Após dedilhar o piano, o casal seguiu para o quarto...– O seu quarto tem sempre um cheiro diferente. – Guadalupe revela.– Você não gostou? É que antes de nos casarmos havia pedido a Amélia que sempre colocasse algum incenso e o de hoje é...– Eucalipto! Gosto especialmente desse cheiro.– Exatamente, você tem o olfato apurado, a audição impecável e acho que uma alma muito mais evoluída que as nossas. – Dom Andreas cheirou os cabelos negros dela.Enquanto a abraçava por trás, sentindo o cheiro de seu pescoço.– Minha mãe costuma dizer que as fraquezas nos tornam fortes de alguma maneira.– Às vezes me pergunto por que você não pode ver? Eu daria tudo para que pudesse, acho te daria os meus olhos.– Eu vejo de maneira diferente das outras pessoas, apenas isso Andreas!Ele seguia conduzindo-a, enquanto trocavam carinhos quentes.– Me leva para dar um passeio amanhã? – pediu ela.– Farei melhor que isso, iremos até a casa de seus pais para fazer uma visita e matar a sua saudade.– Minha
Juntos, surgiram na sala de jantar,– Bom dia. – Amélia estava a preparar a mesa para o casal.– Bom dia Amélia.– Hoje iremos dar um bom passeio por essa região, Lupe e eu estamos muito pálidos. – Dom Andreas sorriu ao dizer.– Acho que devem mesmo sair um pouco do quarto e respirar um ar puro.Fiquei um pouco constrangida com o comentário, mas claro que ela vivendo conosco sabia bem o que tanto fazíamos dentro do quarto. Comemos e depois Dom Andreas e eu fomos pedir a Sebastião que selasse os cavalos.– Quer ir junto no cavalo comigo, ou prefere que selem um para você? – Dom Andreas perguntou, mas no fundo queria que fossem juntos.– Podemos ir juntos!Sebastião olhou para Dom Andreas e sorriu, foi testemunha de como aquele casal havia sofrido e estava feliz ao ver que estavam se acertando.– Certo, Sebastião sele o trovão por favor.– Sim senhor. – Respondeu o peão, indo buscar o cavalo.Esperamos um pouco e ele trouxe o cavalo, Dom Andreas a ajudou a montar e veio por trás envolve
Enquanto isso, na igreja...– Padre? Podemos ir? – Disse Leandro de malas nas mãos, esperando pelo sacerdote na frente da igreja.– Claro meu jovem, se não se importar em ir de charrete?– Claro que não. – Estar nesse fim de mundo não era bem o que Leandro queria, graças a seu pai que o obrigou a escolher entre um internato ou a vida no campo. Ele decidiu seguir para lá, escolher uma bela casa para morar por um tempo para ficar longe da vida de jogatina e mulheres, seu pai tomara essa severa decisão. Já que o destino o obrigou a estae ali, iria procurar alguma forma de se entreter.Horas depois, naquela charrete que sacudia mais do que qualquer outra coisa nesse mundo e da conversa do sacerdote, enteidante para Leandro... O velho só sabia falar da vida alheia, avistaram uma grande propriedade.– Esta é a casa de seu primo! – afirmou o padre.– Sem dúvidas ele se estabeleceu bem por essas bandas, já deve estar curado de sua doenças. – Que Leandro acreditava, que o primo havia adquirido
Guadalupe sempre foi uma jovem forte, determinada e jamais se deixou abater pela deficiência visual. Desde cedo, fez questão de ser o mais independente possível dentro de suas limitações. Ela nunca teve o desejo de se casar, pois sempre sonhou em dedicar sua vida a Deus, apesar da vontade dos pais, que, por serem idosos, desejavam que ela tivesse uma família e a proteção de um marido. Dom Andreas, por outro lado, sempre foi um galanteador incorrigível, conhecido por viver de cama em cama, até ser obrigado a se isolar em uma fazenda. Quando viu Guadalupe pela primeira vez, ficou encantado com sua beleza e com a força que ela demonstrava ao enfrentar a vida. O desejo de possuir essa mulher despertou nele uma obsessão perigosa, levando-o a tomar atitudes cruéis para se casar com ela. Porém, ao se ver apaixonado, ele não conseguiu admitir esse sentimento, nem para si mesmo, nem para Guadalupe, o que causaria sofrimento a ambos. Puebla, México – 1900 Esther, mãe de Guadalupe, reflete sob
