CAPÍTULO 60 Valéria Muniz Fiquei muito assustada, o Théo saiu e essa mulher esnobe encostou em mim, me tratando como se eu fosse uma mendiga, mas coloquei a minha melhor roupa, aquela que Théo me deu, o que está acontecendo? Meu coração disparou, ao saber que não era bem vinda, parecia que estava pressentindo. Mas quando ouvi a voz do meu tenente, e senti a sua mão na minha, foi como poder respirar novamente, aliviou um pouco, mas a mulher insistiu: — Eu me recuso a frequentar um restaurante com pessoas que se vestem dessa maneira, esse é um restaurante sofisticado, no mínimo deveria ser exigido um esporte fino! O senhor é o dono, não é? Se quiser que pessoas como “eu” e minha família continuem frequentando aqui, terá que expulsá-los! — abri a boca em espanto, não gostaria de passar por tal humilhação, estávamos tão mal vestidos, assim? Ou seria eu acima do peso, sem muita beleza? — Théo... — puxei seu braço, querendo ir embora. — Senhorita Desi
CAPÍTULO 61 Valéria Muniz “Quem me dera, se pudesse olhar pra ele, como disse que olhei”... Suspirei ao tentar imaginar como ele é, como seria olhá-lo sair para trabalhar agora, me perdi em pensamentos lembrando do seu rosto que foi tocado pela minha mão, até que dei um leve saltinho ao ouvir: — Boa tarde! Como está a recém casada mais pensativa que já conheci? — Edineia me abraçou e me deu um beijo no rosto. — Boa tarde, Edineia! Senti a sua falta. — ouvi alguns barulhos suaves e vi seu vulto pela cozinha. Ela já estava organizando as coisas, eu gostaria de poder ajudar, então comecei a verificar devagar, com as mãos. — E, eu também! Desde o casamento estou guardando as coisas que vi para te contar! Não te falei nada naquela noite, e Val... você não faz ideia de como deixou o noivo! — as suas palavras me fizeram parar de fazer qualquer coisa, eram tão entusiasmadas que cheguei a puxar uma cadeira para ouvir. — Ah é? Como seria isso? —
CAPÍTULO 62 Valéria Muniz — Rosas... — falei baixinho, agora eu reconhecia bem o cheiro — No quintal da minha casa tinha, quando a minha mãe era viva... — senti o abraço dele mais forte. — E, porque depois, não? — tirou uma mecha do meu cabelo do rosto, mas esse era um assunto difícil de lembrar. — Aaron arrancou para me bater quando descobriu sobre os custos do oftalmologista, e como castigo, não permitiu que ninguém plantasse novamente, não sei se ficaram as marcas dos espinhos nas minhas pernas, nunca consegui ver, mas sei que sangrou. — Infeliz! Como esse cara consegue ser tão babaca, assim? No mínimo ele deveria ter pago os custos, e... Val, você nunca o denunciou? Não tem leis, lá? — Ele me ameaçava o tempo todo. Foi muito difícil aprender a sair de casa, para ir na consulta eu precisei fugir dele, precisei da ajuda de várias amigas, nem sabia andar na cidade. A minha melhor amiga me ajudaria se eu quisesse denunciar, mas nesse dia ele me a
CAPÍTULO 63 Theodoro Almeida — É claro que tenho sentimentos por você, Val! Tenho um carinho diferente, você é especial. — ela tinha um sorriso um pouco tímido, puxei a cadeira para que sentasse, me sentei quase de frente pra ela. — Carinho? Tipo como de irmã? Ou como tem por Anelise? — Dá na mesma, Val... — respondi de imediato. — Na mesma? — estranhei a pergunta. — Oras, Anelise é como uma irmã, e você... — parei no mesmo instante em que percebi o que eu estava dizendo. Desde quando, Anelise se tornou uma irmã? O que estava acontecendo comigo? — Eu, sou o quê Théo? — ela esperava por uma resposta e fiquei um pouco confuso. — Você é diferente, Val... ficará chateada se eu disser que não sei explicar? — negou. — Não, se apenas for sincero, é suficiente. — Juro que estou sendo. Eu não sei se te falaram mais coisas sobre Anelise, mas saiba que hoje, vejo-a de outra forma, “você” é a minha esposa, a mulher que tenho feito plano
