Maddie
A água quente escorria pelo meu corpo, caindo diretamente do teto enquanto eu me ensaboava com o sabonete que me deixaria com um aroma nem um pouco típico. A pressão da água era relaxante, não tão relaxante quanto um banho de banheira seria, mas ainda assim, era relaxante.
Fechei os olhos, sorrindo ao sentir as mãos que contornavam meu quadril de maneira suave logo antes de seus lábios percorrerem a pele sensível do meu pescoço, grudando meu corpo ao dele, reacendendo todo o desejo da noite anterior.
— Esse cheiro fica ótimo em você — Fred mordiscou o lóbulo da minha orelha.
Eu me movi em seus braços, me virando de frente pra ele antes de sentir o mármore frio em contato com as minhas costas.
— O seu cheiro?
— Exatamente — ele riu, me encurralando no box antes de me beijar.
Mas, ao invés de me permitir aproveitar mais daquele beijo, eu escapei de seus braços, abrindo a porta do box, o deixando para trás.
— Sinto muito, Fred. Mas nós já passamos do horário, seus pais podem chegar a qualquer momento — eu ri de sua expressão decepcionada.
— Isso seria tão ruim assim? — ele entrou embaixo do chuveiro, passando as mãos no cabelo e inclinando a cabeça para trás, deixando a água percorrer seu corpo enquanto eu o admirava do lado de fora, me enrolando na toalha.
Fred não era do tipo musculoso, ele tinha um corpo esguio, mas, para um fumante sedentário como ele, ele tinha seu charme. Algo em seu jeito o deixava parecido com um astro do rock, e aquilo era empolgante.
— Se a rainha descobrir sobre nossas pequenas… comemorações particulares… todo o progresso que fizemos com aquela festa idiota será perdido.
Eu ainda me lembro da forma que Johannah ficou satisfeita ao ver o quanto as colunas de fofoca do país elogiaram Louise por todo o seu carisma e desenvoltura na festa da Nina Augustine, e Louise finalmente pode se divertir sem se preocupar com um segurança a seguindo o tempo todo.
Todos saíram ganhando.
— Você tem um bom ponto, eu vou ficar mais um pouco aqui e te vejo depois — ele se despediu, virando de costas para mim.
Desci meu olhar pelo seu corpo uma última vez, sorrindo com as lembranças da noite anterior.
Fred tinha passado os últimos dias em Munique com os pais, então não pôde ir a festa de Nina conosco, mas ao voltar para casa um dia antes que o Sr e a srª Brandstatter, ele me ligou, e no fim, eu não resisti ao convite de passar a noite com ele. A grande questão agora seria sair daquela casa sem levantar suspeitas.
Eu demorei poucos minutos me vestindo e penteando os cabelos, saindo para o corredor com os fios ainda molhados, mas quando pensei que conseguiria escapar ilesa, o som de salto batendo contra o piso de mármore soaram, fazendo uma pequena onda de pânico tomar conta de mim. Eu corri na direção oposta, virando o corredor no momento em que Nadine bateu na porta do filho.
— Fred querido, nós chegamos.
Ótimo, consegui escapar.
Segui apressada pelo corredor com um pequeno sorriso no rosto, descendo as escadas que me levariam à cozinha. Eu só precisava sair pela área de serviço, e…
— Por Deus! — Alberta Brie, a cozinheira dos Brandstatter, exclamou ao me ver surgindo na cozinha.
Eu fiz um sinal para que ela ficasse em silêncio, recebendo em troca um olhar condescendente.
— Você ainda vai se encrencar, senhorita Lechner — ela ralhou.
Aquela não era a primeira vez que ela me ajudava a sair da casa sem ser vista.
— Apenas se a senhora contar — eu cantarolei antes de sair pela porta de serviço.
Agora tudo o que eu precisava fazer era cruzar o pátio interno do palácio e logo estaria em casa. O pátio era rodeado pelas construções em forma de "U", ao centro estava o palácio real, de um lado a casa dos Brandstatter e do lado oposto, ficava a casa dos meus pais.
O local estava bastante vazio por conta da hora, eu o cruzei depressa, me sentindo aliviada por estar em casa quando atravessei a porta de entrada após alguns segundos.
