Dia seguinte...
– Seja bem-vindo padre, está em sua casa. – Diz Dom Andreas ao ver Amélia abrir a porta para seu ilustre convidado.
– Os reparos que fizeram deixaram essa mansão ainda mais bela e aprazível, lembro-me de seu pai o comendador, era um bom homem. – O padre olhava o quão bela tinha ficado aquela fazenda.
– Sim, meu pai era um homem de bem, pena que tenha se entregue ao vício do cigarro.
– Padre, nos honra receber o senhor e eu já irei servir o almoço. – Avisa Amélia da porta da cozinha.
– Então, apenas me diga de quanto precisa e agora mesmo passarei a quantia para as obras de caridade. – Diz Dom Andreas se sentando e o padre também.
– Antes me responda, você é batizado filho?
– Na verdade não padre, meus pais nunca tiveram a religião como uma prioridade na vida.
– Pois deve se batizar, entenda que para que Deus reconheça sua oferta é importante que não só seja de coração, mas que esteja entregue a fé e celebre este novo começo como tem que ser feito.
– Claro que sim padre, posso te fazer uma pergunta? – Perguntou ele meio sem jeito, mas era necessário saber mais sobre ela.
– É claro que sim.
– Por que a família de Guadalupe recusou todos os candidatos a marido da filha? Por que não eram da igreja? Ou por que não tinham posses?
¬– Então sua intenção em colaborar com as obras de Deus é impressionar a família dela? – Questiona o padre deixando Dom Andreas em maus lençóis.
– Me perdoe se pareci atrevido e desmedido com a pergunta, mas ela é tão bela e sou um homem jovem o (respiração nervosa) o senhor compreende não é?
– Se quer mesmo conquistar Guadalupe deve pedir a Deus que intervenha em sua recusa de constituir família e deve se mostrar confiável para a família dela.
– Ninguém nesse mundo é mais confiável do que eu padre, eles podem ter certeza de que a filha deles estará em boas mãos, por favor padre me ajude a convencê-los de que posso ser um bom amigo. Mas me diga, por que ela não quer se casar?
– Seu coração é tão grande que ela acha que se casando deixará os pais desamparados. – A resposta do padre reacendeu uma esperança em Dom Andreas.
– Entendo, agora eu entendo.
Dom Andreas retirou um maço de dinheiro e colocou nas mãos do padre.
– Sei que o senhor dará um bom destino a essa minha pequena e singela oferta...
Os olhos do padre brilharam, era uma boa quantia e de onde vinham aquelas notas com certeza viriam muito mais de agora em diante.
O padre almoçou e foi embora algumas horas depois. Dom Andreas prometeu se batizar em breve e o sacerdote também prometeu falar bem de suas intenções para a família e é claro para Guadalupe.
Ainda naquele dia.
– Não brinque com Deus, Dom Andreas. – Avisou Amélia assustada ao ver o que Dom Andreas estava sendo capaz de fazer.
– Não estou brincando, estou mesmo disposto a colaborar com a igreja dele mensalmente até...
– Eu falo da sua mentira, sabe bem o que quer de verdade dessa pobre menina.
– Ela vai gostar de viver no luxo comigo, deitar em lençóis de cetim e ter boa comida...
– Pretende se casar com ela? – Amélia perguntou, mas no fundo sabendo qual seria a resposta.
– Claro que não! eu não me amarro nem morto e muito menos com ela, que mesmo linda é incompleta. Vamos aproveitar juntos enquanto for interessante para mim, depois dou a ela uma bela casa para viver com os pais, o próprio padre disse que ela teme deixar eles desamparados!
– Vai magoar o coração de alguém que já sofre tanto nessa vida Dom Andreas.
– Deixe de tanto drama, assim fica parecendo que vou mandar fuzilar a garota.
Na noite daquele dia Dom Andreas foi até a cidade e logo soube que Leonel estava na taberna bebendo e jogando como sempre fazia.
Essa era a chance dele se aproximar e quem sabe ganhar a confiança do velho.
– Boa noite, posso me sentar um instante? – Perguntou Dom Andreas apoiando a mão em uma das cadeiras vazias.
– Acho que essa humilde mesa não está à altura da elegância do rapaz. – Retrucou Leonel com as cartas nas mãos e um copo de pinga sobre a mesa e já pela metade.
Os demais homens que estavam naquela mesa sorriram e debocharam da comparação, mas Dom Andreas não se rendeu e sentou-se com eles.
– O que estão apostando? – Questionou Dom Andreas.
– Apenas uns trocados e algumas galinhas. – Leonel respondeu prontamente.
Dom Andreas sorriu, aquele vício seria a ponte que levaria Guadalupe para sua cama. Eles jogaram até tarde e o idoso voltou como sempre, bêbado e Dom Andreas conseguiu que alguém levasse o cavalo de Leonel de volta para o rancho.