CAPÍTULO 64 Theodoro Almeida No outro dia: Acordei cedo, mas o motorista do Vicente e da Ane veio buscar a Val, então deixei ela ir e fui para o quartel. Edineia está com uma chave, e vem depois do almoço para organizar e esperar a chegada da Val. Passei alguns stresses com o outro tenente, no quartel, mas isso já é normal, não vou perder o restante do dia e toda a noite, por culpa dele. Quando cheguei em casa, Val estava linda. Reconheci o vestido, mas vi que foram feitos ajustes, certamente foi Edineia. — Théo! — Valéria me cumprimentou animada, pensei que ganharia um beijo, mas me puxou para o sofá, pelo visto já conhece bem a casa. — Deixa eu te contar! O Samuel ficou muito feliz em me ver, você morreria de ciúmes! — Ah é? Acho que já estou, não ganhei nem um beijo! — ela ficou vermelha. — Nossa, mas pensei que o ciúme seria do seu sobrinho! — Agora, sabe que não... — ela veio me dar um beijo, e então vi Edineia com a
CAPÍTULO 65 Theodoro Almeida Entramos feito loucos naquele carro, Vicente não pegou leve com o acelerador, cantaram os pneus e numa manobra incrível, levamos segundos, e já estávamos na avenida. Fiquei desesperado, como aquele infeliz levou a minha esposa bem na minha frente? Isso jamais poderia acontecer! — FORAM PRA ESQUERDA! — gritei, enquanto abria o porta-luvas e pegava a pistola com silenciador que havia lá. Olhei para todos os lados, pensando nas possíveis fugas que ele faria. — Cuidado que eles podem atirar! Deixe que eu me aproxime, primeiro. — Vicente avisou, mas sei bem como funciona, já fui abrindo o vidro, e ele se concentrou em tirar o carro do automático e diminuir a marcha, para adquirir velocidade, fiquei impressionado com a sua facilidade com o volante, ele era muito bom. — Deveríamos ter vindo com o meu, podem estragar seu carro! — avisei, mas Vicente acelerou mais. — Não tem problema, tem seguro. — nisso o carro que
CAPÍTULO 66 Theodoro Almeida O vidro do parabrisa do carro do Vicente havia estilhaçado com o tiro, mas dei graças a Deus, não havia acertado ninguém, e Valéria ainda estava segura. “Não posso falhar em proteger a minha esposa!“ — respirei fundo. — NÃO SE MEXAM, E TODOS FICARÃO BEM, EU SÓ PRECISO LEVAR A MULHER! — o cara gritou levantando a arma na altura dos ombros, o cano virado pra cima, mas bastou um olhar dele para o Vicente, seguido de um olhar para a direção de Valéria, e atirei na mão onde estava a arma com precisão, fazendo-o derrubá-la, e em menos de um segundo, na sua canela. — EU PEGO A ARMA! — Vicente gritou, se jogando à frente, e dando um belo chute no cara que já estava no chão, e quando vi que ele já dominava o infeliz, tentei abrir o carro, porém estava trancado, enquanto Val batia deliberadamente no vidro, com o semblante pouco visível por causa da escuridão onde só havia as luzes dos carros, mas estava desesperada. Passei as
CAPÍTULO 67 Theodoro Almeida — Calma, respira fundo. — coloquei as mãos nela, comecei a acariciar seus braços, seu corpo, rapidamente. — Tenho medo, Théo. — Você ficou nervosa, estava bem escuro, apenas as luzes dos carros, fique tranquila. Se não quiser abrir os olhos, tudo bem, fique com eles fechados, me dê os óculos, eu guardo pra você. — coloquei a mão nos óculos, e ela me deixou tirar. — Você confia em mim, não é? — Sim. — Então encoste a cabeça, deite-se no banco e descanse um pouco. Não abra os olhos, espere até que eu diga. Eu vou segurar na sua mão enquanto dirijo, você vai saber que estou aqui, mas tente não pensar em nada disso. — Está bem. — Lembre-se de um momento bom... quem sabe o dia em que entramos na piscina? Você se lembra, Val? — ela foi encostando no banco, não abriu mais os olhos, tentei ao máximo ficar com a mão direita sobre a dela. A nossa casa era próxima da casa dos Cardoso, quando chegamos guardei seus óculos