Enquanto voltávamos para casa os toques que ele a dera não saiam de sua mente, haviam descrito para Guadalupe o que era um beijo, mas nunca cogitou que seria dessa forma. Roubada e imposta, Dom Andreas a fez sentir, de alguma maneira violada.Os dois chegaram em casa e ela contou para a mãe o que havia sido decidido, naquela noite ela esperava por Gabriel.– Boa noite.– Boa noite Gabriel, entre. – Pediu Guadalupe.Os dois foram conversar na cozinha e Ester saiu para deixá-los mais à vontade, pois sabia que o teor daquela conversa o desagradaria e muito.– E esse anel? – Questionou Gabriel.– É justamente sobre isso que quero falar com você, estou noiva (suspiro de hesitação) – E sei que vai me odiar por isso.– Como noiva? Sempre recusou todos e inclusive a mim e aquele maldito Dom Andreas.– Mas reconsiderei e vou me casar com ele dentro de uma semana.– De jeito nenhum, você não seria tão estúpida! – Diz ele aos gritos.– Não extravase todo o seu ódio me ofendendo Gabriel, nós nos
Ester penteava os cabelos longos e negros da filha, naquela manhã Leonel havia saído bem mais cedo do que de costume para ir até a cidade buscar insumos para o jantar de noivado que dariam naquela mesma noite...queria dinheiro também, para pelo menos dar a filha um bom vestido de noiva.– Mamãe, como foi quando se casou com o papai? – Indagou Guadalupe.– Nós mal nos conhecíamos, seu avô havia acertado nosso casamento e então na véspera da cerimônia eu o vi. – Ester sorria ao se lembrar do passado.– Só viu meu pai um dia antes?– Sim, fiquei muito tímida e ele também, mas eu o achei um belo rapaz, forte e de um sorriso muito encantador.– Então de certa forma a senhora já o amava.– Não e temia muito como seria a vida ao lado dele, isso que está sentindo é natural e ainda mais por que Dom Andreas é um homem muito difícil de lidar.Ela foi para a frente da filha e segurou suas mãos.– Acho que não é bem isso o que quer me perguntar, estou certa filha?Guadalupe abaixou a cabeça e sus
Depois de servirem aos convidados, Ester e Amélia se sentam a mesa com todos os outros. Saulo e a esposa também estavam lá, Dom Andreas sabia que aqueles eram os pais de seu rival, como o clima estava tranquilo ele sabia que Gabriel não tinha sido capaz de contar a eles da briga quase mortal da noite anterior e estava adorando que estivessem ali para dizer a ele tudo o que aconteceria.– Um instante da atenção de todos. – Dom Andreas pediu e se levantou.– Hoje é um dia muito especial, dia esse em que Guadalupe se tornará oficialmente minha noiva. Levante-se princesa, por favor!Ela se levantou e ele pegou sua mão.– Você já me deu um anel de compromisso! – Lembrou ela tentando sorrir.– E muito valioso por sinal. – Amélia ressaltou.– Isso é pouco para ti.Dom Andreas tirou uma caixa pequena do bolso e colocou na mão dela, ajudando-a a abrir.– O que é?– Um lindo par de brincos filha. – Diz Ester encantada.– Brincos de esmeralda para combinarem com seu anel! – Dom Andreas mostra ao
Ester abriu a porta e despertou a filha.– Bom dia princesa, tem que levantar e se arrumar. Daqui a pouco seu noivo vem nos buscar para irmos à igreja, acho que vocês têm muito o que confessar antes do sim.– Sim senhora.Ester percebeu a falta de ânimo da filha e se sentou na cama da filha lhe tocando as duas mãos.– Coloque um sorriso nesse rosto tão lindo, por favor não desista de ser feliz.– Prometo que eu vou tentar mudar de expressão.Guadalupe retirou-se das cobertas e se levantou, tomou um banho enquanto a mãe escolhia um belo vestido e depois fez um penteado deixando sua nuca a mostra.– A senhora acredita nessas coisas de destino? – Guadalupe pergunta para a mãe enquanto ela fechava os botões de seu vestido.– Acredito que tudo o que acontece em nossas vidas é com a permissão de Deus.– Vou orar muito hoje, se Dom Andreas não for meu destino que ele se canse bem rápido e me deixe voltar aqui para casa e para cuidar de vocês.– Por que não ora pedindo a Deus para que se amem