– Estou bem, eu posso voltar sozinho! – Murmurou o velho, já embriagado e sem se aguentar em pé.
– Vou levar o senhor no meu carro, assim é mais seguro. – Dom Andreas insistiu e o colocou praticamente desacordado dentro de seu automóvel.
Eles foram e já tarde da noite ele bateu na porta da casa e Ester abriu.
– Meu Deus... de novo bêbado? – Perguntou Ester envergonhada com a cena que viu.
– Eu o trouxe por segurança, espero que não se importe. – Diz Dom Andreas entrando com ele e colocando-o no velho sofá.
– Eu agradeço o senhor e me desculpe por esse incomodo, meu marido depois de velho tem nos dado muito trabalho.
Dom Andreas olhava para dentro daquela casa humilde procurando por ela, mas não teve a sorte de vê-la naquela noite.
Voltou sozinho no carro pensando nos próximos passos que deveria dar em direção.
Ela já deve estar dormindo, aquele lugar tão pobre não é para você. Não se preocupe minha bela Guadalupe em breve vou te deitar em lençóis nobres.
– Vou te aquecer com o meu corpo princesa!
Diz ele ao fechar os olhos e se imaginar com ela.
Leonel acordou com uma grande ressaca depois de toda aquela bebedeira do dia anterior, se sentou para tomar café com a esposa e a filha com a pouca vergonha que ainda lhe sobrava.– Depois de velho, passou a nos envergonhar caindo de bêbado pelas tabernas. – Grita Ester.– Fique calma mulher, não é para tanto. Estou aqui inteiro não estou?– Como não é para tanto Leonel? Foi preciso que aquele homem te trouxesse de carro para casa porque você não se aguentava de pé.– Aquele tipo da cidade, ainda devo essa droga de favor a ele.– Ele trouxe o senhor aqui? Dom Andreas? – Perguntou Guadalupe interessada no teor da conversa de seus pais.– E ele parecia preocupado pela idade e falta de juízo do seu pai...O coração de Lupe se encheu de esperança e ela sequer sabia por que saber disso a fez sorrir.– Então ele não é um homem ruim como eu pensava. – Diz ela deixando escapar um suspiro de fé.– Talvez não seja, sabemos pouco ainda sobre ele paga fazer julgamentos. – Relembrou Ester, serviu
Não muito longe daliDom Andreas preparou tudo com bastante esmero, a mansão estava bela e ele havia contratado outros empregados para ajudarem Amélia durante aquele jantar.Por mais que fossem apenas três famílias e o padre, ele queria surpreender a todos e provar que era um homem abastado.Logo viu chegar o motivo daquela reunião, estava linda em um vestido de cor vinho, seus olhos verdes pareciam ainda mais reluzentes naquela noite.– Boa noite. Fiquem à vontade por favor! – Diz Dom Andreas tentando controlar os olhares sobre Guadalupe.– Obrigado e quero aproveitar para agradecer por aquela noite... – Leonel achou que deveria agradecer.– Não precisa agradecer e se me permite dizer com todo o respeito, sua filha é a jovem mais bela que já vi! – Dom Andreas disse aquele gracejo, não achou que pudesse ser visto com tom desrespeitoso.– Agradeça o rapaz filha... – Ester pediu dando um leve cutucada na filha.Guadalupe ficou calada e constrangida enquanto sua família olhava deslumbrad
Amanheceu e Ester ajudava a filha a escolher um belo vestido, como sempre e fazer um penteado em seus longos cabelos negros.– Filha precisamos falar sobre um assunto muito importante agora.– Pode falar mãe.– Sabe que seu pai e eu nos preocupamos muito e sempre quisemos o seu bem acima de qualquer outra coisa nesse mundo.– Eu sei, mas devem pensar mais em vocês. Porque, apesar de tudo eu posso cuidar de mim mesma sozinha.– Você pensa que pode filha, mas não tem noção das maldades desse mundo.Ester se sentou na frente da filha e segurou uma de suas mãos que estavam ficando cada vez mais frias conforme avançavam naquele assunto.– Nossa decisão pode parecer severa e dura a princípio minha linda, mas um dia você vai entender (respirou profundamente) quando tiver os seus próprios filhos.– Não vou ter filhos! – Respondeu Guadalupe corrigindo a mãe.– Hoje à noite você ficará oficialmente noiva do Gabriel.– De jeito nenhum mamãe, (se levantou irritada) eu nunca desobedeci a senhora e
