Olhar para o relógio enquanto o professor Smith fala, acabou se tornando o meu passatempo preferido, sinceramente ninguém precisa escutar a mesma lição centenas de vezes.
— Martina.— Alguém sussurra o meu nome, olho para o lado, meu olhar se encontra com o dele. Arregalo os olhos diante do seu sorriso. Os novatos deviam apenas sentar e falar quando necessário, não precisa ficar sussurrando pelos cantos.
Olhei para Brian depois de sua chamada, seus jeitos e posicionamentos, não demonstravam em hipótese alguma ele ser Gay. Embora não exista uma fórmula rápida para descobrir a veracidade dessa informação. Volto a minha atenção ao professor que para de falar assim que o sino ecoa pela sala de aulas. Depois de arrumar seus pertences, o Professor caminha a passos largos até a saída.
Quanto aos outros colegas, arrumam seus pertences por função de tamanho, alguns correm até a saída, e outros apenas saem em grandes grupos sorrindo de uma piada nada agradável. Procurei por Vanessa entre os colegas que saíam, entretanto, não a avisto em nenhum canto da sala. Meus olhos passeam pela sala debatendo com os olhos verdes de Wilson, o moreno sorri caminhando até mim.
Wilson, rompe o espaço entre nós, estendendo seus braços, o mesmo tenta tocar meu corpo em vão, pois rapidamente me esquivo de seu toque, viro caminhando até a saída em silêncio. Já passei por isso antes.
Sinto meu cabelo sendo puxado com força o suficiente para me fazer parar e soltar um gemido de dor.
— Você não pode fugir para sempre. — Sussurrou em meus ouvidos, sua língua quente entra em contato com o lóbulo do meu ouvido arrepiando meu corpo.
— E, você não pode seguir-me para sempre.— Gritei. — Se você não me soltar agora, a enfermaria será seu novo quarto durante uns dias.— Minha voz saí furiosa e eu realmente estou. O corpo de uma mulher é sagrado, ninguém pode tocar nele sem a sua autorização.
— Vamos brincar Martina.— Wilson sorriu maliciosamente. Suas mãos desceram até meus ombros massageando o mesmo, devagar Wilson vira meu corpo. Essa acção, permito-me ficar cara a cara com ele. Rapidamente dou uma joelhada em seus " Países baixos" o mesmo caí no chão gemendo de dor.
— Se acalma...— Entre gemidos gritou histericamente.
— Boa sorte só melhorar disso. — Sorri vitoriosamente. — Aprenda a tratar uma garota do jeito certo.
Ajeitei o meu cabelo, dou um suspiro profundo enquanto observo Wilson ir embora. Do lado de fora estava Brian olhando para mim de maneira enigmática, dei um sorriso esforçado.
— Agressividade não combina com a sua cara bonita.— Ouvir isso me fez rir. O que ele sabe de mim?
— Analisar o que eu faço não faz parte da sua vida.— Disse o fazendo sorrir.
— Qual é o motivo?.— Questionou Brian enquanto encostando seu corpo na porta.
— Não estou aberta a questões.—Falei. Observei o seus traços de felicidade mudarem rapidamente para tristeza ou decepção.
— Alguém feriu tanto você, e agressão acabou se tornando sua arma de defesa.— Contenho meu riso enquanto o mesmo fala.
—Cuide da sua vida.— Gargalhei mesmo querendo chorar. Passei tanto tempo em recuperação, nesse período aprendi que, nenhuma lágrima vale o seu sorriso, desde lá até então, tendo a sorrir até mesmo das minhas piores desgraças.
Ajeitei a gola da camisa. Com o peito subindo e descendo rapidamente, tento acalmar a respiração o máximo que posso. passando por Brian, caminho em silêncio pelo corredor mesmo desgastada, suprimi a vontade de chorar o máximo que pude, citando frases inspiradoras enquanto caminho, Kiera Cass e uma de suas frases mais icónicas invadem minha mente " As melhores pessoas tem sempre cicatrizes" . Não tem como discordar da Kiera Cass, as minha cicatrizes tornaram-me melhor, foram quedas dolorosas, mas também considero uma grande fonte de aprendizagem.
Assim que atrevesso o corredor alcançando o meu quarto, fecho a porta com força provocando um estrondo alto. Com a respiração calma, tento digerir cada acontecimento de hoje. Um dia com emoções demais, para ser apenas o primeiro dia de aulas.
Respiro e inspiro mais uma vez enquanto caminho até a janela, observo as flores vermelhas do lado de fora por sinal elas são rosas vermelhas eu cuido e rego elas todas os dias já tem mais de um ano que faço isso, flores são fonte de vida, e rosas, mostram exactamente quem é, e foi Martina Ross.
