Cerberus e Helena estavam vivendo bem, mas sentiam falta de seu lar, seu refúgio, do lugar com grama e natureza. Já Hera, está radiante, passava suas tardes mimando o pequeno Eros.— Helena, sei que disse não a sua mãe sobre o casamento, mas nisso eu concordo com ela, você tem que se casar. Podemos fazer uma festa pequena, depois de casados, vocês voltam para o sítio, já está quase tudo pronto por lá.— Senhora não precisa se incomodar, eu nunca sonhei com isso, com um casamento. Apenas quero a felicidade do Cerberus e do Eros também. — Helena falava de coração, amava a família que lhe acolheu.Hera pensou em conversar com Helena, pelo filho não teve informações, talvez Helena fosse mais aberta.— Querida, notei que o Eros dorme em seu quarto, dorme com você e com o Cerberus, vocês não fazem... Bom, não na frente dele não é? Pois isso é errado, muito errado.Agora foi a vez de Helena ficar vermelha de vergonha.— Senhora, jamais faria um ato desse, nunca teria intimidade com Cerberus,
Memórias e Novos ComeçosApollo estava em pé, apoiado na mesa da cozinha. A luz suave da manhã iluminava seu rosto tenso. Selene estava ao seu lado, o olhar em expectativa ansiosa pelas palavras dele. Ela o observava com cuidado, percebendo o turbilhão de pensamentos que passava por sua mente. Ele olhava para as fotos que ela havia encontrado, as imagens de sua primeira esposa e filha, e sentia como se o peso do mundo estivesse de volta sobre seus ombros, a dor e a culpa o corroiam.— Não devia ter pego isso... — Ele disse pegando em suas mãos as fotos que antes se recusava a olhar.— Desculpe. Apollo, eu confio minha vida a você, por favor, confie em mim.Os olhos de Selene lhe passaram confiança. Talvez a coragem para enfrentar o passado estivesse ali. Ela não o pressionou, mas sua presença era um alicerce silencioso. Ele precisava falar — Eu quero contar. — Apollo começou, sua voz mais grave do que o normal. — Vou contar... — Era doído, as palavras ardiam em sua garganta.Selene a
Helena não pensou que existisse tamanha dor...— Respire senhora Helena, respire! — A médica dizia a todo momento, enquanto a preparava.— Sou senhorita! — Ela respondeu e gritou com a dor.— Está bem senhorita. Vamos colocar essa criança no mundo. Helena apenas concordou com a cabeça. Pensou que nada ali estava certo, que ela não deveria ser mãe.A médica a anestesiou, agora podia cortar a carne de Helena sem querer ela sentisse tanta dor.Helena olhava a todo momento para baixo, curiosa, pensava que dali não sairia bebê nenhum, que seu caso era outro e quando descobrissem, ela já estaria morta. Infelizmente, um tecido separava ela da visão.Por fim, a dor parou. Helena se questionava se havia morrido, se sua vida tinha chegado ao fim e por isso, não era mais capaz de sentir dor.Junto com o alívio da dor ter cessado, veio um sentimento novo e forte. Seu coração batia descompassado, como se visse o amor de sua pela primeira vez.O choro fino, baixo e infantil tomou conta do ambiente
Viver em um internato não era ruim, Helena tinha amigas, tinha uma educação exemplar e contava com as regalias que o dinheiro podia pagar.Helena entrou no internato com apenas 10 anos, seus pais queriam preservá-la para um futuro casamento, para que quando adulta ela soubesse obedecer seu marido e encontraram ali uma solução.Os pais de Helena tinham posses. Não eram podres de ricos, mas o que tinham, lhes permitia certas extravagâncias, como uma escola cara.Para eles aquilo era comum, as filhas eram moedas de troca, eram preservadas para no futuro se casarem com pessoas que lhe dariam riquezas e poder. E aquele internato era famoso por preservar as meninas até a idade adulta, assim elas saíram de seus muros direto para um casamento e na maioria das vezes um casamento sem amor.Helena achava o prédio do internato sombrio, as paredes eram frias e a noite não tinha coragem de sair do dormitório, pois a escuridão, o breu era denso demais. Mas o que mais assustava Helena eram os sons, o
