Ameaças, sério??

Assim que me sentei ao lado da Elisa ela já veio com seus interrogatórios para cima de mim.

— O que houve ali entre vocês, Alessia?

— Como assim, o que houve entre nós? - senti- me um pouco apreensiva — Não houve nada.

— Você vai mesmo querer me enganar que não houve nada? - olhou-me atentamente — Porque eu vi o jeito que você ficou perto dele, nas duas vezes que ele aproximou-se de você, e também vi o jeito como ele te ficou te olhando enquanto você caminhava até aqui.

— Jeito? - ri um pouco sem graça, alisando a nuca — Que jeito?? - indaguei curiosa, mas não para saber sobre o jeito que eu havia ficado perto dele, e sim o jeito como ele me olhou ,quando eu não estava olhando para ele.

— Bem, eu vou começar por você. - apontou o dedo indicador para mim e em seguida o levou até o queixo — Você ficou como se um jato de adrenalina estivesse sido injetado em seu sangue. 

— Adrenalina?

— Sim. - explicou-me — Pela expressão do seu corpo naquele momento, qualquer um podia dizer que o seu coração estava batendo muito mais forte, pelo menos uns 150 batimentos por minuto, suas mãos talvez suaram ou tremeram, sua respiração Com certeza ficou ofegante, e um nervosismo abundante tomou conta de você. Acertei? - olhou-me com expectativas.

— Eh, você acertou. - afirmei.

— Ah, não, sério? - encostou-se para trás e me olhou surpresa — Seu primeiro amor é por alguém que você mal acabou de conhecer?

Ela começou a rir, como se fosse algo normal de acontecer. Ou melhor, era normal para ela.

— Sério!. coloquei os dois braços em cima da mesa e deitei minha cabeça neles, lamentando- me — Infelizmente.

— Por que você está se lamentando de ter se apaixonado por ele a primeira vista? Ele é um gato, Alessia. - disse toda animada — Até que enfim isso finalmente aconteceu com você. Eu já tava achando que você não tinha nenhum coração aí dentro.

— Ei, aí é exagero. Eu não tinha como obrigar o meu coração a se apaixonar por quem eu queria. - suspirei profundamente — Infelizmente ele não obedece a minha cabeça.

— É, isso é. - concordou — O meu também não.

Olhou-me com compreensão.

— Bem, mas agora deixa eu falar do jeito dele.

Antes disso eu já estava na espectativa. Bem ansiosa para saber, afinal a Lisa tinha muito mais experiência nesta área do que eu.

— Sabe, ele te olhou como a gente olha para uma peça de roupa, um sapato ou uma bolsa que está atrás de uma vitrine; querendo, desejando, cobiçando muito, mas que infelizmente não podemos ter pois algo nos impede. Entendeu?

— Sério? - indaguei incrédula, mas com muita expectativas — Você conseguiu ver tudo isso em apenas um simples olhar dele para mim? 

— Sim. - disse sem hesitar — Ele parecia o lobo mau da história da chapeuzinho vermelho, aquela cena em que o lobo mau está com a boca cheia d'água e olhos sedento de desejo e vontade de pegar a cesta de doces dela.

— Lisa é sério, eu tô achando que você tá viajando na maionese, pirando na batatinha.. - comecei a rir divertidamente.

— Então tá, se você não acredita em mim, espere e você verá.

— Ok.

Eu ri mais um pouco antes da galera voltar para a mesa juntamente com o garçom trazendo duas bandejas cheias de drinks.

— Porra meninas, qual das duas tá com dinheiro sobrando aí no bolso para fazer um empréstimo para mim? - disse com os olhos arregalados ao ver as bandejas cheias de drinks.

— Infelizmente ninguém Giovanni. - explicou — Na realidade é uma cortesia de um cara que está muito interessado na nossa amiguinha aqui. - colocou as mão em meu ombro.

— Um cara interessado na Alessia? - Indagou com um tom de raiva — Que cara é esse, Lisa?

Eu fiquei um pouco tensa ao ver o jeito como ele ficou. 

Para não sair nenhuma confusão, pois eu sabia que o Giovanni adorava uma. Eu dei um cutucão na Lisa, esperando que ela entendesse que eu não que ela mostrasse para ele quem era o cara, pois ele estava bem do outro lado, me olhando fixamente.

— Ah, é somente um cara aí. - disse como se fosse qualquer cara mesmo — Eu não estou vendo ele aqui por perto agora,.. - fingiu estar procurando por ele — ..mas se caso eu ver ele eu mostro para você, ok, Giovani?

— Beleza. 

Ele se sentou quase que de frente a mim e ficou me encarando enquanto todo mundo começou a pegar o seu drink para tomar.

