PaulahDeixei a noite passar, nenhuma resposta que preciso seria dada naquela noite. Eles beberam após a conversa que ouvi parcialmente, o som das taças batendo parecia que haviam decidido algo sobre mim. Estou cansada, tentarei adormecer um pouco, ou na manhã seguinte eu estaria ainda pior do que estou. Usei uma das roupas que aquela mulher trouxe, um vestido elegante...Esperei mais horas passarem, me levantei e saí pela casa buscando uma saída. As principais portas da casa estavam bloqueadas por cadeados com senhas, passei na frente do quarto que acredito pertencer a ele. Tudo estava silencioso, observei que não há sinal algum da existência de uma mulher na vida dele.Só resta saber se isso é uma desvantagem ou não, para mim!Volto para o quarto e tranco a porta, consigo dormir um pouco... Despertando com cães latindo pelo quintal.A porta do quarto abre, a mulher tinha uma cópia da chave.Eu observei a mulher dobrar as roupas em silêncio, hesitante. Ela parecia tão desconfortável
PaulahA música da festa ainda tocava alta, as luzes dos carros refletindo nas poças de água espalhadas pelo asfalto. As risadas haviam sido substituídas por gritos e passos apressados. Eles estavam vindo. Todos eles!Eu corri.Os saltos altos que usava antes da confusão arremessei em algum lugar do caminho. Agora, meus pés descalços batiam no chão frio, eu queria poder gritar e pedir socorro. O vestido que antes era impecável agora estava rasgado, sujo de terra e suor.— Ali! Ela foi por ali! — ouvi uma voz masculina gritar.O som do metal das armas que carregavam me fez acelerar. Meu peito doía, e o ar parecia faltar, mas o medo era mais forte que o cansaço.Virei a esquina e tropecei em uma lata de lixo caída. O barulho soou como uma explosão naquela noite silenciosa, e eu sabia que tinha acabado de entregar minha posição.Luzes de lanternas varreram a rua e ouvi passos rápidos se aproximando. Não pensei, só corri para o beco mais próximo. Era estreito, apertado e o cheiro era insu
PaulahAquela cena ainda queimava a minha mente. O jeito como Elisa se atirou sobre Benício, o sorriso presunçoso que ela lançou em direção à janela... Era como se eu fosse um detalhe insignificante na história que ela estava tentando escrever com ele. Eu sei que não devo me importar, mas é impossível ignorar o nó que se formou no meu estômago toda vez que eu penso naquilo.Com o pé machucado, presa por completo entre essas quatro paredes. Tentei me distrair com um livro que estava em um dos móveis, mas as palavras não faziam sentido. Tudo o que eu via era a cena de Elisa e Benício, ouvi vozes do lado de fora e Sara estava brincando com o cachorro...— Por que não sobe novamente aqui e conversamos um pouco? Benício nos atrapalhou mais cedo!— Sim, eu irei daqui a pouco.Ela demorou a cumprir sua palavra, estou mais entediada do que nunca. Uma batida leve na porta me trouxe de volta à realidade. Antes que eu pudesse responder, Sara entrou, segurando um livro de colorir.— Posso entrar
Benício Mendelerr Uma sexta-feira para mudar todo o rumo da minha vida, viúvo há seis anos e mergulhado integralmente nos assuntos de Culla del Crimine. Até essa mulher aparecer e encher nossas mentes com dúvidas e receios, eu não podia permitir que ela saísse daqui levando nossos segredos e tudo o que lutamos para esconder do mundo. Seu olhar é um enigma, hora acredito em sua fala e outras vezes sinto que sua beleza e doçura são uma armadilha mesmo para um coração sombrio. Desperto após o primeiro dia de casados, Tony saiu daqui, deixando-me ainda mais irritado com suas insinuações sobre a inexistente vida íntima desse matrimônio. Passo na frente do quarto dele, tenho a chave e posso entrar e sair quando quiser... Ela ainda está acuada, mas se tentar fugir novamente, não terei a mesma misericórdia de antes. Elisa está furiosa. Não preciso que ela diga nada; o jeito como entra no escritório, batendo os saltos no chão e cruzando os braços, já diz tudo. Mas, quando Paulah chegou, eu