Dom Andreas sorriu nervoso, não sabia como agir, por que jamais havia se confessado na vida.– Me perdoe padre acho que não consigo dizer mais nada. – Negou com a cabeça.– Comece falando do que se arrepende, todos nós fazemos coisas erradas e que gostaríamos de consertar.Aquela frase do padre havia me tocado no fundo do coração, não consigo entender o porquê, mas as palavras apenas começaram a sair de dentro de mim uma atrás da outra.– De ter sido um covarde, por ter mandado um homem justo para a prisão e por ter sido tão miserável em me calar quando algo dentro de mim grita!– Então seja claro e deixe sair tudo.– Mandei Leonel para cadeia por que ele se recusou me entregar Lupe, mas meu coração doeu e no dia seguinte eu o tirei de lá. Claro, me aproveitando do silêncio dele para ficar bem com ela e Ester...eu amo Guadalupe padre, tanto que chega a doer dentro de mim e me fere no orgulho sentir o que sinto por ela! – Pela primeira vez a verdade o fez estremecer.– Por que não diz
Havia chegado a hora de me unir a Dom Andreas, medo, ansiedade e muitos outros sentimentos se misturavam dentro de mim. Mamãe me ajudava a colocar o vestido e arrumar os meus cabelos, eu pensava em como seria minha vida sem ela daqui para frente e eu tenho que desfazer quaisquer laços de dependência de agora em diante seremos apenas Deus e eu.Senti as rendas daquele tecido passando as minhas mãos por ele, sabia que minha mãe havia feito um lindo trabalho.– Ficou lindo mamãe, muito obrigada por tudo.Ela não me respondeu.– Mamãe? – Perguntou confusa com aquele silêncio.– Perdoe-me filha, me emocionei ao te ver assim tão linda e pronta para começar sua vida.– Não chore, por onde eu for sempre serei sua filha amada. A senhora e meu pai são e sempre serão a coisa que mais amo nesse mundo.– Até que tenha os seus filhos, aí sim entenderá qual é o maior amor desse mundo.– Não terei filhos com ele. – Guadalupe respondeu sem receio.– Ainda com essa cisma?– Não é cisma, apenas não quer
Dentro do carro Dom Andreas sentia sua boca secar, sua fronte pingar de suor e o medo invadir seu coração a cada metro que avançavam.– Vou virar à esquerda patrão, há uma estrada de terra que os mercadores usam para levar as encomendas. Gabriel é antigo morador e sabe bem que o senhor não saberia disso!Dom Andreas gritava, e mandava Sebastião pisar fundo apesar de tudo o empregado temia o desfecho daquele encalço. Poucos minutos acelerando muito eles viram a poeira do galope do cavalo.– É aquele filho da mãe! – Murmurou Dom Andreas verificando o cilindro e se a arma estava devidamente carregada.– Sim são eles, o que vai fazer senhor? – Sebastião olhou para o revólver assustado.Dom Andreas colocou o braço direito para fora da janela do carro, Sebastião suspirou e tremeu...– Senhor, Lupe está naquele cavalo também!– Eu sei. – Dom Andreas respondeu.Ele atirou no cavalo, que relinchou de dor caindo e derrubando os dois no chão duro daquela estrada de terra.– Deus! – Sebastião gri
Dom Andreas se aproximou e ia lhe dar um beijo na boca, mas a jovem abaixou o rosto e ele beijou sua testa. Como estava com os braços feridos, ele apenas pegou sua mão. Ester foi falar com a filha depois da chuva de arroz, enquanto Leonel bebia tudo o que via pela frente. A família de Gabriel decidiu não ir a cerimônia, pareciam estar prevendo que o filho pudesse aprontar alguma por lá.– Me fale agora mesmo, o que aconteceu? – Ester perguntou enfurecida e não aceitaria nenhuma resposta a não ser a verdade.– Gabriel queria me levar embora daqui, Dom Andreas atirou em Raio de sol e caímos na estrada de terra.– Meu Deus um tiro, não devia ter se casado com ele!– E o que eu deveria ter feito Ester? Aceitado ver minha noiva ir embora com outro? – Dom Andreas escutou e tratou de se defender.– Já chega de gritos, estou muito cansada...mamãe não se preocupe comigo.– Como não vou me preocupar se agora tenho certeza de que esse homem é um completo louco e Gabriel?Dom Andreas engoliu sec