Como haviam vários drinks, de várias cores diferentes, eu acabei ficando confusa a qual delas eu deveria pegar, afinal eu não gostava de bebidas muito forte. Eu sempre tentei evitá-las ao máximo.

Sabendo disso e me conhecendo muito bem, o Fabrizio rapidamente pegou um drink na cor azul, que por sinal era o único daquela cor ali no meio de todas as outras e colocou na minha frente, sinalizando com a cabeça que eu podia tomar de boa.

Eu agradeci em um sussurro, mas até então, eu fiquei um pouco receosa se bebia ela ou não, pois estava com medo dela estar batizada.

Eu olhava para a bebida e depois olhava para o Alonzo de pé do outro lado, tentando decifrar no olhar dele se eu deveria ou não tomar o drink, mas infelizmente o olhar dele era enigmático. Algo que só me deixava ainda mais confusa e indecisa.

— Ué, Alessia, não vai beber o drink que o suposto cara interessado em você fez a gentileza de nos proporcionar? - perguntou num tom de sarcasmo — Você não faria essa desfeita com ele, não é?

Eu preferi não responder ao sarcasmo dele, apenas o olhei seriamente.

— É verdade, Alessia. - olhou suspeitando — Todo mundo já bebeu quase tudo, só você que ainda está enrolando com o copo na mão, porque? - Indagou.

Para acabar com a desconfiança e a histeria do Giovanni e do Marco, eu peguei o drink e o bebi numa golada só.

— Eh, é isso aí garota. (Anna)

— Mandou bem. (Giuseppe)

— É assim que se faz. (Mario)

— Uau.. - bateu palmas. (Giuliana)

— Mostra pra eles amiga. (Elisa)

Quase todos agitados e extasiados com a minha resposta aos rapazes, apenas o Fabrizio parecia não ter gostado muito do que eu fiz.

Já o Giovanni e o Marco, cruzaram os braços e ficaram sem graça, sem reação e sem saber o que falar.

 .." Bom, pelo menos calei a boca deles. - sorri vitoriosa.

Após tanta zoação da galera com o Giovanni e o Marco, os dois se levantaram e saíram da mesa sem falar onde iriam.

As meninas foram dançar com alguns rapazes que vieram convidá-las, deixando novamente eu e o Fabrízio sozinhos na mesa.

— Você sabia que não precisava ter provado nada para aqueles dois otários, certo?

— Sim, eu sabia.

— Então por que você fez aquilo? - olhou-me intrigado.

— Ah, para tirar eles do meu pé. - expliquei.

— Hum, entendi.

Depois disso a gente ficou meio que sem ter o que dizer um ao outro.

Nós não tínhamos muitos assuntos entre nós, afinal era muito raro o Fabrízio sair com a gente. Muito raro mesmo.

A única coisa que nos restava era ficar olhando as pessoas dançando, conversando e se interagindo entre si.

.." É, e lá continua ele, me olhando como se estivesse me vigiando. - suspirei de leve — Como se fosse o meu guarda costa.

Alguns minutos depois de eu ter tomado o tal drink azul, eu comecei a sentir uma leve tontura, algo que deixou-me um pouco preocupada.

.." Não, isso não tá acontecendo comigo.

Antes que a tontura ficasse mais pior, eu resolvi ir até o banheiro para lavar a nuca e molhar o rosto.

— Fabrizio, eu vou rapidinho até o banheiro e já volto, tudo bem? - levantei- me dá me.

— Você quer que eu vá com você até lá? - ofereceu-se gentilmente.

— Não, não precisa não. Eu vou e volto rapidinho.

— Ok.

Enquanto eu caminhava e costurava entre as  pessoas para chegar até o banheiro, a tontura parecia estar aumentando um pouco mais.

.." Meu, o que é isso? - parei por um momento, coloquei as mãos no rosto e fechei os olhos para ver se ajudava a diminui- lá.

Achando que havia aliviado um pouco eu voltei a caminhar em direção ao banheiro, quando de repente ela veio bem mais forte, fazendo-me perder o controle do meu corpo e pender para o lado.

Eu pensei que fosse cair ao chão, mas de repente alguém me segurou.

Alguém com mãos e braços fortes e bem tonificados.

— Precisa de ajuda, gata? 

Ao ouvir aquela voz sedutora e excitante, não tinha como eu me enganar. 

Era ele; *Alonzo De Luca*.

Eu me virei rapidamente para olha-lo e questiona-lo.

— Foi você, não foi? - indaguei — Você mandou batizar aquele drink!!

— Desculpa gata, mas eu não sei do que você está falando. - fez de desentendido — Eu apenas fiz o que você me pediu. - sorriu ironicamente — Paguei o seu drink que eu havia derrubado e com juros, como você mesmo viu.

