Não muito longe daliDom Andreas preparou tudo com bastante esmero, a mansão estava bela e ele havia contratado outros empregados para ajudarem Amélia durante aquele jantar.Por mais que fossem apenas três famílias e o padre, ele queria surpreender a todos e provar que era um homem abastado.Logo viu chegar o motivo daquela reunião, estava linda em um vestido de cor vinho, seus olhos verdes pareciam ainda mais reluzentes naquela noite.– Boa noite. Fiquem à vontade por favor! – Diz Dom Andreas tentando controlar os olhares sobre Guadalupe.– Obrigado e quero aproveitar para agradecer por aquela noite... – Leonel achou que deveria agradecer.– Não precisa agradecer e se me permite dizer com todo o respeito, sua filha é a jovem mais bela que já vi! – Dom Andreas disse aquele gracejo, não achou que pudesse ser visto com tom desrespeitoso.– Agradeça o rapaz filha... – Ester pediu dando um leve cutucada na filha.Guadalupe ficou calada e constrangida enquanto sua família olhava deslumbrad
Na mansão de Dom Andreas...– Perfumado e tão alinhado assim tão cedo? Já sei, vai até a casa de Lupe. – Amélia o vê arrumando os punhos da camisa e bem vaidoso para sair.– Sim, preciso adiantar as coisas entre nós. Já estou aqui a muito tempo aqui e ando subindo pelas paredes, nunca fiquei tanto tempo sem...– Um rabo de saia. – Completou Amélia com um sorriso no rosto marcado pelo tempo.– Exatamente, essa menina virou uma obsessão tão grande que nem sequer consigo olhar ao meu redor. Eu a quero e vou ter!– Guadalupe não é mulher para você. – insistiu ela.– Como não é para mim? Eu já te disse, no fim das contas cega ou não ela é uma mulher como outra e fácil de enganar!Como combinado, ele se arrumou e seguiu até a casa dela, pois precisava convencer Guadalupe a viver consigo e não pouparia seus argumentos sujos para isso.Resolveu ir a cavalo dando uma olhada ao redor e pensando nos momentos com ela, ainda bem cedo bateu na porta daquela humilde casa.– Dom Andreas? – Perguntou
Guadalupe seguiu correndo para casa, entrou no quarto e deitou-se na cama pesando na proposta que ele a fez.– O que aconteceu filha? Onde está aquele homem, já foi embora? Te fez alguma coisa não foi? Eu não devia ter deixado que saísse juntos! – Lamenta Ester tocando na coxa da filha que deitada de lado deixava as lágrimas rolarem.– Ele queria se juntar comigo e que eu fosse com ele para casa, dizendo que viveríamos como irmãos. Acha mesmo que eu sou uma caipira burra, além de cega!– Sem se casar, como uma mulher desonrada? Esse homem é mesmo um doente! – respondeu Ester.– Eu disse a ele que não, insistiu e ele então Dom Andreas me pediu em casamento.– E você aceitou ser esposa dele? – Perguntou Ester ofegante e temendo a resposta.– Pedi um tempo para pensar melhor em tudo.– Acha que ele gosta de você de verdade? Mesmo depois de uma proposta asquerosa como essa?– Sei que está nos ouvindo papai...– Me desculpem, mas não gosto desse homem e não pude me abster de ouvir o que di
Guadalupe havia se decidido, uniria sua vida a de Dom Andreas mesmo que parecesse assustador, porém seria muito mais triste saber que sua família pagaria caro por uma recusa dela.– Papai, por favor me leve até a casa de Dom Andreas. – pediu ela.– Vai mesmo dizer sim a essa proposta? Filha isso é loucura... pense... pense! – Pediu ele, quase chorando.– Sim, será o melhor para todos nós.Leonel sabia que por mais argumentos que usasse jamais convenceria a filha a desistir, selou o cavalo Raio de sol e ambos foram até a mansão.Ainda na estrada de terra, alguém se aproximou também a cavalo.– Bom dia senhor Leonel, Lupe! – Gabriel tirou o chapéu em respeito assim como todos os cavalheiros ao ver uma dama.– Bom dia Gabriel. – respondeu a jovem, forçando um sorriso.– Estão indo tão cedo para a cidade? – Questionou Gabriel.– Sim, iremos... – respondeu Leonel, repidamente.– Estamos indo buscar umas coisas que a mamãe pediu, depois vá lá em casa hoje à noite que precisamos conversar!