Eu subi para meu quarto, disposta a dormir um pouco, já que meu sono na noite anterior havia sido escasso, mas para minha surpresa, havia alguém me esperando ali.
— Onde você estava? — minha mãe praticamente rosnou sentada em minha cama.
Eu busquei depressa em minha mente uma desculpa convincente para minha ausência.
— Eu saí para correr — eu garanti.
— Vestindo calça jeans? Você foi correr de quem, da polícia?
— Lizie teve uma crise de choro e precisou ser consolada — eu emendei.
Eu deveria ter pensado nessa desculpa antes. Minha mãe se levantou, caminhando até onde eu estava, parando na minha frente.
— Então eu devo presumir que você a consolou com sexo?
Aquela declaração fez com que eu me engasgasse.
— Você enlouqueceu? Por que pensaria algo assim?
— Eu reconheço um chupão quando vejo um, Anna — ela indicou um ponto em meu pescoço.
Instintivamente eu levei minha mão até lá, arregalando os olhos. Eu avisei aquele idiota para não deixar marcas!
— Anna, não me diga que você estava com o príncipe! — minha mãe gemeu.
— Tudo bem, eu não vou dizer isso — eu a rodeei, me jogando de costas na cama, encarando o teto.
Uma conversa sobre a minha vida sexual com a minha mãe era tudo o que eu não queria essa manhã.
— Anna, um escândalo é tudo o que não precisamos. A rainha não vai aceitar outro deslize seu, justo agora que ela começou a ter algum apreço por você — Isla se sentou na cama.
— Mãe, não tem escândalo nenhum…
— Você ter um caso com o futuro marido da sua melhor amiga é um escândalo, Anna — ela afirmou.
Eu virei meu rosto para olhá-la melhor, oferecendo a ela um sorriso travesso.
— Para ser classificado como um caso, teria que ter sentimentos envolvidos, e não é o que acontece.
— Sendo assim, você não pode encontrar alguém menos problemático para apagar esse seu fogo?
Aquela declaração me fez gargalhar ao lado da mulher, que acabou me acompanhando na risada.
— Só estou falando, você tem o Phillip Brenner, Alexander Weisman. Eles são bonitos.
— Mãe!
Eu reclamei ainda rindo, ela se deitou ao meu lado, observando o teto comigo por alguns segundos, antes de voltar a se manifestar.
— Me conta, ele faz jus ao título de príncipe? — ela quis saber.
— Definitivamente não — eu senti o seu olhar questionador sobre mim, e virei meu rosto para olhá-la — quando as garotas falam em príncipe, imaginam um cara super romântico e gentil. Fred não é nada disso.
Ela riu, voltando a olhar o teto. Nós duas ficamos em um silêncio confortável enquanto minha mente começou a vagar até certo guarda real que vinha habitando minha mente nos últimos dias. Apesar de toda a pose educada de Matteo, às vezes eu me perguntava como toda a sua personalidade se traduzia em outras situações.
Eu aposto que ele seria intenso.
— Eu poderia apagar o meu fogo com um dos guardas. Alguns são bem interessantes — comentei sem pensar.
Minha mãe se sentou em um movimento repentino, me lançando um olhar assombrado.
— Anna Madeline, você que não se atreva! Nós já temos problemas o suficiente!
Eu voltei a encará-la, com um sorriso preguiçoso no rosto.
— Você sabe que é hipócrita justo você falar isso.
Minha mãe, na verdade, era Irlandesa. Sua família nem tinha tanto dinheiro, mas meu pai a conheceu durante uma viagem e se apaixonou.
Os boatos são que todos esperavam que ele se casasse com a rainha, então foi uma surpresa a chegada da minha mãe.
— Exatamente por saber o que eu passei que eu te garanto, você não quer isso para a sua vida e nem para a pessoa com quem você estiver — ela se levantou — arrume alguém da mesma classe social que você, não importa quem seja.
Não importa quem seja.
Aquelas palavras ecoaram pelo meu cérebro enquanto minha mãe me deixava sozinha. O que isso significa? Esperam que eu me case com alguém importante, desde que não seja tão importante quanto o príncipe, ou até mesmo o último Brenner. Eu duvido que teria o apoio da rainha caso me interessasse por Phillip.
E naquele momento, não pela primeira vez na vida, eu desejei ser qualquer outra pessoa que não a filha do braço direito da rainha.
