CAPÍTULO 63 Theodoro Almeida — É claro que tenho sentimentos por você, Val! Tenho um carinho diferente, você é especial. — ela tinha um sorriso um pouco tímido, puxei a cadeira para que sentasse, me sentei quase de frente pra ela. — Carinho? Tipo como de irmã? Ou como tem por Anelise? — Dá na mesma, Val... — respondi de imediato. — Na mesma? — estranhei a pergunta. — Oras, Anelise é como uma irmã, e você... — parei no mesmo instante em que percebi o que eu estava dizendo. Desde quando, Anelise se tornou uma irmã? O que estava acontecendo comigo? — Eu, sou o quê Théo? — ela esperava por uma resposta e fiquei um pouco confuso. — Você é diferente, Val... ficará chateada se eu disser que não sei explicar? — negou. — Não, se apenas for sincero, é suficiente. — Juro que estou sendo. Eu não sei se te falaram mais coisas sobre Anelise, mas saiba que hoje, vejo-a de outra forma, “você” é a minha esposa, a mulher que tenho feito plano
CAPÍTULO 64 Theodoro Almeida No outro dia: Acordei cedo, mas o motorista do Vicente e da Ane veio buscar a Val, então deixei ela ir e fui para o quartel. Edineia está com uma chave, e vem depois do almoço para organizar e esperar a chegada da Val. Passei alguns stresses com o outro tenente, no quartel, mas isso já é normal, não vou perder o restante do dia e toda a noite, por culpa dele. Quando cheguei em casa, Val estava linda. Reconheci o vestido, mas vi que foram feitos ajustes, certamente foi Edineia. — Théo! — Valéria me cumprimentou animada, pensei que ganharia um beijo, mas me puxou para o sofá, pelo visto já conhece bem a casa. — Deixa eu te contar! O Samuel ficou muito feliz em me ver, você morreria de ciúmes! — Ah é? Acho que já estou, não ganhei nem um beijo! — ela ficou vermelha. — Nossa, mas pensei que o ciúme seria do seu sobrinho! — Agora, sabe que não... — ela veio me dar um beijo, e então vi Edineia com a
CAPÍTULO 65 Theodoro Almeida Entramos feito loucos naquele carro, Vicente não pegou leve com o acelerador, cantaram os pneus e numa manobra incrível, levamos segundos, e já estávamos na avenida. Fiquei desesperado, como aquele infeliz levou a minha esposa bem na minha frente? Isso jamais poderia acontecer! — FORAM PRA ESQUERDA! — gritei, enquanto abria o porta-luvas e pegava a pistola com silenciador que havia lá. Olhei para todos os lados, pensando nas possíveis fugas que ele faria. — Cuidado que eles podem atirar! Deixe que eu me aproxime, primeiro. — Vicente avisou, mas sei bem como funciona, já fui abrindo o vidro, e ele se concentrou em tirar o carro do automático e diminuir a marcha, para adquirir velocidade, fiquei impressionado com a sua facilidade com o volante, ele era muito bom. — Deveríamos ter vindo com o meu, podem estragar seu carro! — avisei, mas Vicente acelerou mais. — Não tem problema, tem seguro. — nisso o carro que
CAPÍTULO 66 Theodoro Almeida O vidro do parabrisa do carro do Vicente havia estilhaçado com o tiro, mas dei graças a Deus, não havia acertado ninguém, e Valéria ainda estava segura. “Não posso falhar em proteger a minha esposa!“ — respirei fundo. — NÃO SE MEXAM, E TODOS FICARÃO BEM, EU SÓ PRECISO LEVAR A MULHER! — o cara gritou levantando a arma na altura dos ombros, o cano virado pra cima, mas bastou um olhar dele para o Vicente, seguido de um olhar para a direção de Valéria, e atirei na mão onde estava a arma com precisão, fazendo-o derrubá-la, e em menos de um segundo, na sua canela. — EU PEGO A ARMA! — Vicente gritou, se jogando à frente, e dando um belo chute no cara que já estava no chão, e quando vi que ele já dominava o infeliz, tentei abrir o carro, porém estava trancado, enquanto Val batia deliberadamente no vidro, com o semblante pouco visível por causa da escuridão onde só havia as luzes dos carros, mas estava desesperada. Passei as
