CAPÍTULO 66 Theodoro Almeida O vidro do parabrisa do carro do Vicente havia estilhaçado com o tiro, mas dei graças a Deus, não havia acertado ninguém, e Valéria ainda estava segura. “Não posso falhar em proteger a minha esposa!“ — respirei fundo. — NÃO SE MEXAM, E TODOS FICARÃO BEM, EU SÓ PRECISO LEVAR A MULHER! — o cara gritou levantando a arma na altura dos ombros, o cano virado pra cima, mas bastou um olhar dele para o Vicente, seguido de um olhar para a direção de Valéria, e atirei na mão onde estava a arma com precisão, fazendo-o derrubá-la, e em menos de um segundo, na sua canela. — EU PEGO A ARMA! — Vicente gritou, se jogando à frente, e dando um belo chute no cara que já estava no chão, e quando vi que ele já dominava o infeliz, tentei abrir o carro, porém estava trancado, enquanto Val batia deliberadamente no vidro, com o semblante pouco visível por causa da escuridão onde só havia as luzes dos carros, mas estava desesperada. Passei as
CAPÍTULO 67 Theodoro Almeida — Calma, respira fundo. — coloquei as mãos nela, comecei a acariciar seus braços, seu corpo, rapidamente. — Tenho medo, Théo. — Você ficou nervosa, estava bem escuro, apenas as luzes dos carros, fique tranquila. Se não quiser abrir os olhos, tudo bem, fique com eles fechados, me dê os óculos, eu guardo pra você. — coloquei a mão nos óculos, e ela me deixou tirar. — Você confia em mim, não é? — Sim. — Então encoste a cabeça, deite-se no banco e descanse um pouco. Não abra os olhos, espere até que eu diga. Eu vou segurar na sua mão enquanto dirijo, você vai saber que estou aqui, mas tente não pensar em nada disso. — Está bem. — Lembre-se de um momento bom... quem sabe o dia em que entramos na piscina? Você se lembra, Val? — ela foi encostando no banco, não abriu mais os olhos, tentei ao máximo ficar com a mão direita sobre a dela. A nossa casa era próxima da casa dos Cardoso, quando chegamos guardei seus óculos
CAPÍTULO 68 Valéria Muniz Sabe quando você fica tão feliz que não consegue se mover, mal consegue falar, mas as emoções gritam por você? É exatamente assim que estou me sentindo. Eu nunca havia sentido isso na minha vida. Antes de perder a visão, não valorizei a dádiva de enxergar, por que jamais imaginei perder isso um dia, também não tive tantos momentos emocionantes, até posso dizer que se tornaram nulos, agora. Deitados sobre a cama, comecei a pensar tantas coisas: — Agora quando te tocar conseguirei te ver. Não tenho mais a visão, mas te vejo com a alma, com o toque — acariciei o seu cabelo curto, cortado tão baixo, realçando seu rosto tão lindo, agora sei como é com clareza. — Ainda quer continuar casada comigo? Agora que me viu, pode ser que não goste... — sua voz era carregada de humor, Theodoro conseguiu me fazer gargalhar, então ele me fez cócegas, enquanto gargalhava comigo. — Você é um gato, agora ficarei com mais ciúmes. — lembrei do seu porte grande, seu r
CAPÍTULO 69 Theodoro Almeida (No dia seguinte) Valéria foi com o motorista do Vicente e eu vim para o quartel. Mais um dia agitado, com soldados e recrutas me trazendo problemas como de costume, com o coronel. Se meus homens não seguem as regras a risca, sou eu quem responde por isso aqui dentro. O pior é que hoje preciso me apresentar, explicar ao coronel os motivos de ter atirado naquele homem. Bati continência ao entrar, o coronel já me aguardava. — Tem algo a explicar, tenente Almeida? Já fui informado das suas ações, agora me diga, você, o que aconteceu. — Bom, eu fui forçado a agir em legítima defesa. Um indivíduo sem identificação raptou a minha esposa deficiente visual, na frente da casa de amigos nossos, então entramos em perseguição. — O CEO Vicente Cardoso, não é? Ele já se apresentou e foi verificado que a arma é registrada, ele possui porte, isso é bom. — Sim. Perseguimos o indivíduo e eu não estava com a minha arm
