O jogo de escolha da Luna
O jogo de escolha da Luna
Por: História de Jane Above
Capítulo 1
Trabalhar 14 horas seguidas em um restaurante já era bastante difícil, mas fazer isso quando minha filha estava doente, era algo que ameaçava arrancar meu coração.

Além de me preocupar com o excesso de pedidos, com a febre da minha filha, precisava ainda evitar as mãos errantes do meu chefe.

“Só um minuto, Piper”, ele disse, deslizando para o meu lado. Antes que eu pudesse escapar, ele colocou a mão na minha bunda. “Eu preciso inspecionar isso”.

Seus olhos estavam na comida, mas sua mão apertava a minha bunda.

Eu respondi: “Mova sua mão daí, chefe. Ou então, me ajude, senão jogarei esses pratos direto na sua cabeça”.

Ele sorriu como se eu o divertisse. “Você não ousaria”.

Ele estava certo, e eu odiava isso.

A economia atual no Reino dos Lobos estava ruim para todos. Muitas pessoas estavam vivendo nas ruas, incapazes de se sustentar.

Sem este trabalho, provavelmente eu estaria entre eles. Sendo ainda uma mãe solteira.

O Chefe deu a volta sobre mim. Ele deslizou a mão livre pela minha cintura e me puxou contra ele em um abraço zombeteiro. E usou a proximidade para olhar descaradamente para a frente da minha camisa.

“Eu tenho que levar a comida”. Engoli a bile que subia em minha garganta. “Os clientes estão esperando”.

“Deixe-os esperar”. O Chefe lambeu os lábios. Seu hálito cheirava a cigarro.

Inclinei minha cabeça. “Receberemos reclamações”.

Ele se inclinou para mim, pressionou o nariz na lateral do meu pescoço e inalou.

Mal reprimi um tremor de repulsa. Meu estômago revirou.

Ao meu lado, alguém riu. Uma garçonete mais velha pegou um rolo de papel toalha da prateleira de cima.

“Você não deveria resistir, querida”, disse ela. “Todo mundo sabe que você não tem homem em casa. A menos que...”. Ela riu novamente, alto e cruel. “Você esteja esperando ser escolhida como Rainha da Seleção?”.

Recentemente, a família real anunciou que estava selecionando noivas em potencial para os três príncipes. Com atualizações divulgadas regularmente nos noticiários, as pessoas vinham para assistir às televisões penduradas em nosso restaurante.

Pelo que eu estava sabendo, todos investiram no Jogo da Escolha da Luna, menos eu.

O Chefe riu também. Um pouco de saliva atingiu minha bochecha. “Você está sonhando acordada se acha que tem uma chance, sem ter um lobo”. Bruscamente, ele me puxou para trás para que pudesse se esfregar na curva do meu traseiro.

A contração de interesse em suas calças quase me fez vomitar.

Ele se esgueirou ao meu redor, segurando as prateleiras à minha direita e à minha esquerda, e me prendeu.

“Vou te dar três dias para decidir, Piper. Ou vem até mim à noite ou será demitida”.

A rejeição ficou estampada na minha cara. Mas ele não tinha terminado de falar.

“As contas médicas da sua filha não vencem na próxima semana? Que trágico, se não puder pagá-las”. Ele sorriu enquanto falava, apreciando sua própria crueldade.

Todo o sangue foi drenado do meu rosto. Minha filha, Elva, contraiu recentemente uma pneumonia de lobo. Eu precisava de dinheiro para seu tratamento e para seus remédios. Ela ainda não estava recuperada.

O Chefe se afastou de mim, me deixando atordoada.

O resto do turno foi apenas um borrão.

Depois do trabalho, voltei para meu pequeno apartamento de dois quartos.

Minha colega de quarto e melhor amiga, Anna, estava na porta do quarto que eu dividia com Elva.

"Como ela está?", perguntei. Anna cuidava de Elva enquanto eu estava no trabalho.

“Ela estava com febre leve, mas simplesmente cedeu”, disse Anna.

