Benício MendelerrRecebo uma ligação que me força a antecipar minha volta em algumas horas, era a empregada me dizendo que Sara havia sofrido um atentado e Paulah estava presa sob a acusação. Entro no carro apressado e piso no acelerador, torcendo para mais uma vez chegar antes que atirem nela.Chego em Culla del Crimine e percebo os murmurinhos sobre o que poderia estar acontecendo, mando meus seguranças acabarem com os grupos em frente às casas e as fofocas sobre isso.Sigo para a delegacia e encontro Paulah naquela situação, vulnerável e triste. Lui quase atira nela, meu peito está carregado de culpa e o impeço no último instante. Eu nunca deveria ter deixado Paulah sozinha. Sabia que Lui não confiava nela, mas não pensei que ele chegaria tão longe. Se algo acontecer com Sara, não sei se conseguirei lidar com isso...Eu a conheço, sei que ela nunca machucaria Sara... Mas e se eu estiver errado? E se, no final, ela for tão perigosa quanto meu irmão acredita?Deixo-a na cela, não pe
PaulahAcordo com a luz invadindo o quarto, mas a claridade não consegue apagar a sensação de peso que ainda tenho comigo. O dia anterior foi um que eu preferia apagar da memória, tento respirar fundo... me levantar e seguir em frente, mas algo chama minha atenção.Sobre a mesinha que fica aos pés da cama, há algo que não estava ali antes. Uma bela caixa, envolta em um papel e com um laço dourado... Ao lado, um cartão também dourado.Me aproximo e sento na beira da cama, meus dedos hesitantes alcançam o cartão primeiro. Puxo-o devagar, sentindo a textura refinada do papel entre os dedos, e respiro fundo antes de abrir e começar a ler.Meus olhos percorrem o cartão e o coração parece perder o compasso à medida que leio. A caligrafia é como Benício, sem rodeios, precisa!Seguro o bilhete com mais força e o aproximo do meu corpo:"Mesmo longe desta cidade, você esteve comigo. Não importa o quanto eu lute contra isso... você está nos meus pensamentos. Mesmo quando não quero!"Leio em voz
Benício MendelerrDeito com ela na cama, passo a noite inteira ao seu lado e nem posso imaginar a dor que possa estar sentindo. Justamente agora que eu planejava uma aproximação maior entre nós, mas não posso desistir de conquistar seu coração... Somo jovens e ela pode me dar muito filhos!Ainda sinto culpa, mas também percebo que meus sentimentos por Paulah estão se tornando mais fortes a cada dia.Queria ficar com ela, mas se eu me ausentar da sede após o que aconteceu na formatura... Lui me cobraria explicações que não posso dar. Ela acorda, constata que permaneci ali a noite inteira.— Ainda sente dor? — penso melhor sobre a pergunta e reformulo — Dor física?— Felizmente não! — Preciso ir para a sede, se eu não for, podem fazer perguntas e...— Não precisa explicar, Benício, eu entendo! E obrigada por ficar cuidando de mim.— O que eu disse ontem é verdade. Eu te amo, quero que fique bem e supere essa dor!Ela força um sorriso, beijo sua testa e me retiro do quarto dela em direç
PaulahAchei o gesto de Sara tão lindo, como uma criança tão pequena podia ser tão atenciosa? Senti meu coração se aquecer e, por um momento, as dores e as preocupações pareceram diminuir. Eu só queria que ela soubesse o quanto aquilo significava para mim! Demos um forte abraço:— Preciso ir agora, papai está me esperando lá embaixo!— Claro! Mas adorei a surpresa...Demos um abraço e saiu, deixando o urso ao meu lado na cama. Um tempo depois, Benício entra e a empregada também... Trazendo uma bandeja para o jantar.— Essa noite, posso te fazer companhia? — Ele pergunta com o olhar fixo em mim.— Sim, claro que pode.Ele pega o urso gigante e coloca sobre o móvel, assim temos mais espaço para acomodar a mesa de cama. Não posso comer livremente, ainda tenho algumas restrições.Mas sei que cada uma delas foi levada em consideração ao verificar o menu, Benício me serve primeiro e, sentados frente a frente... Compartilhamos aquela refeição.— Quais eram seus sonhos antes de chegar aqui? —
