Emma saiu do quarto para que seu pai não ouvisse a conversa. — Você está dizendo que seu irmão desapareceu? — Bem, pelo menos ele ainda não chegou em casa. Estou torcendo para que esteja numa taverna bebendo cerveja com os amigos. Mesmo ele não sendo disso - respondeu Julian. — Eu vou com vocês! — Não, Emma! Pode ser perigoso, falo sério, fique aqui. Se realmente me ama, me escuta. Não sabemos o que está acontecendo. Aquela garota da outra aldeia sumiu, meu irmão ainda não chegou e pode ter sumido também. Ninguém sabe o que está acontecendo. E outra coisa. Se você for conosco, a casa ficará desprotegida. Seu pai está fraco ainda, minha mãe e sua avó terão dificuldades para se defender se acontecer alguma coisa...- Ele suspirou profundamente. - Por favor! — Tá bom! - ela disse ficando mal-humorada. - Mas só porque alguém precisa ficar aqui! Já volto! - disse ela entrando no quarto. Quando saiu estava com o arco dos primos na mão. Deixou o pai descansando, pois tinha dito a ele que
Na aldeia de Ísis, dona Nira havia organizado uma reunião. Uma fogueira queimava no centro da praça, os aldeões se amontoavam em volta dela. O centro da atenção naquele momento era dona Nira que contava a todos sobre o desaparecimento da neta mais nova. Ao fim da história pediu que os aldeões que estivessem dispostos a ajudar na procura da garota, levantassem sua mão.— Argos, pode por favor contar as mãos levantadas? - Nira pediu. Argos estava parado um pouco atrás da anciã, assim como sua irmã, Ísis e o guerreiro Zorak.Argos entrou na multidão e começou a contar as mãos levantadas. Ao se aproximar de Nira ele falou em seu ouvido e voltou para sua posição.— Pois bem! - Nira disse ao público. - Temos um bom número de voluntários e agradeço a todos vocês. Iremos dividir em grupos. Para que sempre tenha alguém procurando em todos as áreas possíveis e em todas as horas do dia. Não será permitido a saída durante a noite. Não queremos perder mais ninguém. A segurança da aldeia será refor
Antes da primeira luz do Sol, Ísis já estava pronta para sair. Ela iria no primeiro grupo de busca. Ela não precisava ir, na verdade seu dever era ficar para o revezamento da guarda da aldeia. Na volta ela assumiria seu posto, mas não podia simplesmente largar a busca por sua irmã nas mãos dos outros. Sendo assim, já armada e preparada, Ísis esperava o grupo iniciar a busca. Eles iriam verificar a área onde supostamente Kiara teria desaparecido. Ísis ainda tinha a imagem do cesto caído e isto a afligia de uma forma assustadora.Finalmente eles iniciaram a busca. A floresta era sempre desértica. Principalmente naquele lado onde o acesso era mais difícil. E mesmo assim ela mal havia entrado na parte gramada mais abaixo quando ouviu som de cavalos e uma conversa baixa. Ísis fez sinal para que todos se escondessem na floresta e assim todos se espalharam escondendo-se atrás de árvores e arbustos, pedras ou qualquer coisa que pudesse ocultar a presença deles. Os sons aumentavam, e no momen
Olá, queridos leitores. Precisei fazer uma pausa no livro, pois estava preparando uma nova história. Vocês já podem procurá-la para ler aqui também na plataforma: Um filho para o rei Alfa. Como a nova história já está bastante adiantada, retornei para continuar as postagens deste livro. Tenham uma ótima leitura...Tendo passado quase um dia inteiro e uma noite na floresta, eles estavam cansados, famintos e imundos quando chegaram na casa de Julian. Todos queriam saber as novidades, dona Téia tinha esperança de ver seu filho mais velho retornar com eles, mas logo percebeu que Heron não estava entre os eles. Mesmo cansados, falaram tudo que descobriram. E que a ideia era voltarem no dia seguinte no final da tarde para observar o castelo nesse horário, talvez a atividade nele seria maior durante a noite. Precisavam saber o máximo possível para bolar um plano. Tudo que eles queriam era um bom banho, comida e uma noite de sono tranquilo.No dia seguinte pela manhã depois do café, Emma re
