— Só?— Achou que eu era mais velho?— Na verdade, sim.— E você, tem quinze?— Eu não pareço ter quinze anos! — Fiz careta.— Às vezes, parece.— E você parece ter noventa! — falei irritada.— Por que? — Franziu a testa.— Porque tem momentos que parece um velho resmungão!Guilherme caiu na gargalhada e eu resmunguei contrariada.— Vai querer ir comigo ou não?— Sim.— Então, vamos.Seguimos de volta para a mansão e cada um foi para o seu quarto. E agora eis o dilema: Com que roupa eu vou? Ele disse que é uma lanchonete. Ah! Pode ser qualquer coisa. Fui até a minha mala e procurei algo. Que foi? Eu não vou desfazer a mala se vamos embora daqui uns dias. Encontrei um vestido simples e fiquei encarando-o. Que dúvida... Parei de pensar em roupa e segui até o banheiro. Tomei um banho demorado. Amo água!Então depois do banho coloquei aquele vestido mesmo. Era de cor azul e bem simples. Tinha alça fina e era acima do joelho. Tenho que lembrar de não sentar igual moleque...Penteei meu cabe
Assim que a música começou, as pessoas gritaram incentivando. Que merda! A música era da Taylor Swift, Blank space.Eu comecei a música e ele fez tipo uma segunda voz. Meu pai me obrigou a estudar inglês e sei do que se trata o que estou falando. As pessoas gritavam empolgadas. O amigo de Guilherme parou até de cantar e ficou me olhando com um sorrindo. Continuei sozinha e cantando naturalmente, como se fosse a coisa mais fácil do mundo.Sim, eu canto bem. Michelly disse que eu deveria ser vocalista de uma banda, mas eu não ligo para isso.Olhei para a mesa de Guilherme agora e ele tinha a boca aberta me olhando. Dei uma risada e acompanhei a letra passando na tevê. Todos estavam em pé e agitados agora. A música acabou e todos aplaudiram. Ao mesmo tempo que ria da cara do Guilherme e do amigo dele, eu estava com vergonha. Tinha muita gente ali...— Você sabia que ia arrasar, por isso aceitou! — Me acusou. — Uau, é a primeira vez que alguém arrasa aqui.— Não exagera! — falei descendo d
Maria veio de novo me acordar e chamar para o café da manhã. Desci para comer e os dois estavam sentados à mesa. Sempre sou a última a chegar...— Bom dia, menina! — Alessandro disse alegre.— Bom dia.— Bom dia, Daniela.Olhei para o Guilherme e engoli uma ofensa. Sorri falsamente.— Bom dia.— O que vão fazer hoje? É o último dia aqui. Vamos voltar à noite.— Vamos voltar antes? — disse Guilherme.— Sim.— Teci já está na sua casa?Alessandro sorriu.— Sim. Ela é meio bravinha, não é?— É sim. — Dei uma risada.— Dizem que os animais se parecem com os donos... — Guilherme murmurou e bebeu seu café.— Por isso você disse que o Cometa é antissocial, não é? — perguntei, cínica.— Ele não é antissocial. É indomesticado.— Dá no mesmo. Ele não respeita as pessoas — falei amarga e ele me encarou sério. Deve ter entendido o duplo sentido no que eu disse.— Vocês não vão parar com isso nunca? — Alessandro perguntou com uma sobrancelha levantada. — Por Deus! Vamos começar a se entender melhor
— Chegamos.Quebrei o olhar quando Marcos falou isso. Entramos no jato e ficamos esperando Alessandro aparecer. Como não estava dando ideia para Guilherme, peguei meu celular e coloquei os fones de ouvido. Sentia que ele estava me olhando, mas ignorei e fingi que ele nem estava ali.A demora foi grande. Eu já estava cansada antes mesmo de começar a viagem.Olhei o Guilherme finalmente e ele estava sorrindo, olhando na minha direção. Franzi a testa. Que diabos? Ele deve ser maluco! Guilherme fez sinal para eu tirar os fones. Tirei um deles e esperei o que ele ia falar.— Você realmente canta muito bem.Desviei o olhar e senti meu rosto esquentar levemente. Maldição! Estava cantando junto com a música que tocava em meu celular e nem percebi! Mas eu não consigo evitar quando essa música toca. Continuei cantando, ignorando o homem que estava me comendo com os olhos. A música é da Jessie J — Flashlight.Alessandro entrou no jato e eu parei no mesmo instante. Tirei os fones de ouvido.— Desc
