Capítulo 3
Já se passaram três dias desde que o Chefe havia feito a sua proposta: ou durmo com ele ou serei demitida.

Precisava de mais um dia de pagamento para cobrir a conta mais recente de Elva. Assim que conseguisse isso, poderia renunciar e, com sorte, encontrar outra coisa.

O Chefe percorreu todo o meu corpo com os olhos. Olhando sem nenhum escrúpulo para meus seios, ele lambeu os lábios. “Não pense que estará liberada, Piper. Eu esperarei por você".

No restaurante, todas as freguesas conversavam com entusiasmo sobre a seleção. Para atendê-las, o Chefe ligou todas as televisões nas paredes para a transmissão da cerimônia do consorte real.

“Quem você acha que é o mais bonito?”, perguntou uma patrona a suas amigas.

Elas pediram um prato de nachos carregados para compartilhar. Coloquei-o cuidadosamente no centro da mesa.

Uma das garotas falou rapidamente. "Você está brincando? Os outros são fofos, claro, mas Nicholas é obviamente o mais gostoso”.

As demais concordaram rapidamente.

Assustada, parei na mesa delas. Elas estavam certas. Nicholas com certeza era o mais atraente, mas ouvir as pessoas falarem dele tão casualmente ainda me surpreendia.

Durante três dias, tentei conciliar em minha mente que o Nicholas que conheci era um dos príncipes do reino. Mas eu ainda não conseguia lidar com isso.

Ele sempre foi correto. Mas um príncipe?

“Piper, não é?”, uma das garotas da mesa me perguntou. Eu pulei, percebendo que ainda estava ali. No entanto, antes que eu pudesse me desculpar, ela me perguntou: “Qual deles você acha que é o mais bonito?”.

“Nicholas”, foi minha resposta automática. "Com licença".

Envergonhada por ter sido pega sonhando acordada, forcei-me para que conseguisse me concentrar no trabalho. E consegui, até ouvir a voz de Nicholas vinda dos alto-falantes.

“O tipo de mulher que eu preferiria?”, Nicholas disse. “Alguém leal. Forte. Com temperamento forte. E ela tem que gostar de crianças”.

“Confiram, confiram e confiram”, uma voz veio da mesa das meninas. “Ele está me descrevendo! Está destinado a ser meu!”.

"Continue sonhando. Ele está claramente me descrevendo”.

“Você nem gosta de crianças!”.

“Sim, bem, veremos qual de nós passará pela seleção preliminar. Então você verá!”.

A tela mostrou o entrevistador. “Crianças, hmm? Isso significa que poderemos esperar que tenha uma família grande, príncipe Nicholas?”.

A câmera voltou para Nicholas. Ele deu um pequeno sorriso, mas seus olhos estavam cautelosos. “É meu dever como príncipe continuar a linhagem. Mas, sim, gostaria de ter uma família grande”.

As meninas gritaram de alegria. “Ele seria um pai tão bom!”.

Nicholas olhou para a câmera e, por um momento, pareceu que estava olhando diretamente através dela. Eu congelei no lugar, como se ele pudesse me ver.

Meu coração doeu.

Ele olhou para o lado novamente, na direção do entrevistador, e imediatamente me senti uma tola. Claro que ele não poderia me ver.

Ele provavelmente não tinha pensado em mim desde o rompimento.

Pressionei minha mão sobre meu coração, na esperança de aliviar com o toque a dor que sentia vinda dali.

O que estava errado comigo? Não nos víamos há três anos. Eu não poderia ainda estar presa a ele. Claro, eu não namorei mais ninguém desde então, mas isso não significava nada. Eu estive muito ocupada para namorar.

E eu não estava sozinha. Tinha Elva e Anna. Não precisava de romance para estar contente.

Uma campainha tocou na cozinha, sinalizando que a refeição estava pronta. Voltei para pegá-la. Quando voltei para a sala de jantar, Nicholas ainda estava na tela, mas falando sobre um assunto totalmente diferente.

“O mercado clandestino é algo que a família real investiga com a maior seriedade. O comércio ilegal de lobos e seus presentes é algo perigoso para todas as pessoas do reino”.

Deixei cair o prato de comida que estava na minha mão.

