Benício MendelerrO dia seguinte à festa, Lui convida Elton Mariaga para um almoço em minha casa. Após a festa, Paulah e toda aquela situação não saem da minha mente um só momento. Clara e Lui já estão aqui esperando para recepcionar o velho e Mariaga chega à minha casa pontualmente como sempre, mas com aquele ar presunçoso que nunca consigo ignorar. Ele é um sócio valioso, não posso esquecer disso.Paulah está sentada à mesa, mais composta do que eu esperava após a noite anterior. Ela usa um vestido simples, mas o suficiente para atrair olhares com aquele corpo cheio de curvas, especialmente os de Mariaga, que a analisa como se fosse um prato exótico servido exclusivamente para ele.— Fico feliz que tenha aceitado mais esse convite — Lui estava mesmo disposto a adular aquele homem até conseguirmos firmar o negócio das armas.Durante o almoço, falamos sobre negócios. Paulah parecia atenta e claramente condenando absolutamente tudo o que fazemos.— Vamos ao que interessa, Mariaga. — Mi
PaulahEu fiquei sozinha no quarto, abraçada às minhas próprias dúvidas. Grávida! Eu estou grávida e isso não era apenas um problema — era o pior que podia me acontecer. Quando sofri o abuso, tomei a pílula do dia seguinte e pensei estar livre de qualquer problema nesse sentido.Passei as mãos pelos cabelos, tentando acalmar o monte de pensamentos. Por que isso foi acontecer? Eu estou presa na casa de um homem como Benício, com um filho que não é dele. O que poderia ser mais cruel?Ele insinuou assumir, mas a que custo? Nenhum homem faz algo assim sem esperar algo em troca, muito menos um homem como ele. Não era só um filho que eu carrego, era mais uma dívida de vida. Uma dívida que ele poderia cobrar de mim de todas as formas possíveis.No dia seguinte, eu não fui tomar o café da manhã como fazíamos sempre no mesmo horário. Era uma tentativa de fugir do encontro com ele, sei que isso nada vai adiantar.Ouço bater na porta, isso me deixa tranquila... Ele nunca bate!— Entre? — digo e
Mariaga seguia testando minha paciência. Quando soube que Paulah havia recebido aquela caixa como presente, senti minha raiva crescer e eu nem tinha me recuperado da notícia da gravidez. Não era apenas um insulto; era uma afronta direta à minha autoridade. Ordenei que trouxessem o homem que entregou a caixa, estive ocupado resolvendo esse problema enquanto ela se divertia com as compras pela cidade.Ele foi arrastado até mim, tremendo dos pés à cabeça. Um sujeito magro, com olhos arregalados e voz trêmula.— Me perdoe, senhor Benício! — ele implorou, caindo de joelhos. — Eu só fiz isso porque precisava do dinheiro que Mariaga ofereceu. Não sabia que era para ofendê-lo!Observei-o por um momento, avaliando cada palavra que dizia. Sua desculpa era patética, mas não era o suficiente para aliviar minha ira.— Você sabia exatamente o que estava fazendo e as nossas regras — retruquei, minha voz fria como gelo. — E ainda assim escolheu o dinheiro em vez da lealdade.Ele começou a chorar, so
PaulahBenício não quer me levar com ele, nunca confiará em mim... Assim como eu, não consigo confiar nele. Passei um bom tempo pensando nessa viagem, se ele conhecer alguém que o faça desistir de tudo isso.De salvar minha vida! Ouço um pouco de música e adormeço, mesmo com a mente tumultuada.A luz do amanhecer me desperta e o som de conversas no jardim de casa. Do andar de cima, observo o motorista colocando a mala de Benício no carro. Meus olhos estão fixos ali, mas é impossível ignorar Benício logo atrás, ajustando os punhos da camisa e com as chaves do carro na mão.Ele para por um instante, levanta o olhar e me encontra ali, na janela. Meu coração dá um salto, mas não é de medo, nem de conforto. É uma mistura de tudo e ele não diz nada, apenas mantém o olhar em mim por um segundo antes de entrar no carro.Sinto uma pressão no peito, um vazio estranho que me faz instintivamente alisar minha barriga.— Estamos por conta própria agora — sussurro.Assim que o carro de Benício desa
