Sentindo o corpo de Alex remexer-se na cama e em seguida afastar-se do meu, saindo da cama, com movimentos cuidadosos para não acordar-me, desperto. Seus esforços foram em vão, pois meu sono é leve.
— Alex? — chamo, com minha voz arrastada pelo sono.
— Oi. — senta-se na cama novamente e leva a mão ao meu cabelo, acariciando levemente. — Não quis te acordar, loira.
— Que horas são? — observa seu celular.
— Três da manhã.
— Para onde você vai?
— Para meu quarto. — diz, desviando o olhar do meu.
— Fica aqui. — peço.
— Não posso.
— Pode sim. — suspiro. — Tem algo a ver com a ligação de mais cedo, não é?
— Sim.
— O que aconteceu?
— Está um pouco tarde, melhor você dormir. — acaricia meu rosto. — Pela manhã conversamos.
— Me diz, por favor. — me observa por alguns instantes, antes de falar.
— Valentina, durma. — neg
Olho em direção ao horizonte, vendo o sol começar a nascer. Ainda estamos no jardim, ele está deitado em uma das espreguiçadeiras e eu estou ao seu lado, com a cabeça repousando em seu peito. Alex faz uma leve carícia em meus cabelos.Após nossa conversa, ficamos aqui no jardim. As vezes conversando sobre algum assunto aleatório, as vezes apenas ficávamos em silêncio, conservando o local, perdidos em nossos próprios pensamentos. E inevitavelmente, os meus sempre vão até Alex. Até Ember, seu misterioso retorno e em seu relacionamento conturbado com o homem ao meu lado.Quais motivos poderiam levá-la a desaparecer assim? Posso ser um pouco cruel em meus julgamentos, mas algo me diz que fez isso por vontade própria. Não foi um acidente, creio eu. E creio que ela quis isso, do contrário, por qual razão não retornou antes? Por que ficou tantos anos desaparecida?Mas sei que devo esquecer esse assunto. Posso estar sendo um tanto equivocada em meus julga
Não consigo falar. Ele nos encara, com fúria, esperando uma resposta. Apenas afasto-me de Ember, que caminha até Alex. Envolve seus braços ao redor do pescoço dele, com um sorriso enorme nos lábios. Ele não parece muito satisfeito com o abraço, logo tenta afastá-la.— Amor, você está aqui! — diz e tenta beijá-lo, porém Alex se afasta.— Vamos ao meu escritório. — se vira e sai.Ember vai atrás dele e ambos descem a escada, saindo do meu campo de visão.— Você está bem, Valentina? — Margot pergunta.— Sim. — lanço-lhe um sorriso e com Hades me seguindo, vou para meu quarto.Deito-me em minha cama, irritada. Não gosto de discussão, porém essa mulher tira-me a paciência. Arrogante, sentindo-se superior. Não pude me controlar. Percebo que nossa relação não será nada amigável enquanto morar aqui. Isso é, caso Alex peça ela em namoro outra vez. O que não duvido. E essa possibilidade me deixa triste.Apenas dormimos ju
Frustrada, irritada, incrédula. É assim que me sinto após Alex sair e me deixar aqui, sem conseguir alcançar meu clímax. Eu sei, errei, mas era necessário ser tão babaca? Isso não se faz.Com ódio e um desejo enorme de matá-lo, recolho minhas peças de roupa, caídas pelo chão. Sequer visto, carrego tudo na mão. Entro em meu quarto, caminho até o banheiro, tomo um banho rápido e frio. Visto um pijama e desço até a cozinha, para comer algo.A casa está um completo silêncio. Pelas vidraças, posso ver alguns seguranças na área externa, vigiando o local. Ligo a luz do cômodo e na geladeira, procuro algo para comer. Encontro comida, em um prato bem feito. Na porta da geladeira, um bilhete escrito por Margot, para mim."Essa comida é para você, Valentina. Sei que chegará tarde e duvido muito que tenha comido algo, seja lá onde foi. Até amanhã, Margot." — é o que diz o bilhete.Coloco a comida para esquentar e enquanto espero, mando uma mensage
Eu já imaginava que isso iria acontecer, porém não poderia imaginar que me sentiria tão afetada, tão triste. Sim, foi apenas uma noite, mas me apeguei. E tudo isso resultou em uma bela decepção. Culpa minha talvez, por ser tão imbecil, por me apegar tão facilmente.Após alguns segundos em silêncio, me afasto dele. Levanto-me do seu colo e tentando não chorar, ou demonstrar como aquilo me afetou, vou para meu quarto. Ouço Alex me chamar, mas não respondo. Entro em meu quarto e me deito em minha cama.Alex sempre foi apaixonado por Ember. É nítido desde a primeira vez em que conversamos sobre ela, desde que vi seu retrato, na minha primeira noite nessa casa. Lembro-me da nossa conversa naquela lanchonete, dias atrás. Ele sempre a amou, e agora, finalmente poderão viver esse amor. Agora, livres e deixando para trás o passado contu