Decidida a deixar aquilo de lado, eu me encolhi na cama, fechando os olhos um pouco.
Maddie Acordei quase duas horas depois com uma batida na porta, o sol brilhava com força do lado de fora, e eu já tinha perdido a hora da minha corrida matinal, de qualquer maneira, não me sentia disposta naquele momento. — Pode entrar — eu bocejei para quem quer que estivesse do outro lado. Louise abriu a porta devagar, parecendo desconcertada por ter me acordado. — Lizie, bom dia — eu sorri ao ver minha amiga.— Eu não queria te acordar, desculpa.Eu me levantei, indo até o espelho para checar o estado deplorável que eu me encontrava depois de dormir com o cabelo molhado.— Não tem problema, já está tarde. É que eu não dormi muito a noite — eu expliquei, penteando os cabelos com os dedos.— Algum problema? — ela se sentou na minha cama.Eu peguei uma escova, cuidando de arrumar o cabelo, me preparando para sair.— Problema nenhum, pelo contrário. O Fred me ligou ontem — eu pisquei para ela, a observando pelo espelho enquanto escovava os longos fios castanhos do meu cabelo. — Ah
MaddieDepois de aproveitar alguns minutos na companhia de Matteo no dia anterior durante os ultimos minutos de seu horario de descanso, um plano começou a se formar em minha mente, e após passar a noite calculando os horarios, eu já sabia o que fazer para conhecê-lo melhor. Mais tarde do que eu estava habituada, desci as escadas correndo, usando minha roupa de ginastica e o cabelo preso em um rabo de cavalo, indo até a cozinha pegar a minha garrafa de agua.— Anna? você levantou agora? Pensei que já estava correndo — minha mãe se surpreendeu ao me ver.— Eu decidi dormir um pouco mais hoje já que minha agenda está livre, não tem nada demais nisso certo? — eu sorri para ela antes de seguir meu caminho até a cozinha.Mas ao invés de aceitar minha resposta sem questionar, minha mãe me seguiu, parecendo pouco convencida com minha justificativa.— Anna, o que você está tramando? — Por que você pensa que estou tramando alguma coisa? Eu apenas dormi até mais tarde — eu franzi o cenho.— V
Matteo— Como você acabou aqui? — Maddie perguntou enquanto caminhávamos pelos campos de lavanda alguns dias depois que ela me descobriu no bosque.Eu havia desistido de tentar me afastar, Madeline era como um campo magnético que me atraia em sua direção, e por mais que eu soubesse que aquilo poderia me causar grandes problemas, eu não conseguia evitar.— No palácio? — eu a olhei de soslaio.— No país. Nós somos um ótimo destino turístico, mas as pessoas geralmente não migram para St Bartholdi — Maddie explicou o seu raciocínio.Observei seu perfil exposto pelo rabo de cavalo alto que ela usava, o vento soprou, agitando seus cabelos e trazendo até minhas narinas o aroma de lavanda que eu sempre associava a ela. Madeline e eu estávamos aproveitando o meu horário de descanso para nos conhecer melhor, ela tinha começado a correr um pouco mais tarde e sempre nos encontrávamos no campo, caminhando até a cabana que ficava ali, nos abrigando de qualquer olhar curioso que pudesse surgir, apro
Matteo— O que você acha? — Eu mostrei o resultado final diante da câmera em uma chamada de vídeo com Josephine, minha prima de quem eu era muito próximo.— Está perfeito, você só precisa arrumar o cabelo — Ela sugeriu.— Meu cabelo está arrumado — eu neguei.Minha prima revirou os olhos, decidindo não insistir no assunto— O que mais te deram para usar? — ela perguntou.Peguei um blazer azul marinho, colocando por cima da camisa que eu vestia. Eu me sentia muito estranho usando peças que no mínimo custavam mais da metade do meu salário, eu sentia como se tivesse assaltado uma loja da YSL, mas tanto a rainha quanto o Sr Lechner não me deram muita escolha.Depois que eu revelei a minha idade, eles me explicaram o que estavam planejando e prepararam tudo para que desse certo.— Me explica de novo o que você tem que fazer — Josie pediu.— A princesa foi convidada para uma festa do filho de algum um dos nobres do país, então eu tenho que ir e bancar a babá de uma mulher de vinte e quatro
