Que problemas cognitivos, que nada. A garota só não entendia porque tinha que ficar quatro horas em uma sala fechada, sentada recitando palavras ou desenhando letras.Em casa ela ou estava fora, cuidando da horta com a mãe ou estava agarrada aos livros de medicina, a mãe sempre achou que o que a atraia para os livros eram as figuras. O que ninguém nunca percebeu é que ela já era alfabetizada aos sete anos. E que para ela o conteúdo que os colegas de sua idade tinham que aprender era maçante.Ela quase nunca fazia as atividades em sala, as de casa só fazia porque a mãe estava sempre ao seu lado. Mas um incidente mudou completamente a perspectiva de olhar sobre a garota.A turma estava no pátio lendo, a professora havia optado por essa atividade porque naquela manhã não se sentia muito bem. Não estava em condições de dar explicações sobre o assunto por sentir falta de ar, suor frio, enjoo, vômitos, sensação de indigestão, cansaço, sensação de peso, queimação e/ou dor no peito, que pode
"Você sabia que sua filha tem altas habilidades? E já sabe ler aos sete anos?” Essa pergunta pegou Niara de surpresa, assim que ela entrou na sala da direção.“O que?”Perguntou à mãe atordoada.A garota então falou:“Pessoas que possuem altas habilidades, são chamadas de prodígios, gênios, superdotados. Porém, muita gente acha que todas as pessoas desse grupo são a mesma coisa.”As pessoas na sala se espantaram com a descrição da criança.“Mas vocês sabiam que existem alguns indivíduos com um distúrbio psíquico relacionado a um desequilíbrio no intelecto. A principal característica é uma habilidade excepcional em determinada área e ao mesmo tempo em que apresenta déficits intelectuais. Se chama, síndrome de Savant.”E a menina continuou:“Costumam se interessar por coisas incomuns, fazem muitas perguntas e sempre tentam entender o fenômeno pelo qual se interessaram, são bastante enérgicas, o que pode causar um diagnóstico errado, de hiperatividades, são inquisidores e normalmente n
A vida seguiu seu curso, e cerca de um mês depois Débora já havia se adaptado completamente à nova rotina e à escola. Niara era uma médica muito requisitada no interior, a oportunidade de ter uma profissional de tal categoria era rara. Mesmo assim ela não deixava de cumprir com certas demandas. Como atender em comunidades carentes, mesmo sem receber da prefeitura ou de outro forma. Nos sábados ou feriados ela disponibiliza seu tempo para ir em comunidades mais distantes, ajudava a montar hortas de ervas medicinais, atendia pessoas da comunidade e nos casos que demandava atendimento hospitalar ou exame médico ela recomendava a consulta. Naquele sábado, Niara e Débora foram à comunidade de Santa Luzia, fazer as consultas com os agricultores da região. Elas saíram de casa às cinco e meia da manhã. O carro que Niara usava era o automóvel de Taiguara. Porque no tempo que esteve no Recife teve que vender seu carro. Era um veículo já bastante usado, mas em boas condições mecânicas, ele n
Com o conhecimento do primeiro socorro que tinha percebeu que não havia nada mais grave com a cabeça de sua mãe. Então ela começou a verificar outras partes do corpo. Inicialmente não tinha nenhum sintomas mais grave. Então ela fez uma limpeza nos seus próprios ferimentos. “Mãe, mãe, mãe.” Em meio a névoa de dor ela respondeu aos chamados urgentes da filha. “Oi, querida.” A voz era fraca e contada pela respiração. "Estou com medo daquele homem voltar aqui.” "Está muito escuro, provavelmente ele não voltará. Vamos ficar em silêncio e ela não nos encontrará." A respiração cortante da mãe preocupava a menina. “Mãe, você está sentindo alguma coisa mais séria, no seu corpo? A preocupação da garota era certa, a mãe dela estava tendo um sangramento interno que mais tarde iria levá-la ao estado de choque hipovolêmico. Que é uma situação de emergência decorrente da perda de grande quantidade de líquidos e sangue. Essa situação faz com que o coração deixe de bombear sangue para o corpo
