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Capítulo 4 – Jogo de intenção

Dia seguinte...

– Seja bem-vindo padre, está em sua casa. – Diz Dom Andreas ao ver Amélia abrir a porta para seu ilustre convidado.

– Os reparos que fizeram deixaram essa mansão ainda mais bela e aprazível, lembro-me de seu pai o comendador, era um bom homem. – O padre olhava o quão bela tinha ficado aquela fazenda.

– Sim, meu pai era um homem de bem, pena que tenha se entregue ao vício do cigarro.

– Padre, nos honra receber o senhor e eu já irei servir o almoço. – Avisa Amélia da porta da cozinha.

– Então, apenas me diga de quanto precisa e agora mesmo passarei a quantia para as obras de caridade. – Diz Dom Andreas se sentando e o padre também.

– Antes me responda, você é batizado filho?

– Na verdade não padre, meus pais nunca tiveram a religião como uma prioridade na vida.

– Pois deve se batizar, entenda que para que Deus reconheça sua oferta é importante que não só seja de coração, mas que esteja entregue a fé e celebre este novo começo como tem que ser feito.

– Claro que sim padre, posso te fazer uma pergunta? – Perguntou ele meio sem jeito, mas era necessário saber mais sobre ela.

– É claro que sim.

– Por que a família de Guadalupe recusou todos os candidatos a marido da filha? Por que não eram da igreja? Ou por que não tinham posses?

¬– Então sua intenção em colaborar com as obras de Deus é impressionar a família dela? – Questiona o padre deixando Dom Andreas em maus lençóis.

– Me perdoe se pareci atrevido e desmedido com a pergunta, mas ela é tão bela e sou um homem jovem o (respiração nervosa) o senhor compreende não é?

– Se quer mesmo conquistar Guadalupe deve pedir a Deus que intervenha em sua recusa de constituir família e deve se mostrar confiável para a família dela.

– Ninguém nesse mundo é mais confiável do que eu padre, eles podem ter certeza de que a filha deles estará em boas mãos, por favor padre me ajude a convencê-los de que posso ser um bom amigo. Mas me diga, por que ela não quer se casar?

– Seu coração é tão grande que ela acha que se casando deixará os pais desamparados. – A resposta do padre reacendeu uma esperança em Dom Andreas.

– Entendo, agora eu entendo.

Dom Andreas retirou um maço de dinheiro e colocou nas mãos do padre.

– Sei que o senhor dará um bom destino a essa minha pequena e singela oferta...

Os olhos do padre brilharam, era uma boa quantia e de onde vinham aquelas notas com certeza viriam muito mais de agora em diante.

O padre almoçou e foi embora algumas horas depois. Dom Andreas prometeu se batizar em breve e o sacerdote também prometeu falar bem de suas intenções para a família e é claro para Guadalupe.

Ainda naquele dia.

– Não brinque com Deus, Dom Andreas. – Avisou Amélia assustada ao ver o que Dom Andreas estava sendo capaz de fazer.

– Não estou brincando, estou mesmo disposto a colaborar com a igreja dele mensalmente até...

– Eu falo da sua mentira, sabe bem o que quer de verdade dessa pobre menina.

– Ela vai gostar de viver no luxo comigo, deitar em lençóis de cetim e ter boa comida...

– Pretende se casar com ela? – Amélia perguntou, mas no fundo sabendo qual seria a resposta.

– Claro que não! eu não me amarro nem morto e muito menos com ela, que mesmo linda é incompleta. Vamos aproveitar juntos enquanto for interessante para mim, depois dou a ela uma bela casa para viver com os pais, o próprio padre disse que ela teme deixar eles desamparados!

– Vai magoar o coração de alguém que já sofre tanto nessa vida Dom Andreas.

– Deixe de tanto drama, assim fica parecendo que vou mandar fuzilar a garota.

Na noite daquele dia Dom Andreas foi até a cidade e logo soube que Leonel estava na taberna bebendo e jogando como sempre fazia.

Essa era a chance dele se aproximar e quem sabe ganhar a confiança do velho.

– Boa noite, posso me sentar um instante? – Perguntou Dom Andreas apoiando a mão em uma das cadeiras vazias.

– Acho que essa humilde mesa não está à altura da elegância do rapaz. – Retrucou Leonel com as cartas nas mãos e um copo de pinga sobre a mesa e já pela metade.

Os demais homens que estavam naquela mesa sorriram e debocharam da comparação, mas Dom Andreas não se rendeu e sentou-se com eles.

– O que estão apostando? – Questionou Dom Andreas.

– Apenas uns trocados e algumas galinhas. – Leonel respondeu prontamente.

Dom Andreas sorriu, aquele vício seria a ponte que levaria Guadalupe para sua cama. Eles jogaram até tarde e o idoso voltou como sempre, bêbado e Dom Andreas conseguiu que alguém levasse o cavalo de Leonel de volta para o rancho.

– Estou bem, eu posso voltar sozinho! – Murmurou o velho, já embriagado e sem se aguentar em pé.

– Vou levar o senhor no meu carro, assim é mais seguro. – Dom Andreas insistiu e o colocou praticamente desacordado dentro de seu automóvel.

Eles foram e já tarde da noite ele bateu na porta da casa e Ester abriu.

– Meu Deus... de novo bêbado? – Perguntou Ester envergonhada com a cena que viu.

– Eu o trouxe por segurança, espero que não se importe. – Diz Dom Andreas entrando com ele e colocando-o no velho sofá.

– Eu agradeço o senhor e me desculpe por esse incomodo, meu marido depois de velho tem nos dado muito trabalho.

Dom Andreas olhava para dentro daquela casa humilde procurando por ela, mas não teve a sorte de vê-la naquela noite.

Voltou sozinho no carro pensando nos próximos passos que deveria dar em direção.

Ela já deve estar dormindo, aquele lugar tão pobre não é para você. Não se preocupe minha bela Guadalupe em breve vou te deitar em lençóis nobres.

– Vou te aquecer com o meu corpo princesa!

Diz ele ao fechar os olhos e se imaginar com ela.

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