Dom Andreas agarrou as rédeas do cavalo dela, fazendo-o seguir o seu e foram devagar até perto do rio. Ela ficou ofegante, estava assustada e ele achou isso ainda mais excitante.Ela ouvia a cachoeira, não sabia se podia confiar naquele homem desconhecido. Porém, aquele lugar dava a ela paz e naquele momento só precisava disso, sentiu ele a puxar pela cintura descendo-a do cavalo e ficou um tempo respirando perto de seu rosto. Mas a jovem se afastou e quase tropeçou em algo no chão.– Devagar preciosa, aqui tem uma pedra! – Respondeu ele fazendo de tudo para que aquele toque nela, durasse mais.Ele ofereceu a ela o braço e seguiram devagar andando por aquele lugar que a julgar pelo tempo que cavalgava, era afastado.– Acho que é melhor eu voltar. – Diz ela com medo e arrependimento por ter concordado em estar ali sozinha com ele.– Não se preocupe, depois eu te levarei de volta para casa em segurança.– Não fica bem a gente aqui sozinhos e no meio do nada, me leve agora por favor. – E
Dom Andreas sabia que precisava agir rapidamente. O tempo era seu maior inimigo, pois Leonel, apesar de ser um homem orgulhoso, estava afundado em dívidas. A vontade de ver Guadalupe, ser forçada a casar com Gabriel, o pressionava a encontrar uma solução definitiva para aquele problema. Ele não queria pensar em perder uma conquista como ela, sentia a pele ferver só de pensar que Gabriel podia ser o primeiro homem da vida dela.Gabriel já havia feito sua proposta de casamento várias vezes, todas recusadas por Guadalupe, e agora ele estava se aliando a Leonel para garantir que aquele casamento acontecesse de qualquer maneira. O pai trataria de forçar a filha cega a aceitar o pretendente de qualquer maneira.Sabendo disso, Dom Andreas começou a mover suas peças. Ele tinha adquirido todas as promissórias assinadas por Leonel com outros credores, em um valor enorme, o suficiente para não apenas comprar o rancho de Leonel, mas também deixá-lo na miséria para o resto da vida. Não era apenas
Leonel acordou com uma grande ressaca depois de toda aquela bebedeira do dia anterior, se sentou para tomar café com a esposa e a filha com a pouca vergonha que ainda lhe sobrava.– Depois de velho, passou a nos envergonhar caindo de bêbado pelas tabernas. – Grita Ester.– Fique calma mulher, não é para tanto. Estou aqui inteiro não estou?– Como não é para tanto Leonel? Foi preciso que aquele homem te trouxesse de carro para casa por que você não se aguentava de pé.– Aquele talzinho da cidade, ainda devo essa droga de favor a ele.– Ele trouxe o senhor aqui? Dom Andreas? – Perguntou Guadalupe interessada no teor da conversa de seus pais.– E ele parecia preocupado pela idade e falta de juízo do seu pai...O coração de Lupe se encheu de esperança e ela sequer sabia por que saber disso a fez sorrir.– Então ele não é um homem ruim como eu pensava. – Diz ela deixando escapar um suspiro de fé.– Talvez não seja, sabemos pouco ainda sobre ele paga fazer julgamentos. – Relembrou Ester, se
Não muito longe daliDom Andreas preparou tudo com bastante esmero, a mansão estava bela e ele havia contratado outros empregados para ajudarem Amélia durante aquele jantar.Por mais que fossem apenas três famílias e o padre, ele queria surpreender a todos e provar que era um homem abastado.Logo viu chegar o motivo daquela reunião, estava linda em um vestido de cor vinho, seus olhos verdes pareciam ainda mais reluzentes naquela noite.– Boa noite. Fiquem à vontade por favor! – Diz Dom Andreas tentando controlar os olhares sobre Guadalupe.– Obrigado e quero aproveitar para agradecer por aquela noite... – Leonel achou que deveria agradecer.– Não precisa agradecer e se me permite dizer com todo o respeito, sua filha é a jovem mais bela que já vi! – Dom Andreas disse aquele gracejo, não achou que pudesse ser visto com tom desrespeitoso.– Agradeça o rapaz filha... – Ester pediu dando um leve cutucada na filha.Guadalupe ficou calada e constrangida enquanto sua família olhava deslumbrad
Na mansão de Dom Andreas...– Perfumado e tão alinhado assim tão cedo? Já sei, vai até a casa de Lupe. – Amélia o vê arrumando os punhos da camisa e bem vaidoso para sair.– Sim, preciso adiantar as coisas entre nós. Já estou aqui a muito tempo aqui e ando subindo pelas paredes, nunca fiquei tanto tempo sem...– Um rabo de saia. – Completou Amélia com um sorriso no rosto marcado pelo tempo.– Exatamente, essa menina virou uma obsessão tão grande que nem sequer consigo olhar ao meu redor. Eu a quero e vou ter!– Guadalupe não é mulher para você. – insistiu ela.– Como não é para mim? Eu já te disse, no fim das contas cega ou não ela é uma mulher como outra e fácil de enganar!Como combinado, ele se arrumou e seguiu até a casa dela, pois precisava convencer Guadalupe a viver consigo e não pouparia seus argumentos sujos para isso.Resolveu ir a cavalo dando uma olhada ao redor e pensando nos momentos com ela, ainda bem cedo bateu na porta daquela humilde casa.– Dom Andreas? – Perguntou