Depois de sair da reunião, passar no departamento financeiro, providências as questões no RH, Débora despachou Tina para o hospital e saiu para outro destino. Vos olhos negros dela vertiam lágrimas, a imaagem gelada e dura da garota caiu por terra diante da jovem mulher na foto do tumulho de marmore. Em alguns segundos tudo que mãe e filha passaram juntas veio à cabeça da garota.Débora aprendeu com os golpes da vida a ser dura e implacável com quem mexia com os seus parentes amados. Ela ainda era uma criança quando passou uma noite inteira tentando salvar a mãe. Uma médica que sempre cuidou para todos tivessem o direito à atenção básica de saúde, mas que morreu por falta de atendimento. Era duro ter essa certeza, se a mãe e a filha tivessem sido socorridas apenas algumas horas antes o seu quadro não teria agravado.A filha se ajoelhou em frente à última morada da mãe e deixou que seus sentimentos conturbados tivessem vez de se expressar. A garota estava tão focada na sua miséria i
O sangue foi levado imediatamente para a sala de cirurgia onde André estava sendo operado. A faca havia perfurado o fígado. o sangue logo foi trazido para a sala e a transfusão foi feita com sucesso, em algum tempo o paciente foi transferido para a UTI e o médico foi informar a família sobre a situação do paciente.Informados pelos seguranças de Débora sobre a lesão de André, Amélia, Izabel e Carlos correram para o hospital em busca de saber sobre a condição dele. Izabel e Carlos chegaram primeiro. A mulher quis fazer um escarcéu quando viu que o médico que veio falar com eles não era Débora.O médico saiu da sala de cirurgia e falou:“O senhor André teve uma lesão no fígado. Mas como ele recebeu atendimento imediato por parte da doutora Débora, Tivemos apenas que fazer alguns procedimentos menos invasivos para a conferência e controle do ferimento. Fizemos uma transfusão de sangue para repor o perdido e agora ele foi encaminhado para a UTI.”Ao terminar de informar as condições do p
Ao levantar os braços, Débora sentiu uma tontura. Reconheceu que exagerou mesmo. Mesmo assim, continuou colocando a blusa. Dentro de cinco minutos a porta foi aberta por Rosa.“Débora?”“Madrinha… Eu estou…”Antes de terminar a escuridão tomou conta dela. Antes de perder completamente a consciência, ela sentiu um cheiro agradável de madeira e limão. E braços macios que a pegou com cuidado.As três pessoas que estavam na ante sala correram para não deixá-la cair, mas foi Carlos quem chegou primeiro e pegou Débora em seus braços fortes. “Para onde devo levá-la?”Perguntou o rapaz com a esposa nos braços. “Coloque-a na maca. Devo fazer um novo exame médico. Mas tem quase certeza que ela está desmaiada de fraqueza. Perdeu sangue e ainda coletou para doar.”Falou o médico preocupado.“Que desmiolada, essa minha afilhada. Ela parece que não sabe que até os fortes também tem seus momentos de fraqueza”Falou sério Rosa.Enquanto o casal falava, Carlos a levou até a maca onde ele viu Débora
Quando Débora acordou seus olhos estavam a alguns centímetros dos olhos fechados de Carlos. Suas respirações se tocavam como uma leve caricia. ‘Ele é mesmo muito bonito’ A médica pensou por um momento e logo lembrou dos porquês de se manter longe dele e enterrou esse pensamento no fundo da inconsciência. De fato ele era um homem muito bonito, mas com uma personalidade muito vulgar e superficial. Ela se afastou para quebrar a intimidade que compartilhavam. A poltrona que ele estava sentado foi reclinada e estava encostada praticamente a cama dela, sua cabeça se inclinou para a esquerda, direção em que a cabeça dela estava quando dormia. Como dois amantes confidenciando seus sonhos! Ela queria se levantar. Mas percebeu que havia exagerado ao fazer o menor movimento sua cabeça girava, a mão cortada estava envolta em bandagem branca, no mesmo pulso o acesso do soro. Olhando para o conjunto de cuidados em sua mão lembrou que teve sonhos muito loucos naquela noite. Em outra parte do