Olhando para o teto com a mente vazia e o coração cheio de vontades, permito-me viajar entre os corpos celestes fixados nas ripas de madeira.
O barulho ensurdecedor do alarme retira toda a concentração de mim. Desviando meu olhar do teto, levanto da cama com lençóis enrolados em meu corpo, o tecido cobre totalmente meu corpo enquanto caminho até a porta a minha frente.
Assim que entro no banheiro, permito que a coberta, percorra meu corpo abaixo. Meus pés descalços entram em contato com o chão gelado do banheiro, esfrego um por cima do outro tentando mantê-los aquecidos. Com um pouco mais de coragem, sigo até a banheira abrindo o chuveiro de seguida. Parada na fonte de água fria, suspiro profundamente.
Após terminar, enrolo meu corpo em uma toalha branca, usando uma toalha menor, enxugo meus cabelos enquanto caminho de volta ao quarto. Meus olhos dão uma rápida passada pelo relógio pendurado na parede a minha frente, o relógio marca sete e vinte da manhã. Nesse momento percebo o meu atraso.
Quem se importa? Eu não. Olhando para o espelho tento pentear o meu cabelo, apesar do mesmo ser rebelde, hoje facilmente está obedecendo ao pente sem quaisquer dificuldade.
Visto o uniforme da mansão de rubi, a peça é vermelha com algumas malhas pretas e azuis o que o torna bem interessante para um tecido plano, dando assim uma textura agradável, sofisticada e relaxante. Parada entre a cama e o criado mudo, aliso o porta retrato de minha mãe, a foto simples esbanja simpatia e beleza, seus cabelos escuros e longos iguais ao meu estão presos em um coque, atada em seus braços puxando sua blusa de renda estou eu!
— Vamos. — Disse Vanessa entrando no quarto. Batucando o indicador nos livros em seu braço, a mesma demonstra nervosismo. De vez em quando, removia e recolocava os óculos dando sentindo a minha tese.
— Nervosa?.— Questiono. Em um aceno afirmando ela responde. — É só mais um dia comum nessa escola.
— Não. É o primeiro dia de aulas nessa escola, uma escola especial. — Ainda nervosa, Vanessa caminhou até o espelho, rapidamente passou um pente em seus cabelos morenos, condizendo totalmente com sua pele macia e morena. — Por favor, vamos. — Sua voz muda de timbre, súplica é tudo que consigo sentir.
— Tudo bem. — Concordei por fim.
Assim que a enorme porta de madeira é aberta é aberta dando acesso directo ao corredor, a grande movimentação nos corredores é visível, o castanho de suas paredes, ganha vivacidade a cada aluno que atravessa o corredor as presas pisando fundo no piso de madeira.Alguns alunos, subiam e desciam as escadas, enquanto, outros apenas procuravam seus nomes no quadro de avisos.
Caminhamos em silêncio pelo corredor, gargalhadas ecoavam nele, e se você quisesse ouvir os sentimentos mudos, precisava apenas fechar os olhos, facilmente poderia escutar orações, súplicas e principalmente, sentir a tensão em cada um dos alunos.
Do lado oposto, entre as escadas, três alunas sorriam enquanto a mais baixa passava um bato na loira. Ao contrário do resto dos alunos, a três trajavam peças de tom rosado, similares ao uniforme da Mansão. Baixei a cabeça em reprovação.
— Martina. — A loira sorriu. Conheço o trio desde o ano passado. Carla a loira, adora arrumar confusão por coisas fúteis e as outras, a seguiam tal como uma mosca segue uma fruta estragada jogada fora.
— Carla. — Respondi indiferente.
— Não vai dar-nos os parabéns?.— Esmeralda se pronunciou. — Uma antiga amizade na qual botei tanta fé, em tempos antigos, colocaria minha mão no fogo por ela. —Vai ou não?.
Permaneci em silêncio apertando suavemente a mão de Vanessa que se mantinha imóvel a meu lado.
— A educação Martina. — Olívia Disse. Nunca entendi como ela realmente é, tem tudo para ser boa, e se virar sozinha por todos os cantos, mas preferi ficar atrás de Carla.
