Dom Andreas se aproximou e ia lhe dar um beijo na boca, mas a jovem abaixou o rosto e ele beijou sua testa. Como estava com os braços feridos, ele apenas pegou sua mão. Ester foi falar com a filha depois da chuva de arroz, enquanto Leonel bebia tudo o que via pela frente. A família de Gabriel decidiu não ir a cerimônia, pareciam estar prevendo que o filho pudesse aprontar alguma por lá.– Me fale agora mesmo, o que aconteceu? – Ester perguntou enfurecida e não aceitaria nenhuma resposta a não ser a verdade.– Gabriel queria me levar embora daqui, Dom Andreas atirou em Raio de sol e caímos na estrada de terra.– Meu Deus um tiro, não devia ter se casado com ele!– E o que eu deveria ter feito Ester? Aceitado ver minha noiva ir embora com outro? – Dom Andreas escutou e tratou de se defender.– Já chega de gritos, estou muito cansada...mamãe não se preocupe comigo.– Como não vou me preocupar se agora tenho certeza de que esse homem é um completo louco e Gabriel?Dom Andreas engoliu sec
Dom Andreas cochilou sentado e despertou, deu alguns passos olhando para a janela. Virou-se viu Guadalupe ainda deitada, encolhida como um animal acuado suspirando e chamando por socorro.– Gabriel? – Ela gritou.Dom Andreas se enfureceu.– Se atreve a chamar por ele na minha cama?Ele foi até ela e segurando em seus ombros a sentou na cama rispidamente.– Chamou por ele, chamou enquanto dormia – Ele gritou, chacoalhando o corpo dela.– Você me assustou Andreas, foi só um sonho, mas de verdade está machucando meus braços ainda mais!– Você o ama, por que não admite de uma vez que ama aquele maldito do Gabriel?– Sim eu amo, amo como um irmão e não como você pensa e agora solte-me. – Ela tentava se desvencilhar dele.Ofegante o Dom largou os braços dela, antes que cegasse pela segunda vez de ciúmes do mesmo homem. Contou mentalmente até dez, enquanto ela alisava os próprios braços ainda ofegante e sentada na cama.– Precisa de alguma coisa? – Perguntou ele, se afastando ainda mais.– N
Após dedilhar o piano, o casal seguiu para o quarto...– O seu quarto tem sempre um cheiro diferente. – Guadalupe revela.– Você não gostou? É que antes de nos casarmos havia pedido a Amélia que sempre colocasse algum incenso e o de hoje é...– Eucalipto! Gosto especialmente desse cheiro.– Exatamente, você tem o olfato apurado, a audição impecável e acho que uma alma muito mais evoluída que as nossas. – Dom Andreas cheirou os cabelos negros dela.Enquanto a abraçava por trás, sentindo o cheiro de seu pescoço.– Minha mãe costuma dizer que as fraquezas nos tornam fortes de alguma maneira.– Às vezes me pergunto por que você não pode ver? Eu daria tudo para que pudesse, acho te daria os meus olhos.– Eu vejo de maneira diferente das outras pessoas, apenas isso Andreas!Ele seguia conduzindo-a, enquanto trocavam carinhos quentes.– Me leva para dar um passeio amanhã? – pediu ela.– Farei melhor que isso, iremos até a casa de seus pais para fazer uma visita e matar a sua saudade.– Minha
Juntos, surgiram na sala de jantar,– Bom dia. – Amélia estava a preparar a mesa para o casal.– Bom dia Amélia.– Hoje iremos dar um bom passeio por essa região, Lupe e eu estamos muito pálidos. – Dom Andreas sorriu ao dizer.– Acho que devem mesmo sair um pouco do quarto e respirar um ar puro.Fiquei um pouco constrangida com o comentário, mas claro que ela vivendo conosco sabia bem o que tanto fazíamos dentro do quarto. Comemos e depois Dom Andreas e eu fomos pedir a Sebastião que selasse os cavalos.– Quer ir junto no cavalo comigo, ou prefere que selem um para você? – Dom Andreas perguntou, mas no fundo queria que fossem juntos.– Podemos ir juntos!Sebastião olhou para Dom Andreas e sorriu, foi testemunha de como aquele casal havia sofrido e estava feliz ao ver que estavam se acertando.– Certo, Sebastião sele o trovão por favor.– Sim senhor. – Respondeu o peão, indo buscar o cavalo.Esperamos um pouco e ele trouxe o cavalo, Dom Andreas a ajudou a montar e veio por trás envolve