Suas pétalas delicadas, facilmente são associadas ao meu passado encantado, seus espinhos, trazem a tona deixam claras as minhas intenções. Picar. Picar onde mais dói sem ao menos ter remorso de cada acção.
— Martina! O director está chamando você.— Vanessa entra no quarto, carregada de livros acredito que seja para uma pesquisa ou qualquer coisa do gênero, ela se tornou a única amiga que tive depois da Esmeralda. É realmente uma bendita sorte ter sua única amiga no mesmo quarto que você.
— Ok.— observo ela colocar o livros no criado mudo ao lado de sua cama mas depois os remove e arruma por ordem de importância e tamanho.
— Estou preocupada com você, todos sabem o que você fez a pouco tempo.— Falou Vanessa.
— Isso importa?.—Contraio meu corpo contra a parede.
— Oh, eu acho que você devia sabe, o director tem uma péssima fama em dar castigos.— Disse Vanessa mais calma. pulando para cima de mim, ela prende meu corpo contra o seu em um abraço demorado.
— Chega espaço pessoal.— Me afasto dando uma distância segura porém as duas caímos na gargalhada.
— Vem cá eu quero fazer carinho em você minha gata.— Começo a correr direção oposta a dela.— Primeiro você precisa me pegar.
— Mas eu vou pegar você.— Gritou Vanessa correndo até mim, mas continuo correndo mas pelo azar do destino tropeço em uma das almofadas espalhadas no chão e caio, ela se aproveita da situação e pula para cima de mim dando beijinhos e abraços.
— Para, eu vou vomitar com tanto amor.— Ambas rimos, me soltando de seus carinhos, levanto aparando o cabelo, caminho devagar até a porta.
— Deus te abençoe. — Sussurrou Vanessa. — Desejo sorte. — Dessa vez a mesma grita como se eu estivesse longe.
Abro a porta e a fecho calmamente, não sinto culpa de nada. Estou confiante. Andando a passos largos pelo corredor, recebo saudações de alguns colegas, algumas raparigas gritavam " Finalmente alguém fez algo com ele" outras, apenas sorriam.
Cruzo alguns corredores totalmente iguais aos antigos, a secção pedagógica fica no final desse corredor, a área mais calma de toda Mansão de Rubi. Avistando a enorme porta contraplacada com uma placa de madeira, escrita a preto " Sala do Director" bato na porta várias vezes, sem resposta. Suspiro perdendo já a paciência, giro a maçaneta externa abrindo a porta.
De queixo caído, vejo Maria trocando carícias com o Director, sua saia preta subia com tanta rapidez por cima da mesa, a gravata borboleta do Director estava sendo jogada para algum canto da sala.
— Sugiro um Hotel. — Propus serena. Minha voz interrompe o momento de afinidade entre os dois, Maria envergonhada tapa a cara.
— Devia ter batido. — Resmugou em resposta.
— E bati, várias vezes até criar feridas no dedo. — Levantei a mão em provocação.
Maria ainda tímida, arruma sua saí apressada abotoa cada botão de sua camisa social enquanto, o Director abaixa-se pegando na gravata que a pouco saiu voando de seu pescoço.
— Agora que estamos todos descentes, podemos conversar. — Provoco vendo Maria ficar corada. — Não se preocupa isso acontece sempre. — Tentei a tranquilizar. Desde que meu Pai assumiu a directoria dessa Mansão, os episódios de pegação nessa sala são frequentes.
— Maria, me deixe a sós com minha filha.— Pediu calmamente. Apressando seus passos, Maria saí correndo da sala.
— Tome uma água e respira.— Gritei ouvindo a porta ser fechada. — Então, vai reclamar pelo que fiz com um dos seus alunos, ou posso começar falando de você?. — Perguntei. Seu suspiro profundo e demorado me fez sorrir.
— Para! Você é minha filha, e eu seu Pai. — Calmamente falou. — Vamos resolver isso do jeito certo.
— Correção, você foi um doador de esperma, porque de Pai você não teve nada, e eu posso provar.— Puxei a cadeira giratória do seu lado da mesa e sentei.
Vendo meu Pai entrar em despero em busca de palavras, sorri. Coloquei minha atenção na sala, suas paredes parecem ter ganhado uma reforma de creme para cinzento, os móveis Brancos exaltam a paz que a sala perdeu no dia da morta de sua Proprietária. Alguns papéis espalhados pela mesa davam mais do que indícios ao acontecimento anterior.
