Melissa Tompson
Quando os seus olhos encontraram os meus, assisti o dono dos cabelos claros levar uma das mãos até os lábios, limpando aquela região e depois a voz dele se fez presente mais uma vez no lugar.— Tá sujo aí, querida. — Ele falou antes de entrar em sua casa, deixando-me de boca aberta e olhos um tanto sobressaltados.Fiquei em choque, olhando aquela região por algum tempo até balançar o rosto para os lados numa lenta negativa movi o meu rosto para os lados, voltando lentamente ao meu estado normal ou quase isso.Ri em voz baixa, pelo visto já tinha feito uma ótima amizade que iria-me trazer muitas coisas boas ironicamente falando é claro. Então virei o meu corpo na direção contraria, caminhando sem pressa alguma até o meu apartamento, onde fechei a porta com certa força, descontando toda a raiva que sentia.Em poucos segundos aquele ser humano conseguiu me irritar de uma maneira que ninguém em vida tinha conseguido, ri um tanto amarga com aquilo, por mais que a possível convivência com ele certamente iria me tirar do sério e eu estava totalmente certa em pensar isso.
Em poucos segundos aquele ser humano conseguiu me irritar de uma maneira que ninguém em vida havia conseguido, ri um tanto amarga com aquilo.Movi o meu corpo até o sofá deixando o despejado por ali, uma das minhas mãos foi até o rosto massageando o local deixando que um suspiro pesado escapasse dos meus lábios.Afastei os pensamentos negativos, não deixaria aquilo me abalar por algo tão bobo como aquilo, então com isso em mente peguei meu celular e fiz um pequeno pedido na pizzaria perto de casa enquanto a pizza não chegava aproveitei para dar uma ajeitada nas coisas.Apesar de não ter feito a senhora faxina que aquele lugar realmente merecia, deu ao menos para afastar um pouco a bagunça temporariamente, quando terminei então peguei uma pequena muda de roupas para ir tomar banho.Precisava relaxar, já que aparentemente agora estava sendo vizinha do demônio de cabelos dourados.Seria uma ótima convivência.Liguei o chuveiro e deixei que a água então escorresse em meu corpo, sentindo lentamente a tensão ir embora para consequentemente ir gradualmente relaxando.Passei o sabonete com cuidado pelo corpo, fazendo a minha higiene necessária.Após terminar de fazer essas coisas passei a escova nos cabelos que recebiam também um pouco de atenção da água, sorri com aquilo.Fazia tanto tempo que não me cuidava, tanto tempo que não tinha um tempo unicamente para mim que chegava a ser algo triste de se dizer... Já fazia muito tempo que eu não me cuidava ou tirava um tempo para fazer isso.Com o passar dos anos acabei me esquecendo, estava tão ocupada em ser adulta que não cuidava de mim e mesmo sendo pouco só aquilo fez com que sorrisse boba.Terminando de fazer aquilo guardei a escova e então com os dedos fui fazendo movimentos circulares no couro cabeludo, pela forma que fazia a ação acabei deixando os olhos fechados, relaxando ao ponto de curvar um pouco a cabeça até que ficasse inclinada e vez ou outra soltasse um suspiro pequeno entre os lábios.O som da água era baixinho, fazendo com que gradualmente viajasse em meus pensamentos, era algo tão gostoso de se ouvir que fazia com que meu corpo ficasse relaxado.Tão distraída naquilo fiquei por longos e longos minutos daquele jeito até que então ouvisse o som irritante da campainha tocando, além disso, havia gritos também, o que me deixou um tanto assustada e desesperada para sair daquele lugar o mais rápido o possível.Apressada desliguei a água para poder enrolar o meu corpo em uma toalha média de cor branca, saí vestindo minhas pantufas do ursinho Pooh com os cabelos tão bagunçados que parecia que tinha levado uma espécie de choque ou algo parecido, assim que coloquei os olhos diante do pequeno espelho de forma circular arregalei os olhos um tanto assustada.Deus! Que grande maravilha, já vou causar uma ótima impressão, pensei enquanto andava na direção da porta e respirando fundo.Se fizesse rápido, ninguém iria me ver, é claro sem contar o entregador de pizza.Se eu pudesse listar todos os micos que já paguei esse com toda certeza iria entrar para a marca de micos pagados por Melissa Tompson.Respirei fundo, peguei as chaves e abri a porta com um sorriso de canto tentando parecer o mais amável possível.