O motorista deixou a garota nas mãos da sogra e partiu para fazer sua tarefa. “Vou voltar para a cozinha, porque tenho muita coisa a fazer. Você fica aqui, comportada e quando chegar a hora nós vamos ao fórum. Certo?”“Sim, senhora.”A menina pegou o suco de cajá e o bolo que a mulher colocou na sua frente e comeu. O suco estava gelado e doce, fazendo contraste com o azedo do cajá, o bolo era gostoso também, uma massa com sabor de interior, tinha o nome sugestivo de engorda marido.Débora viu o estabelecimento mudar de clientes totalmente umas três vezes, antes de finalmente a mulher sair da cozinha. Pronta para ir com ela ao fórum. Havia tirado a touca, branca que escondia o cabelo preto da mulher, tirado o avental e vestido uma blusa de mangas sete quartos.“Vamos, menininha?”“Sim, senhora.”As duas caminharam umas poucas quadras e logo já estavam no fórum da cidade, esperaram cerca de cinco minutos e logo o atendimento começou na repartição pública.As duas entraram no edifício e
O juiz estupefato olhou para a garota e perguntou:“Também é seu passatempo ler códigos legislativos?”“Não. Isso eu li ontem, à noite, depois que o senhor mandou o ofício para o orfanato. Mas queria nos concentrar no problema.”“Qual é o problema do seu ponto de vista?”Perguntou o juiz interessado em saber a opinião daquela pequena gênia.“A lei determina que existem duas possibilidades de paternidade. A paternidade biológica e a afetiva. O teste de DNA confere a identidade genética da pessoa, sendo o exame que garante a certeza da paternidade biológica. Mas são os afetos que de fato criam a relação parental entre pais e filhos. Mesmo que esse homem tenha emprestado um espermatozóide para a geração de um novo ser. No caso, eu. Ele rejeitou esse ser desde que estava no ventre da mãe.”“As crianças não devem ser envolvidas nos problemas emocionais dos adultos.”“É o que teoricamente seria apropriado. Porém, não é o que de fato ocorre. Esse homem nunca se interessou em entrar em conta
O secretário saiu para buscar Débora. E lauro saiu do seu papel de juiz, vestindo a aparência de amigo.Veio até Jorge e falou:“Tio Jorge. Espero que essa garotinha seja muito bem cuidada por você. Ela é uma pessoa muito especial.”No que quase todos na sala concordavam. Apenas André não tinha impressão nenhuma de Débora. Na verdade ele nunca viu a garota. Nem quando entrou no apartamento de Niara e fizeram sexo ele olhou para ela. Ele estava descontente com o amigo Lauro.Mas não falou nada até a garota entrar na sala. Seus traços eram muito bonitos, mas ainda não definidos. A garota passou por ele e abraçou o avô dizendo:“Vovô senti muita saudade de você.”Depois pegou Paulo no colo fazendo graça para o bebê rir. Em nenhum momento ela se dirigiu a ele. André se sentiu desprezado pela garota e a considerou arrogante feito a mãe."Ei, garotinha não quer saber qual a minha decisão?”“Claro! Mas eu sei que vossa excelência é um homem sensato e optou pelo melhor.”Afinal sua tia apesa
Melhor, Deborah trocou de roupas e começou a conversar com Roberto sobre as ações que deveria implementar na companhia. Pois, Tina havia chegado na sua enfermaria, enquanto estava tomando banho.“Bom dia, Carlos.”Falou da assistente de Débora.“Bom dia, Tina? É Tina seu não.”“Sim, pode me chamar de Tina.”Carlos pegou o celular, pediu licença a moça e ligou para Alberto. “Alberto, em vez de você ir ao escritório, venha até o hospital Anima, sala dez. Pode trazer todo o trabalho que iríamos fazer.”Alberto havia acabado de acordar. Seus cabelos despenteados caíam lindamente em seus olhos castanhos claro, seu corpo atlético, coberto apenas pela calça do pijama ainda não estava a pleno vapor como o das mulheres na sala. Então ele demorou um pouco para responder:“Sim, estarei por ai em uma hora.”“Te espero.”Quando ele virou de volta para Tina, na mesa da enfermaria tinha um farto café da manhã. Débora estava saindo do banheiro com uma roupa, uma calça listrada, preta e branca, uma b
