Madeline
As luzes vibrantes e o som alto da boate que estávamos me envolvia, enquanto eu movia meu corpo no ritmo da música mantendo os olhos fechados, ciente da atenção que eu atraia com minha dança, aproveitando aquele raro momento de liberdade. Na verdade, não tão raro. Não era incomum que nosso grupo buscasse no país vizinho toda a diversão que não encontrávamos em nosso país natal.
Senti uma presença se aproximando de mim, logo antes de ser envolvida por um braço, que me puxou pela cintura, passando a se mover no mesmo ritmo que eu.
— Sei que você está se divertindo, mas eu preciso da sua ajuda agora — eu bufei ao ouvir a voz de Fred no meu ouvido.
Permitindo que ele me levasse de volta para o conjunto de sofás da área VIP que ocupavamos em um dos clubes noturnos mais exclusivos de Zurique.
— Fred, você está falando sério? — eu reclamei.
— Será rápido, eu prometo — ele garantiu, com um sorriso galanteador no rosto.
Eu suspirei, sabendo que não adiantava discutir, eu raramente conseguia negar algo a ele. Fred era bonito e tinha um charme natural, e ele gostava muito de aproveitar todas as suas características físicas que o tornavam tão atraente.
— Quem é? — Eu olhei em volta.
— Aquela ali, que tem as mechas azuis no cabelo — ele apontou para uma garota exuberante que estava no meio de um grupo de mulheres.
— Uau — eu arregalei os olhos.
— Eu sei — Freddie concordou comigo sem desviar os olhos da garota — ela é a mulher mais bonita daqui… Sem ofensas.
Eu observei os traços delicados da mulher e os olhos negros levemente puxados que contratavam bem com as mechas de cores vibrantes no seu cabelo.
— Eu vou ignorar essa ofensa dessa vez — eu o provoquei — Por que você precisa da minha ajuda? Você nunca foi o tipo tímido.
— Dois caras tentaram mais cedo e levaram um fora épico, eu não sei bem se ela não está interessada em companhia masculina e quer apenas aproveitar a noite com as amigas ou se eles foram babacas — meu amigo explicou — se for o primeiro caso, eu não quero atrapalhar, se for o segundo você me avisa e eu assumo.
Eu tracei mentalmente o que eu diria para a garota, antes de me colocar em movimento.
— Tente não parecer desesperado — eu o provoquei, lançando um olhar por sobre o ombro.
Eu caminhei com passos confiantes até onde o grupo de garotas estava reunido, elas me lançaram um olhar curioso assim que me aproximei.
— Boa noite garotas, desculpe interromper, mas… bom eu vou ser direta, eu tenho um amigo que achou você muito bonita, e estava pensando se você aceitaria tomar um drink com ele, eu sou a Maddie a propósito.
As amigas trocaram um olhar divertido entre elas, antes que a mulher por quem Fred se interessou se manifestasse.
— Esse seu amigo, por que ele não está aqui, se ele está mesmo interessado? — ela devolveu em um tom desconfiado.
— Ele viu que vocês estavam conversando e não queria interromper caso fosse alguma comemoração feminina, então pediu minha ajuda — eu expliquei.
Pela expressão no rosto delas, eu soube que estava ganhando terreno, então decidi não perder tempo.
— Vamos, você não pode negar que ele é bonito — eu apontei para o lugar onde Fred nos observava com expectativa — Um verdadeiro príncipe.
E aquilo era no sentido literal, nós todos vivíamos em um pequeno país chamado St Bartholdi que ficava entre as fronteiras da Áustria, Suíça e Itália. Além de ser bem pequena, nossa terra natal também era completamente regida pela monarquia em pleno século 21, e Fred era o terceiro na linha de sucessão ao trono, apesar de seu pai já ter deixado claro que jamais assumiria a coroa.
— Uau, você deveria ter começado me mostrando quem ele é — Ela se animou.
