Paulah
Deixei a noite passar, nenhuma resposta que preciso seria dada naquela noite. Eles beberam após a conversa que ouvi parcialmente, o som das taças batendo parecia que haviam decidido algo sobre mim. Estou cansada, tentarei adormecer um pouco, ou na manhã seguinte eu estaria ainda pior do que estou. Usei uma das roupas que aquela mulher trouxe, um vestido elegante...
Esperei mais horas passarem, me levantei e saí pela casa buscando uma saída. As principais portas da casa estavam bloqueadas por cadeados com senhas, passei na frente do quarto que acredito pertencer a ele. Tudo estava silencioso, observei que não há sinal algum da existência de uma mulher na vida dele. Só resta saber se isso é uma desvantagem ou não, para mim! Volto para o quarto e tranco a porta, consigo dormir um pouco... Despertando com cães latindo pelo quintal. A porta do quarto abre, a mulher tinha uma cópia da chave. Eu observei a mulher dobrar as roupas em silêncio, hesitante. Ela parecia tão desconfortável quanto eu me sentia naquele lugar. — Obrigada... pelas roupas — murmurei, tentando quebrar o gelo. Ela ergueu os olhos por um breve momento, mas não disse nada, voltando a organizar as peças com mãos trêmulas e claramente querendo sair daqui. — A senhora... trabalha aqui há muito tempo? — arrisquei, tentando uma abordagem diferente. Ela engoliu seco, hesitou, mas respondeu com a voz baixa: — É o que faço. Algo no tom dela me fez insistir. — Você parece... tão desconfortável quanto eu. Não precisa ter medo de mim! Ela olhou rapidamente para a porta, depois para mim, e sussurrou: — Não fale assim. Ele pode ouvir. A tensão na sala era tão grande, mas eu precisava entender. — Por favor, me ajude a entender. Por que estou aqui? Quem é Benício para você? Ao ouvir o nome, ela ficou visivelmente tensa, baixando o olhar. — Ele... ele é tudo para minha família. Sem ele, não teríamos nada. Havia algo mais ali, algo que ela não dizia. — E o que ele pediu em troca? Algo que a faz ter medo até de olhar para ele? — Benício não é perigoso para aqueles em quem possa confiar. Siga as ordens dele e você ficará bem! Eu dei um passo mais perto, tentando não a assustar. — Eu só quero sair daqui. Se você souber algo... qualquer coisa... Ela hesitou, olhando para a porta novamente, e então sussurrou com a voz trêmula: — Você tinha algum marido lá fora? A pergunta dela me deixou surpresa. — Não, por que a pergunta? Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ela se afastou rapidamente, sorrindo, como se o tempo estivesse acabando. — Espere! Você não precisa fazer isso sozinha — implorei, a voz quase falhando. — Posso ajudar com a limpeza... — Descanse, hoje precisa estar descansada! — respondeu ela, saindo em seguida. — Descansada para o quê? Diabo de lugar. Ela tem medo, ou simplesmente é mais uma cúmplice e não terá empatia por mim. Faço minha higiene, saio do quarto algum tempo depois... Não me levaram comida e pareciam querer que eu saísse da "toca". A sala de jantar estava posta, havia um belo café da manhã. — Sente-se, vamos servi-la. — disse a empregada. — E... ele? — O senhor Benício já saiu. Respiro aliviada, consigo tomar um café que desce ardendo na garganta. Saio de dentro da casa, pela primeira vez consigo vê-la melhor... As crianças que corriam pela rua do lado de fora, olharam para mim como se eu fosse um animal em uma grade de zoológico. — Olá! — me aproximo deles, tentando forçar um sorriso. — Não podemos falar com ela, ainda não é uma de nós... — Espere, quero ser sua amiga... Pode conversar comigo? Os dois correm para longe ao serem chamados por uma mulher, a mesma que me trouxe para cá. Ela me olha com ainda mais ódio do que olhou da primeira vez e se aproxima. — Não sinta que faz parte daqui só porque o babaca te colocou sob o teto dele. Benício acabará decidindo acabar com a sua vida! E eu ainda apertarei o gatilho! — O que eu fiz para me odiar assim? Ela não respondeu, com o mesmo desprezo no olhar... Se afastou. — Volte para dentro, não pode sair dos limites da casa — disse um dos homens, certamente que colocaram para vigiar meus