-me em minha cama, irritada. Não gosto de discussão, porém essa mulher tira-me a paciência. Arrogante, sentindo-se superior. Não pude me controlar. Percebo que nossa relação não será nada amigável enquanto morar aqui. Isso é, caso Alex peça ela em namoro outra vez. O que não duvido. E essa possibilidade me deixa triste.Apenas dormimos ju