— Se ele é tão bom assim, por que você não está com ele? — uma de suas amigas me provocou.
— Isso é porque nós crescemos juntos e seria praticamente incesto — eu menti.
A grande verdade é que Fred e eu tínhamos uma ótima amizade com inúmeros benefícios, e eu não podia reclamar, porque apesar de não sentir nada romântico por ele, não podia negar que ele era incrível em tudo o que fazia.
Mas Johannah, ou melhor, a rainha, não poderia nem sonhar com isso, ou me trancaria no convento pelo resto da minha vida.
— Eu aceito uma bebida, vamos ver se a realidade será tão boa quanto a propaganda — a garota decidiu por fim.
— Você não vai se arrepender — Eu cantarolei, me afastando depois de fazer um sinal discreto para que Fred se aproximasse.
Eu olhei em volta procurando o restante do meu grupo, vislumbrei Phillip dançando com a Sophie em meio a multidão, David e Lyna tavam juntos no bar, e no canto, acomodado em um dos sofás da área VIP, Alexander estava sozinho.
Eu caminhei até ele, pegando dois coquetéis com um dos garçons que circulava entre as mesas.
— Você parece precisar de um drink — Eu estendi para ele uma taça com um líquido azul.
Alexander aceitou por instinto, franzindo o cenho diante da cor vibrante do conteúdo da taça.
— Isso tem cara de no mínimo ser cancerígeno, Annie — ele murmurou desconfiado enquanto eu bebericava meu coquetel sem reclamar.
Eu revirei os olhos diante daquele apelido, meu nome completo era Anna Madeline Lechner, não era um nome que eu gostava tanto, então todos apenas me chamavam de Maddie. As únicas pessoas que usavam o meu primeiro nome eram minha mãe, a rainha e Alex, que parecia se recusar a apenas usar o mesmo apelido de todos os outros. E eu já tinha desistido de reclamar daquilo.
— Você pode não ser um completo estraga prazeres? — eu supliquei, me sentando ao seu lado — por que você está aqui sozinho?
— Eu não sei como você me convenceu a fazer isso, eu não quero estar aqui.
Eu revirei os olhos diante da frase do meu amigo, Alexander era Neto de Ludwig Weisman, Duque de Keller, aquilo fazia com que o rapaz ficasse em evidência em cada uma de suas atitudes. Na verdade, com exceção de David e Lyna, todos nós pertencemos de alguma maneira à aristocracia de St Bartholdi, e a todo momento um novo escândalo envolvendo nosso grupo de amigos aparecia, para desgosto da rainha Johannah, que esperava que nós sempre fossemos exemplo para seus súditos, principalmente os mais jovens.
— Então você prefere ficar preso na corte o tempo todo?
— Eu não disse isso, apenas não me sinto à vontade aqui — Alexander explicou em meio a um suspiro resignado.
— Eu sei que é um lugar diferente para você, mas você deveria aproveitar a oportunidade, eu posso te apresentar alguma garota se você quiser — eu propus, recebendo um olhar cansado em troca — Então, vamos dançar comigo?
— Eu não vou dançar, Annie — Alexander negou.
— Nesse caso, você pode me assistir dançar então.
Eu me levantei, tomando o conteúdo da minha taça em um único gole antes de voltar para a pista de dança, o deixando para trás.
A noite foi incrível, eu aproveitei cada minuto de liberdade, sem me importar com o que os completos estranhos que me cercavam estavam pensando de mim.