Ele parecia estar querendo me irritar, me tirar do sério. E por fim, ele estava conseguindo.

— Você é mesmo um cínico. - disse irritada — Você fez por vingança.

— Fiz o que?

O sorriso travesso e o cinismo dele, estava me deixando cada vez mais irritada.

— Quer saber, eu não vou ficar aqui perdendo meu tempo com você, porque com certeza você vai continuar negando que mandou o barman batizar aqueles drinks. - me afastei dele — Mas não se esqueça, que o que aqui se faz aqui se paga.

Com isso ele começou com aquela risadinha sarcástica e debochada dele novamente.

— Você é mesmo um babaca.

Deixei ele lá, rindo sozinho novamente e fui para o banheiro.

Já dentro do banheiro, e que por sinal estava lotado, lavei meu rosto e minha nuca abundantemente.

Depois de me sentir um pouco melhor, sai do banheiro e fui até o bar pegar uma garrafinha de água.

— Oi, eu queria.. - parei de falar ao sentir uma mão em meu ombro e uma voz masculina e grossa, atrás de mim.

— Spritz, é o que essa linda moça aqui, vai querer.

Não que eu não tenha gostado de ter sido elogiada e tratada com total gentileza por um homem, mas eu detestava quando alguém fazia algo que eu não havia pedido ou permitido fazer por mim.

— Obrigada pela gentileza, mas eu consigo pedir minha própria bebida. Afinal já sou maior de idade.

Olhei para o lado para ver quem era, pois não havia reconhecido a voz, e me deparei com o rapaz que estava junto do tal Alonzo.

— Eu sei e por isso lhe peço desculpas. Eu só queria ser um cavalheiro com você, só isso. - sorriu encantadoramente para mim.

Eu até senti um pouco de sinceridade na voz dele, mas depois do que o Alonzo talvez havia feito, eu tinha que ficar com o pé atrás.

— Hrum.. sei. - desviei o olhar e suspirei em suspeita — Muito obrigado, mas eu me viro, ok?

— Ok, como preferir. - deu um aperto em meu ombro e saiu.

Ao vê-lo se afastar, eu me senti um pouco mal, um peso na consciência pelo modo como o tratei, mas o que eu podia fazer, se ele era um estranho para mim.

Eu não sabia nada sobre ele, nem o nome dele. E ainda para piorar a situação dele, ele estava acompanhado daquele arrogante e petulante do *Alonzo*.

— Era só o que me faltava. - disse indguinada a mim mesma — Esses caras acham que é só pagar uma bebida para uma mulher que já terá ela se jogando em seus braços. - suspirei fundo — Só por Deus, viu.

— Tudo bem, moça? - perguntou o barman.

— Tudo, tudo ótimo. - disse num tom firme.

— Ok. Ahm, a senhorita vai querer o que?

— Apenas uma garrafa de água.

— Ok, já vou pegar para a senhorita.

— Obrigada.

Ele mal saiu de perto de mim e já voltou com a garrafa de água. 

— Prontinho moca, sua água. - entregou-me a garrafa.

— Obrigada, mas uma vez.

Eu abri, bebi quase ela toda e em seguida a coloquei em cima do balcão.

— Bom, agora que estou bem melhor eu posso volta lá para a mesa. Eles já devem estar pensando onde é que eu estou.

Me levantei para voltar junto da galera, mas eis que senti novamente uma mão em meu ombro, e assim que me virei, me deparei mais uma vez com o petulante e arrogante do Alonzo.

— O que você acha de me deixar pagar mais um drink para você, gata. - deu uma piscada ousada para mim.

— Escuta aqui cara, por acaso você está de tiração com a minha cara, é isso?

— Eu? - disse num tom de sarcasmo — Jamais. Eu só me ofereci de pagar outro drink para você, você é quem está sendo ignorante comigo.

Meu, a ousadia e a petulância dele era de mais. Ele parecia não ter medo de nada, não se importar com nada, não ligar para nada,..

Então ignorá-lo, desprezá-lo, esnobalo, tratá-lo mal, parecia que não ia adiantar, não ia funcionar com ele, mas alguma coisa eu ia ter que fazer, ou ele não ia desistir de me irritar, me cutucar, me perseguir,..

— Desculpe, mas acho que você já pagou drinks de mais para mim, você não acha? 

— Não, pelo que eu sei e vi, você tomou apenas um. - sorriu travesso.

— Um, que por sinal estava batizado, não é mesmo? - disse com convicção.

— Ok, eu admito. - sentou do meu lado — Eu coloquei algo em sua bebida, mas foi uma dose bem pequena, só para te deixar um pouco zonza e não para te derrubar. - sorriu debochado.