"Ela está bem agora?". Eu não consegui esconder a preocupação da minha voz.

"Ela está".

Afundei na lateral do balcão. A exaustão puxava meus músculos.

“Aconteceu algo no seu trabalho?”, Anna perguntou. Ela era minha amiga há muito tempo, então provavelmente já sabia a resposta apenas de olhar para mim.

Eu não queria preocupá-la, então mantive minha explicação vaga. “O Chefe agiu estranho novamente. Mas não é nada que eu não possa resolver”.

“Aquele bastardo”, Anna amaldiçoou. Ela tinha visto através de mim. “Você não deveria ter que lidar com o comportamento desse canalha! Caramba, você não deveria ser tratada assim!”.

“Anna…”.

“Não, Piper. Estou cansada disso. Você foi uma das melhores alunas da Academia Real, isso tem que valer de algo na sua vida, tem que significar algo!”.

Isso significou algo uma vez, há muito tempo.

“Essa não sou mais eu”. Agora eu era apenas uma mulher solteira, sem lobo, tentando sustentar a mim e a minha filha.

Suspirei.

Anna cruzou os braços. “Isso é culpa da sua irmã. Você nunca deveria ter se sacrificado por aquela viciada em drogas e pelo seu bebê abandonado. E seu ex-namorado… Piper, você namorava um nobre!”.

Não preciso que me lembrem que Elva não é minha filha biológica. No meu coração, ela é. E não estou sacrificando nada por ela, ela merece tudo.

Essa era uma discussão familiar entre Anna e eu. Eu sabia que ela tinha boas intenções, então nunca fiquei com raiva. Eu só me sentia mais cansada, desgastada até os ossos.

Tentei sorrir, mas foi um sorriso amargo. “Você está esquecendo que sempre houve uma diferença de classe intransponível entre ele e eu, mesmo antes do meu sacrifício. E uma vez que perdi meu lobo... a lacuna seria grande demais”.

Quando nos separamos, Anna foi ligar a televisão, enquanto eu rapidamente dava uma olhada em Elva.

A querida menina estava dormindo profundamente. Coloquei os cobertores mais confortavelmente sobre ela. Depois de observar sua respiração constante por um momento, saí silenciosamente do quarto.

Na sala, Anna ligou o noticiário da noite. As palavras na parte inferior da tela diziam: ‘A Seleção Luna: Últimos Acontecimentos!’.

Qualquer mulher poderia ser candidata, desde princesa até camponesa, mas apenas três delas se casariam com os príncipes. Dessas três, apenas uma se tornaria Rainha, a Luna.

Ao me ver, Anna ergueu o controle remoto, pronta para mudar de canal. Eu sabia que ela estava animada com a seleção. Todos no reino estavam.

Eu também poderia estar, se realmente me permitisse sonhar mais. Mas quem tinha tempo para sonhar quando a vida era apenas trabalho e sono e trabalho e contas.

Eu não tinha espaço para sonhos em minha vida. Eu só poderia me concentrar na minha sobrevivência.

Anna estava com o volume baixo, para não acordar Elva. Quando os apresentadores falavam, eu ouvia apenas uma em cada quatro palavras.

“Os três príncipes… seleção… primeira aparição pública…”.

“Eu queria saber como eles vão fazer isso, já que a seleção será um espetáculo público”, disse Anna. “Por um tempo pensei que poderiam esconder os príncipes atrás de uma cortina ou algo assim”.

A família real era notoriamente reservada. Apenas os rostos do Rei e da Rainha eram conhecidos, e apenas porque estavam estampados em todo o nosso dinheiro.

“Piper”, Anna sufocou. Ela apontou para a tela, que exibia novas imagens dos príncipes acenando para uma multidão. “Esse não é…?”.

Eu vi o que ela viu e não pude acreditar no que via. Meu coração sabia a verdade, porém, de repente estremeceu como se pretendesse pular direto do meu peito.

Eu conhecia aquele sorriso.

Bem ali na tela…

Aquele príncipe na fila…

Esse era meu ex-namorado.

Nicholas.

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