Novamente, ela chamava, seus braços procurando algo a frente do corpo, como se quisessem alcançar algo que estava além de sua compreensão. A sensação estagnada da terra molhada se grudando em seus pés, entrando pelas aberturas entre os dedos e enlameando a barra do vestido vermelho. Vermelho como fogo. Vermelho como sangue gotejando de um ferimento recente. Escuro, pesado e molhado. E o som das sílabas desaparecia, levando sua voz junto com o vento que chicoteava seus cabelos.
E aquela voz. Sumindo em meio ao nada.
Escuro.
Doloroso.
Tempestuoso.
Desacalentador.
OCemitério da cidade de Saint Louis era grande, e uma grama verde e cintilante cobria o chão em espaços intercalados de terreno em meio aos túmulos. As grandes esculturas em pedra de anjos guerreiros em combate estavam distribuídas pela relva macia, criando um cenário épico carregado de histórias não contadas sobre heróis e vilões que não eram lembrados, esquecidos no tempo e nas memórias perdidas pela morte que predominava o ambiente funesto. As nuvens carregadas à cima se confundiam em tons de vermelho e cinza, anunciando em vozes de trovão a grande tempestade que se aproximava vinda do leste. O vento impetuoso soprava por entre as lápides, as quais Evangeline aprendera a se acostumar. Os formatos, a textura, o significado. Tudo era familiar para ela. Até o peso angustiante e sombrio
Antes que Evangeline tivesse tempo de ter algum pensamento lógico, ou de puxar o ar para dentro dos pulmões novamente, ela foi arremessada para o lado, surpreendida pela força e a rapidez da Falange, que se levantara e arrebatara a espada do chão mais rápido do que um piscar de olhos.― Corra! ― A Falange gritou, mergulhando a frente como um gato.Evangeline caiu novamente sobre as pernas, ainda surpresa pela rapidez com a qual fora interceptada. O único que ainda conseguia surpreendê-la desse jeito, era o próprio Robert, que costumava ter os reflexos duas vezes melhores que os dela. Quando parou de rolar, e conseguiu endireitar a espinha novamente, afastando os cabelos dos olhos, tentou focalizar a visão sobre a batalha, onde uma enorme sombra
Para:Evangeline TravisDe:Membros do ConselhoO Grande Punho preside. O Punho é a Lei. A Lei é cega.Devido a recentes acontecimentos monitorados por nossos Centros de Controle, foi declarada a vigência dos tempos de luta da Guerra declarada das Trevas contra a facção da Luz. Em vista das novas ameaças que estão dominando o mundo, foi deliberado em Conselho o apreço e a necessidade por uma escolta de Guardiões capacitados e jovens para proteger nosso Grande Punho, visando que nossa força está na juventude. Desta forma, foi decretado, que todo o ÚLTIMO FILHO de cada família Falange em todos os arredores do mundo, com idade a partir dos dezesseis anos, de
Novamente, Ágape cortava o ar como um relâmpago cinzento em meio a noite escura, mas desta vez, ele tinha uma rota, e Evangeline, um objetivo. Chegar em casa o quanto antes possível, mesmo que isso significasse fazer o pobre cavalo correr como um maluco novamente. Mas o Corcel não parecia se importar. Era quase como se sentisse as emoções da dona, e prova disso, fora seu empenho em satisfazer sua vontade mais cedo, como se soubesse que era daquilo que ela precisava.Quando finalmente chegou ás portas da fazenda Travis, Evangeline não se importou em guiar Ágape até a baia novamente, prometendo-lhe em um sussurro rápido que voltaria logo.Depois disso, entrou correndo portas a dentro, chamando a mãe mais alto do
Não sabia há quanto tempo estava escovando Ágape, com os pensamentos próximos a qualquer coisa que estivesse além das montanhas de Giliade, pensando em tudo enquanto tentava não pensar em nada. Evangeline era péssima com essas coisas. Em ignorar acontecidos. Eles ficavam rebobinando em sua cabeça, de segundo em segundo, incansavelmente.A conversa com Ravenna sobre casamento, o acontecimento na estalagem Craig's, a morte de seu pai, a luta com o Órganon, a Falange Mensageira, o Decreto, a discussão com sua mãe, a recente conversa estranha com George... era como se estivesse revivendo cada momento, enquanto os trovões anunciavam mais uma tempestade se aproximando do Norte, lançando avisos barulhentos que faziam o pobre Ágape se encolher de encontro
Ofrio acertou o rosto de Evangeline como se longos dedos em garras estivessem se prendendo á sua pele, multiplicando sua apreensão.Seu coração se apertou ao constar que dessa vez, teria de deixar Ágape para trás. O Corcel era seu único aliado, no entanto, não contaria com seu apoio para aquilo. Evangeline sentiu tanto por isso, que nem mesmo teve coragem de se dirigir até o estábulo pela última vez."Não vai ser a última. Céus... você não vai morrer. Vai apenas retalhar alguns medíocres".A noite estava quase tão cheia de sombras quanto seu coração.
-Uma montanha? ― a voz de Evangeline soou perplexa em meio à noite escura ― Eu menti para George, enganei minha família, e fugi de casa para pular de umamontanha??? ― ela se afastou do desfiladeiro, encarando o Conjurador com certa dose de desconfiança. — Você tem algum problema mental, não tem?Ele fez um aceno debochado com as mãos.— Ora, não exagere Srta. Travis. Está sendo dramática.O vento frio acertava seu rosto com força, chicoteando seus cabelos em todas as direções. O ar estava um tanto rarefeito, considerando a altitude na qual se encontravam no momento, e a névoa branca lá em baixo criava ondula&ccedi
PARTE IIVOZES VELADASVozes veladas,veludosasvozes,Volúpiasdos vilões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes, Dos ventos, vivas, vãs,vulcanizadas."Cruz e Souza.***A<