Benicio MendelerrO que eu menos esperava era o retorno de minha tia Aurora, ela estava em Bangladesh resolvendo assuntos urgentes da facção. Não posso fingir que desejava sua presença tão cedo, Paulah e eu ainda não temos uma relação firme o bastante para lidar com as dúvidas dela. Perdi o apetite totalmente, percebi que Paulah também... Apesar de estar comendo, para se fazer de forte diante dos assuntos que tocamos ali. — Já que não está comendo, podemos ir até seu escritório? — perguntou Aurora. — Eu posso sair e deixá-los à vontade! — Paulah ia se levantar. — Não precisa sair, o tipo de assunto que tratamos requer um lugar apropriado. Apensa isso! Vamos, Benício? Não gosto da forma que minha tia está usando para dar a impressão de domínio sobre mim, ela sabe que eu não tolero! — Eu não demoro! — Dei um beijo rápido em Paulah, ela ficou nos observando enquanto seguimos para aquela conversa particular que já prevejo o quanto será insuportável. Entramos na sala, sento-me na ca
PaulahBenício estava demorando demais, eu não consegui dormir até perceber que, às duas da madrugada... Lui o deixou em casa. Só aí, eu consegui deitar na cama e tentar adormecer, mas não consegui nada! Ele abriu a porta do quarto e, quando me dei conta, já estava na cama, deitando-se sobre meu corpo. — Saia Benício! Você está fedendo a álcool! Ele parecia não me ouvir e se acomodava mais, tentei empurrar seu rosto e ele me beijava alucinadamente. — Sou seu marido, não pode me mandar embora! A língua embolada e o cheiro de whisky só confirmaram que ele estava completamente bêbado, ele não conseguiria fazer muito no estado em que estava... Mas percebi sua excitação e senti medo. — Estou me recuperando, não posso fazer isso! Saia! Ele parecia não ouvir, consegui sair debaixo dele com dificuldade. Benício me puxou de volta para a cama e acabei quebrando algo na escuridão. Sua boca ofegava dentro da minha, eu estava totalmente vulnerável a ele. — Se me machucar, vai se arrepende
PaulahNão sei se ele pode me ouvir, me sinto estúpida ao dizer essas coisas... Promessas feitas à sombra de uma dúvida!Lui logo abriu a porta e me viu segurando a mão de Benício, ele nunca acreditará que eu realmente me importo com seu irmão.— Agora já chega! Meu irmão precisa de repouso... — Lui, eu sei que não gosta de mim e que tem suas razões para isso... Mas acredito que minha presença pode ajudá-lo a se recuperar.— Talvez! Vá para casa, aguardarei o médico trazer um novo boletim sobre o estado de saúde dele.Assenti, ele me acompanhou até a saída e o motorista já estava me esperando. Entrei no carro e eu não disse mais nada, observei a chegada de Aurora com Elisa e isso me doeu por dentro!Cheguei em casa, as empregadas estavam meio perdidas em seus afazeres... Benício sempre cuidou de tudo pessoalmente, mas agora eu tenho que tomar decisões.— Cuidem de tudo normalmente, para o almoço façam algo simples e de rápido preparo!Elas concordaram, subi para o escritório e me sin
Benício MendelerrMeus olhos se abriram devagar, e a claridade do quarto me atingiu como um soco e quase fechei os olhos de novo. O barulho do monitor cardíaco do meu lado parecia longe, mas eu senti um pouco de dor de cabeça... Significa que felizmente estou vivo!Minha mente estava tão confusa, apenas uma coisa era clara: Paulah. Era como se a voz dela estivesse gravada para sempre em mim. Lembrava das palavras que ouvi no silêncio do coma, como um sussurro vindo de longe: "Se você voltar! Prometo ser sua esposa, de verdade! Em todo o sentido da palavra... Volte para mim!"Ela acreditava em mim, mesmo quando eu não tinha forças para acreditar nisso e eu parecia preso dentro de uma prisão sem grades... Um corpo que não respondia, mesmo que eu quisesse gritar. Era por ela que eu tinha lutado, mesmo sem entender como. E agora, tudo o que eu queria era vê-la, olhar nos olhos dela e dizer que eu estava aqui...Lui estava do lado da cama, com as duas mãos na testa como se não acreditasse