Theo Fernandes

Melissa Tompson

 Sendo sincera, lá no início até tentei ser uma pessoa simpática e consequentemente também uma boa vizinha.

 Afinal de contas, eu era o que chamamos de “carne-nova” em um lugar totalmente desconhecido, ou seja, eu era uma presa fácil para pessoas com segundas e terceiras intenções.

Não tem coisa pior — na minha opinião — do que você ser novo e não ter absolutamente ninguém para conversar em um lugar que normalmente você não saber como funciona as coisas por ali, é mais vantajoso fazer amigos ainda mais se essa pessoa mora ali há muito mais tempo do que você.

Logo então saberia os melhores lugares para se fazer compras ou quando poderia usar a máquina de lavar do prédio, por exemplo. 

São coisas muito importantes na vida de um jovem adulto ou de alguém que acabou de adquirir mil e uma responsabilidades, como eu, por exemplo.

Ver que outras pessoas também viviam no mesmo estilo que eu ou que já passaram pela mesma coisa que eu estava passando deixava tudo menos assustador.

Saber que eu não era a única que aparentemente saiu da casa dos pais me deixava totalmente mais tranquila para continuar naquela jornada maluca que chamamos orgulhosamente de vida adulta.

A questão é que o meu santo não bateu com o dele e desde o princípio o ódio foi instalado de uma forma que era impossível ser outra coisa, em suma, nossa convivência era totalmente caótica.

E por mais que me doesse admitir tal fato, Theo Fernandes, o meu irritante vizinho, era insuportavelmente gostoso e não como o meu querido chefe e sim de uma maneira irritante, poderia até odiá lo, porém não poderia chama ló de feio.

Parecia até obra do demônio jogar aquele homem na minha vida.

Imagina só, eu uma inocente  mulher que recém saiu da casa dos pais encontrar um deus grego andando por aí e quando te vê solta aquele sorriso pervertido que diz claramente que não presta nem um pouquinho, porém por mais que saiba desse fato, você se encontra tão hipnotizada por aquela aparência que acabava ignorando essas coisas.

Quando vi Theo pela primeira vez, eu pensei: caramba! Que gato.

Era um dia de sol, o calor estava insuportável em LA como sempre e algumas pessoas abusavam disso para poder exibir seus corpos orgulhosamente por aí.

Eu estava com uma blusinha tomara que caia, florida e fresquinha, meu cabelo estava curto naquela época, amarrado em uma faixa vermelha de cabelo com um short jeans e uma sandália.

Estava acabando de me mudar, subindo as caixas assim como as outras pessoas, depois disso teria que fazer uma limpeza intensa no meu apartamento, algo que sinceramente eu não estava com nenhuma coragem de fazer isso já que eu não sou muito fã de limpeza e nem nada parecido.

Ri comigo mesma, só de pensar nas possíveis coisas que teria que fazer para deixar aquele lugar um pouco mais decente antes que minha querida mãe colocasse seus pés ali.

Bem que mamãe dizia que quando fosse adulta e tivesse a minha própria casa eu iria sofrer todas as coisas que não fiz ou que reclamava quando mais nova.

Procurar um apartamento em teoria foi fácil, na prática, não foi tanto assim.

Eu tinha muitas e muitas dúvidas, como, por exemplo, quando iria me mudar ou se eu iria viver de aluguel ou ter a minha casa — apartamento — própria, e não menos importante que isso, é claro, se ele seria no andar de baixo ou eu talvez me motivaria a andar até os andares de cima para quem sabe assim sair do sedentarismo.

Quando estava iniciando a minha busca fiz uma pequena pesquisa me baseando na minha renda atual, então digamos que cortei uma boa parte dos possíveis lugares que poderia ou não morar.

Infelizmente não poderia ir além do meu orçamento tampouco pedir ajuda, sei que se pedisse minha mãe não negaria, porém, meu pai iria arrumar um jeito daquilo se voltar contra mim e sinceramente não queria passar por isso.

Em poucas palavras, arrumar um lugar para morar dependia unicamente de mim.

Por mais que fosse assustador, era também algo motivador. Isso me incentivava a ir mais longe, a atingir limites que nem eu mesma sabia que tinha.

Apesar de ganhar razoavelmente bem como chefe de um restaurante, eu tinha que também considerar outros gastos, como alimentação e contas extras.

