Mais tarde naquele dia...Amélia bateu na porta do quarto de Leandro para avisa sobre o jantar.– O jantar será servido em poucos minutos, filho.– Vou tomar um banho e descerei em alguns minutos Amélia. – Leandro respondeu ao se levantar da cama.No quarto ao lado Dom Andreas e Guadalupe também se arrumavam para jantar.– Descerei para ajudar Amélia a organizar as coisas.– Tenha cuidado princesa.– Eu já aprendi a andar pela casa e a perceber cada degrau da escada, não precisa se preocupar.Andreas beijou a esposa, Guadalupe saiu do quarto e foi em direção a escada. Passo antes pelo corredor, Leandro viu a sombra dela passar pela porta e resolveu sair também, ainda dobrando os punhos da camisa.Ficou olhando a delicadeza com que ela passava a mão pelo corrimão da escada, contando minunciosamente cada passo que dava.– Sua independência é tão admirável quanto sua beleza. – Leandro diz quebrando bruscamente o silêncio daquele lugar.Ela se assustou e calculou errado a distância, senti
A noite chegou, Luíza selou um cavalo e foi para a fazenda de Dom Andreas e Lupe. Saulo não gostou nenhum um pouco daquele convite tão específico apenas para a moça.– Se esse tal primo tivesse realmente boas intenções iria nos convidar também e fazer as coisas direito. – Resmungou Saulo.– O convite foi feito por Guadalupe e Andreas e não pelo primo, além do mais são jovens e é apenas um jantar entre amigos. Já perdemos nosso filho, vamos deixar que Luíza busque a felicidade dela.– Espero que esteja certa Margareth!Chegando na fazenda ela desceu do cavalo e o guiou pelas rédeas.– Boa noite Sebastião, pode guardar o Tonico para mim? – Luíza sorriu e entregou as rédeas do cavalo para ele.– A senhorita veio sozinha?– Sim e que mal há nisso, Sebastião?– Nenhum e vou levar ele para o estábulo. – Sebastião saiu intrigado, não queria ver a mulher que amava sendo entregue daquela forma a outro.Ela bateu na porta, Amélia a esperava sorridente.– Entre filha, Guadalupe e Andreas já irão
De repente uma voz mudo tudo:– Andreas, Andreas por favor acorde! – Ele acordou, com Lupe dando-o uma forte sacudida e desesperada o chamando aos gritos.– O que aconteceu? – Perguntou ele ofegante e suando frio, segurando seu rosto tentando acamá-la e se acalmar também.– Você estava me apertando muito forte Andreas, mas não falava nada que eu pudesse entender. Estava dormindo?– Me perdoe por te dar esse susto, meu amor. Eu tive um pesadelo terrível!A abraçou com muita força, parecia que o mundo queria arrancá-la dos seus braços. Amélia chegou e poucos segundos depois Leandro, ambos não tinham o costume de trancar a porta do quarto ,pois era claro que Amélia não iria os vigiar, mas depois do pesadelo que p Dom teve percebeu que agora havia mais um homem em casa.– O que está acontecendo? Ouvimos os gritos. – Leandro perguntou aflito.– Foi apenas um susto, estamos todos bem. – Andreas cobriu a nudez parcial de sua esposa com o braço, Leandro percebeu seu desconforto ao ter alguém
Guadalupe sempre foi uma jovem forte, determinada e jamais se deixou abater pela deficiência visual. Desde cedo, fez questão de ser o mais independente possível dentro de suas limitações. Ela nunca teve o desejo de se casar, pois sempre sonhou em dedicar sua vida a Deus, apesar da vontade dos pais, que, por serem idosos, desejavam que ela tivesse uma família e a proteção de um marido. Dom Andreas, por outro lado, sempre foi um galanteador incorrigível, conhecido por viver de cama em cama, até ser obrigado a se isolar em uma fazenda. Quando viu Guadalupe pela primeira vez, ficou encantado com sua beleza e com a força que ela demonstrava ao enfrentar a vida. O desejo de possuir essa mulher despertou nele uma obsessão perigosa, levando-o a tomar atitudes cruéis para se casar com ela. Porém, ao se ver apaixonado, ele não conseguiu admitir esse sentimento, nem para si mesmo, nem para Guadalupe, o que causaria sofrimento a ambos. Puebla, México – 1900 Esther, mãe de Guadalupe, reflete sob