MaddieMais tarde, estávamos todos acomodados nos sofás, descansando um pouco. Fred já tinha se despedido da sua mais nova amiga, e voltado a nossa companhia depois de sumir por um bom tempo.— Nós deveríamos fazer isso mais vezes — Phillip suspirou bebericando seu coquetel não alcoólico, já que ele que estava dirigindo.Normalmente nós contávamos com um motorista particular e uma pequena equipe de seguranças quando saíamos do país, principalmente na companhia de Fred, mas naquela ocasião, conseguimos despistar a todos. — Vocês já se prepararam para o tamanho do sermão que vão receber quando voltarmos? — David perguntou despreocupado.— Apenas nós? — eu o provoquei.— Eu moro sozinho, ninguém pode afirmar que eu não passei a noite em casa — ele apontou.— Meu pai pensa que vou passar a semana com a minha mãe — Lyna completou.— Contanto que ninguém saiba que estávamos com vocês, ficaremos bem — David zombou.Lyna e David , diferente do restante do nosso grupo, eram filhos de funcioná
MatteoEu procurei manter a expressão mais neutra possível enquanto escoltava todo o grupo de jovens desordeiros até a presença da rainha. Eu ainda não compreendia muito bem a dinâmica daquele lugar, e lidar com a Aristocracia não era algo que eu estava acostumado, mas pude notar que não me faltariam conteúdo para entretenimento gratuito. Faz duas semanas que eu havia chegado no país depois de deixar minha terra natal em busca de uma vida melhor. Consegui aquele emprego graças a indicação de um amigo, que assim como eu, havia deixado a carreira militar em busca de uma vida mais tranquila. E devo dizer que me sentia curioso sobre tudo naquele lugar, e minha curiosidade acabara de aumentar com a presença de Anna Madeline Lechner, o momento em que ela desceu daquele carro, fixando seu olhar ao meu estava gravado em minha mente, e o som dos seus saltos contra duro piso de mármore me deixava consciente de sua presença, apesar de fingir ignorar o grupo de pessoas que eu escoltava.Eu abri
MatteoDiante da movimentação, eu e o outro guarda presente na sala abrimos a porta, segurando-as abertas até que todo o grupo tivesse deixado a sala, cada pai ralhando com seu próprio filho.Lancei um último olhar para a figura feminina que se equilibrava bem em cima daqueles saltos, destacando suas pernas expostas pelo curto vestido.Nós aguardamos até que eles estivessem fora de nossas vistas para fechar as portas, nos permitindo relaxar um pouco agora que não tinha ninguém no corredor.— Bertozzi, certo? — o homem, que parecia ser um pouco mais velho que eu, estendeu a mão.Eu a apertei sem hesitar, ainda estava conhecendo a equipe do palácio, já que havia começado apenas na noite anterior, antes eu estava recebendo o treinamento necessário para lidar com a Monarquia daquele pequeno país.— Tobias Bauer, bem vindo ao palácio, você pode notar que entretenimento gratuito não falta em nossa pequena corte — ele ironizou.— Esse tipo de coisa acontece com frequência? — eu franzi o cenh
Maddie Observei os jardins do palácio pela janela do meu quarto enquanto terminava de me vestir, o sol já brilhava no céu, aumentando a temperatura do lado de fora.Vesti uma regata justa, prendendo o cabelo em um rabo de cavalo alto antes de calçar meus tênis, colocar os fones de ouvido sem fio e sair. Já tinham se passado quinze dias desde nossa visita a Zurique, e eu estava satisfeita com o aumento da temperatura no início de maio. Desci até a cozinha que estava deserta já que o café da manhã já havia sido servido, abrindo a geladeira e pegando uma garrafa de água.— Senhorita Lechner, a senhorita vai sair? — Felix, o segurança particular do meu pai surgiu na entrada de serviço da cozinha, me observando com aquela expressão neutra que era típica de todos os guardas do palácio.— Eu vou correr, Félix, como faço todas as manhãs — eu expliquei caminhando até a saída.— O seu percurso será longo, senhorita Lechner? Eu suspirei interrompendo meus passos antes de me virar para o home