passos. As horas não passam nesse lugar, aproveitei que o dono da casa não estava. Uma das empregadas estava limpando o quarto dele, ela levou alguns lençóis para fora e deixou a porta aberta. Sem pensar, entrei e comecei a olhar o meu redor em busca de pistas sobre o passado daquele homem e qualquer coisa que me ajude a entender a situação. A cama era enorme, arrumada e o quarto era ainda mais bonito do que o outro. Uma camisa preta estava sobre uma poltrona, certamente a última que havia sido usada por ele... Percebi pelo mesmo perfume amadeirado que senti quando ele me conteve na noite passada, sinto seu perfume e a devolvo para o mesmo lugar enquanto olho em direção à porta com medo de ser descoberta. Um notebook estava sobre a cama, entreaberto e eu corri para verificar se estava em alguma página em especial. Ele estava bloqueado por senha, não sei por que acreditei que ele cometeria um erro tão amador quanto o deixar acessível a mim. — Ele não seria tão idiota! Nem eu seria... A gaveta ao lado parecia aberta e dentro dela havia algo que chamou minha atenção. Um livro de capa preta com nome: Culla del Crimine e com vários nomes, sobrenomes e datas de nascimento. Além de textos que estavam em outro idioma, a poeira quase me fez espirrar e o devolvi para o mesmo lugar. Quando fui fazer isso, uma foto que estava dentro dele acabou caindo sobre o meu pé direito e eu a peguei. Nela estava Benício, parecia bem mais jovem e ao seu lado estava uma mulher loira e muito bonita. Certamente era a esposa dele, mas onde ela está agora? Ele mesmo a matou por ter descoberto algo? Enfiei a foto de volta e saí correndo dali, quase esbarrei em uma mulher que chegava e estava em direção ao quarto que ocupo. — Você é Paulah, cuidaremos da sua beleza para essa noite especial. — disse ela. Entramos no quarto, ela colocou dois vestidos de festa sobre a cama e me olhou. — Experimente-os! — disse ela. — Pode me dizer para quê? — Gosta de poker? — perguntou, abrindo o zíper do modelo de cor dourada e entregando-o a mim. — Não muito... — Isso é uma tradição aqui, uma bela dama atrai uma festa e um jogo importante de poker. — Darão uma festa em minha homenagem? É isso? — Não posso dizer mais nada, não faz parte do meu trabalho. Faremos maquiagem e um penteado sexy! Sair daqui não seria má ideia, uma festa com muita distração me ajudaria a fugir desse lugar. Não posso mais viver nessa incerteza, longe daqui eu não importaria com respostas. Escolhi o vestido, agi como ela esperava que eu agisse e colaborei com todo aquele circo. Durante o dia, ela me preparou, fiquei produzida como nunca antes e olho para o espelho, dizendo a mim mesma que aquela é minha fantasia de fuga. — Você está linda! Gostou de verdade? — Eu adorei! — respondi empolgada. A empregada misteriosa entrou, me viu arrumada e disse: — Benício a espera para seguirem juntos! Desci as escadas, ele estava me esperando. Usando um terno, cabelos arrumados com gel e aquela cara de vilão. — Vamos? — disse ele. Olhei para fora, o carro já estava nos esperando e havia seguranças demais para que saísse correndo dali. Entramos no automóvel e percorremos por uns quinze minutos até chegarmos a um salão que parecia gigantesco. Vários carros, estava lotado e todas as pessoas da cidade deveriam estar ali... Até as crianças que avistei mais cedo e a menina acenou para mim. Benício colocou uma taça cheia de vinho em minha mão, saiu entre os convidados da festa conversando e interagindo com todos que encontrava à sua frente. Tomei um gole e devolvi a taça na primeira bandeja que encontrei, fiquei andando por lá e olhando para fora como se eu quisesse voar... — É hora do jogo! — disse um dos homens, chamando a atenção de absolutamente todos na festa, que pareciam já esperar por aquele momento. Benício, o homem que me levou para lá, e um velho com cara de alcoólatra... O que intrigou é que todos olhavam em minha direção. — Por que me olham? — perguntei aflita. — Jogarão para ganhar você! — respondeu uma criança em meio ao salão. — Que brincadeira é essa? Isso é ridículo. Achei que essa era uma cidade