Benício Mendelerr
O dia foi longo, e a tensão não me abandona, mas, ao entrar no corredor, uma sensação estranha me puxa em direção ao quarto de Paulah. Não sei o que estou buscando, mas sei que preciso vê-la, mesmo que seja apenas para quebrar o silêncio.
Abro a porta com firmeza e Paulah está lá, com os cabelos soltos e um olhar que parece perdido em algum lugar distante... Como sempre, próxima à janela.
— Ainda acordada? — Pergunto, a voz mais casual do que me sinto.
Ela me observa por um momento, como se me estudasse, e então vira-se em minha direção.
— Tudo o que tenho feito é dormir e ficar presa...
— Precisa se recuperar o mais rápido possível — Sinto que minha fala soa falsa para ela.
Entro ainda mais no quarto, mas não me aproximo demais. Fico parado perto da porta, sentindo a tensão no ar.
— Pensando no quê? — Pergunto e logo me arrependo.
Ela dá de ombros, mas não parece querer se abrir. — Na vida... nas mudanças.
Dou uma risada curta, tentando aliviar a atmosfera. — Mudanças têm sido constantes por aqui, não é?
Ela olha para mim, os olhos curiosos, mas com uma sombra de cansaço emocional. — Parece que você também não está acostumado com isso.
A resposta me pega de surpresa, mas não deixo transparecer. — Acostumado? Não diria isso. Apenas aprendi a lidar.
É estranho essa troca silenciosa entre nós, como se estivéssemos em um campo minado, evitando explodir, mas sem saber exatamente o que fazer para sair ilesos.
— E você? — Pergunto, quebrando o silêncio, querendo mudar o rumo da conversa. — Como está lidando com... tudo isso?
Ela solta um suspiro baixo e vejo um lampejo de vulnerabilidade em seus olhos enquanto responde: — Não é como se eu tivesse muita escolha, não é?
— Ninguém tem. — Minha resposta saiu mais ríspida do que eu pretendia.
Ela não recua, pelo contrário, parece me desafiar com o olhar.
— E você? Se arrepende?
A pergunta me pega desprevenido. Fico em silêncio por um momento e mudo de assunto.
— Vai haver uma festa em breve, quero que se comporte bem...
Ela franze o cenho, visivelmente confusa.
— Sim uma festa, um fornecedor importante está vindo para firmar novos acordos. Preciso garantir que tudo saia perfeito e não te quero atrapalhando os negócios...
— E isso me diz respeito? — Pergunta, a voz mais baixa, mas com um toque de desafio — Não tenho por que estar no meio dos seus negócios ilícitos, ficarei aqui mesmo!
— Não te diria respeito se não estivéssemos casados, real ou não... Você leva o meu sobrenome agora! — Respondo, mantendo a distância corporal — Não pretendo que se envolva com nada, permaneça muda ao meu lado a noite inteira.
— Parece fácil, exceto pela parte de ficar como um enfeite! — Paulah responde, voltando para a cama sem apoiar o pé lesionado.
Pensei oferecer ajuda com o trajeto até a cama, mas ela recusaria. Foge do meu toque, assim como foge do meu olhar em sua direção o tempo todo e eu saí do quarto.
Todo o calor que sai dos nossos corpos, mesmo quando nossas emoções se evitam, me deixa em chamas. Eu ia entrar em meu quarto, mas saí pegando as chaves do carro para fazer uma visita ao bordel, beber muito e escolher uma puta qualquer para aliviar.
Estaciono o carro na entrada e o som da música já chega até mim, abafado pela espessura das paredes do cabaré. O cheiro de perfume barato e álcool misturado com o incenso me atinge logo que entro. O ambiente está iluminado por luzes baixas e vermelhas, e as cortinas pesadas estão ali.
Eu vejo os olhares das mulheres se voltando para mim, algumas disfarçadas, outras mais ousadas largando os clientes com quem estavam, mas todas com o mesmo objetivo: me atrair, me conquistar, me fazer ceder.