MatteoEu esperei poucos minutos antes de sair, indo diretamente para o palácio para cumprir minha ronda. Não demorou até que eu estivesse deixando uma das salas de reuniões do palácio, já completamente uniformizado, depois de ter dado um relatório completo da festa para o senhor Lechner, ocultando a parte em que a princesa desapareceu por alguns minutos e que sua filha me reconheceu. O homem pareceu bastante satisfeito com as informações que recebeu e com a minha discrição para lidar com o assunto.Mas durante minha ronda pelos jardins do palácio, as cenas da dança de Maddie não saiam da minha mente, aquilo estava se tornando uma provação maior do que eu esperava, e eu mal podia me concentrar em minha tarefa. Estava no meio de uma ronda no início da madrugada quando um vulto no lado oeste do jardim chamou minha atenção. Caminhei até lá com cuidado, ladeando a propriedade dos Lechner em busca de algo suspeito. Quando eu virei onde vi o vulto sumir, me sobressaltei com um alto barulho
MaddieAssim que meus pais saíram do quarto eu corri para a janela, assistindo Matteo se afastar pelo jardim ao lado de Fred. A expressão em seu rosto quando compreendeu o que estava acontecendo estava gravada em minha mente e eu me sentia péssima.— Droga, Maddie. Olha a confusão que você arrumou — eu gemi desgostosa, falando comigo mesma.Sentir o olhar de Matteo me acompanhar em cada passo naquela festa foi uma das sensações mais empolgantes que experimentei nos últimos meses, e eu apenas revelei a ele que sabia sobre sua presença porque precisava distraí-lo para que Lizzie pudesse ir se encontrar com Alexander. O que eu não esperava era que aquele momento se tornasse tão intenso, mesmo após voltar para casa não conseguia tirá-lo da minha mente, e foi assim que Fred acabou tentando invadir meu quarto.Me deitei na cama me sentindo derrotada. Meu sentimento por Matteo estava começando a ultrapassar a mera atração física e eu não podia mais negar, pelo menos, não para mim mesma. Ma
Madeline— É sério, eu adorei cada segundo desse dia, obrigada por me convencer a sair — Louise declarou enquanto caminhávamos pelos corredores do palácio em direção ao seu quarto.— Nós devemos fazer isso mais vez… — eu me interrompi ao me aproximar da porta entreaberta do gabinete do meu pai, ouvindo uma voz conhecida vinda de lá.Eu me aproximei com cuidado, espiando através da fresta. Matteo estava em pé diante da mesa do meu pai, em uma postura perfeitamente alinhada.— Ninguém deve tomar conhecimento disso, certo? — meu pai o avisou.— Sim senhor.Tomar conhecimento do que? — Essa situação poderia ser mal interpretada, principalmente pela rainha — meu pai completou.Ele me entregou?Meu coração acelerou em meu peito diante daquela descoberta. Por que ele faria isso comigo? Eu pensei que…— O que está acontecendo? — Louise sussurrou ao meu lado, mas eu me limitei a fazer sinal para que ela ficasse em silêncio.— O senhor não deve se preocupar com a minha discrição, senhor Lechne
MatteoEu sabia que tinha sido duro em minhas palavras enquanto me afastava de Madeline, mas eu não conseguia lidar com sua insistência enquanto tantas coisas aconteciam em minha vida.Eu gostava dela, gostava de cada segundo que passávamos juntos e queria conhecê-la mais, tanto que não me importava em ser demitido caso descobrissem. Mas, depois de receber aquela ligação, eu não podia mais arriscar. Eu precisava daquele emprego mais do que nunca. Não podia mais me dar ao luxo de cometer loucuras.Meu celular voltou a tocar, fazendo com que eu suspirasse, me sentindo mentalmente exausto com aquela situação.— Você disse que chegaria apenas à tarde — eu murmurei em italiano ao atender.— Eu sinto muito, eu me confundi com os horários — a voz feminina soou do outro lado.— Eu estou no trabalho, não posso sair — eu avisei. — Tudo bem, eu fico aqui te esperando — sua voz soou triste do outro lado.Droga. O que eu faço?Eu não posso permitir que ela passe horas em uma estação de trem. Ai