— Eu não estou acreditando que você teve a coragem de fazer isso comigo. - o olhei indguinada — Porque? O que eu te fiz? 

Eu o olhei atentamente, esperando por uma resposta.

— O que você fez para mim? - disse num tom seco — Mas você é muito irônica mesmo hein.

— Eu sou irônica?

— Sim você é. Você acabou com o meu lance, horas atrás, com aquela mulher gostosa, com uma desculpinha fajuta de que estava com a boca seca e não podia esperar para pedir ao barman algo para você beber, você lembra?

— Ah, você está dizendo aquela mulher que você ia dopar com um drink batizado para depois você se dar bem com ela? - sorri debochada — É, com certeza eu me lembro.

Ele pareceu não gostar muito, do modo como eu falei.

— O que eu ia fazer, não era da sua conta.

— É, realmente não era, mas.. 

— E pra me deixar ainda mais irado, me fez pagar bebida para você e toda a sua turma, e em seguida ainda disse com sarcasmo para mim não colocar drogas nelas. - apertou a mandíbula segurando a raiva — Então o que você queria que eu fizesse? Eu precisava mostrar para você que mulher nenhuma diz para mim o que eu devo ou não fazer.

— Ahm, agora entendi.

— Entendeu o que?

— Entendi que além de arrogante e petulante, você também é machista.

— Ache o que você quiser de mim, porque para mim o que você acha ou deixa de achar, pensa ou deixa de pensar, pouco me importa.

— Que bom, fico feliz em saber. - sorri para ele.

Assim que me levantei para sair ele segurou no meu braço e me olhou seriamente.

— Toma muito cuidado comigo Alessia Lucchesi, porque você não me conhece, você não sabe nada sobre mim. - disse num tom de ameaça — Já eu, sei muito sobre você. Sei até de coisas que você mesmo não sabe sobre si.

Engoli em seco ao ver o olhar de ameaça e perigo dele, mas eu não podia demostrar para ele o medo que eu estava sentindo.

— É o seguinte, Alonzo. - o encarei — Sinto lhe informar, mas eu não sou o tipo de pessoa que fica com medo e se apavora com suas supostas ameaças. 

— Sério, e que tipo de pessoa você é, então? - Indagou.

— O tipo que encará o perigo de frente, sem medo das consequências.

— Uau, gostei. - olhou-me admirado — Então você é uma das minhas.

— Uma das suas? Não!! - olhei enojada — Eu jamais batizaria a bebida de alguém para se dar bem com ela, eu jamais venderia drogas ilícitas em uma balada ou qualquer outro lugar. - disse com firmeza — Então, por favor, não me compare a você, ok?

Ele me olhou fixamente e se aproximou do meu ouvido.

— Pensa bem no que você vai dizer por aí gatinha, ou eu terei que cortar a sua língua.

Em resposta a mais uma ameaça dele, eu puxei o meu braço e disse baixinho no ouvido dele antes de sair de perto dele.

— Não se preocupe amor,.. - disse sarcasticamente — ..eu tô que se foda, com o que você faz ou deixa de fazer. Então é uma pena, mas você não terá o gostinho de cortar a minha língua. - ri debochando — Mas se mesmo sem motivo algum, você ainda querer cortá-la, beije- me ousadamente antes, e mate logo essa vontade louca que você está de experimentar o gosto dela.

Me senti vitoriosa ao ver o pomo-de-adao dele subir e descer rapidamente, e ele ficando tenso, sem reação alguma. 

Com isso, eu me afastei, indo em direção a saída, mas antes de sair para fora eu me lembrei que havia prometido a Elisa de avisa- lá aonde e com quem eu estaria.

Eu, então, voltei para a pista de dança para avisa- lá que iria até a Van.

Ela estava dançando com um rapaz.

— Lisa eu vou um pouco lá na van, ok? - disse no ouvido dela.

— Na Van, mas porque?

— É que aqui está muito barulho e abafado. Eu preciso respirar um pouco de ar fresco.

— Ah, beleza, eu vou com você então. - parou de dançar.

— Não, não precisa se preocupar comigo. Eu só vou lá por alguns minutos e já volto, tranquilo.

— Certeza mesmo, que não quer minha companhia?

— Sim, tenho. - respondi de um jeito amigável.

— Ok, mas qualquer coisa dá um grito bem alto.

— Pode deixar, dou sim. - ri divertidamente.

Me virei e fui lá para fora em direção a van, como eu havia dito que faria.

.." Nada como respirar um pouco de ar fresco. 

Eu já estava quase perto da Van, quando ouvi uma voz masculina atrás de mim, chamar o meu nome.

— Alessia Lucchesi??

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo