A jornada de volta havia se tornado mais do que uma simples viagem; agora, Amélia e Damian carregavam consigo o peso das palavras enigmáticas da criança misteriosa, e algo no ar parecia estar se transformando ao redor deles. O amuleto que Amélia usava em seu pescoço ainda brilhava suavemente, um reflexo da força crescente que ela sentia dentro de si. Mas havia uma pergunta que pairava sobre ela: o que mais a criança queria dizer? O que significava “o que se perdeu na floresta precisa retornar”? E como isso se relacionava com o equilíbrio entre os mundos?
Com essas questões inquietantes em seus corações, Amélia e Damian continuaram a caminhar, lado a lado, através da floresta que agora parecia ter vida própria. As árvores, que antes pareciam simples silhuetas contra o céu, agora estavam mais imponentes, como se estivessem conscientes da pres
A noite havia caído sobre o acampamento, envolvendo o grupo em um manto de tranquilidade. O fogo, que antes iluminava o campo de flores, agora queimava suavemente, suas chamas lançando sombras dançantes sobre as árvores ao redor. O céu estava limpo, as estrelas brilhando com um brilho silencioso e eterno. O ar estava fresco, carregado de uma calma que parecia imitar o próprio ritmo da natureza. A paz que havia se instalado parecia frágil, mas, ao mesmo tempo, imensamente acolhedora.Amélia e Damian estavam afastados do grupo, mais perto do fogo, sentados juntos em silêncio. A jornada até ali havia sido intensa, cheia de desafios e revelações, mas agora, naquele momento, havia um silêncio profundo entre eles, uma paz que os envolvia. Seus olhares se encontraram com suavidade, e, sem palavras, sabiam exatamente o que o outro estava sentindo. O peso da batalha havia diminu&iacu
O caminho à frente de Amélia e Damian parecia mais claro, mas as florestas ainda sussurravam segredos em suas orelhas, como se cada árvore, cada pedra, estivesse imersa em um mistério que eles ainda não compreendiam completamente. O ar estava carregado de uma energia nova, mais pesada, e o amuleto de Amélia pulsava com uma luz suave, mas constante, como se estivesse respondendo ao chamado do que estava perdido. Algo não estava completo, e essa sensação os envolvia como uma névoa que se estendia, lenta e implacável, por todo o caminho.A floresta ao redor parecia ter mudado. As árvores, antes orgulhosas e cheias de vida, agora estavam silenciosas, suas folhas caindo com mais peso do que antes. O som dos pássaros, antes vibrante, agora parecia abafado, como se estivessem observando, esperando. O chão, que antes era firme, agora parecia mais instável, como se a
A luz da manhã se filtrava entre as árvores, mas a floresta ainda exalava um ar pesado, como se o tempo, naquele lugar, estivesse de alguma forma preso, esperando que algo importante fosse resolvido. Amélia e Damian caminharam juntos, o silêncio entre eles carregado de incerteza. O que significava o que haviam aprendido da figura enigmática? O que, afinal, deveria retornar?As palavras ressoavam em suas mentes, mas havia uma sensação crescente de que o que quer que fosse perdido estava mais profundo do que eles imaginavam. A floresta, que sempre havia sido um refúgio familiar, agora parecia estranha, até mesmo hostil. O som dos pássaros, que antes preenchia o ar com uma melodia vibrante, agora era abafado, como se os próprios habitantes da floresta soubessem que algo estava prestes a acontecer.— Você ainda acha que estamos no caminho certo? — Damian perguntou, s
O vento na floresta havia mudado, agora mais intenso, como se estivesse pressionando o tempo para avançar. A neblina ainda se erguia, seu manto suave envolvendo as árvores e os passos de Amélia e Damian, que agora sentiam o peso da revelação que havia acabado de ser feita. O sacrifício. A verdadeira natureza do que eles buscavam não era mais um simples objeto perdido ou uma energia a ser restaurada. Era algo muito mais profundo, algo que desafiaria os próprios limites de seu vínculo.Amélia caminhava em silêncio ao lado de Damian, seus pensamentos em turbilhão. O que significava realmente esse sacrifício? O que seriam obrigados a perder para que o equilíbrio fosse restaurado? A floresta parecia viva, mas sua beleza, que antes os envolvia como um abraço, agora os observava com uma vigília implacável.— Damian... — A voz de Am&ea