— Desculpe pela dem... — Calei me no segundo em que meus olhos se depararam com a figura do meu tão querido vizinho.Ele sorria de canto, a expressão em seu rosto era de alguém que claramente segurava o riso ou pelo menos tentava fazer isso.Não sei se era só impressão minha, ou seja, lá o que for, porém, todas às vezes em que me encontrei com Theo Fernandes pelo menos ele sempre deixava um riso alto escapar.Então com esse pensamento tive a leve conclusão de que ou a vida dele é muito chata e sempre que me vê aproveita para rir um pouco e gozar da vida como se deve ser aproveitada, ou essa muralha — digo — esse homem acha que sou uma espécie de palhaça que fugiu do circo e agora apareceu na vida dele para alegrar tudo.Quando seus olhos encontraram os meus, então que ele não fez cerimônia alguma, riu alto e ainda por cima pegou o celular para tirar uma foto do que seus olhos viam.Estava agora vivendo um completo pesadelo ou talvez algo bem pior que isso.Podia ser pior? Pensei, a raiva pouco a pouco tomava conta do meu corpo e sem pensar agarrei o celular de seus dedos o mais rápido que consegui.Obviamente que não iria permitir que ele ficasse com uma lembrancinha daquele momento, não sei o que ele poderia fazer e é claro que não estava a fim de arriscar uma coisa dessas.— Me devolve isso. — Falou o loiro querendo a todo custo seu aparelho de telefone de volta, um tanto aflito eu queria com um pouco de medo que eu visse algo que ele não desejava mostrar para alguém.— Não. — Respondi, não dei atenção para o que o homem de cabelos loiros falava, muito menos para suas inúmeras tentativas de pegar o celular, apenas foquei em apagar a fotografia. Algo que sinceramente falando achei um tanto engraçado já que eu era mais baixa que ele, e em nenhuma das tentativas deu um resultado positivo para a parte de Theo. — Não até eu apagar essa foto, não sei o que você pode fazer com isso.Observei pelo retrovisor do aparelho o rapaz de cabelos loiros revirar os olhos, algo que acabou consequentemente me arrancando um risinho baixo.Ele rendido se distanciou, suas mãos foram para cima em um sinal claro que não tentaria cometer nenhuma espécie de palhaçada como aquelas que tentou inutilmente fazer.Apaguei a foto e dei uma rápida conferida para ver se por acaso ele não havia feito a peripécia de tirar mais de uma, felizmente não.Por sorte, também não encontrei nenhum tipo de coisa comprometedora que faria com que olhasse Theo d uma maneira um tanto diferente.Entreguei o celular e o avaliei de cima a baixo.— O quê está fazendo com a minha pizza?Tinha que perguntar, a curiosidade não deixaria com que esse fato passasse simplesmente despercebido.Eu estava esperando um entregador de pizza e não o diabo com a minha pizza, mesmo que esse diabo em questão seja lindo e tudo mais, não é desculpa para simplesmente isso acontecer.Que é? Posso até odiar Theo Fernandes, porém não sou cega e por mais que isso me doa admitir ele é bonito sim.Ele sorriu, um sorriso que foi algo torto e pequeno como se contesse um palavrão no fundo da garganta, assisti em uma distância segura o esforço gigantesco feito pelo homem de cabelos claros.Respirou fundo e então me respondeu na maior paciência que o dono dos cabelos claros tinha, ou seja, algo bem pouco mesmo. — Como você demorou para aparecer e o entregador precisava voltar pro trabalho, eu, como um bom samaritano que sou, resolvi ajudar o pobre coitado. — Explicou dando uma pequena pausa entre as falas. — Então saí e expliquei que a conhecia após é claro perguntar para quem era a pizza, disse que iria me encarregar de entregar a pizza e cá estou.— Colocou veneno? — questionei um pouco desconfiada.— Como é? — retrucou o loiro.O tom de voz dele me fez levantar uma das sobrancelhas, parecia ofendido com a pergunta, mesmo que um tanto inocente.