Maddie — Você está de ponta cabeça — eu brinquei, pausando a música.Ele rodeou o banco, parando ao meu lado, me oferecendo a mão para que eu me levantasse.— Minhas desculpas por isso, Srtª Lechner, não queria interromper.— Você pode confessar que estava gostando de me observar, nós somos amigos de infância agora. Não temos segredos um com o outro — eu o provoquei ainda segurando sua mão, apesar de já ter me levantado.— Pensei que já tivéssemos esclarecido a questão sobre sermos amigos de infância, Srtª Lechner — Matteo declarou, olhando em meus olhos.Meu coração acelerou com o seu olhar, fazendo com que eu me sentisse tonta por um segundo. Ou talvez isso fosse culpa do sol forte que brilhava sobre nossas cabeças.— Eu sei a idade com que você teve a sua primeira namorada e você descobriu o meu esconderijo secreto — eu apontei o campo que nos cercava — Você é meu amigo de infância, quer queira ou não.Mais uma vez a sombra de um sorriso passou por seu rosto, mas ele não respondeu
MaddieA água quente escorria pelo meu corpo, caindo diretamente do teto enquanto eu me ensaboava com o sabonete que me deixaria com um aroma nem um pouco típico. A pressão da água era relaxante, não tão relaxante quanto um banho de banheira seria, mas ainda assim, era relaxante.Fechei os olhos, sorrindo ao sentir as mãos que contornavam meu quadril de maneira suave logo antes de seus lábios percorrerem a pele sensível do meu pescoço, grudando meu corpo ao dele, reacendendo todo o desejo da noite anterior.— Esse cheiro fica ótimo em você — Fred mordiscou o lóbulo da minha orelha.Eu me movi em seus braços, me virando de frente pra ele antes de sentir o mármore frio em contato com as minhas costas.— O seu cheiro? — Exatamente — ele riu, me encurralando no box antes de me beijar.Mas, ao invés de me permitir aproveitar mais daquele beijo, eu escapei de seus braços, abrindo a porta do box, o deixando para trás.— Sinto muito, Fred. Mas nós já passamos do horário, seus pais podem cheg
Maddie Acordei quase duas horas depois com uma batida na porta, o sol brilhava com força do lado de fora, e eu já tinha perdido a hora da minha corrida matinal, de qualquer maneira, não me sentia disposta naquele momento. — Pode entrar — eu bocejei para quem quer que estivesse do outro lado. Louise abriu a porta devagar, parecendo desconcertada por ter me acordado. — Lizie, bom dia — eu sorri ao ver minha amiga.— Eu não queria te acordar, desculpa.Eu me levantei, indo até o espelho para checar o estado deplorável que eu me encontrava depois de dormir com o cabelo molhado.— Não tem problema, já está tarde. É que eu não dormi muito a noite — eu expliquei, penteando os cabelos com os dedos.— Algum problema? — ela se sentou na minha cama.Eu peguei uma escova, cuidando de arrumar o cabelo, me preparando para sair.— Problema nenhum, pelo contrário. O Fred me ligou ontem — eu pisquei para ela, a observando pelo espelho enquanto escovava os longos fios castanhos do meu cabelo. — Ah
MaddieDepois de aproveitar alguns minutos na companhia de Matteo no dia anterior durante os ultimos minutos de seu horario de descanso, um plano começou a se formar em minha mente, e após passar a noite calculando os horarios, eu já sabia o que fazer para conhecê-lo melhor. Mais tarde do que eu estava habituada, desci as escadas correndo, usando minha roupa de ginastica e o cabelo preso em um rabo de cavalo, indo até a cozinha pegar a minha garrafa de agua.— Anna? você levantou agora? Pensei que já estava correndo — minha mãe se surpreendeu ao me ver.— Eu decidi dormir um pouco mais hoje já que minha agenda está livre, não tem nada demais nisso certo? — eu sorri para ela antes de seguir meu caminho até a cozinha.Mas ao invés de aceitar minha resposta sem questionar, minha mãe me seguiu, parecendo pouco convencida com minha justificativa.— Anna, o que você está tramando? — Por que você pensa que estou tramando alguma coisa? Eu apenas dormi até mais tarde — eu franzi o cenho.— V