Margarida Rosa Nascimento, era o nome da paciente que estava naquele hospital há mais de onze anos. Havia tido um Acidente vascular cerebral, que lhe custou todas as funções motoras. Apesar de estar conscientes de todo o tempo em que viveu no quarto. Não podia se mover, apenas os olhos tinham alguma autonomia.dezoito anos atrásQuando chegou na casa dos avós Débora era uma menina muito doce, apesar de traumatizada. A menina se esforçou para dormir aquela primeira noite em um quarto estranho. Tudo era novo para ela, não tinha mais a sua mãe amada, a sua casa no campo. Só restava seu avô amado. Mas esse não foi o único dos problemas que a garota teve para se adaptar à nova vida.No outro dia pela manhã uma das empregadas levou a garota para a escola. Jorge havia pedido à esposa que a colocasse na escola. “Margarida, procure uma escola para que Débora possa estudar.”“Vou fazer isso hoje.”A mulher respondeu sem levantar a cabeça que estava baixa olhando o que iria colocar no seu prato
Logo os adultos levaram as duas para a sala da diretora. A mulher era uma senhora, alta e muito bonita, se vestia de uma forma bastante elegante e se auto proclamava defensora da justiça. Quando a professora trouxe as duas garotas para a sua sala, ela logo começou um sermão de que violência não leva a lugar nenhum.A outra garota apesar de ter o mesmo tamanho que Débora, tinha na verdade quase quatorze anos. Era aluna do sétimo ano na escola. E se chamava Ana. Era amiga de bagunça de Raquel, Carol e Lívia. As quatro eram uma gangue que intimidava as crianças menores na escola.Sobre os olhos dos adultos. Que tratavam as suas ações como pequenas travessuras da idade.Quando Débora tentou explicar a situação foi calada aos gritos pela mulher. Raquel era sua filha mais nova. E foi a própria mãe quem mandou perseguir Débora.depois de algum tempo ela ligou para Margarida buscar Débora. Afirmando que a garota havia cometido violência contra uma outra garota na escola.Quando Margarida che
Depois de uma manhã atormentada na escola, Débora chegou com muita fome em casa. As meninas da gangue tomaram seu lanche. “Boa tarde, menina.”Falou a cozinheira. Que era a única pessoa simpática para Débora na casa, naqueles tristes dias.“Estou morrendo de fome, Mara.”“Temos biscoito amanteigado na cozinha. Vem comigo e eu te dou.”A menina e a empregada foram para a porta da cozinha. Entrando na casa pelos fundos.O cheiro de biscoito flutuava no ambiente. Logo, Débora estava com a boca cheia de água. A empregada começou a tirar as formas de biscoitos do forno do fogão. Colocou sobre a mesa diferentes bandejas com biscoitos fresquinhos.em um prato de sobremesa ela separou alguns para a garota comer.“Cuidado está muito quente.”A empregada colocou o pratinho sobre a mesa da cozinha.“Obrigada, Mara.”A menina começou a soprar um biscoito para colocar na boca. Naquela hora, Maria vinha da sala para a cozinha. Quando viu a menina comendo, correu até a patroa e falou que a menina
Débora estava sendo empurrada por uma cadeira de rodas enquanto pensava em todos esses acontecimentos de anos atrás. Ao chegar na enfermaria o médico que tentava reanimar a velha na cama de hospital, ele olhou para Débora e fez sinal que não adiantava mais. Os outros chegaram quase ao mesmo tempo que ela. Ela deu sinal para o médico cobrir o corpo da paciente, um lençol foi puxado até sua cabeça. Ao fazer esse movimento, todos entenderam que não tinha mais nada o que fazer. “Por favor saiam. tenho que falar em particular com o médico de plantão.O grupo composto por, Carlos izabel, Amélia André e Jorge saíram da sala. Só então ela falou com o médico.“Doutor Bernardo, providencie a autópsia e um relatório da saúde geral da paciente. Antes do acontecido. Aproveite e mande aqui as enfermeiras que cuidam dela.”“Sim, claro, doutora.”O médico saiu imediatamente da sala com sua equipe de plantão. “Doutora, mandou me chamar.”"Era cuidadora, paga pela família para passar vinte e quatro