Depois de fazer um exame no corte do paciente e perguntar algumas coisas, o grupo foi embora."Você não sabe? O segurança teve que tirar a camisa e dar para ela estancar o sangue enquanto ia buscar no carro a maleta da médica. Alí mesmo ela limpou, tratou e enfaixou. Quando chegou ao hospital o sangramento já havia parado, mas o paciente corria o risco de entrar em choque, por falta de sangue. Ela o mandou para a sala de cirurgia, como o melhor cirurgião da casa e foi direto para o posto de coleta. Para doar sangue. Raro e precioso! Eu sou sinceramente fã dessa mulher.” Garota falando como Débora socorreu o pai.No quarto Débora estava acordando. Carlos que havia passado a noite em claro, olhando para a mulher. Percebeu quando Débora acordou, ele deitou a sua própria cabeça e seus olhos estavam a alguns centímetros dos olhos fechados dela. Suas respirações se tocavam como uma leve caricia. A médica pensou por um momento, Carlos sentiu sua excitação. Porém, logo a mulher se afastou d
Depois que Carlos foi embora, André pediu para que o enfermeiro particular que o estava servindo o ajudasse a chegar no quarto de Débora. Ao chegar lá a filha estava dormindo mais uma vez. No seu quarto havia uma infinidade de flores e presentes. A iluminação que via da janela, trouxe à cabeça de André uma cena semelhante.A dezoito antesAndré entrou na sala do pai e pela primeira vez na vida o viu com um semblante pálido e preocupado. O telefone ainda na mão parecia esquecido, sua gravata estava solta e dois botões de sua camisa estavam abertos. Ele realmente parecia uma pessoa em choque.“Sua neta está só.”A frase da jaciara girava e girava na cabeça do velho. “Um acidente de carro em uma estrada rural, levou à morte de Niara. O acidente aconteceu à noite e quando elas foram resgatadas já era tarde demais para minha irmã.”“Elas???”“Sim, Débora estava com ela. Com a menina não aconteceu nada de grava no corpo. Porém ela passou a noite inteira no meio do mato com a mãe.”“Como i
Ainda era madrugada quando Débora acordou naquele dia, sua roupa de dormir, era um pijama de algodão de fundo branco com pequenas rosas coloridas. Ela se viu quando passou na porta do banheiro coletivo do orfanato. Naquela hora não tinha uma viva alma acordada. Ela estava com seus objetos de limpeza e roupas que iria usar naquele dia. Ela pegou um pequeno baldo e encheu com água da pia do banheiro, o levando para dentro de um dos cubículos de uso das bacias sanitárias. Ela não queria usar o cheveiro para não chamar atenção de alguma pessoa do orfanato. Água estava fria. Era um dos preços que a menina tinha que pagar para sair sem ser notada. Os chuveiros tinham água quente, mas na pia não. Ela teria que enfrentar o fenômeno da compensação térmica. Que provoca dias quentes e noites e madrugadas frias, no interior do estado de Pernambuco. Mesmo assim, a menina enfrentou a baixa temperatura da água em uma temperatura ambiente de vinte graus. Se lavou, se trocou e saiu pela janela, sem
O motorista deixou a garota nas mãos da sogra e partiu para fazer sua tarefa. “Vou voltar para a cozinha, porque tenho muita coisa a fazer. Você fica aqui, comportada e quando chegar a hora nós vamos ao fórum. Certo?”“Sim, senhora.”A menina pegou o suco de cajá e o bolo que a mulher colocou na sua frente e comeu. O suco estava gelado e doce, fazendo contraste com o azedo do cajá, o bolo era gostoso também, uma massa com sabor de interior, tinha o nome sugestivo de engorda marido.Débora viu o estabelecimento mudar de clientes totalmente umas três vezes, antes de finalmente a mulher sair da cozinha. Pronta para ir com ela ao fórum. Havia tirado a touca, branca que escondia o cabelo preto da mulher, tirado o avental e vestido uma blusa de mangas sete quartos.“Vamos, menininha?”“Sim, senhora.”As duas caminharam umas poucas quadras e logo já estavam no fórum da cidade, esperaram cerca de cinco minutos e logo o atendimento começou na repartição pública.As duas entraram no edifício e