Benício MendelerrO dia foi longo, e a tensão não me abandona, mas, ao entrar no corredor, uma sensação estranha me puxa em direção ao quarto de Paulah. Não sei o que estou buscando, mas sei que preciso vê-la, mesmo que seja apenas para quebrar o silêncio.Abro a porta com firmeza e Paulah está lá, com os cabelos soltos e um olhar que parece perdido em algum lugar distante... Como sempre, próxima à janela.— Ainda acordada? — Pergunto, a voz mais casual do que me sinto.Ela me observa por um momento, como se me estudasse, e então vira-se em minha direção.— Tudo o que tenho feito é dormir e ficar presa...— Precisa se recuperar o mais rápido possível — Sinto que minha fala soa falsa para ela.Entro ainda mais no quarto, mas não me aproximo demais. Fico parado perto da porta, sentindo a tensão no ar. — Pensando no quê? — Pergunto e logo me arrependo.Ela dá de ombros, mas não parece querer se abrir. — Na vida... nas mudanças.Dou uma risada curta, tentando aliviar a atmosfera. — Mudan
Paulah Eu não quero fazer isso, e não esperava que me pedisse tal coisa, mas aqui estou, sentada no sofá do escritório de Benício, com ele parado à minha frente, imponente como sempre, segurando o telefone na mão e me encarando com uma expressão que não aceita discussões.— Você vai ligar para o contratante... O tal governador agora, Paulah. — A voz dele é firme, sem espaço para negociação. — Diga que voltou ao Brasil por questões pessoais e que lamenta não ter concluído o trabalho.— E se eu me recusar? — pergunto o desafiando.Ele inclina a cabeça, um sorriso frio brincando nos lábios.— Não vai se recusar!Eu suspiro, me sentindo muito pressionada. Ele não me deu escolha desde o início, e isso não seria diferente.— E o que eu ganho com isso, Benício? — pergunto, tentando ganhar tempo.Ele dá de ombros, como se a resposta fosse óbvia.— Ganha a chance de não complicar ainda mais sua situação.O telefone está na minha mão antes que eu perceba, e ele digita o número, colocando no vi
PaulahA música continua, há muitas mulheres pelo salão e elas usam vestidos vulgares e se insinuam. Estranho, na festa do casamento não havia esse tipo de convidadas...Pego mais uma taça de vinho, essa é a terceira e preciso me manter sóbria a noite inteira e decido beber mais devagar recordando más lembranças. Um homem se aproxima de mim, elegante, porém com uma idade avançada e me olha tão fixamente.— Há muitas mulheres nesse recinto, mas nenhuma com a beleza sofisticação que você exala naturalmente! Como se chama?Sorrio discretamente com o elogio e ofereço minha mão em cumprimento, ele a leva até a boca. Seu bigode desliza em minha pele branca, seu olhar me deixa constrangida... Mas lembro que Benício exigiu que eu fosse cordial com os convidados.— Meu nome é Paulah Cristina! Perco Benício de vista naquele momento.— Sou Elton Mariaga, muito prazer.Era o convidado de honra da festa, nesse momento suspiro de alívio por ter sido rude com ele pelo gesto anterior. Benício nos in
Benício MendelerrO dia seguinte à festa, Lui convida Elton Mariaga para um almoço em minha casa. Após a festa, Paulah e toda aquela situação não saem da minha mente um só momento. Clara e Lui já estão aqui esperando para recepcionar o velho e Mariaga chega à minha casa pontualmente como sempre, mas com aquele ar presunçoso que nunca consigo ignorar. Ele é um sócio valioso, não posso esquecer disso.Paulah está sentada à mesa, mais composta do que eu esperava após a noite anterior. Ela usa um vestido simples, mas o suficiente para atrair olhares com aquele corpo cheio de curvas, especialmente os de Mariaga, que a analisa como se fosse um prato exótico servido exclusivamente para ele.— Fico feliz que tenha aceitado mais esse convite — Lui estava mesmo disposto a adular aquele homem até conseguirmos firmar o negócio das armas.Durante o almoço, falamos sobre negócios. Paulah parecia atenta e claramente condenando absolutamente tudo o que fazemos.— Vamos ao que interessa, Mariaga. — Mi