Cerberus finalmente estava livre, depois de anos na solidão, na angústia e nos maus tratos, ele agora era um homem livre, bom... Ele tinha certeza de que era livre, mas talvez não fosse exatamente um homem.Cerberus também cresceu no internato, sua ida para lá foi conturbada e triste. Ele foi arrancado de seu lar quando tinha apenas 13 anos, trancado por dias sem água, comida ou luz, sentiu medo, fome e vontade de morrer. Depois ele foi transferido para uma sala que possuía uma cadeira, um colchonete e uma pequena janela com grades e claro, correntes, ele foi mantido acorrentado por muito tempo. Sempre que gritava, que batia em quem entrava na sala era punido, lhe tiravam a comida ou o colchonete.Ele passou a odiar tomar banho, não era uma prática muito frequente, mas sabia que era um banho quando o caçador, como era chamado, entrava com um balde frio, jogava sobre ele e saía. O caçador era o pior de todos, gostava de torturar Cerberus e não sabia o motivo. Cerberus não teve amigos
Cerberus resolveu ir mais longe, sairia da floresta para a cidade, buscaria refúgio entre os homens, homens esses que ele odiava, pois só lembrava da maldade causada por eles.Ele pensou se alguém o reconheceria, se reencontraria alguém de seu sangue, sua mãe, pai ou talvez quem ele mais amava, seu irmão. O irmão mais velho, era seu exemplo, Cerberus desejava ser como Hades quando crescesse, não esperava ser afastado dele por tanto tempo.Cerberus chegou a parte mais movimentada da cidade, era na verdade um pequeno vilarejo, onde as pessoas passeavam pelo centro da cidade.Parecia improvável alguém o socorrer, mas ele precisava de ajuda e aprendeu a acreditar no improvável... Pois também era improvável que conseguisse fugir, mas ali estava ele.Cerberus perambulou pela cidade até o anoitecer, com o cair da noite, ele estava com fome e frio, precisava se alimentar, e de um lugar para deixar a égua que lhe ajudou na fuga.Ele passava na frente de um restaurante muito elegante, as pessoa
Cerberus surgiu do meio das árvores, e Helena sorriu, ficou feliz de ver Cerberus bem.— Eu disse que voltaria e você está lindo! Seu cabelo está muito bonito... — Ela estendeu a mão para tocar, mas Cerberus recuou um passo.Helena pegou o sanduíche e deu a ele, Cerberus comeu de costas como sempre, limpou a boca com o braço e seu olhar se voltou para ela.— Cerberus, onde está o meu cavalo? Você a perdeu? — Helena perguntou com as mãos na cintura.— Em casa... — Aquilo era bom, Cerberus agora tinha uma casa, um lar.Um barulho foi ouvido dentre as árvores e Helena se assustou, ela pulou para trás de Cerberus no mesmo momento em que Apollo surgiu a sua frente.— Calma moça, não precisa ter medo de mim. — Apollo disse de onde estava, não se aproximou muito para não assustar Helena.— Amigo, Apollo é amigo. — Cerberus disse e Helena relaxou.— Se conhecem faz muito tempo? — Apollo perguntou.— Faz algumas semanas, nos conhecemos aqui... Eu sempre venho e agora tenho um ótimo motivo. — O
O restante do dia, Helena passou em seu quarto, não teve fome ou vontade de nada, passou seus dias isolada no lugar destinada a ela.— Ela está aqui, a isolamos para que as outras internas não pensem em fazer o mesmo, sua filha é uma má influência para as outras. — A diretora dizia ao abrir a porta.Logo em seguida, passaram a mãe e o pai de Helena. Ela se levantou prontamente e tentou abraçar a mãe, mas o pai a impediu.— Não toque em sua mãe, garota imunda! Se deitou com um rapaz qualquer e carrega agora o preço de sua vergonha. Diga Helena, quem? Com quem se deitou? — O pai gritou cada palavra, deixando Helena assustada.— Com ninguém papai, eu juro! — Ele dizia a verdade, mas em sua condição era difícil acreditar.— Acha que é uma virgem santa? Que vou acreditar que esse bebê é um milagre? Não sou bobo Helena, se está grávida é porque um homem teve, diga quem é para que eu exija uma reparação.Helena chorou alto, ninguém acreditaria nela, nem mesmo seus pais. Como explicar uma gra