Luma— Eu acho que ele está gostando de você — comenta Camila, sentada ao meu lado à mesa do café da manhã.Meus dedos passam pelas pétalas da rosa vermelha que ele me deu. Coloquei-a no vaso com água sobre a larga mesa, entre as outras flores. Não a levaria para o meu quarto, onde o meu filho a veria e com certeza me questionaria sobre ela.— Não, Camila, ele ama a Luma.Ela balança a cabeça e sorri.— Mas a Luma é você, sua boba.— Mas ele não sabe. Eu só sou uma mulher da vida que lembra muito a mulher que ele amou.Repentinamente perco a fome e sinto vontade de me levantar da mesa.— Me dê licença.— Nunca foi de se abalar por homem nenhum, Luma, vai deixar isso acontecer agora? — Janaína fala. Penso em suas palavras, ela tem razão.— Não, eu não vou. Mas preciso ir ver algumas coisas sobre a festa do Kayo.Subo as escadas em direção ao meu quarto. Meu filho a esta hora está na escola. Tenho ido buscá-lo e de lá vamos resolver as coisas de sua festinha de aniversário, mas hoje est
Gabriel“— Sua pele é muito gostosa... — beijo a pele de Lu — macia... — mais um beijo, subindo por seu ombro — cheirosa...Levanto os cabelos loiros e levemente ondulados dela e deixo um beijo leve em seu pescoço, cheiro o seu perfume e ela geme.— Gabriel... — ela geme meu nome e eu fico louco. Giro seu corpo e prendo-a no colchão. Beijo sua boca com fome e saudade antecipada.— Tem certeza que não quer ir comigo? Conhecerá a fazenda da minha família, é muito bonito lá. Tem as comidas maravilhosas de Dona Ana e um belo riacho para tomar banho e nos refrescar, namorar... hum? O que acha?— N... Não... Gabriel — Sinto que ela sente dificuldade em negar, um lado dela quer ir, mas outro mais forte a impede. Tentarei convencê-la.— Por que nega se eu sei que você quer tanto ir? — pergunto enquanto passeio por seu corpo com minha língua.— Eu não posso... — geme, manhosa.— Por que não pode? — Ela abre os olhos como se uma nuvem em seus olhos começasse a se formar, a mesma que eu vi antes
Luma— Ficou louco, Gabriel?— Louco eu já estou, Lu, desde o dia que te conheci. Maluco vou ficar se partir e te deixar aqui.Caminho pelo quarto, enrolando o cabelo em um coque. Gabiel apareceu cedo como tem feito desde o dia que nos conhecemos, mas sua atitude está me deixando muito confusa.— Já falei que não posso viajar, e também não posso ficar no seu apartamento. Isso é loucura!Ele continua com as chaves erguidas na minha direção. Eu não pego.— Fique aqui e quando chegar a hora vá para o meu apartamento, como se estivéssemos juntos. Pago por cada dia que for para lá, se esse for o problema.— O problema não é pagamento, é que não faz sentido eu ficar no seu apartamento. Não somos nada um do outro... e se algo quebrar? Ou se sumir... vai ficar tudo nas minhas costas.Ele se aproxima de mim, pega minha mão e a segura em concha depositando a chave ali.— Essa é a chave reserva. Pode ficar com ela e não só quando estiver viajando. Ela é sua para usar o dia que quiser.Me afasto
GabrielMal cheguei na fazenda e já tinha um monte de coisas pra resolver: o veterinário chegando pra dar vacina nos animais; a vistoria sanitária das vacas leiteiras e toda papelada acumulada de meses sem vir aqui. Mas na madrugada fui despertado por um motivo nobre: a minha égua estava parindo.Ela não era um animal jovem, mas tinha muita saúde.— A Genoveva, patrão — Um peão abre a porta do meu quarto em um rompante me despertando.— O quê?— Ela tá parindo! — fala com urgência e eu pulo da cama, vestindo uma calça. Imagino que algo esteja dando errado com seu parto devido a idade elevada da égua.— Como ela está? O que está acontecendo? — falo aflito, andando com velocidade pelo corredor.— Calma, chefe, ela parece estar bem. Só vim te chamar porque sei que tem chamego com a égua. E a bolsa acabou de estourar, o potrinho deve chegar logo, logo.Acelero o passo ansioso para ver minha égua que ganhei anos antes de sumir desta fazenda. Sempre que venho aqui, tiro umas horas para pass