— Aidan é inocente. — Alex fala.Não consigo falar nada. Estou tão confusa, atordoada. Aliviada, por ter a certeza da sua inocência. Triste, por sua recaída, e arrependida, por tudo que disse, por acusá-lo.Quando nos conhecemos, ele havia acabado de perder sua mãe e irmã em um acidente, onde foi o único sobrevivente. Aidan não conseguiu aceitar a morte delas, achava que era o culpado, quando na verdade, a culpa é do bêbado irresponsável que invadiu a pista contrária e colidiu com o veículo deles.Meu amigo começou a usar drogas. Cocaína e principalmente heroína. Tornou-se outra pessoa, se afastou de mim, saía e retornava após dias, machucado, sem dinheiro, pedindo por mais, precisava alimentar seu vício. Trancou a faculdade, perdeu seu emprego, foi despejado do seu apartamento, estava com os aluguéis atrasados. Morou comigo e com Julie, em nosso apartamento.Demorou um pouco até que aceitasse ajuda. Ele não conseguia entender e aceitar que
Deixando para trás uma Ember furiosa e irritada, vou para meu quarto. Ao entrar, me deito na cama, ao lado de Hades, que toma banho, tranquilo. As vezes eu queria ter sua vida, tranquila, sem preocupações ou problemas. Estou exausta, cansada, preocupada com meu melhor amigo e de certa forma, com medo. Aidan não é o assassino, então quer dizer que o real culpado está em algum lugar da cidade, em liberdade.E como se não bastasse, mais um problema em minha vida. A namorada de Alex e seu ciúmes doentio, suas ameaças para mim. Não sou uma pessoa estressada, não gosto de brigas, mas essa mulher consegue tirar minha paciência por completo. Com suas ameaças, seus chiliques, seu ar de superioridade. E isso para mim, aturar seus ataques de ciúmes, é demais. Não me controlei e bom, não me arrependo.Não posso mentir, não vou negar. O que disse, em relação à Alex, realmente me machucou. Por mais que eu soubesse que éramos nada mais que um simples caso
Avery Thompson Stirling.Ember Payton.São literalmente a mesma mulher.Estou surpresa, confusa e animada com essas descobertas. São pouco mais de nove da noite, passei o dia inteiro trancada na biblioteca, deixando meu lado stalker agir. Por horas, pesquisei tudo. Sobre Ember, sobre Avery.Descobri bastante.Ember Payton Thomas, uma jovem mulher de dezenove anos, foi dada como morta em um acidente, em vinte e um de maio, no ano de dois mil e onze, oito anos atrás. Nenhuma das pessoas que estavam naquele veículo — três garotas, incluindo Ember, e um garoto — conseguiu escapar com vida.Então, Ember está viva. Porém, de acordo com as testemunhas e vídeos de câmeras de segurança — de acordo com o que os jornais da época apontam —, haviam quatro pessoas no carro. E os quatro corpos foram encontrados, incluindo o de Ember. Então se ela está viva, como seu corpo foi encontrado? Simples, uma morte forjada. Alguém cons
Quando Ember se foi, apesar do nosso término e das constantes discussões entre nós, eu a amava. E por esse amor, por consideração à tudo que vivemos, fazia tudo por ela. Se me pedisse algo, ou precisasse de mim, eu estaria lá, para ajudá-la. Pois no fundo, sentia que era um dever. Que eu deveria ajudá-la. Eu carregava a culpa, pelo nosso término conturbado, pelo bebê, por a bagunça que sua vida se tornou após tudo isso. E quando o acidente aconteceu, alguns anos atrás, senti-me culpado. Pois eu acreditava que, caso fosse buscá-la, ela estaria viva. E carreguei essa culpa, chorei e sofri pela sua morte.Quando voltou, e disse para mim tudo que aconteceu em seus anos afastada, senti que deveria fazer algo por ela. Ember ficou anos sem memória, sem a oportunidade de viver uma vida comum. E para mim, mais uma vez, era minha culpa. E por essa razão, aceitei voltar com Ember.