(Capítulo de domingo de manhã já postado)LumaÉ madrugada. Estou no meu sono mais profundo quando o barulho do meu celular me desperta. Quem pode ser a essa hora?Pego o aparelho e vejo a foto de Gabriel na tela. Acho estranho, pois ele foi frio mais cedo.Olho para a cama do outro lado do quarto e meu filho está em sono profundo. Atendo o telefone, falando baixo.— Oi, Gabriel.— Está no meu apartamento?— Não, estou no meu quarto na mansão. Meu filho está dormindo.Viro a tela do celular, talvez ele consiga identificar o abajur aceso.— Eu quero conversar com você, não quero ninguém por perto.Passo a mão no rosto. Estou perdendo a paciência com ele.— Gabriel, você fica em silêncio e me responde friamente. Depois me liga de madrugada e quer que eu o atenda? Olha, me liga amanhã, tá bom. Boa noite.Levo o dedo para cancelar a chamada, mas ele me faz parar.— Descobri tudo.“Tudo? Tudo o quê? Tudo mesmo?” — Me pergunto mentalmente.— E o que tenho a ver com isso?Faço a pergunta ten
GabrielSubi as escadas para avisar meu pai da presença de Ernesto e sua filha Amanda, as pessoas que eu menos esperava e eu tenho a maior surpresa quando menciono a presença dos dois.— Estava esperando por eles, manda entrarem.— O quê?— Está surdo, moleque. Manda entrar.— Mas pai, Ernesto foi seu rival a vida toda, esse homem sempre quis sua fazenda e você nunca aceitou, o que está acontecendo? O que mudou?— A fazenda é minha, Gabriel. Eu sei o que faço.— Não tenho mais tanta certeza quanto a isso. O senhor pode ao menos me falar que tipo de participação ele terá?— Quem é o pai aqui? Vai lá e manda entrar e você pode fazer o que quiser.Bufo de raiva, pois meu pai está me tratando como uma criança. Mas preciso ir com o Rafael ver o que a louca da Rosa arrumou desta vez.— Eu vou, mas isso não vai ficar assim. Eu não sou mais uma criança e os negócios também são meus, tenho direito de saber o que está fazendo. — Ele balança a mão na minha direção como uma sinal de dispensa.Abr
LumaGabriel parece doido às vezes. Mandei mensagem e ele mal me respondeu e agora resolve me ligar de madrugada. Confesso que fiquei intrigada com as coisas que me falou sobre Rosa e seu pai. Tinha certeza do envolvimento de Rosa e Rafael na minha separação, mas será que o pai do Gabriel também está envolvido? Será que esse cara que foi procurá-lo também está? Meu Deus, a coisa parece muito maior do que antes.Me deito e custo adormecer. Os problemas envolveram Gabriel de um modo que talvez ele não retorne por esses dias, e o que isso pode significar para mim? Ele não virá na festinha do filho? Kayo está tão animado com sua presença, senti até um aperto no peito, pois o meu filho já gosta tanto dele e nem sabe que Gabriel é seu pai.Adormeço enquanto meus pensamentos vagavam e acabei tendo um sonho confuso. No sonho eu fugia de algo que não sei o que era, só sei que estava fugindo. No começo eu descia uma escada sem fim, quanto mais descia, mais degraus apareciam e quando cheguei ao
GabrielA campainha toca quando estou envolvido demais naquele beijo quente. Gemo em protesto, mas deve ser a pizza que pedi.— Deve ser a pizza. Você atende?Peço e ela vai abrir a porta. Lu pega o pacote de papelão e volta com ele em mãos e um sorriso arrebatador em seu rosto.— Está com fome? — pergunto esperançoso.— No momento, não — responde e eu aprovo sua resposta.Pego o pacote de sua mão e o levo para a cozinha e coloco sobre a mesa.— Melhor deixar para depois que gastarmos nossa energia. Existe microondas pra isso — respondo, indo em sua direção e assaltando seus lábios novamente.— Não acha melhor conversarmos antes.— Não acho, não. — Tomo seus lábios novamente, em um beijo rápido — Nossa conversa será muito melhor se estivermos relaxados.Um sorriso malicioso toma seu rosto e voltamos a nos beijar. Um calor crescente envolve meu peito enquanto o beijo se aprofunda, suas mãos acariciam suavemente o meu rosto. A tensão e a atração entre nós é inegável, e esse momento pare