—Não, ela é mesmo uma malcriada.— Encarando minha face, Carla sorriu enquanto falava. — Esse ano, sua vida vai virar um inferno.
— E, você vai vive-lo comigo. — Provoco.
— Se eu fosse você, não teria tanta certeza nisso. — Esmeralda parou ao lado de Carla. — Você deve-me tantas.
— Queridas. — Provoco, sei o quanto elas odeiam esse apelido. Esmeralda revira os olhos assim que escuta o som da minha voz. — Se alguma de vocês, fizer algo de errado, eu prometo encaminhar cada uma de vocês até a sala de cirurgias plásticas mais próxima da cidade.
— Você fala demais. — Disse Olívia passando para frente, a mesma me encara. Olhando fundo em seus olhos pretos, apenas sinto solidão em sua alma.
— E faço mais ainda. — Sussurrei perto de seus ouvidos. — Se vocês me dão licença, estou atrasada demais.
Puxando Vanessa comigo, atravesso as escadas debatendo com outro corredor. O mesmo se encontra vazio, dando sinal ao nosso atraso. Caminhamos mais apresadas ainda passando por várias portas, finalmente a nossa sala está próxima. A passos largos, alcançamos a Sala D13 a mesma está quase cheia, suas paredes azuis e seu piso branco, reflectem calmaria.
Vanessa passa por mim tomando seu acento na fileira do meio, observo com vagar cada canto da sala, nada muito. A lousa continua ao lado da secretaria do Professor. A arrumação das cadeiras alinhadas em três fileiras dá a sala o espaço necessário para a locomoção. Vanessa, estende a mão indicando um lugar vago, a sigo e sento.
Tomando meu assento, folheio a banda desenhada em minha mesa. A agitação toma conta da sala, alunos correndo em busca de um assento vago, antes da entrada do professor na sala. Um senhor de meia idade entra na sala acompanhado por um jovem.
Toda a atenção da sala, inclusive a minha é virada ao novato pouso a banda desenhada e miro meu olhos directamente no novato. Seus olhos castanhos são capazes de absorver qualquer uma.
— Bom dia, meu nome é Brian. —Disse o novato com um sorriso de canto em seus lábios. Tomei atenção enquanto observava seus gestos, formas e movimentos. A medida que falava suas mãos passavam entre seus cabelos curtos, semi-cacheados castanhos.
As colegas soltaram suspiros demorados enquanto ele falava. Olívia mal conseguia ficar quieta na cadeira, outras abanavam o cabelo, e algumas apenas sorriam. Vanessa olhou para mim e sorriu, retribui seu sorriso.
— Brian, senta aqui.— Pronunciou a Carla dando um leve tapa na cadeira ao seu lado.—Só não senta perto dessa daí.-— Acrescentou aprontando o indicador para mim.
—Eu quero sentar lá— Disse Brian indicando o acento vago ao meu lado esquerdo. Mantive-me calada observando. Nesses momentos lembro de uma frase que, minha mãe vivia repetindo " um bom jogador sabe quando jogar" E esse não era o momento.
— É surdo?.— Carla falou. Brian caminhou até mim sorrindo. — Mas não é possível, alguém com sanidade mental avisa para ele?.— Exaltando a voz, Carla demonstrava estar perdendo a paciência.
— Vocês deviam dar a vossa opinião, apenas quando a mesma for solicitada. — Respondeu Brian deixando todos boquiaberta.
Olívia rugiu, Carla pareceu que viu um fantasma e Esmeralda ficou quieta só observando. Baixei minha cabeça tentando conter o sorriso, retomo minha atenção a banda desenhada enquanto Brian segue os trilhos até seu assento.
- Oi?— Sua voz ecoou para mim. Brian já havia tomado seu lugar.
— Oi. — Disse sem tirar os olhos da Banda desenhada. — Você precisa aprender a escutar.
— Você precisa aprender a olhar para as pessoas, quando estão falando com você. — Retrucou Brian.
— Boas maneiras?.— Questionei.
— Algo do gênero. — As mãos de Brian puxam a banda desenhada que eu segurava de leve. — Quem é você?.— Questionou fechando o livro de animação.