— Para ser tão legal assim, você colocou veneno ou algo parecido? Veja bem, não tivemos um começo bom, então é normal até compreensível que eu duvide disso. — Insisti no assunto, com toda a certeza uma grande tola.Ouvi uma risada sair da sua boca, um som baixo e rouco que me causou arrepios, era tão semelhante às risadas de vilões de filmes daqueles que dão medo até mesmo quando o filme termina.Melissa TompsonPor um lado eu não entendi o motivo pelo qual Theo se ofendeu tanto com aquela brincadeira, ainda assim fiquei quieta com meus próprios pensamentos.Algumas coisas é melhor guardar para si mesmo, apesar de ser um tanto tarde agora poderia ao menos tentar não é mesmo?— Não. — Respondeu me entregando a embalagem de pizza, dava para ver que a pouca paciência que o rapa tinha foi embora em poucos segundos, o que me fez ficar um tanto chateada, não achava que levaria a minha brincadeirinha tão a sério.Com a embalagem agora em mãos, eu abaixei a cabeça e disse, — Desculpe.Não houve resposta, muito menos uma frase engraçadinha, o loiro apenas limitou se em virar seu rosto na minha direção, o olhar dele me causou calafrios na espinha e o sorriso de canto me fez repensar minhas ações.Fiquei olhando o por mais um tempo até que sumisse do meu campo de visão, quando a porta se fechou então respirei fundo com uma única conclusão em minha mente: A minha convivência com ele seria
Melissa TompsonVi mesmo com a pouca luz, Theo arregalar os olhos, um tanto surpreso pela resposta ousada, eu diria.Porém, aquela expressão em seu rosto rapidamente mudou para uma furiosa e então a pouca distância que tinha entre nossos corpos tornou se algo esquecido pelo tempo, já que o loiro fez toda a questão do universo de se aproximar mais.Por consequência, meu corpo foi andando até a outra parede do corredor, encurralada e presa entre os braços de Theo.Engoli em seco.Ele por sua vez riu debochado com a situação.Droga! Eu não queria que aquele satanás se divertisse com aquilo, afinal estava expondo as minhas ideias e não desejava que elas fossem ridicularizadas daquela maneira.Como forma de protesto pelo novo “lugar” que entrei, usei as mãos para bater em seu abdômen, obrigando o — tentando — a me soltar.O riso de antes apenas aumentou com aquilo, por mais forte que bastasse não tinha efeito nenhum no corpo masculino. O quê ele era? O Superman?— Me solta. — Falei em
Melissa TompsonConfesso que achei um pouco interessante as cores diferentes, aquilo chamava a atenção no meio da penumbra que estava o apartamento.Meu corpo foi lentamente se misturando com os outros, eu agora não era mais a doida com roupão pink e cabelos bagunçados, era apenas mais uma no meio daquela multidão festeira.Depois de um tempo me acostumando com o volume da música aquilo não se tornou mais um incômodo, afinal de contas o álcool já estava fazendo muito bem o seu trabalho, me deixando me um pouco mais alegre.Sorria, gritava com as outras pessoas sem me importar com as consequências que isso poderia ou não trazer.Balançava o corpo no ritmo da música ou pelo menos tentava fazer isso, pois, dançar não era o meu forte, então digamos que pelo ritmo nada organizado que meus quadris se mexiam acabei chamando mais atenção do que eu desejava.Acho que em toda a minha vida esse foi um dos momentos em que me senti leve de verdade.Quero dizer, sem preocupações.Isso me fez pensar
Melissa Tompson— Estou te ajudando a não fazer nada que vá de arrepender, Tompson. — Falou o dono dos cabelos loiros.Ri de maneira amarga.— Me deixa passar, Fernandes. — Ordenei, não ligava de maneira alguma para as palavras que ele lançava, tampouco para o tom preocupado que ouvia sair da sua boca.— Não. — Falou o dono dos cabelos loiros. — Você não vai sair desse quarto, acredite, eu estou te ajudando a não fazer nada que vai de arrepender depois.Me distanciei um pouco após ouvir aquelas coisas, bufei de raiva colocando os dedos em meus cabelos puxando levemente os fios, um grito baixo morreu na minha garganta quando os lábios estavam tão unidos que parecia que alguém tinha passado cola.Voltei meu olhar na direção dele, rindo alto.Ele só poderia estar louco, com toda a certeza Theo Fernandes havia chegado ao seu ápice de loucura para fazer uma coisa daquelas.Não existia outra explicação.Mesmo assim, um lado meu quis então ouvir a desculpa esfarrapada que ele iria inventar,
Melissa TompsonAfinal de contas, o quê diabos havia acontecido na noite passada depois do meu incrível momento épico? Quando cheguei em casa larguei as coisas em algum canto qualquer, limpeza por agora não era uma preocupação.Me sentei no sofá e fechei os olhos, procurando amenizar um pouco a dor de cabeça que sentia.Talvez se ficasse de olhos fechados a dor iria embora ou quem sabe com muita mais muita sorte aquela sensação também.Eu estava querendo sumir, não queria falar com ninguém, muito menos ver alguém.Só desejava entender o que aconteceu na noite anterior.Deitei meu corpo no sofá, abraçando uma das almofadas com um pouco de força, talvez quem sabe assim eu parasse de sentir o que estava sentindo.Os meus olhos então se fecharam devagar até que caísse em uma onda de pensamentos, tentei com todas as forças me lembrar de algo, infelizmente não conseguia já que todas às vezes que tentei não deu muito certo, na verdade, eu apenas consegui aumentar a minha dor de cabeça.Desist
Melissa TompsonNão sei como descrever as últimas horas, nem mesmo como poderia falar sobre elas caso me perguntassem, coisa que eu sinceramente espero que não façam.Não sou a pessoa mais falante quando as coisas acontecem comigo, ainda mais quando me deixam tão tensa como havia me deixado, eu não parava nem por um único minuto de pensar nessas coisas, era como uma tortura que não tinha fim.Por qual motivo estamos sempre destinados a pensar demais? Pensei em voz baixa, às vezes eu só queria viver na mais pura ignorância.Não seria uma coisa ruim, ao menos, eu acho que não.Viver sem pensar, sem se preocupar com as consequências das coisas.Seria esse o mundo perfeito?Um riso nervoso saia dos meus lábios, agora enfiada no trabalho atrás da cozinha no canto reservado para os funcionários ou também conhecido como" o canto do choro” por alguns deles.Praticamente um pequeno cubículo, paredes já estragadas devido ao tempo, sem muitos detalhes, tampouco espaço para algo elaborado como um
Melissa Tompson Eu poderia facilmente resumir o meu estado em uma única palavra, tanto físico como mental. Morta, completamente morta. Não estava nem ao menos conseguindo andar direito de tão cansada que estava, por um lado me sentia até feliz, pois, sabia o motivo pelo qual meu corpo e a minha mente se encontravam assim e por outro também acabava ficando um pouco aliviada, afinal de contas com o trabalho me esqueci das coisas ruins que atormentavam tão cruelmente a minha mente nesses últimos dias, de certa forma foi um completo alívio e por outro quem sabe até mesmo uma dadiva dada pelos deuses. Ri com aquele pensamento, às vezes eu era um pouco boba demais. Com o fim de ano chegando era comum que alguns lugares da cidade ficassem mais cheios do que o normal, isso inclui em especial os restaurantes e alguns outros pontos turísticos que por agora não vem ao caso. Eu só não imaginei que iria sair do trabalho tão tarde como acabei saindo, era exatamente três da madrugada e agora pr
Melissa TompsonQueria um buraco bem fundo e grande para então me enfiar nele, virei meu rosto na direção contraria e lentamente então fui arrumando meu corpo até que pudesse ter uma visão melhor de ambos.Um sorriso constrangedor foi gradualmente se alongou no meu rosto, eu não gostava de estar em situações como aquela, afinal de contas eu nunca soube lidar muito bem com a sensação de nervosismo e a vergonha que vinha com isso.Por conta da porta aberta, a luz do meu apartamento me chamava silenciosamente para dentro.Ergui uma das mãos para cumprimentar as duas pessoas ali na minha frente.— Olá! — Falei em voz baixa.Vi Theo franzir o cenho, um tanto confuso em relação a minha recém-aparição ali.Se ele estava confuso, imagine só a minha pessoa que só queria desesperadamente sair dali e ir dormir.— O quê faz tão tarde aqui? — perguntou o rapaz um pouco curioso, em sua voz também carregava um pouquinho de preocupação, algo que uma parte minha até achou fofo, porém acabei ignorando