— Já pedi perdão.— Voltei minha atenção para meu Pai, como sempre estava fazendo seus pedidos dramáticos de desculpa. — O passado passou. — Suspirou derrotado.
— De nada servem pedidos de desculpa sem mudanças de atitudes.— Falei.
— Sinto muito pelo que aconteceu. — Referiu-se a sua troca de carícias. — É a última vez que faço isso.
— Lembro disso, " É a última vez que faço isso", você disse a mesma coisa quando deu cocaína a minha mãe. — Aperto os olhos reprimindo as lembranças. — Você disse o mesmo na primeira overdose dela, e acabou dando mais drogas, variando de tipos. Até o leito de sua morte por overdose. — Pela primeira vez no dia, permito-me chorar. Lágrimas de dor faziam seus traços pelo meu rosto molhando os papéis na mesa.
— Desculpa por isso. — Retomando a sua postura ajeitou a gola da camisa social branca, sacodiu suas calças pretas sociais e sentou-se na cadeira preta a minha frente.
— Nunca irei perdoar você. — Sorri. — Vamos ao que me trouxe aqui.
— Você está livre. Não posso punir a dona de tudo, e todas as leis. — Terminou por dizer. — E, trate da sua reputação ela está horrível entre os alunos.
— Minha reputação me procede. — Sorri. — A opinião de nenhum deles forma a minha vida. — Vi meu Pai arquear as sobrancelhas e sorrir para mim.
— A reputação e os boatos. — Concluiu por mim.
— Os rumores são tantos, infelizmente a maioria deles consistiu a verdade. — Declarei.
Levantei-me abandonando a sala mas com certeza essa seja a reputação que eu quero pintar para todos eles. Nunca entendi o facto de se desculpar, e depois acabar por fazer o mesmo ou algo pior. Se assim for, de que serve pedir desculpas e retomar no erro?
Brian BlancEm um momento você tem tudo que quer, e no outro, seus Pais te obrigam a escolher algo e se dedicar a isso o resto da vida. Tudo ia conforme os trios, sair, beber e usar ecstasy aguardando seus efeitos após vinte minutos.No barulho ensurdecedor da boate, gritando com o garçom pela falta de bebidas no balcão, passo a mão entre os cabelos várias vezes desfiando seus pequenos cachos. Com Miguel e Renata, meus amigos de longa data, fazendo o melhor da viva. Ser feliz.Depois de muito reclamar pela falta de bebida, e principalmente ter impedido Renata de agredir fisicamente uma das garçonetes sentei encostando meu corpo no pilar. Os feixes de luz brilhantes, a agitação em geral acaba com a minha paz. Queria eu, apenas ser um jovem normal sem deveres, e afazeres.— Já volto. — Disse Miguel levant
Martina RossAssim que saio da sala, atravesso o enorme corredor passando pelos seus pisos de madeira. Hoje como primeiro dia de aulas, os alunos organizam uma pequena festa secreta como forma de apresentação, e passatempo de um longo dia de aulas. Depois de pouco andar, avisto a porta de madeira do meu quarto, adentro na mesma a fim de me arrumar para a ocasião.Vanessa, se encontra no quarto deitada com um livro por cima de sua barriga, e outro em suas mãos. Notando a minha presença, a mesma abaixa o livro e sorri, retribuo seu sorriso.— Vai sair?.— Questionou Vanessa enquanto revirava em sua cama, por consequência um dos livros caí.— Não, eu estou me arrumando toda para passar a noite nesse quarto.— Brinco. Vanessa sorri.— Deixa eu adivinhar. — Passou a mão pelos cabelos pensativa.— Festa de abertura.— Disse seca. O desânimo ficou eminente em sua voz.— Se fo
Martina RossOs dias tornaram-se mais longos, as aulas insuportáveis e eu só queria relaxar, olho algumas vezes para o lado me certificando da presença do Brian mas desde o que rolou na fogueira ele ignorou minha presença por completo, não posso negar que bem lá no fundo isso me deixou abalada mas não posso deixar isso me dominar.Depois de umas quantas aulas chegou o dia da realização de provas e dessa vez seria em duplas,normalmente faço com a Vanessa mas ela não se sente muito bem e decidiu marcar o teste para outro dia, olhei para todos na sala mas as duplas já estavam divididas excepto o Brian que por algum motivo estava sozinho e por sinal era a minha única opção.— Você pode fazer a prova comigo se quiser.— Sorri fraco dando um olhar de confiança enquanto ele analisava a minha postura.— Já que não tenho outra opção.— Respondeu com uma certa arrogância o que mudou meu humor pior na verda