CAPÍTULO 67 Theodoro Almeida — Calma, respira fundo. — coloquei as mãos nela, comecei a acariciar seus braços, seu corpo, rapidamente. — Tenho medo, Théo. — Você ficou nervosa, estava bem escuro, apenas as luzes dos carros, fique tranquila. Se não quiser abrir os olhos, tudo bem, fique com eles fechados, me dê os óculos, eu guardo pra você. — coloquei a mão nos óculos, e ela me deixou tirar. — Você confia em mim, não é? — Sim. — Então encoste a cabeça, deite-se no banco e descanse um pouco. Não abra os olhos, espere até que eu diga. Eu vou segurar na sua mão enquanto dirijo, você vai saber que estou aqui, mas tente não pensar em nada disso. — Está bem. — Lembre-se de um momento bom... quem sabe o dia em que entramos na piscina? Você se lembra, Val? — ela foi encostando no banco, não abriu mais os olhos, tentei ao máximo ficar com a mão direita sobre a dela. A nossa casa era próxima da casa dos Cardoso, quando chegamos guardei seus óculos
CAPÍTULO 68 Valéria Muniz Sabe quando você fica tão feliz que não consegue se mover, mal consegue falar, mas as emoções gritam por você? É exatamente assim que estou me sentindo. Eu nunca havia sentido isso na minha vida. Antes de perder a visão, não valorizei a dádiva de enxergar, por que jamais imaginei perder isso um dia, também não tive tantos momentos emocionantes, até posso dizer que se tornaram nulos, agora. Deitados sobre a cama, comecei a pensar tantas coisas: — Agora quando te tocar conseguirei te ver. Não tenho mais a visão, mas te vejo com a alma, com o toque — acariciei o seu cabelo curto, cortado tão baixo, realçando seu rosto tão lindo, agora sei como é com clareza. — Ainda quer continuar casada comigo? Agora que me viu, pode ser que não goste... — sua voz era carregada de humor, Theodoro conseguiu me fazer gargalhar, então ele me fez cócegas, enquanto gargalhava comigo. — Você é um gato, agora ficarei com mais ciúmes. — lembrei do seu porte grande, seu r
CAPÍTULO 69 Theodoro Almeida (No dia seguinte) Valéria foi com o motorista do Vicente e eu vim para o quartel. Mais um dia agitado, com soldados e recrutas me trazendo problemas como de costume, com o coronel. Se meus homens não seguem as regras a risca, sou eu quem responde por isso aqui dentro. O pior é que hoje preciso me apresentar, explicar ao coronel os motivos de ter atirado naquele homem. Bati continência ao entrar, o coronel já me aguardava. — Tem algo a explicar, tenente Almeida? Já fui informado das suas ações, agora me diga, você, o que aconteceu. — Bom, eu fui forçado a agir em legítima defesa. Um indivíduo sem identificação raptou a minha esposa deficiente visual, na frente da casa de amigos nossos, então entramos em perseguição. — O CEO Vicente Cardoso, não é? Ele já se apresentou e foi verificado que a arma é registrada, ele possui porte, isso é bom. — Sim. Perseguimos o indivíduo e eu não estava com a minha arm
CAPÍTULO 70 Theodoro Almeida Saí daquela delegacia preocupado, pois o tal Idan estava jogando, tentando desviar a atenção da polícia para mim, e protegendo o astuto Ezequiel. Qual seria a importância desse homem em seu país? Para todos se submeterem a ele? Sei que por capricho e sentimento de posse, não desistirá tão cedo da Val, a não ser que seja descoberto e preso, e eu vou até o fim para que isso aconteça pelo bem da minha menina. Celular tocando: — Alô! — Boa tarde, Theodoro! É a Edineia, só estou avisando que o senhor Vicente Cardoso ligou, dizendo que Valéria preferiu ficar mais um pouco com o Samuel e logo o motorista a traria pra cá. — Ah, tudo bem! Obrigado por avisar, Edineia. — De nada. — Você já pode ir, Edineia. Se a Val não vai pra casa, pode ir descansar. Eu chego mais cedo, hoje. — Está bem, obrigada. . Passei a tarde trabalhando, fui para a casa, porém já estava tarde e ela não havia chegado, então fui bus