respeitável... — E é! — respondeu Benício, acomodando-se na cadeira e esperando suas cartas. — Se apostar uma mulher nas cartas é normal para o senhor, então deve rever suas virtudes! — Não apostamos uma noite apenas, apostamos o futuro! Se quer viver, aceite as condições que impormos. Eu já disse isso a você! — completou. — Casamento? Estão na idade média? Certo! Me dê as cartas, quero jogar também! — Todos me olharam com surpresa, enquanto me sentava à mesa com eles. — Vamos e se eu ganhar, quero minha liberdade! — Dê as cartas para ela, Benício, acha que uma mulher pode nos vencer uma só partida de Poker? — ironizou o velho. Eu nunca imaginei que estaria nessa posição. Sentada à mesa, com o olhar de três homens fixos em mim, mas não pelo jogo em si. A aposta não era fichas, dinheiro ou prestígio. Era eu. O velho à minha esquerda ajeitou o chapéu surrado, ele parecia desconfortável, mas não o suficiente para sair da mesa. Do outro lado, aquele homem mais jovem que tinha um sorriso arrogante, como se já tivesse ganho antes mesmo de as cartas serem distribuídas. E então, havia Benício e sua expressão de liderança. Ele estava à minha frente, suas mãos descansando sobre a mesa, os olhos fixos nos meus. Ele não precisava falar para deixar claro quem comandava. As cartas foram distribuídas. Peguei as minhas com mãos tremendo, tentando esconder meu nervosismo. Um rei de espadas e um dez de copas. Não era um início ruim, mas não era o suficiente para me dar segurança. O velho olhou para suas cartas e fez uma aposta pequena, como se não quisesse se comprometer. O jovem riu baixinho e aumentou a aposta, empurrando fichas para o meio da mesa. Benício acompanhou sem hesitar, empurrando suas fichas com uma calma que parecia ensaiada. E eu? Eu não tinha escolha. — Eu acompanho — respondi, tentando soar firme, mas minha voz quase falhou. O flop foi revelado: um ás de copas, um dez de espadas e um sete de ouros. Um par para mim, mas nada que me garantisse vantagem. O velho hesitou, murmurando algo antes de passar sua vez. O jovem, com um sorriso debochado, apostou alto. — Eu aumento — disse Benício, empurrando uma pilha de fichas para o centro, e meu coração disparou. Minha vez. Respirei fundo e acompanhei a aposta, sentindo os olhos de Benício queimarem em mim. — Estou fora. — O velho suspirou, jogando suas cartas na mesa. Restaram apenas nós três. O jovem, talvez tentando provar algo, anunciou "all-in", jogando todas as suas fichas para o centro. Benício sorriu e disse: — Eu acompanho. Minha vez novamente. Olhei para minhas fichas, depois para minhas cartas. Eu sabia que não tinha a menor chance contra Benício, mas algo dentro de mim me impediu de desistir. Talvez fosse orgulho ou desespero. — All-in — eu disse, empurrando o restante das fichas para o centro. As últimas cartas foram reveladas: um rei de copas e um dois de espadas. Meu coração deu um salto. Dois pares. Rei e dez. O jovem jogou suas cartas na mesa. Ele só tinha um par. Meu olhar foi para Benício. Ele virou suas cartas com calma: um ás e um dez. Dois pares também, mas mais altos que os meus. — Melhor sorte na próxima — disse Benício, recolhendo as fichas. Mas seus olhos estavam fixos em mim, e o sorriso em seus lábios era diferente. Não era só vitória. Era posse. O tal livro que achei na gaveta dele estava lá, nas mãos de um dos velhos que acompanhavam tudo de longe. Queriam que nós dois o assinássemos, era um casamento... — Eu, eu... — Não envergonhe Benício na frente de todos. — disse a tal Elisa, minha primeira algoz. — Não me sinto bem... — blefei. — Assine! — gritou Benício. Eu não tive escolha, tive que assinar aquele livro estúpido e minhas forças quase foram embora. Propuseram um brinde assim que ele assinou seu nome, estamos casados! Ao som de vários pedidos para um beijo, Benício chegou perto e eu me joguei em seus braços, forjando um desmaio. Ele me pegou nos braços, os sons foram cessando e eu abri disfarçadamente meus olhos. Ele me levou a um lugar mais tranquilo da festa, ouvi sua voz pedindo para me trazerem água. — Paulah? Consegue me ouvir? — perguntou