Mas eu não estou aqui para elas. Eu nunca estou. Elas sabem disso, mas ainda assim, tentam. Como se fosse um jogo, uma dança. E eu sou o prêmio, o alvo, o troféu que todas querem ganhar... O capo.
— Senhor Benício! — Uma das mulheres, com um sorriso largo e olhos sedutores, se aproxima. — Que prazer tê-lo aqui, já faz tanto tempo da última vez.
Eu apenas aceno com a cabeça, sem dizer nada e me sento rente ao bar. Não preciso realmente disso e o que elas querem já está claro. Elas sabem que, se eu quiser, posso escolher qualquer uma delas. Não sou de me entregar tão facilmente a esses jogos... A m*****a mulher que quero, está agora dormindo e sequer sabe disso.
A vadia continua a me seguir, falando sobre como o cabaré está cheio de novidades, de dançarinas novas, de serviços especiais. Eu a escuto de forma distante, já acostumado com o discurso de sempre. Mas, ao fundo, algo me chama a atenção. Uma silhueta, uma figura diferente entre todas as outras. Ela não é como as outras. Não tem o mesmo olhar de interesse, a mesma urgência em me agradar. Ela está ali, quieta, observando, como se soubesse que não preciso de palavras, não preciso de tentativas...
— Senhor Benício, você não vai querer perder a diversão. — Ela diz, com um sorriso forçado, tentando retomar minha atenção.
Mas eu não estou mais ouvindo. Eu me afasto dela, sem dar explicações, e sigo na direção da mulher negra que me chamou a atenção.
Ela não se move, não diz nada. Apenas espera. E, quando chego perto, ela não sorri, não faz gestos exagerados. Apenas olha para mim com uma calma que me desarma.
— Deseja um pouco de diversão? — pergunta ela, enquanto me puxa pela gravata e acabamos no melhor quarto do lugar.
Ela se ajoelha, insinuante e notoriamente tentando fazer sua melhor performance entre quarto paredes. Isso corta o clima de certa forma, ela não é diferente das demais... é igualmente previsível.
A jovem tenta me dar um beijo, viro meu rosto e deixo claro que estou ali sabendo bem como as coisas funcionam. Abro meu zíper, estou excitado!
Mas não com ela ou a situação, Paulah e seu mistério me deixam assim quase sempre que conversamos a sós. Ela se ajoelha, puxa minha peça íntima para baixo e junto seus cabelos com uma só mão, liberando a passagem para sua boca.
— Apenas relaxe, senhor Benício! — Ela abocanha meu pênis inteiro, empurro com força até o fundo de sua garganta e isso me faz arfar.
Invisto com força para dentro de sua boca seguidas vezes, puxando sua cabeça e sequer a deixo tirá-lo de dentro.
— Que boca gostosa Paulah... — Só consigo gemer o nome dela, até derramar meu esperma todo dentro daquela garganta quente.
Uma aliviada temporária, sei que só vou conseguir me sentir totalmente relaxado quando experimentar aquela desconhecida por completo. Ainda com a boca suja, a vadia sorri e me olha como se apenas estivéssemos começando a noite.
— Pegue! — Entrego um maço de dinheiro e ela se levanta sem entender nada.
— Fiz algo errado? Não o agradei?
— Agradou sim... — Subo minhas roupas.
Saio imediatamente sob o olhar de todos, homens e mulheres que estavam ali. Entro no carro, ainda transpiro e sinto o sangue quente normalizando sua temperatura... Eu não tenho outra opção, ou conquisto essa mulher de vez, ou cobro meus direitos de marido!
Chego em casa de volta, ela me olha da janela do quarto e, ao perceber que chego... se esconde. Já são meia-noite e cinquenta e cinco, entro no quarto e tiro as roupas, ansiando por um banho.
Me masturbo pensando nela, se ao invés de tê-la contido naquele dia, enquanto Paulah usava apenas uma toalha, eu a tivesse jogado para dentro do quarto e pressionado seu corpo contra a parede, roçando meu pênis em sua vagina. Até ela me implorar para entrar...
