Capítulo 3

Brian Blanc

Em um momento você tem tudo que quer, e no outro, seus Pais te obrigam a escolher algo e se dedicar a isso o resto da vida. Tudo ia conforme os trios, sair, beber e usar ecstasy aguardando seus efeitos após vinte minutos. 

No barulho ensurdecedor da boate, gritando com o garçom pela falta de bebidas no balcão, passo a mão entre os cabelos várias vezes desfiando seus pequenos cachos. Com Miguel e Renata, meus amigos de longa data, fazendo o melhor da viva. Ser feliz. 

Depois de muito reclamar pela falta de bebida, e principalmente ter impedido Renata de agredir fisicamente uma das garçonetes sentei encostando meu corpo no pilar. Os feixes de luz brilhantes, a agitação em geral acaba com a minha paz. Queria eu, apenas ser um jovem normal sem deveres, e afazeres. 

— Já volto. — Disse Miguel levantando-se da cadeira metal na frente do balcão seguindo até a pista de dança. 

— Preciso ir para casa. — Comuniquei a Renata. — Por hoje chega!

— Você precisa provar algo antes de ir. — Sussurrou próximo ao meu ouvido. Um sorriso se forma em seus lábios rosados. Renata é loira de pele branca, seus vestes nada descentes criavam problemas em qualquer lugar. Um dos mil motivos pelo qual minha mãe não gosta dela. 

— Ótimo. — Concordo. 

Segurando firme em sua bolsa preta com detalhes extravagantes, Renata remove o frasco branco. Seu sorriso continua permanente. Com as mãos trémulas, a mesma abre o frasco saltando para fora comprimidos de diversas cores e formatos. 

— Você anda tenso demais, com um pouco de sorte ecstasy vai relaxar você. — Falou Renata. 

— Isso mata. — Adverti. Nunca usei drogas pesadas, em tempos limitei-me apenas a cigarros. 

— Não se você souber usar. — Sorriu. — Só para relaxar. 

— Não. — Recusei. 

— Homem de pegação, mas quando se trata de pegar algo de verdade amarela. — Rindo Renata falava. 

Meu ego. Tudo que faço é preservar ele, quanto mais alguém duvidar da minha capacidade para algo, mais me proponho a fazer apenas como justificativa para alimentar meu ego. 

Arrancando o frasco de suas mãos, tiro dois comprimidos circulares amarelos dirigindo os mesmo até a boca sem delongas. Com a vodka em meu copo, uso em função de água fazendo os comprimidos seguirem seu percurso. 

— Satisfeita. — Forcei meu melhor sorriso. 

— Você ficará. — Gargalhou. 

Trinta minutos. Em trinta minutos, a insónia bate a porta, minha visão fica turva. Do pouco que lí sobre ecstasy, esses são os efeitos primários. Com a garganta seca procuro por água no balcão, entretanto  apalpo copos circulares com vodka no centro do balcão de mármore.

  — Me leva para casa. — Pedi. Meu pedido foi vazio.Sem respostas. — Me leva pra casa. — Choramingo sentido meu corpo mudar. A euforia some como água despejada no deserto. 

Revirando entre as cobertas da cama, tentando buscar um canto seco, já que o restante está todo ensopado de suor. Meu sonho. A maldição da noite. A noite da minha imaturidade. Meus olhos levemente se abre revelando minha atual situação. Com o corpo coberto por uma fina camada de suor, passo a mão pelos cabelos úmidos, suspiro profundamente enquanto me sento na cama. 

A passagem da minha imaturidade martelando cada pedaço da minha consciência. Uma atitude errada, levou ao meu confinamento nesse local. Nem nos meus piores pesadelos pensei que viveria aqui, afastado do mundo. Afastando as lembranças do sonho em mim. A passos lentos, caminho até o banheiro a fim de limpar meu corpo e com sorte, a água leve em uma corrente todos os pensamentos negativos de mim. 

Adentro no banheiro, entrando directamente no box. Ligando o chuveiro permito-me sentir cada gotículas de água em minha pele, a sensação de relaxamento muscular não tarda a aparecer. Parado com a água caindo em minha cabeça, brinco fazendo caretas. Dou gargalhada. 

Saio do banheiro enrolado em uma toalha, ainda molhado, caminho até o armário, a calça jeans azuis e a camiseta preta chamam minha atenção, assim que pego nas peças, seco meu corpo e visto o mais rápido possível. 

Queria explorar a Mansão nos mínimo detalhes, entretanto o único detalhe que tomou minha atenção profundamente foi ela. Martina. Seus olhos azuis trazem a tranquilidade do mar, e o desejo de se afogar neles. Sua personalidade ainda é um enigma para mim, difícil de agradar Martina toma toda a atenção onde passa sem ao menos tentar. 

A meses atrás, amaldiçoei eternamente a chamada que colocou-me aqui, mas desde que cá cheguei meu corpo teve sensação por mim desconhecidas. Ecstasy nenhuma seria capaz de fazer-me sentir assim.  Sorrindo ao lembrar de seu rosto angelical abro a porta do quarto seguindo pelo corredor. 

— Brian. — Uma voz grossa chama por mim. Virei-me a fim de conhecer o dono da voz. O rapaz olha para mim sorrindo.

— Oi. — Respondi.  O rapaz caminha até mim ainda com um sorriso em seu rosto, seus olhos estão vermelhos. — Você está bem?.— Questionei. — Seu comportamento além de estranho parece suspeito, reconheço pessoas assim desde que tornei-me amigo de Renata e Miguel. 

— Melhor impossível. — Gargalhou sem humor tornando tudo mais suspeito ainda. — Você quer?.— Estendeu a mão mostrando comprimidos de várias cores, por experiência própria eu sabia o que era. 

— Ecstasy. — Abanei a cabeça em negação.— Você não precisa disso para se sentir livre e eufórico. — Falei fazendo o mesmo arregalar os olhos. 

— Você não sabe de nada. — Pegando no comprimidos o mesmo os devolve em seus bolsos frontais do jeans. — Você não entende. — O moreno falou. 

— Eu sei de tanta coisa. — Suspirei lembrando do sonho. 

— FESTA. — Uma loira passou gritando. O grito agudo assustou o moreno que saí correndo, quando penso em correr atrás Carla segura meu braço firme. 

— Vem comigo. — Falou sorrindo.  Tentei recusar, a conheço o suficiente para saber das consequências de estar no mesmo local que ela. — Agora. — Gritou. 

— Se você parar com essa gritaria eu vou. — Carla concorda sorrindo. 

Passamos pelos corredores até um pequeno trilho de árvores, ao longo avisto mesas e cadeiras espalhadas, uma fogueira com pessoas assando Marshmallow enquanto bebiam. 

— Bem-vindo a festa de abertura. — Sussurrou próximo a meu ouvido. 

Ainda puxando minha mão, Carla me apresenta a seus colegas que calorosamente trocam abraços e saudações comigo.

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