Enquanto voltávamos para casa os toques que ele a dera não saiam de sua mente, haviam descrito para Guadalupe o que era um beijo, mas nunca cogitou que seria dessa forma. Roubada e imposta, Dom Andreas a fez sentir, de alguma maneira violada.Os dois chegaram em casa e ela contou para a mãe o que havia sido decidido, naquela noite ela esperava por Gabriel.– Boa noite.– Boa noite Gabriel, entre. – Pediu Guadalupe.Os dois foram conversar na cozinha e Ester saiu para deixá-los mais à vontade, pois sabia que o teor daquela conversa o desagradaria e muito.– E esse anel? – Questionou Gabriel.– É justamente sobre isso que quero falar com você, estou noiva (suspiro de hesitação) – E sei que vai me odiar por isso.– Como noiva? Sempre recusou todos e inclusive a mim e aquele maldito Dom Andreas.– Mas reconsiderei e vou me casar com ele dentro de uma semana.– De jeito nenhum, você não seria tão estúpida! – Diz ele aos gritos.– Não extravase todo o seu ódio me ofendendo Gabriel, nós nos
Guadalupe sempre foi uma jovem forte, determinada e jamais se deixou abater pela deficiência visual. Desde cedo, fez questão de ser o mais independente possível dentro de suas limitações. Ela nunca teve o desejo de se casar, pois sempre sonhou em dedicar sua vida a Deus, apesar da vontade dos pais, que, por serem idosos, desejavam que ela tivesse uma família e a proteção de um marido. Dom Andreas, por outro lado, sempre foi um galanteador incorrigível, conhecido por viver de cama em cama, até ser obrigado a se isolar em uma fazenda. Quando viu Guadalupe pela primeira vez, ficou encantado com sua beleza e com a força que ela demonstrava ao enfrentar a vida. O desejo de possuir essa mulher despertou nele uma obsessão perigosa, levando-o a tomar atitudes cruéis para se casar com ela. Porém, ao se ver apaixonado, ele não conseguiu admitir esse sentimento, nem para si mesmo, nem para Guadalupe, o que causaria sofrimento a ambos. Puebla, México – 1900 Esther, mãe de Guadalupe, reflete sob
A jovem saiu a cavalo, levando a comida para o pai que passaria todo o dia vendendo por lá. Tudo estava normal o vento agitava seus cabelos como ela tanto amava sentir, até que ouviu o som de um cavalo se aproximar cada vez mais.Senti meu coração acelerar, todos por essas bandas me conhecem e denunciam logo sua presença para não me assustar sabendo da minha deficiência, mas essa pessoa ficou em silêncio até chegar perto, perto demais...– Será que pode me dar a honra de lhe falar um instante? – Diz Dom Andreas surpreendendo-a no meio do caminho.Guadalupe ficou tensa de medo daquela voz grossa e desconhecida, sabia que pelo som dos passos do cavalo ele a estava seguindo. Não respondeu, apenas bateu as rédeas do cavalo delicadamente para fazê-lo ir mais rápido.– Não te ensinaram que que deixar alguém falando sozinho é descortês? Já basta a recusa de seu pai ao meu convite, assim vou achar que isso é um atributo da sua família, estou certo? – Ele a olhava dos pés à cabeça, não se impo
Dom Andreas esperava todos os dias por Guadalupe, vê-la passar havia se tornado um hábito. Sempre estava naquela janela ansioso por avistar aquele encanto de garota.– Eu preciso conversar com aquela donzela, encontrar uma forma de ficar a sós com ela, mas com aquele pai estúpido eu não vejo como! – Resmungava Dom Andreas.– Pelo que parece a família dela é bem sistemática, recusaram seu convite para jantar. Sebastião me disse que eles são muito religiosos e vão a missa todos os domingos sem falta. – Lembrou Amélia e Dom Andreas adorou a sugestão.– Então é isso que farei, vou me tornar o maior católico desse lugar!Dom Andreas sorriu, agora tinha certeza de que a veria e muito.– Está tão interessado assim nessa menina filho? A ponto de se converter de verdade? – Amélia sabia que o patrão não era nada religioso e jamais havia entrado em uma igreja.– É que além de bela, ela é diferente das outras eu não sei por que, mais vou descobrir o que tanto me encanta naquela mulher, além da be