Consigo dormir um tempo mais tarde, sonho com ela e dessa vez não é nada sexual. Ela me pede para ir embora e eu permito, mesmo sabendo que, se eu o fizesse, nunca mais a veria de novo.
Desperto com o celular tocando, penso nas obrigações desse dia e em organizar a chegada de Elton. Tomo um banho rápido e, para minha surpresa, a encontro descendo as escadas sozinha.
— Eu disse que preciso que esteja bem para a festa!
Chego no escritório mais tarde do que ontem, a mente ainda indo pelas lembranças da noite anterior. A cidade respira de maneira diferente quando você entra em um lugar como aquele cabaré. Não é um ambiente que me atrai, mas às vezes, é necessário. A noite de ontem não foi diferente.
Entro na sala de trabalho e sou recebido pelo burburinho dos meus subordinados. Eu os ouço murmurando enquanto faço meu caminho até minha mesa, e sou alvo de algumas olhares rápidos e sorrisos discretos.
— Me perdoe comentar, mas as meninas ficaram muito felizes com sua visita depois de tanto tempo — Kevin, um dos meus homens de confiança, diz com um sorriso malicioso. — A noite foi mesmo boa?
Eu ignoro a provocação, mas é impossível não perceber o tom de curiosidade na voz dele. Eles sabem onde estive, sabem que o meu nome circula por onde quer que eu vá, e o bordel da cidade, por mais que eu tentasse negar, sempre seria um assunto comentado.
— Como sempre, Kevin. Nada de mais. — Respondo, sem fazer questão de explicar.
Mas os outros, que já estavam observando, não conseguem deixar de comentar.
— Isso não é assunto para se falar aqui. — Respondo com firmeza, olhando para os dois, e imediatamente eles se calam.
Sei que pensam sobre o casamento, agora eu dei ainda mais motivos para questionarem a decisão de me unir a ela.
E por dentro, algo mexe comigo e eu me pergunto... o que Paulah pensaria se soubesse disso? Ela, que se mantém distante, que observa tudo com um olhar que não se entrega, que não se deixa afetar pelas aparências. Será que ela se importaria?
Já que ela não me dá o que quero, preciso conseguir de alguma forma. Ouço meus recados, leio os e-mails e nada de novo, a não ser um detalhe: uma notícia chama minha atenção: o desaparecimento de Paulah está sendo comentado.
Uma matéria relata que ela, uma fotógrafa brasileira de trinta e três anos, nunca chegou ao hotel onde se hospedara na Itália, e seus contratantes começam a levantar suspeitas.
Fecho o laptop com força, sentindo o peso da situação. Não posso permitir que isso atraia atenção indesejada para Culla del Crimine. Decido que Paulah deve fazer uma ligação para tranquilizar essas pessoas, afastando a possibilidade de uma denúncia.
Ela me odiará ainda mais por isso, mas é necessário e urgente! Mandei comprar um aparelho celular para ela, as ligações e contatos de internet na cidade são interceptados e filtrados e ele serviria apenas para entretê-la um pouco. Reconheço que ficar o tempo inteiro dentro daquela casa deve ser maçante.
Olho outra de suas redes sociais e percebo alguns gostos bem particulares em seu perfil, como comida favorita, estilos musicais, cores e filmes. Curtidas seguidas de um homem, acredito ser o ex-namorado que estava presente no dossiê que recebi sobre o passado dela. Um homem de uns quarenta anos, barba rala e fora do peso. Um sorriso espontâneo foge de meus lábios quando me comparo a ele.
