O filme que ia passando na cabeça dela era o filme do passado. A primeira vez que viu a cidade grande, e também, pela primeira vez, se separou de Jacira, sua irmã de leite e de tragédia. Ela sentia medo e sentia também excitação. Era apenas uma professora do ensino polivalente que sonhava em fazer medicina.Mas então ela conheceu o preconceito, o desrespeito e a falta de amor. E perdeu os seus sonhos pelo caminho. E tudo isso só foi possível porque ela conheceu André, até aquele momento, apesar de um certo distanciamento às pessoas a tratavam com respeito.De tudo o mais doía, era a falta de confiança por parte daquele que prometeu lhe amar para sempre. Foi uma para sempre muito curto, não durou em quatro estações. Ela lembrou de sentados na calçada, ela e Roberto, comeram cuscuz, vendido em um tabuleiro. Nas noites de festa em Olinda. Da amizade sincera entre ela, Rosa e Roberto. E depois como teve que mentir e fugir deles para não os prejudicar mais ainda.Mas agora o passado é pas
O que ele não sabia era que naquele exato momento Niara estava saindo da cidade, voltando para casa. E que ele não teria oportunidade de colocar em prática seu plano de a sequestrar e fazê-la lhe aceitar como amante.À tarde quando ele chegou no endereço que lhe foi dado, e se deparou com o estado lastimável da casa, ele até sentiu um pouco de remorso. Que logo foi embora quando ele descobriu que a casa estava vazia.Um transeunte ao ser perguntado disse:“Hoje de manhã um caminhão de mudança veio e levou as coisas da mulher que morava ali."“Você sabe para onde foi.”“Não.”Com essas palavras as esperanças pervertidas de André morrer mais uma vez. A mais de um ano ele a procurava. Em seu coração, mesmo que o desprezo e o ódio existisse, ele ainda ansiava por estar com ela.Ele se comunicou com o senhor Aluízio antes de chegar em casa, dizendo que a mulher sumiu de novo, para ele continuar procurando. Em nem momento ele pensou que ela estaria, naquele momento, de volta para casa. Qua
A sogra de Niara nunca foi uma mulher muito fácil. Era amarga e cruel, para com a ex-nora. Tudo começou quando Niara foi apresentada à família com a esposa de André, a mãe quase morreu de raiva. Porque sua nora perfeita era a Alice. Não só porque era filha de uma de suas amigas mais íntimas, a Flor, mas também porque vinha de uma família rica e de tradição.Para André simplesmente não dava cola, entre ele e Alice, nunca sentiu qualquer tipo de atração por ela. Apesar de para Alice não ser o mesmo. A sogra continuou empurrando e empurrando Niara sem qualquer pingo de respeito ou consideração.Ninguém sabia que toda essa má conduta tinha haver com o próprio casamento. Margarida era uma moça muito mimada pelos seus pais, muito bonita quando jovem, tinha vários pretendentes. Porém ela escolheu o mais mulherengo e ganancioso para a noite. Como os pais se amavam muito e a amava também aceitavam o noivado.O homem era filho de uma tradicional família pernambucana. Filho único de mãe viúva,
Discretamente, sem levantar qualquer suspeita Jorge foi até Niara. Na cidade de São Caitano. Ele havia comprado um pequeno sítio por lá. Para aproveitar sua aposentadoria. Como sua esposa nunca o acompanhou a lugar nem que fosse de divertimento, ele chegou à cidade sem levantar suspeita do filho. Que não sabia onde a mulher tinha ido parar.Ao chegar na cidade ele foi direto a casa de Jaciara falar com Niara.“Boa tarde.”“Boa!’Respondeu a índia com cara de poucos amigos. Jaciara estava sozinha em casa com a menina. Enquanto Niara havia ido até uma comunidade próxima atender alguém que estava passando mal. “Vim falar com Niara.”“ela não está no momento.”Respondeu a mulher quando uma garotinha veio correndo de dentro da casa. O homem a viu, ela era uma mini-Niara. Ele teve certeza que aquela era sua neta que não via há muito tempo.Jaciara estava se preparando para botá-lo para correr quando um carro velho entrou na propriedade. Era Niara voltando da comunidade da Pitombeira. Quand