Benício MendelerrRecebo uma ligação que me força a antecipar minha volta em algumas horas, era a empregada me dizendo que Sara havia sofrido um atentado e Paulah estava presa sob a acusação. Entro no carro apressado e piso no acelerador, torcendo para mais uma vez chegar antes que atirem nela.Chego em Culla del Crimine e percebo os murmurinhos sobre o que poderia estar acontecendo, mando meus seguranças acabarem com os grupos em frente às casas e as fofocas sobre isso.Sigo para a delegacia e encontro Paulah naquela situação, vulnerável e triste. Lui quase atira nela, meu peito está carregado de culpa e o impeço no último instante. Eu nunca deveria ter deixado Paulah sozinha. Sabia que Lui não confiava nela, mas não pensei que ele chegaria tão longe. Se algo acontecer com Sara, não sei se conseguirei lidar com isso...Eu a conheço, sei que ela nunca machucaria Sara... Mas e se eu estiver errado? E se, no final, ela for tão perigosa quanto meu irmão acredita?Deixo-a na cela, não pe
PaulahAcordo com a luz invadindo o quarto, mas a claridade não consegue apagar a sensação de peso que ainda tenho comigo. O dia anterior foi um que eu preferia apagar da memória, tento respirar fundo... me levantar e seguir em frente, mas algo chama minha atenção.Sobre a mesinha que fica aos pés da cama, há algo que não estava ali antes. Uma bela caixa, envolta em um papel e com um laço dourado... Ao lado, um cartão também dourado.Me aproximo e sento na beira da cama, meus dedos hesitantes alcançam o cartão primeiro. Puxo-o devagar, sentindo a textura refinada do papel entre os dedos, e respiro fundo antes de abrir e começar a ler.Meus olhos percorrem o cartão e o coração parece perder o compasso à medida que leio. A caligrafia é como Benício, sem rodeios, precisa!Seguro o bilhete com mais força e o aproximo do meu corpo:"Mesmo longe desta cidade, você esteve comigo. Não importa o quanto eu lute contra isso... você está nos meus pensamentos. Mesmo quando não quero!"Leio em voz
Benício MendelerrDeito com ela na cama, passo a noite inteira ao seu lado e nem posso imaginar a dor que possa estar sentindo. Justamente agora que eu planejava uma aproximação maior entre nós, mas não posso desistir de conquistar seu coração... Somo jovens e ela pode me dar muito filhos!Ainda sinto culpa, mas também percebo que meus sentimentos por Paulah estão se tornando mais fortes a cada dia.Queria ficar com ela, mas se eu me ausentar da sede após o que aconteceu na formatura... Lui me cobraria explicações que não posso dar. Ela acorda, constata que permaneci ali a noite inteira.— Ainda sente dor? — penso melhor sobre a pergunta e reformulo — Dor física?— Felizmente não! — Preciso ir para a sede, se eu não for, podem fazer perguntas e...— Não precisa explicar, Benício, eu entendo! E obrigada por ficar cuidando de mim.— O que eu disse ontem é verdade. Eu te amo, quero que fique bem e supere essa dor!Ela força um sorriso, beijo sua testa e me retiro do quarto dela em direç
PaulahAchei o gesto de Sara tão lindo, como uma criança tão pequena podia ser tão atenciosa? Senti meu coração se aquecer e, por um momento, as dores e as preocupações pareceram diminuir. Eu só queria que ela soubesse o quanto aquilo significava para mim! Demos um forte abraço:— Preciso ir agora, papai está me esperando lá embaixo!— Claro! Mas adorei a surpresa...Demos um abraço e saiu, deixando o urso ao meu lado na cama. Um tempo depois, Benício entra e a empregada também... Trazendo uma bandeja para o jantar.— Essa noite, posso te fazer companhia? — Ele pergunta com o olhar fixo em mim.— Sim, claro que pode.Ele pega o urso gigante e coloca sobre o móvel, assim temos mais espaço para acomodar a mesa de cama. Não posso comer livremente, ainda tenho algumas restrições.Mas sei que cada uma delas foi levada em consideração ao verificar o menu, Benício me serve primeiro e, sentados frente a frente... Compartilhamos aquela refeição.— Quais eram seus sonhos antes de chegar aqui? —