Enquanto isso, na igreja...– Padre? Podemos ir? – Disse Leandro de malas nas mãos, esperando pelo sacerdote na frente da igreja.– Claro meu jovem, se não se importar em ir de charrete?– Claro que não. – Estar nesse fim de mundo não era bem o que Leandro queria, graças a seu pai que o obrigou a escolher entre um internato ou a vida no campo. Ele decidiu seguir para lá, escolher uma bela casa para morar por um tempo para ficar longe da vida de jogatina e mulheres, seu pai tomara essa severa decisão. Já que o destino o obrigou a estae ali, iria procurar alguma forma de se entreter.Horas depois, naquela charrete que sacudia mais do que qualquer outra coisa nesse mundo e da conversa do sacerdote, enteidante para Leandro... O velho só sabia falar da vida alheia, avistaram uma grande propriedade.– Esta é a casa de seu primo! – afirmou o padre.– Sem dúvidas ele se estabeleceu bem por essas bandas, já deve estar curado de sua doenças. – Que Leandro acreditava, que o primo havia adquirido
Guadalupe sempre foi uma jovem forte, determinada e jamais se deixou abater pela deficiência visual. Desde cedo, fez questão de ser o mais independente possível dentro de suas limitações. Ela nunca teve o desejo de se casar, pois sempre sonhou em dedicar sua vida a Deus, apesar da vontade dos pais, que, por serem idosos, desejavam que ela tivesse uma família e a proteção de um marido. Dom Andreas, por outro lado, sempre foi um galanteador incorrigível, conhecido por viver de cama em cama, até ser obrigado a se isolar em uma fazenda. Quando viu Guadalupe pela primeira vez, ficou encantado com sua beleza e com a força que ela demonstrava ao enfrentar a vida. O desejo de possuir essa mulher despertou nele uma obsessão perigosa, levando-o a tomar atitudes cruéis para se casar com ela. Porém, ao se ver apaixonado, ele não conseguiu admitir esse sentimento, nem para si mesmo, nem para Guadalupe, o que causaria sofrimento a ambos. Puebla, México – 1900 Esther, mãe de Guadalupe, reflete sob
A jovem saiu a cavalo, levando a comida para o pai que passaria todo o dia vendendo por lá. Tudo estava normal o vento agitava seus cabelos como ela tanto amava sentir, até que ouviu o som de um cavalo se aproximar cada vez mais.Senti meu coração acelerar, todos por essas bandas me conhecem e denunciam logo sua presença para não me assustar sabendo da minha deficiência, mas essa pessoa ficou em silêncio até chegar perto, perto demais...– Será que pode me dar a honra de lhe falar um instante? – Diz Dom Andreas surpreendendo-a no meio do caminho.Guadalupe ficou tensa de medo daquela voz grossa e desconhecida, sabia que pelo som dos passos do cavalo ele a estava seguindo. Não respondeu, apenas bateu as rédeas do cavalo delicadamente para fazê-lo ir mais rápido.– Não te ensinaram que que deixar alguém falando sozinho é descortês? Já basta a recusa de seu pai ao meu convite, assim vou achar que isso é um atributo da sua família, estou certo? – Ele a olhava dos pés à cabeça, não se impo
Dom Andreas esperava todos os dias por Guadalupe, vê-la passar havia se tornado um hábito. Sempre estava naquela janela ansioso por avistar aquele encanto de garota.– Eu preciso conversar com aquela donzela, encontrar uma forma de ficar a sós com ela, mas com aquele pai estúpido eu não vejo como! – Resmungava Dom Andreas.– Pelo que parece a família dela é bem sistemática, recusaram seu convite para jantar. Sebastião me disse que eles são muito religiosos e vão a missa todos os domingos sem falta. – Lembrou Amélia e Dom Andreas adorou a sugestão.– Então é isso que farei, vou me tornar o maior católico desse lugar!Dom Andreas sorriu, agora tinha certeza de que a veria e muito.– Está tão interessado assim nessa menina filho? A ponto de se converter de verdade? – Amélia sabia que o patrão não era nada religioso e jamais havia entrado em uma igreja.– É que além de bela, ela é diferente das outras eu não sei por que, mais vou descobrir o que tanto me encanta naquela mulher, além da be