A jovem saiu a cavalo, levando a comida para o pai que passaria todo o dia vendendo por lá. Tudo estava normal o vento agitava seus cabelos como ela tanto amava sentir, até que ouviu o som de um cavalo se aproximar cada vez mais.Senti meu coração acelerar, todos por essas bandas me conhecem e denunciam logo sua presença para não me assustar sabendo da minha deficiência, mas essa pessoa ficou em silêncio até chegar perto, perto demais...– Será que pode me dar a honra de lhe falar um instante? – Diz Dom Andreas surpreendendo-a no meio do caminho.Guadalupe ficou tensa de medo daquela voz grossa e desconhecida, sabia que pelo som dos passos do cavalo ele a estava seguindo. Não respondeu, apenas bateu as rédeas do cavalo delicadamente para fazê-lo ir mais rápido.– Não te ensinaram que que deixar alguém falando sozinho é descortês? Já basta a recusa de seu pai ao meu convite, assim vou achar que isso é um atributo da sua família, estou certo? – Ele a olhava dos pés à cabeça, não se impo
Dom Andreas esperava todos os dias por Guadalupe, vê-la passar havia se tornado um hábito. Sempre estava naquela janela ansioso por avistar aquele encanto de garota.– Eu preciso conversar com aquela donzela, encontrar uma forma de ficar a sós com ela, mas com aquele pai estúpido eu não vejo como! – Resmungava Dom Andreas.– Pelo que parece a família dela é bem sistemática, recusaram seu convite para jantar. Sebastião me disse que eles são muito religiosos e vão a missa todos os domingos sem falta. – Lembrou Amélia e Dom Andreas adorou a sugestão.– Então é isso que farei, vou me tornar o maior católico desse lugar!Dom Andreas sorriu, agora tinha certeza de que a veria e muito.– Está tão interessado assim nessa menina filho? A ponto de se converter de verdade? – Amélia sabia que o patrão não era nada religioso e jamais havia entrado em uma igreja.– É que além de bela, ela é diferente das outras eu não sei por que, mais vou descobrir o que tanto me encanta naquela mulher, além da be
Dia seguinte...– Seja bem-vindo padre, está em sua casa. – Diz Dom Andreas ao ver Amélia abrir a porta para seu ilustre convidado.– Os reparos que fizeram deixaram essa mansão ainda mais bela e aprazível, lembro-me de seu pai o comendador, era um bom homem. – O padre olhava o quão bela tinha ficado aquela fazenda.– Sim, meu pai era um homem de bem, pena que tenha se entregue ao vício do cigarro.– Padre, nos honra receber o senhor e eu já irei servir o almoço. – Avisa Amélia da porta da cozinha.– Então, apenas me diga de quanto precisa e agora mesmo passarei a quantia para as obras de caridade. – Diz Dom Andreas se sentando e o padre também.– Antes me responda, você é batizado filho?– Na verdade não padre, meus pais nunca tiveram a religião como uma prioridade na vida.– Pois deve se batizar, entenda que para que Deus reconheça sua oferta é importante que não só seja de coração, mas que esteja entregue a fé e celebre este novo começo como tem que ser feito.– Claro que sim padre
Leonel acordou com uma grande ressaca depois de toda aquela bebedeira do dia anterior, se sentou para tomar café com a esposa e a filha com a pouca vergonha que ainda lhe sobrava.– Depois de velho, passou a nos envergonhar caindo de bêbado pelas tabernas. – Grita Ester.– Fique calma mulher, não é para tanto. Estou aqui inteiro não estou?– Como não é para tanto Leonel? Foi preciso que aquele homem te trouxesse de carro para casa porque você não se aguentava de pé.– Aquele tipo da cidade, ainda devo essa droga de favor a ele.– Ele trouxe o senhor aqui? Dom Andreas? – Perguntou Guadalupe interessada no teor da conversa de seus pais.– E ele parecia preocupado pela idade e falta de juízo do seu pai...O coração de Lupe se encheu de esperança e ela sequer sabia por que saber disso a fez sorrir.– Então ele não é um homem ruim como eu pensava. – Diz ela deixando escapar um suspiro de fé.– Talvez não seja, sabemos pouco ainda sobre ele paga fazer julgamentos. – Relembrou Ester, serviu