Chegando na casa. Eles desceram dos cavalos e os amarraram. Hedi pegou um balde com água no poço e colocou para os animais. Seus olhos lacrimejaram quando viram a casa queimada, destruída. Emma percebendo o estado emocional do pai, se aproximou e o abraçou. Os dois choraram em silêncio, compartilhando o sofrimento da perda da memória que aquele lugar trazia. Hedi começou a acariciar os cabelos da filha.— Eu vou reconstruir nossa casa. Não será a mesma coisa, mas a memória de sua mãe continuará intacta.— Pai, eu quero conversar com o senhor.— Vamos para o celeiro. Mas espere um pouco. - Hedi se afastou de Emma e foi até onde os meninos estavam parados, aparentemente esperando instruções. Eles conversaram rapidamente, Emma via apenas a cabeça dos meninos confirmando algum pedido de seu pai. Logo ele aproximou-se novamente e pegando em sua mão a conduziu até o celeiro.— Ah... como eu estava com saudades desse lugar. - Disse Hedi. - Sabe minha filha, a mãe de Julian me trata muito bem
— Então, Emma, qual foi a sua ideia? - Perguntou Julian.— Calma, eu vou contar.No fim, quando Emma terminou de contar o plano. Todos olhavam espantados para ela. A jovem não sabia bem o que eles estavam pensando, mas chamando-a de maluca seria uma boa sugestão. Por fim, Ísis falou:— Tá, mas para colocar seu plano em ação teremos que voltar aqui mais ou menos no mesmo horário de hoje. Não tem como fazer nada agora.— É claro. Eu sei disso! Você pode voltar para sua casa. Nós vamos acampar por aqui.— Não, Emma. Vocês podem vir para minha aldeia. Não precisa ficar aqui.— Obrigada, Ísis. Vamos aceitar sua oferta.— Vocês estão realmente considerando colocar esse plano louco em prática? - Disse Julian.— Sim, estamos. É a única maneira que consigo pensar e vamos discutir isso depois. Estou cansada, com fome e com frio.— Com certeza vamos discutir isso, antes de colocar o plano em ação. - Disse Arion. - Não podemos fazer de qualquer jeito, tem que ser bem elaborado. E até parece que e
Ao amanhecer todos procuraram como ocupar o tempo. Ísis ofereceu mostrar a aldeia para Emma.— Aqui é minha casa. - Ísis parou em frente a uma casa que estava sendo reconstruída. - Sabe. Meu pai assim que melhorou quis vir para cá. Ele foi gravemente ferido uma vez e não consegue se manter de pé por muito tempo. Ele não tem muitas atividades e vir até aqui acompanhar a reconstrução da casa tem sido uma boa distração pra ele. Está vendo aquele homem ali? - Ela apontou para um homem de cabelos loiros muito claros sentado em uma cadeira esbravejando com algum trabalhador. - Ele sempre está assim, mal-humorado. Só minha mãe aguenta ele.Ísis começou a andar e Emma a acompanhou.— Vou mostrar a você quem é minha mãe. - Emma viu um grupo de mulheres lavando roupa em um tanque coletivo. - Está vendo aquela de lenço e vestido azul? Cabelos castanhos? É ela.— Ela é bonita. - Emma disse. Ísis sorriu.— Sim. Ela é.Caminhando de volta, Ísis voltou a falar.— Na sua aldeia não tem um ancião? Alg
— O que a gente faz agora? - Sussurrou Emma.— A gente espera - disse Julian se arrastando lentamente para o canto e se sentou no chão. Emma sentou-se ao seu lado. Os dois adormeceram abraçados um ao outro.O som do ferro raspando a madeira fez os dois darem um pulo e se colocarem de pé rapidamente. Os outros não tiveram esse trabalho, estiveram de pé durante toda a noite. Emma não conseguia imaginar como isso era possível. A porta se abriu e uma figura de preto entrou e empurrou nas mãos de cada um, uma caneca de ferro. Ao som das palavras irreconhecíveis, todos levaram a caneca à boca e Emma e Julian foram obrigados a fazerem o mesmo, mas notaram que se tratava apenas de um mingau de aveia ralo. " Eles alimentam os prisioneiros." a jovem pensou. A criatura recolheu as canecas vazias e saiu fechando a porta novamente.Ela olhou para Julian com uma careta e ele apenas deu de ombros.— Pelo menos não estou mais com tanta fome.Não demorou muito e o som na porta os despertou novamente.