GabrielA campainha toca quando estou envolvido demais naquele beijo quente. Gemo em protesto, mas deve ser a pizza que pedi.— Deve ser a pizza. Você atende?Peço e ela vai abrir a porta. Lu pega o pacote de papelão e volta com ele em mãos e um sorriso arrebatador em seu rosto.— Está com fome? — pergunto esperançoso.— No momento, não — responde e eu aprovo sua resposta.Pego o pacote de sua mão e o levo para a cozinha e coloco sobre a mesa.— Melhor deixar para depois que gastarmos nossa energia. Existe microondas pra isso — respondo, indo em sua direção e assaltando seus lábios novamente.— Não acha melhor conversarmos antes.— Não acho, não. — Tomo seus lábios novamente, em um beijo rápido — Nossa conversa será muito melhor se estivermos relaxados.Um sorriso malicioso toma seu rosto e voltamos a nos beijar. Um calor crescente envolve meu peito enquanto o beijo se aprofunda, suas mãos acariciam suavemente o meu rosto. A tensão e a atração entre nós é inegável, e esse momento pare
Estávamos sentados à mesa, Lu vestia uma camisa minha e eu estava achando muito sexy. Por mim ela poderia andar pela casa somente usando uma de minhas camisas, expondo suas lindas pernas.A pizza estava em seu fim, uma pena, pois estava uma delícia. Fico olhando Lu esquentar o último pedaço no microondas para comer, mas ela me pareceu subitamente calada.Me levanto da cadeira onde estou e passo meus braços por sua cintura envolvendo-a.— Está tudo bem? Está tão calada — comento e deixo um beijo em seu pescoço. Vejo sua pele se arrepiar.— Pensando na vida. — Ela retira o prato do eletrodoméstico e se vira para mim — Precisamos conversar.— Achei que tivéssemos conversado tudo na cama.Ela sorri e passa por mim, colocando o prato sobre a mesa.— Quem me dera fosse só uma questão de largar a mansão.— Se for isso, já te disse e repito, eu apoio você até que consiga algo pra fazer. Pode terminar seus estudos, pode trabalhar na minha empresa...Ela coloca um dedo sobre meus lábios.— Não
GabrielConforme as palavras deixam a boca de Luma, começo a me lembrar de minha própria história. A princípio como duas histórias de amor onde nós saímos feridos, mas depois começo a sentir que estas histórias estão interligadas.Um casal apaixonado contra o consentimento da família que decidem fugir; uma gravidez não planejada; uma traição; um bilhete... coincidências demais para uma única história.— Luma! — concluí, sussurrando o seu nome.Uma dor invade meu peito, um aperto cruel.— Gabriel, eu...Ergui a mão interrompendo-a.— Por que não me contou? Por que não disse de uma vez que era ela?Sinto as lágrimas queimarem os meus olhos, mas elas não rolam. No lugar disso, a raiva começa a substituir a dor fazendo as lágrimas secarem e o desejo de escorraça-la do meu apartamento é crescente. Fui enganado mais uma vez.Ela deve ter rido da minha cara de idiota toda vez que eu a chamava de “Lu”, achando que era outra pessoa. Mas eu mereço. Mereço porque a mulher está diferente, mas não
RosaSó me lembro de ser colocada no carro por meu irmão e por Gabriel. Apaguei ali mesmo e somente agora começo a ter noção de onde estou.As paredes do quarto são brancas, há mais uma cama de hospital ao meu lado, mas não tem ninguém aqui.Me sento e vejo que estou em uma cama como a que está ao meu lado. Não há nada no cômodo além das camas e uma ampla janela de vidro que dá para um jardim bonito.Olho para o meu corpo e eu estou usando uma calça branca com elástico na cintura e uma blusa da mesma cor, sem detalhes ou botões.Estou sozinha aqui. Não tem nada nesse lugar nem mesmo uma vaso de planta, um aparelho de TV... nada. Vejo um botão vermelho ao lado da cama. Aperto.Menos de um minuto depois a porta se abre e um médico entra.— Fico feliz que tenha acordado, senhora Rosa. Como se sente?— Bem — respondo confusa — Onde estou?— A senhora está em um hospital psiquiátrico.— O quê? — Espanto-me — Como vim parar aqui?— Seus familiares a trouxeram. A senhora teve uma sobrecarga