Martina RossÚltimos olhares, últimas palavras, caminho até a porta de saída da sala sinceramente estou tentando analisar todas as acções da aula de teatro, minha mente viaja entre a atuação ou realidade, perguntas atormentam a minha cabeça.- Vai realmente fugir de mim?.- Esbarro em Brian na saída do corredor, nada mudou continua com a mesma roupa com as mãos dentro de seus bolsos, encostado a parede olhando para mim.— Sem motivos. — Passo por ele porém, algo me trava tenha certeza que seja um puxão, meio minuto depois eu estava próxima a ele em uma disputa de olhares.— Me solta agora, não tenho nada pra falar com você.—minha voz soou brava, eu realmente estou chateada com toda essa situação minha vontade é dar um chute no meio de suas pernas só pra servir de lição.—Eu quero falar com você, na verdade você está me devendo isso desde o castigo.—Sorriu para amenizar a situação porém eu não
Brian BlancO tempo que passo com ela é sem dúvida a melhor parte do meu dia. A sombra de mistérios caí só de ela, ninguém conhece suas origens, apenas seu passado conturbado e suas acções complexas a tornam no ser que é.Não tem como definir essa garota, ela é obstinada, sabe o que quer, porém a sua péssima reputação vai a seguir para todos os lados. Queria eu, que ela me permitisse olhar para ela de um modo tão profundo e diferente, sonho em conhecer o interior dessa garota, quero estudar cada centímetro dela, entretanto reservo no meu íntimo cada pensamento sobre meus desejos indecentes com a mesma.Desfrutar do almoço em sua companhia, foi mais do que suficiente para aquecer meu coração, acelerar meu corpo de maneira incomum. Já provei várias drogas, nenhuma é como Martina Ross. Dando sinais discretos do meu interesse, passei os dedos na palma de suas mãos de vez em quanto, seu olhar mortífero baixou sobre mim mostrando descontentamento.
Martina RossNão consigo acreditar nas últimas palavras dele, como alguém ousa em dizer que o medo invade o meu corpo, é necessário não conhecer-me para pensar algo assim. Ainda permanecem vivas suas palavras em minha cabeça. Medo de amar.Meu medo é não saber amar, lembro-me como ontem, dei tudo de mim para Marcos, mas do que eu mesma podia dar. Ele levou tudo de mim, minhas lágrimas, sensibilidade, e principalmente a capacidade de voltar a sentir borboletas no estômago quando alguém me olha com ternura e desejo. Dois dias. Em dois dias Brian não olha para minha cara, na maioria das vezes em que esbarro nele, Carla é sua companheira. Palavras me faltam para descrever a raiva que sinto de vê-los um grudado no outro.[...]A claridade invade o quarto passando pela janela aberta, atravessa a cortina Branca distribuindo feixes de luz pelo quarto. Reviro vezes sem conta meu corpo
Martina Ross[...]—Merda...— Gemo de dor. Que diabos aconteceu nesse quarto, meu polegar está vermelho a batida foi forte.O quarto está todo diferente, papéis jogados no chão, lençóis espalhados basicamente tudo está fora do lugar. Caminho mais para frente, vejo Vanessa abaixada jogando cada vez mais coisa.—Se você está tentando arrumar lamento informar que o fracasso é eminente. —Forço um riso, a dor me trai.—Vai a merda.— Ela simplesmente diz.—Você quer ajuda, eu posso dobrar a sua língua agora mesmo.— Falo chutando os papéis que encontro pelo caminho, Vanessa é diferente de mim ou é apenas certinha.—Desculpa...eu..perdi um dos meus livros favoritos.— Explica ela, enquanto arrumava uma parte dos papéis pousando sobre o criado mudo.—Você poderia comprar outro, simples. — Solto um riso involuntário.— Comp
Brian Blan[...]—Eu quero você.—Disse para Martina, a mesma me olha interrogada. Tem como ela ficar mais linda?— Eu não. — Ela apenas disse indiferente. A mesma Martina de sempre.—Caramba, eu estou aqui dizendo que quero você com todos os direitos e obrigações de um relacionamento. Precisa de mais algo?. — Questionei. A mesma manteve um silêncio, talvez estivesse tentando pensar ou algo do gênero.—Você não me quer?.— Tornei a perguntar com a voz tremula.— Acorda. Você está sonhando.—O alarme tocou após a fala da Martina.Eu estava sonhando com ela. É sempre assim, desde o dia em que a conheci eu vivo sonhando com ela. Como um toque de mágica, meus pensamentos já não me pertence. Ela levou tudo, talvez, eu esteja sendo dramático mas, olhar para seu rosto, faz meu corpo todo enter em combustão.Será que um dia eu poderei sentar com ela, e ficar falando sobre cois