ele. Benício colocou o copo em minha mão, decisão errada a dele! Quando meus olhos avistaram uma porta aberta, eu não tive dúvida... O acertei com o copo na cabeça e saí correndo ao som de seus xingamentos: — Desgraçada! Filha da puta!PaulahA música da festa ainda tocava alta, as luzes dos carros refletindo nas poças de água espalhadas pelo asfalto. As risadas haviam sido substituídas por gritos e passos apressados. Eles estavam vindo. Todos eles!Eu corri.Os saltos altos que usava antes da confusão arremessei em algum lugar do caminho. Agora, meus pés descalços batiam no chão frio, eu queria poder gritar e pedir socorro. O vestido que antes era impecável agora estava rasgado, sujo de terra e suor.— Ali! Ela foi por ali! — ouvi uma voz masculina gritar.O som do metal das armas que carregavam me fez acelerar. Meu peito doía, e o ar parecia faltar, mas o medo era mais forte que o cansaço.Virei a esquina e tropecei em uma lata de lixo caída. O barulho soou como uma explosão naquela noite silenciosa, e eu sabia que tinha acabado de entregar minha posição.Luzes de lanternas varreram a rua e ouvi passos rápidos se aproximando. Não pensei, só corri para o beco mais próximo. Era estreito, apertado e o cheiro era insu
PaulahAquela cena ainda queimava a minha mente. O jeito como Elisa se atirou sobre Benício, o sorriso presunçoso que ela lançou em direção à janela... Era como se eu fosse um detalhe insignificante na história que ela estava tentando escrever com ele. Eu sei que não devo me importar, mas é impossível ignorar o nó que se formou no meu estômago toda vez que eu penso naquilo.Com o pé machucado, presa por completo entre essas quatro paredes. Tentei me distrair com um livro que estava em um dos móveis, mas as palavras não faziam sentido. Tudo o que eu via era a cena de Elisa e Benício, ouvi vozes do lado de fora e Sara estava brincando com o cachorro...— Por que não sobe novamente aqui e conversamos um pouco? Benício nos atrapalhou mais cedo!— Sim, eu irei daqui a pouco.Ela demorou a cumprir sua palavra, estou mais entediada do que nunca. Uma batida leve na porta me trouxe de volta à realidade. Antes que eu pudesse responder, Sara entrou, segurando um livro de colorir.— Posso entrar
Benício Mendelerr Uma sexta-feira para mudar todo o rumo da minha vida, viúvo há seis anos e mergulhado integralmente nos assuntos de Culla del Crimine. Até essa mulher aparecer e encher nossas mentes com dúvidas e receios, eu não podia permitir que ela saísse daqui levando nossos segredos e tudo o que lutamos para esconder do mundo. Seu olhar é um enigma, hora acredito em sua fala e outras vezes sinto que sua beleza e doçura são uma armadilha mesmo para um coração sombrio. Desperto após o primeiro dia de casados, Tony saiu daqui, deixando-me ainda mais irritado com suas insinuações sobre a inexistente vida íntima desse matrimônio. Passo na frente do quarto dele, tenho a chave e posso entrar e sair quando quiser... Ela ainda está acuada, mas se tentar fugir novamente, não terei a mesma misericórdia de antes. Elisa está furiosa. Não preciso que ela diga nada; o jeito como entra no escritório, batendo os saltos no chão e cruzando os braços, já diz tudo. Mas, quando Paulah chegou, eu
Benício MendelerrO dia foi longo, e a tensão não me abandona, mas, ao entrar no corredor, uma sensação estranha me puxa em direção ao quarto de Paulah. Não sei o que estou buscando, mas sei que preciso vê-la, mesmo que seja apenas para quebrar o silêncio.Abro a porta com firmeza e Paulah está lá, com os cabelos soltos e um olhar que parece perdido em algum lugar distante... Como sempre, próxima à janela.— Ainda acordada? — Pergunto, a voz mais casual do que me sinto.Ela me observa por um momento, como se me estudasse, e então vira-se em minha direção.— Tudo o que tenho feito é dormir e ficar presa...— Precisa se recuperar o mais rápido possível — Sinto que minha fala soa falsa para ela.Entro ainda mais no quarto, mas não me aproximo demais. Fico parado perto da porta, sentindo a tensão no ar. — Pensando no quê? — Pergunto e logo me arrependo.Ela dá de ombros, mas não parece querer se abrir. — Na vida... nas mudanças.Dou uma risada curta, tentando aliviar a atmosfera. — Mudan