Paulah Eu não quero fazer isso, e não esperava que me pedisse tal coisa, mas aqui estou, sentada no sofá do escritório de Benício, com ele parado à minha frente, imponente como sempre, segurando o telefone na mão e me encarando com uma expressão que não aceita discussões.— Você vai ligar para o contratante... O tal governador agora, Paulah. — A voz dele é firme, sem espaço para negociação. — Diga que voltou ao Brasil por questões pessoais e que lamenta não ter concluído o trabalho.— E se eu me recusar? — pergunto o desafiando.Ele inclina a cabeça, um sorriso frio brincando nos lábios.— Não vai se recusar!Eu suspiro, me sentindo muito pressionada. Ele não me deu escolha desde o início, e isso não seria diferente.— E o que eu ganho com isso, Benício? — pergunto, tentando ganhar tempo.Ele dá de ombros, como se a resposta fosse óbvia.— Ganha a chance de não complicar ainda mais sua situação.O telefone está na minha mão antes que eu perceba, e ele digita o número, colocando no vi
PaulahA música continua, há muitas mulheres pelo salão e elas usam vestidos vulgares e se insinuam. Estranho, na festa do casamento não havia esse tipo de convidadas...Pego mais uma taça de vinho, essa é a terceira e preciso me manter sóbria a noite inteira e decido beber mais devagar recordando más lembranças. Um homem se aproxima de mim, elegante, porém com uma idade avançada e me olha tão fixamente.— Há muitas mulheres nesse recinto, mas nenhuma com a beleza sofisticação que você exala naturalmente! Como se chama?Sorrio discretamente com o elogio e ofereço minha mão em cumprimento, ele a leva até a boca. Seu bigode desliza em minha pele branca, seu olhar me deixa constrangida... Mas lembro que Benício exigiu que eu fosse cordial com os convidados.— Meu nome é Paulah Cristina! Perco Benício de vista naquele momento.— Sou Elton Mariaga, muito prazer.Era o convidado de honra da festa, nesse momento suspiro de alívio por ter sido rude com ele pelo gesto anterior. Benício nos in
Benício MendelerrO dia seguinte à festa, Lui convida Elton Mariaga para um almoço em minha casa. Após a festa, Paulah e toda aquela situação não saem da minha mente um só momento. Clara e Lui já estão aqui esperando para recepcionar o velho e Mariaga chega à minha casa pontualmente como sempre, mas com aquele ar presunçoso que nunca consigo ignorar. Ele é um sócio valioso, não posso esquecer disso.Paulah está sentada à mesa, mais composta do que eu esperava após a noite anterior. Ela usa um vestido simples, mas o suficiente para atrair olhares com aquele corpo cheio de curvas, especialmente os de Mariaga, que a analisa como se fosse um prato exótico servido exclusivamente para ele.— Fico feliz que tenha aceitado mais esse convite — Lui estava mesmo disposto a adular aquele homem até conseguirmos firmar o negócio das armas.Durante o almoço, falamos sobre negócios. Paulah parecia atenta e claramente condenando absolutamente tudo o que fazemos.— Vamos ao que interessa, Mariaga. — Mi
PaulahEu fiquei sozinha no quarto, abraçada às minhas próprias dúvidas. Grávida! Eu estou grávida e isso não era apenas um problema — era o pior que podia me acontecer. Quando sofri o abuso, tomei a pílula do dia seguinte e pensei estar livre de qualquer problema nesse sentido.Passei as mãos pelos cabelos, tentando acalmar o monte de pensamentos. Por que isso foi acontecer? Eu estou presa na casa de um homem como Benício, com um filho que não é dele. O que poderia ser mais cruel?Ele insinuou assumir, mas a que custo? Nenhum homem faz algo assim sem esperar algo em troca, muito menos um homem como ele. Não era só um filho que eu carrego, era mais uma dívida de vida. Uma dívida que ele poderia cobrar de mim de todas as formas possíveis.No dia seguinte, eu não fui tomar o café da manhã como fazíamos sempre no mesmo horário. Era uma tentativa de fugir do encontro com ele, sei que isso nada vai adiantar.Ouço bater na porta, isso me deixa tranquila... Ele nunca bate!— Entre? — digo e