O restaurante silenciou imediatamente, todos os olhos voltados para mim.

Nicholas continuou: “O enfraquecimento de qualquer lobo enfraquece toda a matilha. Não podemos deixar isso impune”.

“Piper”, uma das garçonetes sibilou para mim, me acordando daquele estupor.

Fiquei entre cacos de cerâmica e a comida derrubada. "Desculpe". Eu rapidamente comecei a limpar o local e ao fazer isso, me amaldiçoei tão alto em meus pensamentos que não consegui ouvir mais nada da entrevista de Nicholas.

No final do meu turno, eu estava bastante exausta. Depois do acidente, me esforcei ao máximo, concentrando-me apenas no trabalho e esquecendo todo o resto.

Não voltei a levantar os olhos para a televisão, nem mesmo quando a mesa das raparigas lamentava a sua desilusão com o resultado.

Eu não tinha me inscrito, portanto, não estaria na lista. Por que então me preocupar em procurar meu nome?

Trabalhei até fechar, esfregando a louça na pia. Depois de lavar um pedaço de comida particularmente teimoso de um prato, percebi como tudo estava silencioso ao meu redor.

Geralmente o cozinheiro tinha que limpar o fogão ou preparar algo para o dia seguinte. Quase sempre, ele era o último a sair à noite. Mas ele não estava em lugar nenhum.

Nem as outras garçonetes, que haviam dito que limpariam a sala de jantar. As luzes da sala de jantar estavam apagadas.

Eu estava sozinha.

Uma lufada de ar quente roçou minha nuca exposta. O fedor de álcool permeava o ar.

Agarrando o prato que estava limpando, imediatamente me virei, pronta para batê-lo na cabeça do Chefe. Faria qualquer coisa para fugir dali.

Mas pensei isso tudo um pouco atrasada, pois o Chefe estava esperando o ataque.

Ele derrubou o prato no chão, que se quebrou em vários pedaços.

Com um braço circulando em volta da minha cintura, ele pressionou seus quadris com força nos meus, me prendendo contra a borda da pia.

Eu estava presa.

A mão livre do Chefe arrancou os botões da minha camisa, revelando meu sutiã de renda branca. Ele pressionou a palma da mão contra meu peito.

"Me deixe ir". Pânico crescendo dentro de mim, eu lutei contra ele. Ele apenas segurou com mais força, e com mais força ainda, seus dedos apertavam meu quadril e meu peito.

Sem meu lobo, não tinha forças para me libertar.

“Não seja tímida, sem lobo”. O Chefe pressionou o nariz na minha bochecha. Eu o senti sorrir contra meu queixo. “Você tem um filho, afinal. Sei que não é virgem”.

Quando Nicholas me tocou, nada foi parecido com isto.

Ele estava animado e ansioso, mas muito gentil. Ele pressionou os lábios na minha pele e...

O Chefe mordeu a lateral do meu pescoço.

Gritei e renovei minha luta. Mas era demais para mim. Sem meu lobo, ele era muito mais forte do que eu.

“Seja boa e aceite o que eu posso te dar”, ele disse. "E pare com essa cena de virgem envergonhada".

“Eu não quero você!”. Eu gritei.

Ele riu. “Quem se importa com o que você quer?”.

Então, de repente, um baque forte soou e a pressão insistente do corpo do Chefe desapareceu.

Eu abri meus olhos.

O Chefe estava inconsciente no chão. Um grupo de soldados uniformizados estava atrás dele, no local onde ele estava até então.

Um deles, na frente, segurava algo perto do meu rosto. Quando ele baixou, vi que era uma foto minha.

“Piper?”.

O pânico ainda agarrava minha garganta, me silenciando. Mesmo que eles tivessem me resgatado, eu ainda não me sentia segura.

Quem eram esses soldados? O que eles queriam?

“Você é Piper?”, o soldado perguntou novamente.

Eu balancei a cabeça.

“Venha conosco”, ele disse e sinalizou para seu esquadrão. Eles começaram a sair da cozinha.

"…Onde?". Eu consegui perguntar.

“Você não queria participar da cerimônia do consorte real?”.

“N-não”.

“Você foi selecionada, Piper. Estamos aqui para acompanhá-la até o palácio”.
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