— Alguém que você não precisa conhecer. — Ele sorriu erguendo a sobrancelha.
— Quem tira as conclusões aqui, sou eu.— respondeu me deixando boquiaberta. — E, tire essa máscara de proteção.
— E você. Quem é o Brian?.— Pela primeira vez em toda nossa conversa, direciono meu olhar a ele.
— Brian é Gay. — Falou me fazendo arrelagar os olhos. — É sério. Muito sério.
— Você mente mal. — Respondi.— A verdade tarda, mas chega.
O sinal tocou anunciado o fim de uma aula, que por sinal foi passada sem nenhum professor. No momento seguinte Professor Smith entra na sala carregado de uma maleta e alguns papéis em suas mãos.
Olhar para o relógio enquanto o professor Smith fala, acabou se tornando o meu passatempo preferido, sinceramente ninguém precisa escutar a mesma lição centenas de vezes.— Martina.— Alguém sussurra o meu nome, olho para o lado, meu olhar se encontra com o dele. Arregalo os olhos diante do seu sorriso. Os novatos deviam apenas sentar e falar quando necessário, não precisa ficar sussurrando pelos cantos.Olhei para Brian depois de sua chamada, seus jeitos e posicionamentos, não demonstravam em hipótese alguma ele ser Gay. Embora não exista uma fórmula rápida para descobrir a veracidade dessa informação. Volto a minha atenção ao professor que para de falar assim que o sino ecoa pela sala de aulas. Depois de arrumar seus pertences, o Professor caminha a passos largos até a saída.Quanto aos outros colegas, arrumam seus pertences por função de tamanho, alguns correm até a saída, e outros apenas saem em grandes grupos sorrindo de uma piada nada agradáv
Brian BlancEm um momento você tem tudo que quer, e no outro, seus Pais te obrigam a escolher algo e se dedicar a isso o resto da vida. Tudo ia conforme os trios, sair, beber e usar ecstasy aguardando seus efeitos após vinte minutos.No barulho ensurdecedor da boate, gritando com o garçom pela falta de bebidas no balcão, passo a mão entre os cabelos várias vezes desfiando seus pequenos cachos. Com Miguel e Renata, meus amigos de longa data, fazendo o melhor da viva. Ser feliz.Depois de muito reclamar pela falta de bebida, e principalmente ter impedido Renata de agredir fisicamente uma das garçonetes sentei encostando meu corpo no pilar. Os feixes de luz brilhantes, a agitação em geral acaba com a minha paz. Queria eu, apenas ser um jovem normal sem deveres, e afazeres.— Já volto. — Disse Miguel levant
Martina RossAssim que saio da sala, atravesso o enorme corredor passando pelos seus pisos de madeira. Hoje como primeiro dia de aulas, os alunos organizam uma pequena festa secreta como forma de apresentação, e passatempo de um longo dia de aulas. Depois de pouco andar, avisto a porta de madeira do meu quarto, adentro na mesma a fim de me arrumar para a ocasião.Vanessa, se encontra no quarto deitada com um livro por cima de sua barriga, e outro em suas mãos. Notando a minha presença, a mesma abaixa o livro e sorri, retribuo seu sorriso.— Vai sair?.— Questionou Vanessa enquanto revirava em sua cama, por consequência um dos livros caí.— Não, eu estou me arrumando toda para passar a noite nesse quarto.— Brinco. Vanessa sorri.— Deixa eu adivinhar. — Passou a mão pelos cabelos pensativa.— Festa de abertura.— Disse seca. O desânimo ficou eminente em sua voz.— Se fo
Martina RossOs dias tornaram-se mais longos, as aulas insuportáveis e eu só queria relaxar, olho algumas vezes para o lado me certificando da presença do Brian mas desde o que rolou na fogueira ele ignorou minha presença por completo, não posso negar que bem lá no fundo isso me deixou abalada mas não posso deixar isso me dominar.Depois de umas quantas aulas chegou o dia da realização de provas e dessa vez seria em duplas,normalmente faço com a Vanessa mas ela não se sente muito bem e decidiu marcar o teste para outro dia, olhei para todos na sala mas as duplas já estavam divididas excepto o Brian que por algum motivo estava sozinho e por sinal era a minha única opção.— Você pode fazer a prova comigo se quiser.— Sorri fraco dando um olhar de confiança enquanto ele analisava a minha postura.— Já que não tenho outra opção.— Respondeu com uma certa arrogância o que mudou meu humor pior na verda