O juiz estupefato olhou para a garota e perguntou:“Também é seu passatempo ler códigos legislativos?”“Não. Isso eu li ontem, à noite, depois que o senhor mandou o ofício para o orfanato. Mas queria nos concentrar no problema.”“Qual é o problema do seu ponto de vista?”Perguntou o juiz interessado em saber a opinião daquela pequena gênia.“A lei determina que existem duas possibilidades de paternidade. A paternidade biológica e a afetiva. O teste de DNA confere a identidade genética da pessoa, sendo o exame que garante a certeza da paternidade biológica. Mas são os afetos que de fato criam a relação parental entre pais e filhos. Mesmo que esse homem tenha emprestado um espermatozóide para a geração de um novo ser. No caso, eu. Ele rejeitou esse ser desde que estava no ventre da mãe.”“As crianças não devem ser envolvidas nos problemas emocionais dos adultos.”“É o que teoricamente seria apropriado. Porém, não é o que de fato ocorre. Esse homem nunca se interessou em entrar em conta
O secretário saiu para buscar Débora. E lauro saiu do seu papel de juiz, vestindo a aparência de amigo.Veio até Jorge e falou:“Tio Jorge. Espero que essa garotinha seja muito bem cuidada por você. Ela é uma pessoa muito especial.”No que quase todos na sala concordavam. Apenas André não tinha impressão nenhuma de Débora. Na verdade ele nunca viu a garota. Nem quando entrou no apartamento de Niara e fizeram sexo ele olhou para ela. Ele estava descontente com o amigo Lauro.Mas não falou nada até a garota entrar na sala. Seus traços eram muito bonitos, mas ainda não definidos. A garota passou por ele e abraçou o avô dizendo:“Vovô senti muita saudade de você.”Depois pegou Paulo no colo fazendo graça para o bebê rir. Em nenhum momento ela se dirigiu a ele. André se sentiu desprezado pela garota e a considerou arrogante feito a mãe."Ei, garotinha não quer saber qual a minha decisão?”“Claro! Mas eu sei que vossa excelência é um homem sensato e optou pelo melhor.”Afinal sua tia apesa
Melhor, Deborah trocou de roupas e começou a conversar com Roberto sobre as ações que deveria implementar na companhia. Pois, Tina havia chegado na sua enfermaria, enquanto estava tomando banho.“Bom dia, Carlos.”Falou da assistente de Débora.“Bom dia, Tina? É Tina seu não.”“Sim, pode me chamar de Tina.”Carlos pegou o celular, pediu licença a moça e ligou para Alberto. “Alberto, em vez de você ir ao escritório, venha até o hospital Anima, sala dez. Pode trazer todo o trabalho que iríamos fazer.”Alberto havia acabado de acordar. Seus cabelos despenteados caíam lindamente em seus olhos castanhos claro, seu corpo atlético, coberto apenas pela calça do pijama ainda não estava a pleno vapor como o das mulheres na sala. Então ele demorou um pouco para responder:“Sim, estarei por ai em uma hora.”“Te espero.”Quando ele virou de volta para Tina, na mesa da enfermaria tinha um farto café da manhã. Débora estava saindo do banheiro com uma roupa, uma calça listrada, preta e branca, uma b
Margarida Rosa Nascimento, era o nome da paciente que estava naquele hospital há mais de onze anos. Havia tido um Acidente vascular cerebral, que lhe custou todas as funções motoras. Apesar de estar conscientes de todo o tempo em que viveu no quarto. Não podia se mover, apenas os olhos tinham alguma autonomia.dezoito anos atrásQuando chegou na casa dos avós Débora era uma menina muito doce, apesar de traumatizada. A menina se esforçou para dormir aquela primeira noite em um quarto estranho. Tudo era novo para ela, não tinha mais a sua mãe amada, a sua casa no campo. Só restava seu avô amado. Mas esse não foi o único dos problemas que a garota teve para se adaptar à nova vida.No outro dia pela manhã uma das empregadas levou a garota para a escola. Jorge havia pedido à esposa que a colocasse na escola. “Margarida, procure uma escola para que Débora possa estudar.”“Vou fazer isso hoje.”A mulher respondeu sem levantar a cabeça que estava baixa olhando o que iria colocar no seu prato