CAPÍTULO 59 Theodoro Almeida Quando percebi que o semblante da Val mudou tanto, segurei na sua mão, só que ela não se conteve, e nem eu quis que ficasse calada, mas sofri junto com ela, com a sua pergunta, a sua dor, também era minha... — Então... posso nunca voltar a ver? — ela perguntou com as palavras pausadas, parecia que segurava o choro, e senti meu coração apertar, não queria que ela desanimasse da sua cura. Acariciei a sua mão, será que foi tão magoada assim? Que pensa que se o problema for emocional, não alcançará a cura? “Mas e eu? Não posso ajudar nessa cura? — Calma senhora, a gente ainda precisa avaliar bem, te passar por um especialista averiguar isso, podemos fazer a cirurgia de recuperação de retina, né... realocar a retina, e com fisioterapias oculares a senhora começar a enxergar com o óculos. — Viu só, minha menina? — virei ela pra mim, tentando olhar nos seus olhos para lhe transmitir confiança, mas como? Como mostraria o meu olhar p
CAPÍTULO 60 Valéria Muniz Fiquei muito assustada, o Théo saiu e essa mulher esnobe encostou em mim, me tratando como se eu fosse uma mendiga, mas coloquei a minha melhor roupa, aquela que Théo me deu, o que está acontecendo? Meu coração disparou, ao saber que não era bem vinda, parecia que estava pressentindo. Mas quando ouvi a voz do meu tenente, e senti a sua mão na minha, foi como poder respirar novamente, aliviou um pouco, mas a mulher insistiu: — Eu me recuso a frequentar um restaurante com pessoas que se vestem dessa maneira, esse é um restaurante sofisticado, no mínimo deveria ser exigido um esporte fino! O senhor é o dono, não é? Se quiser que pessoas como “eu” e minha família continuem frequentando aqui, terá que expulsá-los! — abri a boca em espanto, não gostaria de passar por tal humilhação, estávamos tão mal vestidos, assim? Ou seria eu acima do peso, sem muita beleza? — Théo... — puxei seu braço, querendo ir embora. — Senhorita Desi
CAPÍTULO 61 Valéria Muniz “Quem me dera, se pudesse olhar pra ele, como disse que olhei”... Suspirei ao tentar imaginar como ele é, como seria olhá-lo sair para trabalhar agora, me perdi em pensamentos lembrando do seu rosto que foi tocado pela minha mão, até que dei um leve saltinho ao ouvir: — Boa tarde! Como está a recém casada mais pensativa que já conheci? — Edineia me abraçou e me deu um beijo no rosto. — Boa tarde, Edineia! Senti a sua falta. — ouvi alguns barulhos suaves e vi seu vulto pela cozinha. Ela já estava organizando as coisas, eu gostaria de poder ajudar, então comecei a verificar devagar, com as mãos. — E, eu também! Desde o casamento estou guardando as coisas que vi para te contar! Não te falei nada naquela noite, e Val... você não faz ideia de como deixou o noivo! — as suas palavras me fizeram parar de fazer qualquer coisa, eram tão entusiasmadas que cheguei a puxar uma cadeira para ouvir. — Ah é? Como seria isso? —
CAPÍTULO 62 Valéria Muniz — Rosas... — falei baixinho, agora eu reconhecia bem o cheiro — No quintal da minha casa tinha, quando a minha mãe era viva... — senti o abraço dele mais forte. — E, porque depois, não? — tirou uma mecha do meu cabelo do rosto, mas esse era um assunto difícil de lembrar. — Aaron arrancou para me bater quando descobriu sobre os custos do oftalmologista, e como castigo, não permitiu que ninguém plantasse novamente, não sei se ficaram as marcas dos espinhos nas minhas pernas, nunca consegui ver, mas sei que sangrou. — Infeliz! Como esse cara consegue ser tão babaca, assim? No mínimo ele deveria ter pago os custos, e... Val, você nunca o denunciou? Não tem leis, lá? — Ele me ameaçava o tempo todo. Foi muito difícil aprender a sair de casa, para ir na consulta eu precisei fugir dele, precisei da ajuda de várias amigas, nem sabia andar na cidade. A minha melhor amiga me ajudaria se eu quisesse denunciar, mas nesse dia ele me a