Rosa— Ah, Rosa, não acredito que vai receber uma amiga deste jeito — fala a mulher exuberante entrando e fechando a porta do quarto em seguida.— Eu não tenho amigas, você não é minha amiga.— Não devia falar deste jeito, fofa.Me irrito com seu modo de falar.— Fofa é o seu...— Olha como trata as visitas! — Estende um dedo cheio de anéis como repreensão. — Não vai me perguntar por que vim aqui?— Já perguntei.— Não — fala e se aproxima mais, a mulher parece uma cobra se rastejando e esperando a hora certa de dar o bote — Você me perguntou “o que eu faço aqui?”, é diferente. Eu faço uma visita, simples assim. — Deu de ombros. — Mas por que eu vim aqui você não perguntou.Suspiro fundo, me rendendo ao seu jeito estranho.— Tudo bem, por que veio aqui, Amanda? — pergunto jocoso, e ela sorri com seu sorriso de cobra, só falta a língua bifurcada.— Vim por vários motivos, um deles é mostrar como você é uma incompetente.— Veio me visitar ou me insultar?— Vim dizer a verdade. Tem algum
GabrielO que poderia significar a palavra dormir? Nesta noite eu simplesmente deletei esse significado da minha cabeça e passei a noite em claro. Ao chegar no quarto, achei o convite em cima do móvel ao lado da cama. Ali tinha a data do aniversário do meu filho, Kayo.Encaro a data, o garoto nasceu em pleno inverno e esta noite está fazendo jus a estação. Subi na cama do modo como estava quando Luma foi embora: arrasado, derrotado e confuso, além de vestindo apenas uma bermuda. Me cobri com o edredom que cheirava ao perfume dela.Coloquei o convite sobre o nariz e senti o seu cheiro ainda mais forte. Naquela posição passei a noite, encolhido, sentindo um frio que não haveria cobertor capaz de me aquecer. A vontade de ir até lá e buscá-la para os meus braços era esmagadora, mas eu sabia que não era o momento certo.Nice confirmou as informações que Luma havia me dado. Minha mente me dizia que ela foi injustiçada; sofreu sozinha com a ajuda de um estranho; foi expulsa pelo próprio pai,
LumaLogo pela manhã, recebo uma mensagem do Gabriel. Ele quer ver o filho depois que sair da empresa e conversar comigo. Não sei qual das duas partes da mensagem causam mais moleza em minhas pernas; frio no meu estômago e faz meu coração acelerar.Levo meu filho à escola e na volta me deparo com uma cena na cozinha que me chama a atenção: Nice e as outras meninas estão sentadas em volta da mesa.— Renião? — questiono, jogando a bolsa sobre a cadeira que restava vazia.— Uma bem desagradável — responde Nice.— Sobre o quê? Posso saber?— Sobre você — responde Janaína e eu a encaro sem entender nada. Na verdade o motivo começa a passar por minha cabeça, mas prefiro ouvir da boca delas.— Luma, eu tentei evitar, tentei explicar, mas não teve jeito. — Nice parece meio nervosa. Não sei o que esperar.Olho, confusa, para as faces presentes ali e vejo que algumas parecem descontentes, e Janaína é uma delas.— Sente-se, Luma. É melhor que seja agora, já que Kayo está para a escola.Em silênc
Meu filho está fazendo seu trabalho para a escola. Dou um beijinho avisando que estou indo trabalhar e ele me dá um abraço apertado.Caminho até a ala reservada à recepção dos clientes, que é bem separada da que usamos como uma casa normal, e então desço as escadas.O clima tem estado um pouco melhor que algumas semanas atrás, a temperatura esquenta durante o dia, aliviando o frio da noite e isso traz mais clientes até a mansão.O bar tem uns dois homens sentados, um de cada lado da moça jovem e sorridente. Nas mesinhas também já tem alguns clientes e eu vou até uma mesa onde Camila está.— Boa noite — cumprimento-a.— Boa noite, Luma. Me desculpa por hoje de manhã, vi que manteve a distância de todas nós durante o dia.— Você não fez nada, Camila, não precisa se desculpar.— Só queria te dizer que Nice andou segurando isso o máximo que conseguiu, as garotas estavam pressionando-a.— Eu faço ideia. Vi a cara daquelas três.— Eu não me importo, sei o quanto sofreu durante muitos anos.