Martina RossÚltimos olhares, últimas palavras, caminho até a porta de saída da sala sinceramente estou tentando analisar todas as acções da aula de teatro, minha mente viaja entre a atuação ou realidade, perguntas atormentam a minha cabeça.- Vai realmente fugir de mim?.- Esbarro em Brian na saída do corredor, nada mudou continua com a mesma roupa com as mãos dentro de seus bolsos, encostado a parede olhando para mim.— Sem motivos. — Passo por ele porém, algo me trava tenha certeza que seja um puxão, meio minuto depois eu estava próxima a ele em uma disputa de olhares.— Me solta agora, não tenho nada pra falar com você.—minha voz soou brava, eu realmente estou chateada com toda essa situação minha vontade é dar um chute no meio de suas pernas só pra servir de lição.—Eu quero falar com você, na verdade você está me devendo isso desde o castigo.—Sorriu para amenizar a situação porém eu não
Brian BlancO tempo que passo com ela é sem dúvida a melhor parte do meu dia. A sombra de mistérios caí só de ela, ninguém conhece suas origens, apenas seu passado conturbado e suas acções complexas a tornam no ser que é.Não tem como definir essa garota, ela é obstinada, sabe o que quer, porém a sua péssima reputação vai a seguir para todos os lados. Queria eu, que ela me permitisse olhar para ela de um modo tão profundo e diferente, sonho em conhecer o interior dessa garota, quero estudar cada centímetro dela, entretanto reservo no meu íntimo cada pensamento sobre meus desejos indecentes com a mesma.Desfrutar do almoço em sua companhia, foi mais do que suficiente para aquecer meu coração, acelerar meu corpo de maneira incomum. Já provei várias drogas, nenhuma é como Martina Ross. Dando sinais discretos do meu interesse, passei os dedos na palma de suas mãos de vez em quanto, seu olhar mortífero baixou sobre mim mostrando descontentamento.
Martina RossNão consigo acreditar nas últimas palavras dele, como alguém ousa em dizer que o medo invade o meu corpo, é necessário não conhecer-me para pensar algo assim. Ainda permanecem vivas suas palavras em minha cabeça. Medo de amar.Meu medo é não saber amar, lembro-me como ontem, dei tudo de mim para Marcos, mas do que eu mesma podia dar. Ele levou tudo de mim, minhas lágrimas, sensibilidade, e principalmente a capacidade de voltar a sentir borboletas no estômago quando alguém me olha com ternura e desejo. Dois dias. Em dois dias Brian não olha para minha cara, na maioria das vezes em que esbarro nele, Carla é sua companheira. Palavras me faltam para descrever a raiva que sinto de vê-los um grudado no outro.[...]A claridade invade o quarto passando pela janela aberta, atravessa a cortina Branca distribuindo feixes de luz pelo quarto. Reviro vezes sem conta meu corpo
Martina Ross[...]—Merda...— Gemo de dor. Que diabos aconteceu nesse quarto, meu polegar está vermelho a batida foi forte.O quarto está todo diferente, papéis jogados no chão, lençóis espalhados basicamente tudo está fora do lugar. Caminho mais para frente, vejo Vanessa abaixada jogando cada vez mais coisa.—Se você está tentando arrumar lamento informar que o fracasso é eminente. —Forço um riso, a dor me trai.—Vai a merda.— Ela simplesmente diz.—Você quer ajuda, eu posso dobrar a sua língua agora mesmo.— Falo chutando os papéis que encontro pelo caminho, Vanessa é diferente de mim ou é apenas certinha.—Desculpa...eu..perdi um dos meus livros favoritos.— Explica ela, enquanto arrumava uma parte dos papéis pousando sobre o criado mudo.—Você poderia comprar outro, simples. — Solto um riso involuntário.— Comp