CAPÍTULO 63 Theodoro Almeida — É claro que tenho sentimentos por você, Val! Tenho um carinho diferente, você é especial. — ela tinha um sorriso um pouco tímido, puxei a cadeira para que sentasse, me sentei quase de frente pra ela. — Carinho? Tipo como de irmã? Ou como tem por Anelise? — Dá na mesma, Val... — respondi de imediato. — Na mesma? — estranhei a pergunta. — Oras, Anelise é como uma irmã, e você... — parei no mesmo instante em que percebi o que eu estava dizendo. Desde quando, Anelise se tornou uma irmã? O que estava acontecendo comigo? — Eu, sou o quê Théo? — ela esperava por uma resposta e fiquei um pouco confuso. — Você é diferente, Val... ficará chateada se eu disser que não sei explicar? — negou. — Não, se apenas for sincero, é suficiente. — Juro que estou sendo. Eu não sei se te falaram mais coisas sobre Anelise, mas saiba que hoje, vejo-a de outra forma, “você” é a minha esposa, a mulher que tenho feito plano
CAPÍTULO 64 Theodoro Almeida No outro dia: Acordei cedo, mas o motorista do Vicente e da Ane veio buscar a Val, então deixei ela ir e fui para o quartel. Edineia está com uma chave, e vem depois do almoço para organizar e esperar a chegada da Val. Passei alguns stresses com o outro tenente, no quartel, mas isso já é normal, não vou perder o restante do dia e toda a noite, por culpa dele. Quando cheguei em casa, Val estava linda. Reconheci o vestido, mas vi que foram feitos ajustes, certamente foi Edineia. — Théo! — Valéria me cumprimentou animada, pensei que ganharia um beijo, mas me puxou para o sofá, pelo visto já conhece bem a casa. — Deixa eu te contar! O Samuel ficou muito feliz em me ver, você morreria de ciúmes! — Ah é? Acho que já estou, não ganhei nem um beijo! — ela ficou vermelha. — Nossa, mas pensei que o ciúme seria do seu sobrinho! — Agora, sabe que não... — ela veio me dar um beijo, e então vi Edineia com a
CAPÍTULO 65 Theodoro Almeida Entramos feito loucos naquele carro, Vicente não pegou leve com o acelerador, cantaram os pneus e numa manobra incrível, levamos segundos, e já estávamos na avenida. Fiquei desesperado, como aquele infeliz levou a minha esposa bem na minha frente? Isso jamais poderia acontecer! — FORAM PRA ESQUERDA! — gritei, enquanto abria o porta-luvas e pegava a pistola com silenciador que havia lá. Olhei para todos os lados, pensando nas possíveis fugas que ele faria. — Cuidado que eles podem atirar! Deixe que eu me aproxime, primeiro. — Vicente avisou, mas sei bem como funciona, já fui abrindo o vidro, e ele se concentrou em tirar o carro do automático e diminuir a marcha, para adquirir velocidade, fiquei impressionado com a sua facilidade com o volante, ele era muito bom. — Deveríamos ter vindo com o meu, podem estragar seu carro! — avisei, mas Vicente acelerou mais. — Não tem problema, tem seguro. — nisso o carro que
CAPÍTULO 66 Theodoro Almeida O vidro do parabrisa do carro do Vicente havia estilhaçado com o tiro, mas dei graças a Deus, não havia acertado ninguém, e Valéria ainda estava segura. “Não posso falhar em proteger a minha esposa!“ — respirei fundo. — NÃO SE MEXAM, E TODOS FICARÃO BEM, EU SÓ PRECISO LEVAR A MULHER! — o cara gritou levantando a arma na altura dos ombros, o cano virado pra cima, mas bastou um olhar dele para o Vicente, seguido de um olhar para a direção de Valéria, e atirei na mão onde estava a arma com precisão, fazendo-o derrubá-la, e em menos de um segundo, na sua canela. — EU PEGO A ARMA! — Vicente gritou, se jogando à frente, e dando um belo chute no cara que já estava no chão, e quando vi que ele já dominava o infeliz, tentei abrir o carro, porém estava trancado, enquanto Val batia deliberadamente no vidro, com o semblante pouco visível por causa da escuridão onde só havia as luzes dos carros, mas estava desesperada. Passei as