— A senhora não vai entrar? — questiono como uma forma de incentivar a mulher.— Mãe, ele é o único disponível no momento. Ajuda, vai. — Com o pedido do filho, a mulher abaixa a cabeça e entra no veículo, mas manteve a boca fechada e os olhos meio leitosos observando a paisagem além da janela.Ela está pálida, com uma aparência muito frágil.Ao chegarmos no hospital, foi levada para a emergência. A mulher foi medicada, ficou em repouso e somente voltei de lá quando foi liberada pelo médico com uma pilha de remédios em sua mão. A senhora era diabética e tinha que lidar com a pressão alta e não havia posto médico próximo de onde morávamos.— A senhora está melhor? — pergunto ao vê-la se acomodar no banco do carro.— Vou estar melhor quando chegar em casa — ao falar dessa maneira, recebeu um olhar duro do filho. A mulher respirou fundo e voltou a falar - Mas obrigada, Gabriel, estou melhor, sim.João me agradeceu mais algumas vezes antes de deixá-los em casa e voltar para a fazenda. Não
LumaAssim que fico sabendo por Gabriel que minha mãe tá doente, saio como uma louca. No caminho me dou conta que não vou voltar no mesmo dia e meu filho sentirá falta de mim. Mando uma mensagem pra ele.“Meu amor, mamãe precisou sair urgente, obedece a vovó Nice, tá bom. Ela vai cuidar de você. Volto logo.”Meu coração se aperta, mas sigo meu caminho. Não posso levar meu filho naquele lugar, ainda não. E nem sei se um dia poderei. Quero poupá-lo das coisas que sofri: vergonha e rejeição.A viagem é longa e sei que só vou chegar ao anoitecer. Gabriel me manda mensagens e tento respondê-lo de forma que ele não suspeite que estou na estrada.“Foi pro meu apartamento, Lu?” — Recebo sua mensagem.“Não, Gabriel, mas estou no meu quarto. Não vou descer” — respondo quando paro em um sinal.“Sabe que eu ficaria mais tranquilo se você estivesse na minha casa, não é. Por que não foi?”“Prefiro ficar na minha cama.”Guardo o aparelho quando volto a dirigir.Só o respondo novamente quando paro, j
Passamos algumas horas na clínica, mas minha mãe passou por uma bateria de exames e saímos de lá com outras consultas agendadas e já deixei todas pagas. Não poderei estar aqui, mas cuidarei de tudo para que ela não perca nenhuma consulta.Agora estávamos no quarto de hotel que eu aluguei. Havia tomado meu banho antes de minha mãe e agora arrumava a cama para que pudéssemos conversar bastante e depois dormir juntinhas, como fazíamos muitas vezes quando eu era mais jovem.— E meu neto, eu quero saber como está meu neto — falou ela ao sair do banho. — Você falou muito dele, mas eu quero ver como ele está.Minha mãe estava ansiosa para ver as fotos de Kayo. Não pude mostrar antes, pois meu celular havia descarregado e deixei carregando um pouco enquanto tomamos nosso banho e arrumamos a cama para dormirmos.— Já deve ter carga o suficiente pra mostrar as fotos do seu neto — falo me virando para a mesa de cabeceira e pegando o aparelho. — Está 25%, dá pra mostrar as fotos. — Minha mãe se s
GabrielEstou encarando o celular há uns trinta minutos e não tenho coragem de mandar mensagem pra Lu. Entrei em seu contato uma dezena de vezes, vi que estava on-line em algumas dessas vezes, mas eu não conseguia mandar mensagem para ela.Estou confuso, meus sentimentos estão em conflito. Principalmente nesse momento que percebi que Luma me afeta agora tanto quanto me afetava há doze anos, quando eu precisei me afastar dela para conseguir viver com sua ausência.Alguém bate na porta do meu quarto. Tento não responder, fingir que não tem ninguém aqui, mas não funciona.— Gabriel, não adianta fingir, eu não estou com pressa. Posso ficar aqui o dia inteiro esperando por você. — Ouço a voz de Rosa e isso me causa arrepios. — Eu sei que você está aí, e vou ficar aqui até abrir essa porta.Bufo, sabendo que ela pode muito bem cumprir a ameaça.Abro a porta de repente e ela quase cai para dentro do quarto, pois estava escorada na porta.— Ai, Gabriel, custa ser mais gentil?— Não é gentil p