Antiope era uma vila cercada por colinas ondulantes e bosques de carvalhos tão antigos quanto o próprio tempo. As casas de pedra, cobertas de trepadeiras floridas, pareciam emanar um calor acolhedor, mas sob essa aparente tranquilidade escondia-se um medo enraizado. O nome do Alfa ressoava como um trovão nas conversas sussurradas. Ele governava não apenas a vila, mas também os corações de seus habitantes, que andavam sempre com olhares baixos e passos apressados, como se até mesmo o vento pudesse levar suas palavras para ouvidos errados.No meio dessa realidade opressora, vivia Amélia.Desde muito jovem, a vida lhe ensinara a sobreviver com pouco. Seus pais foram arrancados dela antes mesmo que tivesse idade para compreender a dor da perda. A memória deles era um borrão distante, fragmentos de vozes e risadas que às vezes vinham nos sonhos, apenas para desaparecer ao amanhecer. A vila, que deveria ter sido seu lar, virou um lugar onde não havia espaço para uma órfã. Sem ninguém que a
O silêncio entre eles era espesso como a neblina que pairava sobre a floresta. Amélia caminhava um passo atrás do filho do Alfa, os olhos atentos a cada detalhe do caminho. As árvores pareciam se curvar à presença dele, os pássaros silenciavam ao seu redor, e até o vento hesitava em soprar. Ela deveria ter fugido. Deveria ter resistido. Mas algo nela — talvez o instinto, talvez o cansaço de viver sozinha — a impediu. O cheiro de terra úmida começou a se misturar com algo mais denso, algo que fazia seus pelos se arrepiarem: o cheiro de outros lobos. Eles estavam perto. Muito perto. Seu coração começou a bater mais forte. O que ele queria com ela? Quando os portões da matilha surgiram à frente, sua respiração ficou rasa. Eram enormes, de madeira escura reforçada com ferro, e guardados por dois homens de olhar predador. Eles a observaram com curiosidade, mas não ousaram questionar o filho do Alfa quando ele passou por eles, trazendo-a consigo. Amélia se encolheu ao sentir dezenas de
Amélia tentou lutar contra o sono.Se dormisse, talvez acordasse em uma armadilha. Talvez descobrisse que tudo aquilo — o banho quente, as roupas limpas, a comida abundante — fosse apenas um truque cruel antes de seu verdadeiro destino.Ela já ouvira histórias assim antes. Promessas de conforto, de segurança, apenas para serem substituídas pelo frio da traição. Sua vida lhe ensinara a desconfiar da bondade, a questionar gestos gentis. Sobrevivência não permitia ilusões.Mas o cansaço, esse inimigo silencioso, foi mais forte.Seu corpo cedeu, vencido pelo esgotamento acumulado de tantas noites mal dormidas, de tantos dias fugindo, se escondendo, sempre à beira do colapso. O colchão, macio como um abraço esquecido, envolveu-a, e, antes que pudesse resistir, seus olhos se fecharam.O sono veio como uma onda morna, arrastando-a para um lugar onde, por um instante, não havia medo.Quando o sol começou a se erguer no horizonte, uma fragrância familiar despertou seus sentidos.Era um cheiro
O silêncio entre eles era espesso, quase palpável.Não um silêncio comum, mas um carregado de tensão e perguntas não ditas.Amélia continuou comendo, cada mordida trazendo uma avalanche de sentimentos confusos. O medo ainda estava ali, enraizado em seu peito como um espinho que se recusava a sair. Mas a fome era mais forte, e ela não desperdiçaria aquela oportunidade.Cada pedaço de pão que mastigava parecia dissolver um pouco da rigidez em seus músculos. A sensação de comida quente no estômago era algo que ela não sentia há muito tempo. Era quase estranho.Mas a presença de Damian impedia que relaxasse completamente.Ele permanecia parado perto da porta, os braços cruzados sobre o peito largo, observando-a com um olhar indecifrável.Não parecia apressado, nem impaciente. Apenas… atento.Ela não sabia dizer se isso era melhor ou pior.Depois de alguns instantes, ele finalmente falou:— Há quanto tempo você estava sozinha?O som de sua voz quebrou o silêncio como uma pedra atirada em u