6º Capítulo

Cometa cheirou meu cabelo me fazendo rir. Isso sempre faz cócegas.

— Você está muito nervoso. Sabia que os cavalos sentem isso?

— Sim, mas ele...

— Ele gostou de mim. Pode morrer de ciúmes agora!

Guilherme riu quando falei isso e eu sorri.

— É a primeira.

— Segunda, ele já gosta de você. Não dá para entender isso, mas tudo bem.

— Você é implicante mesmo hein!?

— Ainda não viu nada — falei sorrindo e ele sorriu. Sorrindo é mais bonito ainda... Para com isso, Daniela! Que droga! Foco no cavalo!

— Vou te mostrar o resto.

— Tudo bem.

Segui Guilherme e ele mostrou os outros cavalos e o lugar onde eles passeiam e pastam. Paramos e ficamos observando o enorme lugar. Subi na cerca e me sentei para observar melhor. Senti que ele me encarava e olhei para o lado. Tinha uma sobrancelha levantada.

— O que? Que droga! Por que fica me encarando tanto?

— Não é nada demais. — Deu de ombros.

— E o que é então?

— Você parece bem mais à vontade aqui fora.

— E estou mesmo — falei olhando o horizonte.

Guilherme subiu na cerca para minha surpresa e se sentou ao meu lado.

— Eu também fico.

— Hum...

Ficamos em silêncio olhando o lugar. Ele é estranho... Ontem parecia ser o cara mais chato do universo e agora está tão legal. Dizem que a primeira impressão é a que fica, não é? Por isso vou continuar implicando com ele.

— Posso montar o Cometa?

— De jeito nenhum!

— Por quê?

— Você pode se machucar. Ele pode até ter sido simpático com você ali dentro, mas aqui pode te derrubar.

— Mas ele gostou de mim.

— Não.

— Você é um chato! — resmunguei.

— Tem outros cavalos lá dentro. É só escolher um e pode montar à vontade.

— Por que você não o monta então?

— Pra que? — Ele me olhou desconfiado.

— Quero ver se vocês têm sintonia.

— É claro que sim.

— Então mostra — desafiei.

Ele ficou me olhando em silêncio um longo momento. Senti vontade de desviar o olhar e não sei o motivo, mas me segurei e retribuí o olhar.

— Tudo bem. — Desceu da cerca e seguiu para onde o Cometa estava.

— Esperarei aqui.

Escutei uma leve risada e ele saiu de perto. Continuei olhando o horizonte enquanto ele não aparecia.

Um tempo depois ele apareceu puxando o Cometa. Fiquei observando ele fazer carinho na cara do cavalo e depois subir com uma maestria incrível. Eles combinam muito bem. Cometa é um cavalo lindo e Guilherme... Bem, ele é muito bonito também e os dois juntos ficaram perfeitos.

Cometa começou a correr pelo cercado e eu sorri quando vi Guilherme me olhando. Ele sabe mesmo o que faz. Mas é muito exibido!

Quando cansou de correr, ele tirou a sela de Cometa e o deixou solto, pastando. Logo se sentou ao meu lado de novo.

— E aí, o que achou?

— São uma dupla incrível.

— Você não quer montar?

— Você não quer me emprestar seu cavalo — falei carrancuda.

— Eu não vou deixar você fazer isso! Ele pode te machucar.

— Você não quer aceitar que ele gosta de mim, isso sim. Está com ciúmes porque ele nunca me viu na vida e me adorou

Guilherme riu.

— Pense o que quiser. Eu não quero ter que te levar a hospital nenhum depois dele te jogar no chão.

Enquanto a gente discutia, nem vimos que o Cometa se aproximou. Só notamos quando ele já estava ao meu lado. Guilherme segurou meu braço de novo, me apertando com força. Não me mexi e nem fiquei com medo. Ele está exagerando! Esse cavalo é manso! Cometa se aproximou de mim e cheirou meu cabelo de novo. Soltei uma risada e Guilherme afrouxou o aperto. Cometa cheirou minha mão e passou o focinho, pedindo carinho. Acariciei seu focinho e ele mexeu as orelhas para frente e para trás.

— Definitivamente eu não te entendo.

— Eu? — perguntei confusa.

— Ele. — Apontou para o cavalo.

— O que tem?

— Muitas pessoas dizem que o Cometa é um cavalo indomesticado.

— Jura? — falei olhando o cavalo todo carinhoso comigo.

— Sim. Só eu consigo montá-lo.

— Se você deixasse, eu também conseguiria.

— Quer parar de falar disso? Eu não vou deixar e acabou! — falou irritado.

— Chato — resmunguei e ele respirou fundo.

Cometa cheirou meu cabelo de novo e eu me encolhi por conta da cosquinha. Ele se afastou e balançou a cabeça. Arregalei os olhos quando Guilherme se aproximou e cheirou meu cabelo também.

— O que pensa que está fazendo? — falei histérica.

— Estou vendo o que tanto ele te cheira...

— É cavalo agora? — perguntei cínica.

— Não, mas deve ter um cheiro bom que atrai ele a todo momento.

Olhei para ele chocada e ele sorriu. Desviei o olhar rapidamente.

Por que me arrepiei inteira com a proximidade dele?

***

Estávamos sentados à mesa jantando. Não me atrevi a abrir a boca para falar absolutamente nada! Não sei o que foi aquela cena com Cometa e Guilherme lá no estábulo e não gosto de pensar nisso...

— Está tudo bem? — perguntou Alessandro.

— Sim.

— Parece chateada.

— Só estou cansada.

— Certo. Quero que leve ela para passear amanhã Guilherme.

— Por quê?

— Vai ficar aqui presa? Não, ela tem que sair.

— E por que eu tenho que levar? — perguntou carrancudo.

— Assim você sai também.

— Se ele não quiser me levar, você pode deixar Marcos ir comigo — falei com um largo sorriso. Alessandro riu.

— Pode ser.

Fiz sinal de vitória com a mão e Guilherme franziu a testa.

— Não quer que eu vá?

— Você já deixou claro que não quer ir.

— E se eu mudar de ideia?

— Você que sabe, mas o Marcos vai me levar de qualquer forma.

— De onde conhece ele?

— Do dia em que me ajudou com minhas malas.

— Ontem — disse com as sobrancelhas levantadas.

— O que tem de mau nisso?

— É filho, o que tem?

Ficamos em silêncio esperando a resposta dele. Percebi que ficou incomodado com o nosso olhar.

— Não tem nada — respondeu olhando sua comida.

— Vou falar com Marcos e ele te leva onde você quiser.

— Onde eu quiser é vago, não? Eu não conheço nada aqui.

Guilherme deu uma risada e eu o olhei carrancuda.

— Conheço um lugar muito bom — disse sorrindo. Não sei porque, mas não gostei desse sorriso...

— Ótimo! Combinado então! Marcos vai levar vocês dois nesse lugar que você conhece, filho.

Suspirei e continuei comendo para não falar besteira.

Depois do jantar, cada um foi para o seu quarto. Eu não podia me sentir melhor por Alessandro me deixar livre e ainda oferecer para sair. E principalmente me deixar dormir em um quarto sem a presença dele. Mas também é maravilhoso não ter obrigações com ele. Principalmente conjugais... Me tremo inteira só de pensar nisso. Imagina se ele resolve se aproveitar disso? Ainda não nos casamos e eu tenho medo de que depois de assinado, ele queira que seja sua mulher sim.

Como se já não bastasse ser obrigada a me casar, se for obrigada a perder a virgindade com esse homem, não vai ser agradável.

Aí terei que entrar em ação com meu plano de infernizar todo mundo.

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