Estávamos sentados à mesa, Lu vestia uma camisa minha e eu estava achando muito sexy. Por mim ela poderia andar pela casa somente usando uma de minhas camisas, expondo suas lindas pernas.A pizza estava em seu fim, uma pena, pois estava uma delícia. Fico olhando Lu esquentar o último pedaço no microondas para comer, mas ela me pareceu subitamente calada.Me levanto da cadeira onde estou e passo meus braços por sua cintura envolvendo-a.— Está tudo bem? Está tão calada — comento e deixo um beijo em seu pescoço. Vejo sua pele se arrepiar.— Pensando na vida. — Ela retira o prato do eletrodoméstico e se vira para mim — Precisamos conversar.— Achei que tivéssemos conversado tudo na cama.Ela sorri e passa por mim, colocando o prato sobre a mesa.— Quem me dera fosse só uma questão de largar a mansão.— Se for isso, já te disse e repito, eu apoio você até que consiga algo pra fazer. Pode terminar seus estudos, pode trabalhar na minha empresa...Ela coloca um dedo sobre meus lábios.— Não
GabrielConforme as palavras deixam a boca de Luma, começo a me lembrar de minha própria história. A princípio como duas histórias de amor onde nós saímos feridos, mas depois começo a sentir que estas histórias estão interligadas.Um casal apaixonado contra o consentimento da família que decidem fugir; uma gravidez não planejada; uma traição; um bilhete... coincidências demais para uma única história.— Luma! — concluí, sussurrando o seu nome.Uma dor invade meu peito, um aperto cruel.— Gabriel, eu...Ergui a mão interrompendo-a.— Por que não me contou? Por que não disse de uma vez que era ela?Sinto as lágrimas queimarem os meus olhos, mas elas não rolam. No lugar disso, a raiva começa a substituir a dor fazendo as lágrimas secarem e o desejo de escorraça-la do meu apartamento é crescente. Fui enganado mais uma vez.Ela deve ter rido da minha cara de idiota toda vez que eu a chamava de “Lu”, achando que era outra pessoa. Mas eu mereço. Mereço porque a mulher está diferente, mas não
RosaSó me lembro de ser colocada no carro por meu irmão e por Gabriel. Apaguei ali mesmo e somente agora começo a ter noção de onde estou.As paredes do quarto são brancas, há mais uma cama de hospital ao meu lado, mas não tem ninguém aqui.Me sento e vejo que estou em uma cama como a que está ao meu lado. Não há nada no cômodo além das camas e uma ampla janela de vidro que dá para um jardim bonito.Olho para o meu corpo e eu estou usando uma calça branca com elástico na cintura e uma blusa da mesma cor, sem detalhes ou botões.Estou sozinha aqui. Não tem nada nesse lugar nem mesmo uma vaso de planta, um aparelho de TV... nada. Vejo um botão vermelho ao lado da cama. Aperto.Menos de um minuto depois a porta se abre e um médico entra.— Fico feliz que tenha acordado, senhora Rosa. Como se sente?— Bem — respondo confusa — Onde estou?— A senhora está em um hospital psiquiátrico.— O quê? — Espanto-me — Como vim parar aqui?— Seus familiares a trouxeram. A senhora teve uma sobrecarga
Rosa— Ah, Rosa, não acredito que vai receber uma amiga deste jeito — fala a mulher exuberante entrando e fechando a porta do quarto em seguida.— Eu não tenho amigas, você não é minha amiga.— Não devia falar deste jeito, fofa.Me irrito com seu modo de falar.— Fofa é o seu...— Olha como trata as visitas! — Estende um dedo cheio de anéis como repreensão. — Não vai me perguntar por que vim aqui?— Já perguntei.— Não — fala e se aproxima mais, a mulher parece uma cobra se rastejando e esperando a hora certa de dar o bote — Você me perguntou “o que eu faço aqui?”, é diferente. Eu faço uma visita, simples assim. — Deu de ombros. — Mas por que eu vim aqui você não perguntou.Suspiro fundo, me rendendo ao seu jeito estranho.— Tudo bem, por que veio aqui, Amanda? — pergunto jocoso, e ela sorri com seu sorriso de cobra, só falta a língua bifurcada.— Vim por vários motivos, um deles é mostrar como você é uma incompetente.— Veio me visitar ou me insultar?— Vim dizer a verdade. Tem algum