Mariaga seguia testando minha paciência. Quando soube que Paulah havia recebido aquela caixa como presente, senti minha raiva crescer e eu nem tinha me recuperado da notícia da gravidez. Não era apenas um insulto; era uma afronta direta à minha autoridade. Ordenei que trouxessem o homem que entregou a caixa, estive ocupado resolvendo esse problema enquanto ela se divertia com as compras pela cidade.Ele foi arrastado até mim, tremendo dos pés à cabeça. Um sujeito magro, com olhos arregalados e voz trêmula.— Me perdoe, senhor Benício! — ele implorou, caindo de joelhos. — Eu só fiz isso porque precisava do dinheiro que Mariaga ofereceu. Não sabia que era para ofendê-lo!Observei-o por um momento, avaliando cada palavra que dizia. Sua desculpa era patética, mas não era o suficiente para aliviar minha ira.— Você sabia exatamente o que estava fazendo e as nossas regras — retruquei, minha voz fria como gelo. — E ainda assim escolheu o dinheiro em vez da lealdade.Ele começou a chorar, so
PaulahBenício não quer me levar com ele, nunca confiará em mim... Assim como eu, não consigo confiar nele. Passei um bom tempo pensando nessa viagem, se ele conhecer alguém que o faça desistir de tudo isso.De salvar minha vida! Ouço um pouco de música e adormeço, mesmo com a mente tumultuada.A luz do amanhecer me desperta e o som de conversas no jardim de casa. Do andar de cima, observo o motorista colocando a mala de Benício no carro. Meus olhos estão fixos ali, mas é impossível ignorar Benício logo atrás, ajustando os punhos da camisa e com as chaves do carro na mão.Ele para por um instante, levanta o olhar e me encontra ali, na janela. Meu coração dá um salto, mas não é de medo, nem de conforto. É uma mistura de tudo e ele não diz nada, apenas mantém o olhar em mim por um segundo antes de entrar no carro.Sinto uma pressão no peito, um vazio estranho que me faz instintivamente alisar minha barriga.— Estamos por conta própria agora — sussurro.Assim que o carro de Benício desa
Benício MendelerrRecebo uma ligação que me força a antecipar minha volta em algumas horas, era a empregada me dizendo que Sara havia sofrido um atentado e Paulah estava presa sob a acusação. Entro no carro apressado e piso no acelerador, torcendo para mais uma vez chegar antes que atirem nela.Chego em Culla del Crimine e percebo os murmurinhos sobre o que poderia estar acontecendo, mando meus seguranças acabarem com os grupos em frente às casas e as fofocas sobre isso.Sigo para a delegacia e encontro Paulah naquela situação, vulnerável e triste. Lui quase atira nela, meu peito está carregado de culpa e o impeço no último instante. Eu nunca deveria ter deixado Paulah sozinha. Sabia que Lui não confiava nela, mas não pensei que ele chegaria tão longe. Se algo acontecer com Sara, não sei se conseguirei lidar com isso...Eu a conheço, sei que ela nunca machucaria Sara... Mas e se eu estiver errado? E se, no final, ela for tão perigosa quanto meu irmão acredita?Deixo-a na cela, não pe
PaulahAcordo com a luz invadindo o quarto, mas a claridade não consegue apagar a sensação de peso que ainda tenho comigo. O dia anterior foi um que eu preferia apagar da memória, tento respirar fundo... me levantar e seguir em frente, mas algo chama minha atenção.Sobre a mesinha que fica aos pés da cama, há algo que não estava ali antes. Uma bela caixa, envolta em um papel e com um laço dourado... Ao lado, um cartão também dourado.Me aproximo e sento na beira da cama, meus dedos hesitantes alcançam o cartão primeiro. Puxo-o devagar, sentindo a textura refinada do papel entre os dedos, e respiro fundo antes de abrir e começar a ler.Meus olhos percorrem o cartão e o coração parece perder o compasso à medida que leio. A caligrafia é como Benício, sem rodeios, precisa!Seguro o bilhete com mais força e o aproximo do meu corpo:"Mesmo longe desta cidade, você esteve comigo. Não importa o quanto eu lute contra isso... você está nos meus pensamentos. Mesmo quando não quero!"Leio em voz