Acordei com o celular despertando e resmunguei. Os únicos dias em que posso dormir até tarde, são nas minhas férias e eu vejo isso como um prêmio e não posso perder. Não a oportunidade de dormir, mas hoje tenho uma coisa boa para fazer! Troquei de roupa e prendi meu cabelo em rabo de cavalo. Sempre fazia isso quando ele estava rebelde ou quando ia ficar no estábulo, ou seja, sempre. Meu cabelo é um espécime estranho... Às vezes está bom, às vezes está lambido, como se uma vaca tivesse passado a língua e deixado ele colado ao couro cabeludo. Isso tudo por ser liso demais.Fui até a cozinha e Guilherme já estava lá. A cozinha era muito grande e bonita.— Bom dia! — disse sorrindo.— Bom dia.Maria apareceu e sorriu ao me ver.— Bom dia, menina!— Bom dia — falei sorrindo.— Fiz um bolinho delicioso!— Aposto que sim. — Ela sorriu. Comi o bolo e suspirei. — Só conheço uma pessoa que cozinha tão bem quanto você.— É mesmo? Quem é?— A Maria. Ela trabalha para os meus pais... — Desviei o ol
Corri um longo momento com a Teci. Ela estava com bastante energia. Deve ter ficado presa naquele estábulo todos os dias antes de vir para cá. Meu pai não chegava nem perto dela, não sei como ele fez aquela vídeo chamada. Tirei a sela da Teci e a deixei sozinha. Me sentei no chão e fiquei a observando. Guilherme se sentou ao meu lado.— Achei que ia fazer alguma coisa aqui.— Estou fazendo.— O que você está fazendo? — perguntei confusa.— Estou olhando a Teci.Fiquei em silêncio sem entender.— Sei... Eu quis dizer algo mesmo.— Eu não fico muito aqui quando o Cometa não está.— E o que faz quando ele está?— Pratico.— O que?— Salto.— Legal!— Quer tentar?— Não está tendo aulas lá agora?— Sim.— Então deixa pra depois.— Por quê? — perguntou sorrindo. Me aproximei dele e cochichei:— Se eu cair de bunda, ninguém vai ver.Guilherme riu alto. Mordi o lábio e a risada diminuiu, estava olhando o meu rosto. Em pouco tempo ficou sério. Ele é estranho! Guilherme passou a mão na minha ca
Eu não entendo esse cara! Tem hora que me quer, aí depois pensa na droga da minha idade e fode tudo! Que saco! Isso me deixa tão irritada! Tenho vontade de socá-lo quando fala sobre minha idade. Como se realmente ele fosse mil vezes mais maduro do que eu! Tudo bem, ele pode ser mais maduro no quesito ficar com garotas da forma que estávamos agora, mas isso não faz dele melhor do que eu!Entrei no cercado que a Teci estava e subi nela sem sela nenhuma. Estava furiosa! Fiz a Teci correr com a maior velocidade dentro daquele cercado. Corria em círculos. O vento batendo em meu rosto sempre me acalmava. Diminuí o ritmo e fiz ela parar aos poucos. Suspirei quando ela parou. Eu respirava rápido pela raiva. Olhei para o lado e Guilherme estava de braços cruzados do outro lado da cerca, me encarando. Desci de Teci e saí do cercado. Ela veio atrás de mim.Segui para o estábulo e fiz a Teci entrar na baia dela. Acariciava o seu focinho.— Eu vou voltar pra te ver.— Está tudo bem?Virei o rosto p
Engoli em seco e ele continuou me olhando de boca aberta. Posso morrer agora?— Você ficou louca?— Esquece o que eu disse! — Tentei me afastar, mas ele segurou meu pulso.— Não acho que funcione assim, Daniela. Você deve escolher uma pessoa que te chame atenção e seja de confiança para isso.— É... Mas ninguém chama a minha atenção.A expressão dele agora era indecifrável.— Eu nunca me importei com relacionamentos, ainda não me importo para falar a verdade.— E acha que tem que perder a virgindade com qualquer um? — perguntou com a testa franzida.— Não.Guilherme ficou em silêncio me olhando.— O que você quer de mim, Daniela?— Já que você é tão correto assim — falei revirando os olhos. — Poderia só me ajudar.— O que isso quer dizer?— Ah... Me ensinar algumas coisas, sem ir até o fim.— Você é mesmo maluca, não é?— Se não quer é só dizer. Procuro alguém disposto, aposto que não vai faltar professor... — provoquei.Ele ficou sério por um momento e então suspirou.— Está bem. Ning