CAPÍTULO 70 Theodoro Almeida Saí daquela delegacia preocupado, pois o tal Idan estava jogando, tentando desviar a atenção da polícia para mim, e protegendo o astuto Ezequiel. Qual seria a importância desse homem em seu país? Para todos se submeterem a ele? Sei que por capricho e sentimento de posse, não desistirá tão cedo da Val, a não ser que seja descoberto e preso, e eu vou até o fim para que isso aconteça pelo bem da minha menina. Celular tocando: — Alô! — Boa tarde, Theodoro! É a Edineia, só estou avisando que o senhor Vicente Cardoso ligou, dizendo que Valéria preferiu ficar mais um pouco com o Samuel e logo o motorista a traria pra cá. — Ah, tudo bem! Obrigado por avisar, Edineia. — De nada. — Você já pode ir, Edineia. Se a Val não vai pra casa, pode ir descansar. Eu chego mais cedo, hoje. — Está bem, obrigada. . Passei a tarde trabalhando, fui para a casa, porém já estava tarde e ela não havia chegado, então fui bus
CAPÍTULO 71 Theodoro Almeida — O que foi, Théo? — Anelise me perguntou, mas eu mal consegui responder, só queria ir atrás da Valéria. — Vou até o local que encontraram o veículo do Vicente. — falei, virei as costas e fui saindo. — Dê notícias! — ouvi a sua voz já mais baixa, por estar longe, nem me despedi. Acho que nunca dirigi tão rápido na minha vida, eu sabia exatamente onde era aquele local que o Vicente me enviou, mas me negava a aceitar que eles haviam levado ela. “Quão poderoso é Ezequiel?“ Ao se aproximar do local tão amplo, não vi nenhum avião, nem carros. Esse lugar normalmente é assim mesmo, sempre está vazio e é mais utilizado para voos particulares, porém Vicente me disse que o carro do seu motorista estaria aqui, e desci do meu carro para procurar. Do outro lado dos arbustos percebi que havia algo, entrei rapidamente e foi ali que tive certeza, era o carro que eu estava procurando. Imediatamente fui até lá e encontrei c
CAPÍTULO 72 Valéria Muniz — Por que o carro parou? — perguntei ao motorista dos Cardoso, ao perceber que demorou para continuar o trajeto. — Moço? Além de não ouvir a resposta que eu esperei, percebi que apenas a minha porta foi aberta, e já entendi que começaria tudo de novo. Alguém me puxou pelo braço, e pelo movimento mais brusco, eu sabia que não reconheceria o cheiro... não era o mesmo de antes, seu perfume era cítrico, mas também não era nenhum conhecido. — ME SOLTA! O QUE ESTÁ FAZENDO COMIGO? — comecei a me debater e a tentar me soltar, o dia já estava para escurecer mas ainda havia a luz. No terceiro movimento, o pior aconteceu... os meus óculos caíram e fiquei ainda mais no escuro, sem poder ver absolutamente nada. — ME SOLTA, ME DEIXEM VIVER EM PAZ, POR FAVOR! — com todas as forças joguei meu corpo de um lado para outro, enquanto gritava. — Se não colaborar terei que te dopar pra levar até Ezequiel! — a voz era masculina, parecia
CAPÍTULO 73 Valéria Muniz Fiquei apavorada ao tocar a roupa que a mulher me entregou. — Moça, eu não costumo usar roupas que mostrem as pernas, me arruma uma camiseta e uma calça, por favor! — ouvi a mulher gargalhar. — Você exige demais, daqui a pouco Ezequiel se enche de você! — me ajoelhei sobre a cama. — Então é possível? Se eu irritá-lo ele me deixa em paz? — Provavelmente... — ela respondeu, e de repente... — Pare de assustar a minha convidada, Luciana! — estremeci ao ouvir uma voz masculina atrás de mim, apertando a roupa sobre o meu corpo. — Ezequiel... veio mais cedo? — a moça que estava comigo perguntou, e fiquei em alerta, “o velho havia chegado!“ — Nos dê licença, Luciana! Quero conversar com a fujona. — engoli seco, sem conseguir ver uma fresta de luz, que dirá o rosto do velho que havia me sequestrado. — Sim, senhor! — disse a moça, que agora sei que se chama Luciana. Estranhei que a voz que falava comigo não parecia