Que problemas cognitivos, que nada. A garota só não entendia porque tinha que ficar quatro horas em uma sala fechada, sentada recitando palavras ou desenhando letras.Em casa ela ou estava fora, cuidando da horta com a mãe ou estava agarrada aos livros de medicina, a mãe sempre achou que o que a atraia para os livros eram as figuras. O que ninguém nunca percebeu é que ela já era alfabetizada aos sete anos. E que para ela o conteúdo que os colegas de sua idade tinham que aprender era maçante.Ela quase nunca fazia as atividades em sala, as de casa só fazia porque a mãe estava sempre ao seu lado. Mas um incidente mudou completamente a perspectiva de olhar sobre a garota.A turma estava no pátio lendo, a professora havia optado por essa atividade porque naquela manhã não se sentia muito bem. Não estava em condições de dar explicações sobre o assunto por sentir falta de ar, suor frio, enjoo, vômitos, sensação de indigestão, cansaço, sensação de peso, queimação e/ou dor no peito, que pode
"Você sabia que sua filha tem altas habilidades? E já sabe ler aos sete anos?” Essa pergunta pegou Niara de surpresa, assim que ela entrou na sala da direção.“O que?”Perguntou à mãe atordoada.A garota então falou:“Pessoas que possuem altas habilidades, são chamadas de prodígios, gênios, superdotados. Porém, muita gente acha que todas as pessoas desse grupo são a mesma coisa.”As pessoas na sala se espantaram com a descrição da criança.“Mas vocês sabiam que existem alguns indivíduos com um distúrbio psíquico relacionado a um desequilíbrio no intelecto. A principal característica é uma habilidade excepcional em determinada área e ao mesmo tempo em que apresenta déficits intelectuais. Se chama, síndrome de Savant.”E a menina continuou:“Costumam se interessar por coisas incomuns, fazem muitas perguntas e sempre tentam entender o fenômeno pelo qual se interessaram, são bastante enérgicas, o que pode causar um diagnóstico errado, de hiperatividades, são inquisidores e normalmente n
A vida seguiu seu curso, e cerca de um mês depois Débora já havia se adaptado completamente à nova rotina e à escola. Niara era uma médica muito requisitada no interior, a oportunidade de ter uma profissional de tal categoria era rara. Mesmo assim ela não deixava de cumprir com certas demandas. Como atender em comunidades carentes, mesmo sem receber da prefeitura ou de outro forma. Nos sábados ou feriados ela disponibiliza seu tempo para ir em comunidades mais distantes, ajudava a montar hortas de ervas medicinais, atendia pessoas da comunidade e nos casos que demandava atendimento hospitalar ou exame médico ela recomendava a consulta. Naquele sábado, Niara e Débora foram à comunidade de Santa Luzia, fazer as consultas com os agricultores da região. Elas saíram de casa às cinco e meia da manhã. O carro que Niara usava era o automóvel de Taiguara. Porque no tempo que esteve no Recife teve que vender seu carro. Era um veículo já bastante usado, mas em boas condições mecânicas, ele n
Com o conhecimento do primeiro socorro que tinha percebeu que não havia nada mais grave com a cabeça de sua mãe. Então ela começou a verificar outras partes do corpo. Inicialmente não tinha nenhum sintomas mais grave. Então ela fez uma limpeza nos seus próprios ferimentos. “Mãe, mãe, mãe.” Em meio a névoa de dor ela respondeu aos chamados urgentes da filha. “Oi, querida.” A voz era fraca e contada pela respiração. "Estou com medo daquele homem voltar aqui.” "Está muito escuro, provavelmente ele não voltará. Vamos ficar em silêncio e ela não nos encontrará." A respiração cortante da mãe preocupava a menina. “Mãe, você está sentindo alguma coisa mais séria, no seu corpo? A preocupação da garota era certa, a mãe dela estava tendo um sangramento interno que mais tarde iria levá-la ao estado de choque hipovolêmico. Que é uma situação de emergência decorrente da perda de grande quantidade de líquidos e sangue. Essa situação faz com que o coração deixe de bombear sangue para o corpo