Paulah Eu não quero fazer isso, e não esperava que me pedisse tal coisa, mas aqui estou, sentada no sofá do escritório de Benício, com ele parado à minha frente, imponente como sempre, segurando o telefone na mão e me encarando com uma expressão que não aceita discussões.— Você vai ligar para o contratante... O tal governador agora, Paulah. — A voz dele é firme, sem espaço para negociação. — Diga que voltou ao Brasil por questões pessoais e que lamenta não ter concluído o trabalho.— E se eu me recusar? — pergunto o desafiando.Ele inclina a cabeça, um sorriso frio brincando nos lábios.— Não vai se recusar!Eu suspiro, me sentindo muito pressionada. Ele não me deu escolha desde o início, e isso não seria diferente.— E o que eu ganho com isso, Benício? — pergunto, tentando ganhar tempo.Ele dá de ombros, como se a resposta fosse óbvia.— Ganha a chance de não complicar ainda mais sua situação.O telefone está na minha mão antes que eu perceba, e ele digita o número, colocando no vi
PaulahA música continua, há muitas mulheres pelo salão e elas usam vestidos vulgares e se insinuam. Estranho, na festa do casamento não havia esse tipo de convidadas...Pego mais uma taça de vinho, essa é a terceira e preciso me manter sóbria a noite inteira e decido beber mais devagar recordando más lembranças. Um homem se aproxima de mim, elegante, porém com uma idade avançada e me olha tão fixamente.— Há muitas mulheres nesse recinto, mas nenhuma com a beleza sofisticação que você exala naturalmente! Como se chama?Sorrio discretamente com o elogio e ofereço minha mão em cumprimento, ele a leva até a boca. Seu bigode desliza em minha pele branca, seu olhar me deixa constrangida... Mas lembro que Benício exigiu que eu fosse cordial com os convidados.— Meu nome é Paulah Cristina! Perco Benício de vista naquele momento.— Sou Elton Mariaga, muito prazer.Era o convidado de honra da festa, nesse momento suspiro de alívio por ter sido rude com ele pelo gesto anterior. Benício nos in
Benício MendelerrO dia seguinte à festa, Lui convida Elton Mariaga para um almoço em minha casa. Após a festa, Paulah e toda aquela situação não saem da minha mente um só momento. Clara e Lui já estão aqui esperando para recepcionar o velho e Mariaga chega à minha casa pontualmente como sempre, mas com aquele ar presunçoso que nunca consigo ignorar. Ele é um sócio valioso, não posso esquecer disso.Paulah está sentada à mesa, mais composta do que eu esperava após a noite anterior. Ela usa um vestido simples, mas o suficiente para atrair olhares com aquele corpo cheio de curvas, especialmente os de Mariaga, que a analisa como se fosse um prato exótico servido exclusivamente para ele.— Fico feliz que tenha aceitado mais esse convite — Lui estava mesmo disposto a adular aquele homem até conseguirmos firmar o negócio das armas.Durante o almoço, falamos sobre negócios. Paulah parecia atenta e claramente condenando absolutamente tudo o que fazemos.— Vamos ao que interessa, Mariaga. — Mi
PaulahEu fiquei sozinha no quarto, abraçada às minhas próprias dúvidas. Grávida! Eu estou grávida e isso não era apenas um problema — era o pior que podia me acontecer. Quando sofri o abuso, tomei a pílula do dia seguinte e pensei estar livre de qualquer problema nesse sentido.Passei as mãos pelos cabelos, tentando acalmar o monte de pensamentos. Por que isso foi acontecer? Eu estou presa na casa de um homem como Benício, com um filho que não é dele. O que poderia ser mais cruel?Ele insinuou assumir, mas a que custo? Nenhum homem faz algo assim sem esperar algo em troca, muito menos um homem como ele. Não era só um filho que eu carrego, era mais uma dívida de vida. Uma dívida que ele poderia cobrar de mim de todas as formas possíveis.No dia seguinte, eu não fui tomar o café da manhã como fazíamos sempre no mesmo horário. Era uma tentativa de fugir do encontro com ele, sei que isso nada vai adiantar.Ouço bater na porta, isso me deixa tranquila... Ele nunca bate!— Entre? — digo e