De certa forma já meio que tinha uma economia com algumas coisas, por exemplo, a comida eu mais vivia no restaurante — o que consequentemente me levava a comer lá — do que outra coisa, então, me baseando no meu estilo de vida e no que eu queria para agora, escolhi um apartamento não muito caro e nem muito barato um lugar que eu conseguiria manter e que me motivaria a fazer exercícios físicos uma vez que ficava no terceiro andar e misteriosamente o elevador daquele lugar estava quebrado.

Sorri, a sorte não gosta nem um pouco de mim e eu já entendi.

Estava arrumando as caixas em frente a minha porta, quando acabei trombando em uma muralha de músculos suados e muito bem definidos.

Virei meu rosto para olhar o que havia acontecido e por alguns segundos o dom da fala sumiu da minha boca, meus olhos ficaram fixos naquele ser humano — deus — loiro na minha frente.

Tentei algumas vezes falar algo, pois, em minha mente, estava parecendo uma idiota me comportando daquela maneira.

Ficamos ali nos olhando por um bom tempo, foi tanto que acabei achando que estava em uma espécie de filme clichê daqueles que assistia sempre aos domingos de tarde.

Sai dos meus pensamentos bobos quando a voz dele se fez presente no ambiente, me trazendo de volta para a realidade de modo um tanto fora do comum, pois, além de me chamar sem parar e em voz alta praticamente gritando para quem sabe assim tivesse um pouco de atenção, o homem bem ali na minha frente também ousou em colocar seus dedos no meu corpo, algo que naquele dia eu sinceramente não reclamei nem um pouquinho pelo contrário eu estava feliz por estar tão próxima de alguém do sexo oposto.

Veja bem, quando você fica muito tempo sozinha e coisa e tal acaba consequentemente adquirindo — querendo ou não — carência e eu estava carente, mesmo assim não seria nem louca de simplesmente me atirar em cima dele, eu poderia estar carente e tudo mais, ainda assim eu tinha um pouco de autoestima e iria manter isso intacto ao menos poderia tentar.

E isso sem sombra de dúvidas só aumenta o que eu estava achando naquele momento, eu era uma doida aos olhos daquela pessoa que nem ao menos sabia o nome.

— Ei! — ele gritou enquanto ainda me segurava, o tom de voz não era tão alto ao ponto de atrair a atenção de outras pessoas, ainda assim era alto, como um grito mediano ganhava certo destaque dentro daquele lugar.

Seus dedos ainda me seguravam e sem jeito abri um sorriso torto no rosto, olhando o.

— Desculpe... — Falei dando uma pausa pequena entre as falas para que pudesse respirar, um riso baixo e atrapalhado saiu da minha boca. — É que eu...

— Você é doida. — Ele falou sem ao menos pensar antes de falar, sem receio, muito menos senso do ridículo.

O que tinha de bonito ele tinha de ogro.

Tudo bem, eu entendo que agora estamos no milênio — século — da sinceridade, ainda assim esperava pelo menos um pouco de bom senso.

Se já estava constrangida antes, imagina só agora com aquilo, queria só procurar um buraco bem fundo para nunca mais sair dali.

Não sei e não quero nem saber quantas vezes arregalei os olhos, um pouco surpresa com aquela reação, de fato eu não estava esperando por uma coisa daquelas.

Me afastei mais do que depressa dele, olhando o com outra perspectiva.

O que ele tinha de bonito, também tinha de escroto, infelizmente.

Ele percebeu a minha reação e consequentemente ouvi um risinho baixo vindo da boca masculina.

Atrevido, ordinário, cachorro, capeta, satanás pensei enquanto permanecia do mesmo jeito.

— Desculpe se incomodei vossa alteza, da próxima vez irei me lembrar disso. — Falei já sem paciência alguma, a ironia era algo bem presente na minha voz e sinceramente? Não me importava com as possíveis reações que poderia ter disso. Também não ficaria mais ali para ouvir qualquer desaforo que saísse daquela boquinha bonitinha que aquele homem tem. 

O loiro riu ainda mais alto, ótimo agora eu havia virado uma espécie de palhaça?

— Pelo menos é engraçada, apesar de doida vai ser divertido ter você aqui nova vizinha. — ele falou, novamente com toda a sua graça e sinceridade em cada m*****a palavrinha.

Já estava quase na porta do meu apartamento, meu corpo se moveu na direção contrária com uma das mãos fechadas em um punho pronta para ser usada caso necessário, observei com os olhos ele me acompanhar durante todo aquele trajeto e sorrir largo.

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