A jovem saiu a cavalo, levando a comida para o pai que passaria todo o dia vendendo por lá. Tudo estava normal o vento agitava seus cabelos como ela tanto amava sentir, até que ouviu o som de um cavalo se aproximar cada vez mais.Senti meu coração acelerar, todos por essas bandas me conhecem e denunciam logo sua presença para não me assustar sabendo da minha deficiência, mas essa pessoa ficou em silêncio até chegar perto, perto demais...– Será que pode me dar a honra de lhe falar um instante? – Diz Dom Andreas surpreendendo-a no meio do caminho.Guadalupe ficou tensa de medo daquela voz grossa e desconhecida, sabia que pelo som dos passos do cavalo ele a estava seguindo. Não respondeu, apenas bateu as rédeas do cavalo delicadamente para fazê-lo ir mais rápido.– Não te ensinaram que que deixar alguém falando sozinho é descortês? Já basta a recusa de seu pai ao meu convite, assim vou achar que isso é um atributo da sua família, estou certo? – Ele a olhava dos pés à cabeça, não se impo
Dom Andreas esperava todos os dias por Guadalupe, vê-la passar havia se tornado um hábito. Sempre estava naquela janela ansioso por avistar aquele encanto de garota.– Eu preciso conversar com aquela donzela, encontrar uma forma de ficar a sós com ela, mas com aquele pai estúpido eu não vejo como! – Resmungava Dom Andreas.– Pelo que parece a família dela é bem sistemática, recusaram seu convite para jantar. Sebastião me disse que eles são muito religiosos e vão a missa todos os domingos sem falta. – Lembrou Amélia e Dom Andreas adorou a sugestão.– Então é isso que farei, vou me tornar o maior católico desse lugar!Dom Andreas sorriu, agora tinha certeza de que a veria e muito.– Está tão interessado assim nessa menina filho? A ponto de se converter de verdade? – Amélia sabia que o patrão não era nada religioso e jamais havia entrado em uma igreja.– É que além de bela, ela é diferente das outras eu não sei por que, mais vou descobrir o que tanto me encanta naquela mulher, além da be
Dia seguinte...– Seja bem-vindo padre, está em sua casa. – Diz Dom Andreas ao ver Amélia abrir a porta para seu ilustre convidado.– Os reparos que fizeram deixaram essa mansão ainda mais bela e aprazível, lembro-me de seu pai o comendador, era um bom homem. – O padre olhava o quão bela tinha ficado aquela fazenda.– Sim, meu pai era um homem de bem, pena que tenha se entregue ao vício do cigarro.– Padre, nos honra receber o senhor e eu já irei servir o almoço. – Avisa Amélia da porta da cozinha.– Então, apenas me diga de quanto precisa e agora mesmo passarei a quantia para as obras de caridade. – Diz Dom Andreas se sentando e o padre também.– Antes me responda, você é batizado filho?– Na verdade não padre, meus pais nunca tiveram a religião como uma prioridade na vida.– Pois deve se batizar, entenda que para que Deus reconheça sua oferta é importante que não só seja de coração, mas que esteja entregue a fé e celebre este novo começo como tem que ser feito.– Claro que sim padre
Leonel acordou com uma grande ressaca depois de toda aquela bebedeira do dia anterior, se sentou para tomar café com a esposa e a filha com a pouca vergonha que ainda lhe sobrava.– Depois de velho, passou a nos envergonhar caindo de bêbado pelas tabernas. – Grita Ester.– Fique calma mulher, não é para tanto. Estou aqui inteiro não estou?– Como não é para tanto Leonel? Foi preciso que aquele homem te trouxesse de carro para casa porque você não se aguentava de pé.– Aquele tipo da cidade, ainda devo essa droga de favor a ele.– Ele trouxe o senhor aqui? Dom Andreas? – Perguntou Guadalupe interessada no teor da conversa de seus pais.– E ele parecia preocupado pela idade e falta de juízo do seu pai...O coração de Lupe se encheu de esperança e ela sequer sabia por que saber disso a fez sorrir.– Então ele não é um homem ruim como eu pensava. – Diz ela deixando escapar um suspiro de fé.– Talvez não seja, sabemos pouco ainda sobre ele paga fazer julgamentos. – Relembrou Ester, serviu